A Sala Precisa



Harry Potter segurou Helen Smith antes que ela alcançasse o chão e a envolveu com carinho. Ele sabia que era muito perigoso para que ele continuasse com ela ali, mas não tinha muita idéia do que fazer. Não poderia aparatar com ela assim: se aparatar uma pessoa consciente já era perigoso e difícil, o que diria aparatar alguém que não estivesse em plena forma. Ele poderia matá-la tentando.
Harry repousou Helen e desnudou o ombro da garota para ver melhor a ferida causada pela mordida infame de Voldemort. Estava muito feia: tinha sangue misturado a uma secreção amarelada. Imaginava que a boca de Voldemort deveria ser mesmo muito pútrida. Em sua mente veio a imagem do Lord das Trevas tentando violentar Helen e teve um calafrio.
Ele olhou em volta. Precisava encontrar água para lavar a ferida e tentar tratá-la.
Ali perto havia uma casa abandonada. No entanto, na frente da casa, havia uma torneira com uma mangueirinha.
Harry levantou Helen com cuidado e a levou para perto da torneira. Ele colocou a água na ferida e tentou limpá-la. Viu que a garota estremecera quando a água a tocou: devia estar muito dolorida.
Ele rasgou um pedaço limpo de seu robe e cobriu a ferida com ele. Enquanto cuidava de Helen, notou que ela resmungava algo, como se estivesse delirando. Ele abaixou o ouvido para escutar o que ela dizia.
- Não faça isto. Não faça isto... você não pode... – Hermione balbuciava. – Por favor, eu te suplico... não me deixe sem a minha memória... Deixe-me com as minhas lembranças... é só o que eu te peço.
Harry sorriu nervosamente sem entender direito o que Helen dizia.
- Helen, você está bem?
- Não... não.... eu confiava em você... como pode fazer isto? Achei que você era do bem...
- Helen? – Harry perguntou, sacudindo Helen levemente para que ela acordasse.
- Eu prefiro morrer a perder a única lembrança que me importa: Harry...
- Helen, querida, acorde... – Harry colocou as costas da mão na testa de Helen... ela estava queimando em febre e começava a tremer.
- Harry é tudo o que me importa... Não... mate-me, mas não me deixe esquecê-lo.... NÃO!!!
Helen acordou apavorada se debatendo contra Harry, mas este a trouxe para bem perto de si.
- Calma... você está com febre... fique bem perto de mim e ficará bem.
Helen encolheu-se nos braços de Harry enquanto tremia descontroladamente.
Harry puxou a aba de seu robe sobre Helen e a tampou para aquecê-la.
- Está frio... – Helen sussurrou.
Harry apertou-a contra si, ainda pensando no que ela havia acabado de dizer enquanto estava desacordada. Ele sabia muito bem o que aquilo significava: a teoria que ele tinha de que Hermione sofrera uma desmemorização através do feitiço obliviate, tornava–se cada vez mais e mais provável. O que Helen havia delirado mostrava, provavelmente, a ultima lembrança de Hermione antes de ser acometida pelo feitiço traiçoeiro. E havia ainda mais um indício importante: ela disse que “confiava” na pessoa que estava tentando fazer aquilo com ela, o que adicionava ainda mais suspeitos nas costas de Draco. Afinal, Draco não era seu noivo quando Hermione foi dada por morta há cinco anos atrás? Quem tirou a memória de Hermione era alguém em quem ela confiava, ou seja, Draco Malfoy...



Gina se afastou de Malfoy e desceu as escadas para o pátio principal do castelo, onde havia mandado que os aurores, os que ainda restavam, ali se reunissem.
Dumbledore também estava presente, mas estava mais afastado, não querendo tomar parte da ação.
Gina começou a falar em alto e bom som, de modo que os quase 20 homens pudessem escutar.
- Aurores, temos uma situação difícil pela frente. Quero que guardem a estrada de Hogsmeade para Hogwarts. Se Harry conseguiu fugir do ministério ele deve aparatar ali. Fiquem atentos! Pode haver um outro ataque.
- Iremos todos? – perguntou Ernest Macshaw, um dos aurores mais jovens. – Não seria bom que alguns ficassem no castelo, caso haja algum contratempo.
- Não creio que os comensais planejem atacar o castelo. Eles não seriam tão ousados...
- Mas... – Ernerst tentou falar.
- Sabe que na ausência de Harry, eu assumo o posto de Chefe dos Aurores, não Macshaw? Esta foi uma ordem – disse Gina, firmemente, mesmo pensando que a opinião de MacShaw valia muito. Sabia que para ser um chefe, tinha de ser dura.
- Sim, senhora... – disse Ernest, dando ordem para que os demais seguissem para fora.
Quando o pátio quase vazio, Dumbledore se aproximou.
- Onde está Harry, senhora Weasley.
Gina olhou para Dumbledore com pesar. Apesar de seu nome ter mudado para Gina Weasley Potter, Dumbledore continuava chamando-a por Weasley.
- Não sabemos. – disse Gina, com preocupação – Temo que ele não tenha conseguido.
Malfoy, que descia a escada para junto deles, deu um muxoxo alto.
- E quem precisa de Harry Potter? – ele balbuciou.
Dumbledore analisou Malfoy por cima dos oclinhos de meia lua por um segundo e depois falou:
- Estou enganado, ou o senhor está com o anel de Voldemort, sr. Malfoy?
Malfoy olhou assustado para o velho, mas enfiou a mão no bolso, tirando o anel.
- Como o senhor sabia?
- Um velho como eu, que passou a vida inteira, perseguindo o que é das trevas, consegue perceber vibrações que outras pessoas não conseguem, sr. Malfoy.
- O senhor quer para o senhor? – Malfoy disse, estendendo a mão com o anel na ponta dos dedos, oferecendo-o a Dumbledore.
O velho novamente analisou-o, agora mais demoradamente. Até Gina e Malfoy perceberam.
- Eu confio no senhor, sr. Malfoy... – disse o velho por fim e se virou. – Avisem-me quando Harry chegar... eu preciso falar com ele.
- Senhor... professor Dumbledore – Malfoy disse, antes que o velho desaparecesse num dos corredores. – O senhor precisa saber de uma coisa: Hermione Granger, ex-chefe do departamento de Aurores, está viva, senhor. Quero dizer, ela está com Harry...
Dumbledore abriu um sorriso discreto e olhou para Gina novamente.
- Muito bem... – disse ele – Então... ainda temos uma chance...
E sumiu no corredor... o manto verde esmeralda farfalhando sobre a parede da esquina.

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Harry tomou o pulso de Helen. Estava muito fraco. Não poderia aparatar. Mas também não poderia ficar ali parado, esperando que algum comensal o achasse.
Então Harry ergueu Helen nos braços e começou a caminhar... não sabia para onde, mas sabia que precisa se afastar. Não muito longe, ele encontrou um carro velho, coberto de fuligem e o abriu, colocando Helen sobre o assento do carona e sentando-se atrás do volante.
- Eu vou tentar chegar até o caldeirão furado... – disse Harry para si mesmo, encantando o motor de carro para funcionar. – Beco Diagonal.
O carro começou a andar vagarosamente, no início, mas depois pegou uma certa velocidade.
Ele olhava o tempo todo para Helen que estava cada vez mais pálida. Ele teria que chegar logo no castelo. Pensou em ir ao hospital St. Mungus, mas sabia que naquele momento o prédio todo já teria sido tomado. Sua última alternativa era ir para o beco diagonal e pedir ajuda para alguém para tirar Helen dali. Só assim, ele poderia aparatar para o castelo e tentar resgatar os estudantes.
Não demorou muito para chegar ao beco diagonal, mas quando chegou, Harry soube que já era tarde demais.
O que antes era um bar agora era só ruínas e corpos espalhados por todo canto... Mesmo as casas em volta naquele bairro antigo de Londres, haviam virado cinzas: Voldemort e os Comensais já haviam passado por ali.
Mas mesmo assim, ele precisava tentar encontrar alguém.
- Helen, fique dentro do carro, está bem?
Helen assentiu com a cabeça, mas continuava encolhida, abatida com o frio e a febre.
Harry aproximou-se do entulho: algumas paredes ainda estavam levantadas, mas a maioria já havia desmoronado. Harry tentou tirar algumas pedras, para ver se achava alguém vivo, mas todos os corpos que encontrou denunciavam a morte.
- Meu Deus! – Harry pensou, a beira do desespero no meio daquele cenário de guerra. O beco diagonal se fora... floreios e borrões se fora... o banco gringotes, a travessa do tranco... tudo, em quilômetros, revelava apenas destruição.
Harry girou nos calcanhares e voltava para o carro quando tropeçou num cabo de madeira. Quando caiu, ele machucou as mãos e com raiva, chutou o cabo. Só então viu que o cabo era na verdade parte de uma vassoura... uma vassoura mágica....

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Três horas depois, Gina ainda olhava em uma das janelas de Hogwarts para ver se havia sinal de Harry. Agora o sol brilhava forte, os passarinhos cantavam alegres nos jardins e a lula gigante agitava as águas do lago.
Um ponto preto no céu começou a aproximar-se dela pairando a frente da janela. Gina abriu a janela para deixar a coruja entrar, tirando uma carta de sua perninha.
Gina olhou os dois lados da carta... não havia selo ou remetente, mas sabia que era para ela e a abriu rapidamente.
No papel, estava escrito somente duas palavras:

SALA PRECISA”.

- Inflamate! – Gina disse, fazendo o papel queimar-se na palma de sua mão, as pequenas chamas fazendo pequenas cócegas.
Gina subiu a escada para o sétimo andar e ficou no corredor onde a sala precisa ficava. De repente, na parede de pedra, uma porta surgiu no nada e Gina a abriu. Estava tudo escuro, mas ela deu alguns passos, sumindo na escuridão... até que, subitamente, a porta se fechou...


Mas uma hora se passou até que Gina finalmente saísse da sala precisa. Ela estava ofegante e cansada quando alcançou o corredor, levando a mão ao coração.
- Gina? Estava preocupado. Procurei você por toda a parte. – Era Malfoy que se aproximava – Você está bem, está pálida... está tremendo! Onde você estava?
- Eu recebi uma carta... vim até a sala precisa... eu... meu Deus... eu vi uma coisa horrível.. parecia ser no futuro... o mundo destruído...
Gina aproximou-se de Malfoy e o abraçou. Enternecido pelo gesto de Gina, Malfoy envolveu-a pela cintura, trazendo-a mais perto de si.
- Você está bem?
- Eu vou ficar... – Gina disse ainda ofegante e de repente começou a chorar.
- Ora... fique calma, Gina... Harry deve estar bem... deve ter havido um contratempo... seu marido vai ficar bem...
- Não é isso... venha comigo até a sala precisa... você precisa ver o que eu vi...
Gina puxou Malfoy pela mão e abriu a porta da sala precisa. No entanto, o que tinha ali dentro era muito diferente do que tinha há uma hora atrás. O aposento estava na penumbra, iluminado por pequenas velas aromatizantes em um canto do aposento. Mas o móvel que ocupava a maior parte da sala era uma enorme cama redonda.
- Não tinha isto aqui antes... havia um orbe... estava muito escuro, mas tinha um orbe... sabe... como aqueles da professora Trelawney para ver o futuro... eu acho que vi o futuro... eu juro que vi....
Malfoy não conseguiu resistir e sorriu.
- A sala precisa dá aquilo que precisamos... – ele disse, insinuante... – E tudo o que eu quero no momento, é uma cama...
Gina olhou para Malfoy petrificada.
- Malfoy é sério... eu acho que... eu acho que vi o futuro... eu vi isto no Orbe...
- Eu também estou falando sério Gina... eu preciso de você... e a sala precisa sabe disto...
Malfoy aproximou-se de Gina, emanando uma sensualidade como nunca antes.
- Draco... Draco... por favor, eu acho que devíamos... sei lá...
Draco puxou Gina e segurando-a firmemente, apossou-se de seus lábios.
- Draco... – Gina disse, no intuito de resistir aos encantos do homem que a seduzia, mas sabia que suas forças caiam por terra. Ela nunca fora beijada daquela forma por Harry. Ela nunca fora seduzida por homem algum na sua vida, não como Malfoy fazia. Ela tremia em pensar no que aconteceria dali a instantes, mas sabia que precisava daquilo, tanto quanto ele. Pelo menos uma vez na vida, ela precisava ser amada. Sem o fantasma de Hermione por perto.
- Eu amo você, Gina... acho que sempre amei... eu só não sabia disso... – Malfoy disse, e erguendo Gina nos braços, levou-a até a cama, repousando-a suavemente sobre os lençóis de seda.
Ele beijou seus lábios e seu pescoço e sabia que agora, Gina estava pronta para recebê-lo, e ele a amaria como nunca amara qualquer mulher... ele sabia... tinha certeza e convicção que era Gina seu grande amor... mas... ela o amaria um dia como amava a Harry agora?
Quisera ter um orbe para ver seu futuro ao lado da mulher que amava...
Mas o futuro ainda era negro e incerto...

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