Conversas



– Olhem só! – Exclamou Dumbledore de repente, logo após olhar em seu relógio de pulso. – O tempo passou tão rápido que já é hora do almoço. – Parecia bastante contente. – Depois do almoço vocês...


Mas um novo clarão o calou e no momento seguinte um jovem; de pele macilenta, cabelos oleosos, negros e lambidos até os ombros, nariz grande e curvo, estatura mediana e vestes sonserinas; se materializou no meio do salão.


– Ah, não! –Resmungou Sirius (o mais velho) – já não bastava um...


– Quem é? – Perguntou uma garota da Lufa-Lufa.


– Quem você acha? – E apontou para Snape, que no momento estava com uma expressão um pouco mais azeda que o normal.


– E você? Quem é? – Perguntou o jovem Severus, ao reparar que não conhecia praticamente ninguém naquele lugar.


– Sirius Black. – O garoto arregalou os olhos, mas Sirius continuou. – Eu até diria “prazer” só que realmente não é prazer nenhum, para mim pelo menos, para você é a maior honra de todas.


Severus bufou mordendo a língua para não responder. Fez a pergunta mais importante, no momento:


– Afinal, onde eu estou? – Fez uma careta de nojo ao olhar ao redor.


– Sr. Snape o senhor viajou no tempo e está dezoito anos no futuro. – Esclareceu Dumbledore.


– Como? – Perguntou desentendido.


– Oh, bem, senhor Snape, eu adoraria que o senhor, mais tarde, me seguisse até meus aposentos afim de lhe contar essa interessantíssima história. Por enquanto, sente-se a sua mesa e aprecie o almoço. – E, se virando para todos, continuou: - Depois do almoço vocês têm a tarde livre, pessoal.


Dumbledore se sentou e os pratos se encheram da melhor comida, a comida de Hogwarts.


Ninguém teve tempo de se falar durante o almoço, mas logo depois deste Lily e James seguiram Harry (que estava sozinho) para fora do salão. Harry queria que eles viessem atrás dele, precisavam conversar, mas isso não o impedia de sentir uma pontada de medo, ou talvez fosse insegurança.


– Olá, Harry! – Cumprimentou-o Lily alegremente, ela lhe trazia paz.


– Lily... huh... – Não sabia bem como chamá-los, quer dizer, eles eram seus pais mas seria realmente estranho a chamar de “mãe”.


– Não precisa nos chamar de “pai” ou “mãe”. – Disse James que pareceu ter entendido seu conflito interno. – Seria realmente estranho, ainda mais que, bem, nós estamos mortos. – James pareceu um pouco confuso e Lily lhe deu uma cotovelada na barriga murmurando alguma coisa como: “Insensível”.


– Oh, não se preocupe! – Disse Harry alarmado, não queria que os pais brigassem por culpa dele. – Vocês não precisam brigar, nem...


– Não estamos brigando. – Disse James rindo, Lily o acompanhou. O garoto realmente não tinha visto nenhuma briga do casal ainda.


Harry estava começando a se sentir mais “livre” era normal conversar com os pais e deveria ser ainda mais confortável ainda pelo fato de eles terem a sua idade... Mas nesse momento ma voz estridente, do outro lado do corredor, quebrou o clima gostoso que havia se instalado no ar:


– HARRY! – Gritou a voz, identificada como a voz de Cho Chang – Ah, Harry! – A voz da menina era animada.


– Cho...! – Harry fingiu animação. Lily e James encaravam a garota com um olhar: “mas, o que...?” e ela nem lhes cumprimentou. Cho passou os braços no pescoço de Harry e tentou lhe beijar, Harry virou o rosto. – Hum... Cho... nós precisamos conversar.


– Precisamos mesmo! Eu tenho que te perguntar uma coisa. – Harry olhou para os pais pelo rabo do olho, como se dissesse: “Alguém, por favor, me ajude”. James deu de ombros, segurando o riso, quantas vezes não passara por situações como aquela? Lily começou a pensar em alguma coisa para distrair Cho, mas a única coisa que conseguia pensar em dizer era: “por que não vai pastar, sua vaca?”


– Bem, Cho, eu realmente estou ocupado agora. – Harry disse, tentando ser o mais delicado possível. Depois, fingindo se lembrar de algo, disse: - Acho que Marieta estava atrás de você, né, gente?


– Uhum. – Concordaram mesmo sem saber quem era Marieta.


– Hum... Está bem. Vou ver o que ela quer.


Logo que Cho saiu, sem se despedir de James ou Lily, James caiu na gargalhada. Lily revirou os olhos e Harry o encarou sem entender.


– O que houve?


– Seu pai também teve muitos problemas com garotas, né James? – Esclareceu Lily nitidamente enciumada. Falou o nome do garoto como se dissesse “se você não parar de rir agora vai me pagar”. James segurou o riso, com dificuldade.


– Ah, é.


– Eu não entendi.


– É melhor assim, Harry. É melhor assim. – Respondeu Lily e eles continuaram a andar, James tentou segurar a mão da namorada mas a garota cruzou os braços. O passado de James era um assunto “delicado” para ela.


– Fale um pouco sobre você. – Pediu Lily, curiosa, para Harry que sorriu constrangido.


– Não sei o que dizer. Sou uma pessoa normal, ou melhor, sou um bruxo mas mesmo assim sou um bruxo normal.


– Um bruxo normal? – Perguntou James com desdenho. – Primeiro: você é nosso filho então não pode ser “um bruxo normal”. – Harry riu com isso, o pai parecia ser um tanto egocêntrico e não se cansava de elogiar Lily. – E, depois, pelo que você contou lá no salão... bem... não são muitos que fariam tudo o que você fez, ainda mais nas suas circunstâncias.


– Eu tive ajuda, na maioria das vezes.


– Sabemos disso, Harry, mas é que... – Lily não conseguiu falar, aquilo a estava deixando angustiada e ela não conseguia falar sobre coisas que a deixavam angustiadas. Suspirou. Tinha que falar. – Eu me sinto meio culpada por não estar com você nesses momentos difíceis. – James assentiu sério (o que era estranho).


– O que? Não, não. Vocês não tiveram culpa de absolutamente nada, está bem?Isso é culpa de Voldemort e só dele. – Harry ás vezes se sentia culpado por tudo, mas não quis dizer isso aos pais.


Eles assentiram, ainda meio contrariados.


Algum tempo depois os três se encaminharam para o pátio e lá continuaram a conversa, onde Lily e James se surpreenderam com o jeito simples de Harry ser e, no final, não se podia dizer cada qual estava mais orgulhoso.


//


Sirius (o mais velho) saiu para dar uma volta no pátio, fazia tempo que não fazia isso, pelo menos não como humano. De repente uma voz a suas costas o sobressaltou:


– Como foi? – Virou-se apenas para se ver correndo em sua direção... Isso foi estranho, mas, de qualquer forma o seu eu mais novo e mais bonito corria em sua direção.


– O que você disse?


– Perguntei: “como foi?”.


– Como foi o que?


– Você sabe.


– Você deveria parar de tentar se comunicar por enigmas, como se todo o mundo soubesse de tudo.


– Eu parei? De me comunicar por enigmas? – Ele não sabia que fazia isso, quer dizer, a maioria das pessoas que ele conversava eram Lily, James, Remus e Peter (o resto não era bom o suficiente para falar com ele) e eles geralmente o entendiam; tinha também as garotas com quem ele saia, mas geralmente as suas bocas estavam ocupadas demais para falar.


– Como é que eu vou saber...? Ah! Bem, acho que sim, acho que paramos.


– Então, como foi? Sabe, hum... – Sirius não queria falar sobre aquilo, mas precisava. – Ver James morrer e...


– Eu realmente não gosto de falar sobre isso, então...


– Olha, sei que deve ter sido difícil para vo... nós, mas mesmo assim; eu agradeceria.


– O pior de tudo – Disse Sirius depois de um tempo em silêncio, se ele queria saber, ele iria contar. – não foi... ele morrer, isso também, é claro, mas o pior foi saber que a culpa era minha. Somente minha e de Peter.


Sirius entendia, fora contado que Sirius decidira passar o papel de fiel para Peter e ele mesmo estava se sentindo culpado.


– Muitas vezes em Azkaban, quando conseguia pensar, eu me perguntava se aquele não era mesmo o meu lugar, sabe. Mas, de qualquer forma, eu era inocente (pelo menos inocente do motivo ao qual me prenderam), tinha Harry e tinha a minha vingança para Peter e isso me deu forças para fugir. – Sirius percebeu que ele não tinha respondido sua primeira pergunta, como fora, e isso era sinal de que não gostaria de ser questionado sobre o assunto.


– Hum... Como é Azkaban? – Sirius o fitou, percebendo que sentia falta da época em que era assim: espontâneo. Mas a vida, traições, perdas e injustiça, o fizeram (infelizmente) mais frio e amargo.


– Você não gostaria de saber. E, eu espero, que as coisas mudem, então, com alguma sorte você nunca precisará saber. – O olhou novamente. – Bem, preciso falar com Remus agora. Tchau.


E seguiu seu caminho, sozinho.


Sirius estava determinado a não ficar daquele jeito, nunca. Mais responsável, frio, amargo. Não que tivesse virado um Snape da vida (graças a Merlin), mas não era o mesmo Sirius, definitivamente. Sim, continuara arrogante, engraçado e egocêntrico, mas perdera o núcleo e ficara apenas com a casca.


O primeiro passo era se distrair e... U-A-U o que era aquilo? Aquelas lufa-lufas lindas, uau, parecia que o nível de beleza havia aumentado em Hogwarts. E ele não poderia perder a oportunidade de... tirar proveito disso.


//


– Lily? – Chamou James assim que se viram sozinhos.


– Sim? – Respondeu, sem olhá-lo.


– O que há?


– Nada. – Mentiu.


– É sério, Lily, puxa. Eu não fiz nada! – Exclamou e Lily finalmente se virou para olhá-lo.


– Você sabe, James.


– Ãh... Não, eu não sei.


– É que... Aquela garota e o Harry. Argh!


– E o que tem? – Perguntou e depois riu. – Não acredito! Nunca pensei que você seria uma mãe ciumenta.


– Não é isso. – Disse corando.


– Não?


– Não. – Lily pensou se deveria contar, mas decidiu que sim, afinal, ela e James não tinham segredos… De qualquer forma, era melhor omitir algumas partes, então falou a coisa mais “fútil” possível e apenas um dos motivos: – Harry é a sua cara, James, e quando ele está com aquela garota é como se você estivesse com outra. E me faz lembrar da época que você era um cafajeste.


Dessa vez foi James quem olhou para frente, suspirando. Eles sempre brigavam pelo mesmo motivo (na verdade, sempre brigavam por tudo, mas isso fazia eles brigarem feio). O cérebro de Lily tinha um pequeno distúrbio que simplesmente não aceitava o passado de James e ele não entendia o porquê, afinal, isso não importava mais.


– Você quer que briguemos, né? Só pode! – James se sentia culpado, por que Lily tinha razão: ele tinha um passado “culposo” e isso ele não podia melhorar, não tinha jeito de agradá-la nesse ponto, por mais que não importasse. E sempre que ele se sentia culpado tentava por a culpa em alguém. – Estamos aqui, bem, mas não. Lily Evans não pode conviver com isso, ela tem que achar defeitos.


– O que é isso, James? – Perguntou assustada, não sabia que o garoto explodiria por conta disso: - Se acalme! Não, eu não quero que a gente brigue. Você perguntou e eu respondi.


James a olhou desconfiado, ela estava escondendo algo, mas decidiu não perguntar o que era. Não queria brigar.


– O.K. Agora, você pode me diferenciar de Harry, por favor? Não quero que minha namorada ciumenta ataque a oriental. – Lily, em resposta, lhe deu um pequeno sorriso. – Qual é, Lily? Cadê seu senso de humor? Se é por causa do que eu disse; desculpe. Não tive a intenção de te magoar. – Lily continuava nervosa.


James mordeu o lábio inferior e ficou em silêncio até que, de repente, virou-se para a ruiva e começou a fazer-lhe cócegas.


– AH! PÁRA, JAMES! – Mandou entre risos, James conseguiu seu intuito; a fez rir.


– Parei! – Largou-a e ela, ainda ofegante, sorriu para ele (como conseguia ser tão perfeito e reverter a situação tão rápido? Quer dizer, num momento ela estava super nervosa, então, graças a James, ela esqueceu seus tormentos). James se inclinou e juntou seus lábios aos dela rapidamente. – Promete que vai ser uma menina boazinha e vai tentar perdoar seu namorado lindo por seu passado galinha? – Oh! Quase esquecera disso, nem tinha mais tanta importância assim.


– Prometo. Agora é sua vez; promete que vai ser um menino bonzinho e beijar sua namorada ruiva?


– Acho que não tem necessidade de prometer. Faço isso na hora que você quiser, meu amor. – E dessa vez a beijou de verdade.


E as preocupações de Lily com relação a Cho e ao seu futuro duvidoso se esvaíram por que quando estava com James tudo isso não tinha mais importância. Sim, eles eram um casal bipolar, uma hora tudo estava bem e na outra poderiam se matar. E não, isso não tinha importância nenhuma. Até por que, eles eram Lily Evans e James Potter e sempre seriam assim, por que se não houvesse brigas, discussões, idéias diferentes e muitos, muitos beijos não seriam Lily e James, seriam apenas mais um casal totalmente comum.

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