A regra das setenta e cinco

A regra das setenta e cinco



"Eu estou com os horários," anunciou Remus, entrando no dormitório masculino do sexto ano e colocando os mencionados horários sobre as mesas.


"Que vadia," suspirou Sirius, acendendo um dos cigarros de James e dando o que ele chamava de tragada salva-vidas.


"Quê?" questionou Remus defensivamente. "Eu acabei de descer até o Salão Principal para pegar os seushorários! Faz ideia de comodidade foi difícil tentar explicar a Professora McGonagall que vocês dois queriam cursar Trato de Criaturas Mágicas, a não ser que Peter não atingisse a média para o N.I.E.M., caso em que ela deveria mudar para Estudo dos Trouxas, e se não houvesse vagas suficientes para nós quatro, então vocês só cursariam as cinco aulas padrão?"


"Eu não estava te chamado de vadia, Aluado," disse Sirius. "James estava acabando de contar a história do suposto interrogatório daquela puta horrorosa do Ministério." Para James, Sirius acrescentou: "Lamento que tenha tido que passar por isso, cara, mas, pelo lado bom, você vai escapar do primeiro período com certeza. Eles te seguraram por todo o café da manhã."


"Por que está fumando meus cigarros?" perguntou James, pegando o pacote quase vazio que repousava no parapeito da janela.


"A pergunta certa é por que está fumando os cigarros dele num lugar fechado?" questionou Remus irritado, começando a arrumar a mochila da escola.


"Eu abri uma janela." Sirius apontou para a janela quebrada ao seu lado, como se aquilo justificasse tudo. "Então, o que me diz, Pontas? Afim de um passeio às cozinhas em vez da primeira aula?"


James fez uma careta. "Você ainda está fumando meu cigarro."


"E você tem uma mente pequena," retrucou Sirius. "O que há com você, aliás? Com o mundo desabando em mil pedaços em forma de merda, está se incomodando com o fato de seu pobre deserdado melhor amigo ter pegado emprestado um cigarro?"


"Você poderia ter pedido."


Remus revirou os olhos acinzentados. "Você realmente conhece Sirius, James?"


"Verdade."


"Bem," continuou o Sr. Aluado, jogando a mochila sobre um ombro: "Estou indo fazer um lanche antes do primeiro período... a menos que haja mais alguma coisa que queriam que eu pegue para vocês, Vossas Altezas."


"Isso é tudo, Lupin." Sirius acenou com a mão como que falando com um mordomo. "Mande lembranças minhas a Rabicho."


"Certo," disse Remus, "não se matem enquanto eu estiver fora."


"Ele está falando com você, Pontas"


"Ele está falando com nós dois, Almofadinhas"


Remus saiu, e James se sentou à mesa.


"Você não está mesmo com fome?" indagou Sirius. "Eu desci para o café duas vezes enquanto você estava no interrogatório com a tal Drake."


"Não, eu não estou com fome," respondeu James secamente.


"Hum, posso ver que já se serviu de uma porção saudável de um mau humor filho da mãe." Sirius deu uma longa tragada do polêmico cigarro. "Cara, você devia comer alguma coisa. Foi uma manhã sinistra… esquisita e terrível e é melhor ser esquecida."


James achou graça do conselho do amigo. "E uma boa tigela de mingau de aveia é o necessário para limpar minha memória do fato de Carlotta quase ter morrido diante dos meus olhos essa manhã?"


Sirius sacudiu a cabeça. "Não. Você definitivamente vai precisar de algumas torradas." Ele puxou uma cadeira ao lado do melhor amigo.


"Humor um tanto inapropriado agora, Sirius," apontou James.


"Você está certo. Está completamente certo. Eu deveria adotar o estilo de vida de Severus Snape – ficar sentado sem fazer nada, resmungando sobre minhas dores emocionais e odiando o mundo por isso." Sirius revirou os olhos. "Vamos lá, Pontas, toda essa coisa com Carlotta é – terrível, com certeza, mas há algo estranho com você há dias. Ontem – começando a briga e não assumindo a culpa... Ah, não fique zangado, não estou te culpando. Estou só dizendo que não é do seu feitio não levar crédito por cada coisa ilegal que faz. E mais, você tem sido mesquinho com os cigarros... fumados todos sozinho, eu acho. Não pense que eu não percebi que fumou dois maços inteiros nos últimos quatro dias."


"Perseguidor."


"Sério, Pontas."


James suspirou. "Você pode estar certo."


"Eu estou."


Revirando os olhos em resposta, James tirou o cigarro de onde Sirius o segurava, entre o dedo indicador e o dedo médio. Deu uma tragada e pegou um dos horários que Almofadinhas pegara em seu primeiro café da manhã.


"Uma hora vai ter que me dizer por que está agindo igual uma mulherzinha, Pontas," disse o outro Maroto sabiamente. "Pode muito bem apenas me dizer agora."


James não tirou os olhos do horário. "Eu recebi um aviso da Professora McGonagall na minha carta de Hogwarts esse ano," disse ele, com pouca preocupação em sua voz.


"Certo. O que dizia, então?"


O capitão de quadribol levou certo tempo para responder e, quando o fez, o esforço necessário para manter os olhos grudados naquele horário tornou-se muito mais evidente. "Eu... hum... eu recebi setenta e quatro detenções."


"Legal. Mas o que isso tem a ver com...?" Sirius parou de falar, a compreensão se revelando em seu rosto. "Merda, Pontas."


"É."


Outra longa tragada.


"Merda." Sirius continuou a analisar a notícia. "Seu pai e sua mãe sabem? Eles sabem sobre a... a regra das setenta e cinco?"


"Eu não mostrei a carta à minha mãe," foi tudo que James disse.


Sirius o observou cuidadosamente. Fumar preencheu o silêncio que se iniciou por vários minutos. "Eu vou parar de roubar seus cigarros," disse Black sem rodeios. James não conseguiu reprimir um pequeno sorriso.


"Você é um idiota,Almofadinhas"

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.