Oclumência.



Demorou mais ou menos uma hora e meia até todos estarem de volta aos seus lugares (sem murmúrios, questionamentos a Neville e sem Lily chorando). Na verdade, Neville não respondera nada a ninguém passando o tempo inteirinho de cabeça baixa, pensando nos pais, mesmo quando Harry foi tentar falar algo, o outro o ignorou. E Lily, bem, Lily, parecia estar ainda mais inconsolável que o garoto, era a primeira vez que parava para pensar em tudo que acontecera, chegou à conclusão que a única pessoa que conhecera que não tivera um destino terrível fora Remus, mas ela ainda não sabia o que acontecera com Mary Mcdonald, sua outra amiga. Meia hora fora gasta até ela parar de chorar, o resto do tempo James e os amigos passaram dizendo que tudo ficaria bem.


– Quem vai ler o próximo? – Ninguém parecia corajoso o suficiente para saber as próximas “novidades” de primeira mão. – Quem quer ler o próximo?


– Aqui. – Pediu James, mas ele caminhou até o livro e voltou a sentar-se na mesa de Gryffindor. Não estava afim de ficar de pé para ler, provavelmente, mais notícias ruins.


 


Kreacher foi descoberto enquanto se escondia no sótão. Sirius disse que o havia encontrado lá, coberto de poeira, sem dúvida procurando por mais relíquias da família Black para esconder em seu armário.


 


– Vocês não fazem idéia do quanto eu odeio esse elfo.


 


Apesar de Sirius parecer satisfeito com essa história, isso fez com que Harry ficasse ansioso.


 


– Harry... sempre desconfiado.


– Se ele não me desse motivos...


– Kreacher não pode mentir para mim, Harry.


Harry não queria discutir com o padrinho, mas sabia que Kreacher era capaz de tudo por seus antigos amos.


 


Kreacher pareceu estar de bom humor depois que reapareceu, seus cochichos amargos haviam diminuído e ele obedecia às ordens mais dócil que normalmente o fazia, apesar de que Harry, uma vez ou outra, flagrava o elfo doméstico o encarando com um certo entusiasmo mas sempre disfarçando quando via que ele havia percebido.


 


– Hum, eu tenho meio que “medo” desse elfo, ele é tão... estranho.


 


Harry não mencionou suas vagas suspeitas a Sirius, cuja alegria estavam evaporando rapidamente uma vez que o Natal já havia passado.


 


Todos indo embora novamente, pensou Black.


 


À medida que o dia de retorno para Hogwarts estava se aproximando ele se tornava cada vez mais triste e calado, geralmente indo ao quarto de Bicuço, onde passava várias horas.


 


James deu um tapa na nuca de Sirius, o mais novo (claro), que estava sentado ao seu lado:


– Qual é o seu problema?


– Ai, James! Não sei, pô! Acho que só não quero ficar sozinho, sei lá...


 


Sua tristeza se espalhava pela casa, passando por de baixo das portas como um gás venenoso, que acabou por contaminar a todos.


 


– Nossinhora...


 


Harry não queria abandonar Sirius com somente a companhia de Kreacher, na verdade, pela primeira vez na vida, ele não queria voltar a Hogwarts.


 


– COMO ASSIM ALGUÉM NÃO QUER VOLTAR A HOGWARTS? ISSO É QUASE UM CRIME!


– Esse ano aqui em Hogwarts, não começou bem para quase ninguém.


 


Voltar para a escola significaria ficar sob a tirania de Dolores Umbridge que, certamente, deveria ter apresentado mais algumas dúzias de decretos enquanto estavam fora; não havia quadribol para fazê-lo sentir mais empolgado, já que havia sido banido, e havia uma grande possibilidade de que os deveres de casa aumentariam, uma vez que os exames estavam cada vez mais próximos, e Dumbledore se mantinha reservado como nunca.


 


– Viu? A magia parece ter sumido esse ano.


 


Na verdade, se não fosse pelo AD, Harry pensou que teria implorado a Sirius permissão para fugir de Hogwarts e morar com ele em Grimmauld Place.


 


– Ah, você, com certeza, não iria gostar...


 


Então, no último dia do feriado, algo aconteceu que fez com que Harry temesse voltar à escola.


– Harry, querido - disse a Sra. Weasley, colocando a cabeça para dentro do quarto de Rony, enquanto os dois jogavam xadrez de bruxos observados por Hermione, Gina e Bichento -, você poderia descer até a cozinha? O professor Snape quer ter uma palavrinha com você.


 


Harry olhou para seus amigos e para James, que ainda parecia incrédulo com o fato de Snape ser professor.


– Quem quer falar comigo?


– Snape. – Respondeu James mal-humorado.


– Professor Snape, senhor Potter. – Corrigiu o diretor, como fazia diversas vezes com Harry. Mas James e Harry eram diferentes, Harry poderia obedecer, James provaria a todos que ainda tinha um lado de menino arrogante e mimado e simplesmente diria:


– Ranhoso que falar com você, Harry, no último dia de férias. – Fez uma expressão de velório e continuou: - eu sei, eu também tentaria me matar depois dessa.


– James, por favor... – Pediu Lily baixinho, em quanto os alunos seguravam as risadinhas, sabiam que se Snape visse-os rindo seria detenção na certa.


– Etc., etc. Seu gosto continua realmente refinado para piadas, Potter. – A ironia e o desgosto com que Snape se referia a James surpreenderam até mesmo Harry. – Pena que agora eu sou professor e não seu colega. É realmente uma pena que agora eu possa te dar detenção até o fim do ano, por desrespeito e desacato a um professor.


– Falar a verdade agora é desrespeito?


– James... – O tom de Lily passou de pidão para ameaçador.


– Sua tarefa será: limpar as masmorras, a biblioteca, a sala de troféus, as salas de aula... e quando acabar comece tudo novamente, até o ano letivo acabar.


– Seu...


– Acabou, James! Deu! – Exclamou Lily.


– Se eu fosse você ouvia sua namoradinha e ficava quieto, ainda não descontei pontos da Gryffindor.


James continuou a ler, mas era difícil entender o que ele dizia por conta da raiva na sua voz.


 


Harry não captou o que ela disse imediatamente, uma de suas torres era violentamente atacada por um peão de Rony, que estava muito entusiasmado.


 


– Não pergunte o que é novamente, ao quero mais confusão. – Pediu Lily.


 


– Destrua ele, destrua ele, ele é apenas um peão seu idiota. Desculpe Sra. Weasley, o que você disse?


– Professor Snape, querido. Na cozinha. Gostaria de uma palavrinha.


 


– Eu realmente me matava, sério.


 


A boca de Harry abriu com horror. Ele olhou para Rony, Hermione e Gina, todos estavam olhando para ele com suas bocas abertas.


 


– Deve ter sido uma cena engraçada, apesar de tudo. – Todos olharam para Sirius incrédulos. – O que foi? Não é verdade?


 


Bichento, que Hermione estava tentando manter sob controle, pulou sobre o tabuleiro, o que fez com que todas a peças corressem para protegerem gritando o mais forte possível.


– Snape? - disse Harry, pasmo.


– Professor Snape, querido


 


– Lá vai a outra.


 


– disse a Sra. Weasley. - Venha rápido, ele disse que não pode demorar.


 


– Vai na casa dos outros e ainda diz que não pode demorar, pelo amor de Deus. – Resmungou Ginny, baixinho, por que ela não queria ganhar uma detenção.


 


– O que ele quer com você? - perguntou Rony. - Você não fez nada, fez?


 


– Mesmo que tivesse feito, ele está fora de Hogwarts, então...


 


– Não - disse Harry, indignado, forçando o cérebro para pensar o que teria feito de errado para fazer Snape perseguir ele até Grimmauld. Teria seu último dever merecido um T?


 


– Aposto como ele dá “Trasgo” de propósito, Ranhoso estúpido. – Indignou-se Black.


 


Um ou dois minutos depois ele abriu a porta da cozinha e viu Sirius e Snape, ambos sentados na longa mesa de jantar, olhando para lados opostos.


 


– Por favor, faça algo que me orgulhe de ter te colocado como padrinho do meu filho.


 


O silêncio entre eles estava pesado com o desprezo de sempre. Uma carta aberta estava em cima da mesa na frente de Sirius.


 


– O que diz?


– E eu vou saber?


 


– Er - disse Harry para anunciar sua presença.


Snape olhou para ele com o rosto emoldurado pelos cabelos negros e oleosos.


 


Os marotos se entreolharam e riram, James esqueceu por um momento a detenção (afinal, era apenas mais uma de várias.), até o livro provava que ele estava certo.


 


– Sente-se, Potter.


– Sabe - disse Sirius, aumentando o tom de sua voz, sentado em sua cadeira e falando enquanto olhava para o teto -, eu acho que seria melhor se você não desse ordens aqui Snape. Aqui é minha casa.


 


– AI! Uhh, essa doeu.


– Espero não ter sido indelicado. – Ironizou o Sirius mais velo, Snape apenas revirou os olhos, não poderia dar detenção para ele também.


 


O rosto pálido de Snape corou. Harry se sentou ao lado de Sirius, encarando Snape ao longo da mesa.


– Eu deveria falar com você sozinho, Potter - disse Snape -, mas Black...


 


– Mas Black está na casa dele, e fica onde quiser. – Comentou James. Dumbledore pensou em repreendê-lo, mas não tinha o que falar, era a verdade.


 


– Eu sou padrinho dele - disse Sirius, mais alto que nunca.


– Eu estou aqui por ordens de Dumbledore


 


– E...?


 


– disse Snape, com sua voz, por contraste, mais baixa - mas sei que Black quer se sentir... Envolvido.


 


– O que você quer dizer com isso?


 


– O que isso quis dizer? - disse Sirius, deixando sua cadeira cair, o que fez um grande barulho ao encontrar o chão.


 


– É impressão minha ou você está apenas procurando um motivo para brigar?


 


– Apenas que eu tenho certeza que você deve se sentir, ah, frustrado pelo fato de que não pode fazer nada de útil - disse Snape com um delicado stress em suas palavras - para a Ordem.


 


– OK, eu não posso chamá-lo de ranhoso, mas ele pode chamar Sirius de imprestável? Isso é injusto!


– Gostaria de ressaltar que sem Sirius a Ordem não teria uma sede, Severus. E também gostaria de dizer que nenhum aluno pode ofender ou caluniar um professor dentro desta escola, James.


 


Era a vez de Sirius corar. Snape deu um olhar de triunfo ao se virar para Harry.


– O diretor me enviou para cá para dizer-lhe, Potter, que ele deseja que você estude Oclumência nesse semestre.


 


– O que...?


 


– Estudar o quê? - perguntou Harry.


O lábio de Snape se afinou.


– Oclumência, Potter. A mágica defesa da mente contra penetração externa. Um tipo de magia obscura porém muito útil.


 


– Falou, falou e não disse nada.


 


O coração de Harry começou a bater rapidamente. "Defesa contra penetração externa? Mas ele não estava sendo possuído, todos concordaram com isso..."


– Por que eu tenho que estudar Ocluman-sei-lá-o-quê? - perguntou abruptamente.


 


– Oclumência, Harry.


 


– Porque o diretor acha que é uma boa idéia - disse Snape calmamente. - Você terá aulas uma vez por semana mas não dirá a ninguém que estará fazendo, muito menos a Dolores Umbridge. Entendeu?


 


– Nãããão, ele é um ser acéfalo.


 


– Sim - disse Harry. - Quem será meu professor?


 


– Não, Snape não, Snape não...


 


Snape levantou a sobrancelha.


– Eu.


 


– Droga!


 


Harry teve a impressão de que todo seu interior estava derretendo. Aulas extras com Snape - "O que eu fiz para merecer isso?". Ele olhou rapidamente para Sirius, à procura de apoio.


– Por que o diretor não dará aulas ao Harry? - perguntou Sirius agressivamente. - Por que você?


 


– É, por que você?


 


– Acredito que seja um privilégio do diretor escolher outra pessoa para uma tarefa tão desagradável


 


– Ó aí, ó! Professor pode desrespeitar e humilhar aluno, o contrário não?


– Tenho que concordar com James dessa vez, professor Dumbledore. – Falou Lily. – Sei que ele não deveria falar aquele tipo de coisa para um professor, mas encarregar o professor Snape dessa tarefa, vendo-se que ele e Harry não têm muita afinidade não é uma decisão, no mínimo, impensada?


– Entendo o seu lado, senhorita Evans, mas o professor Snape é um dos maiores bruxos na arte da oclumência, porém, devido as circunstâncias, seria realmente melhor se eu me encarregasse da tarefa.


Harry suspirou, aliviado.


 


– disse Snape. - Posso lhe garantir que não implorei por este emprego - ele se levantou. - Estarei esperando às seis horas na segunda a noite, Potter. Em minha sala. Se alguém perguntar você estará tendo aulas extras de Poções. Ninguém que já o tenha visto em minhas aulas negaria que você precise delas.


 


Filho da mãe!, pensou James, mas travou a língua antes que fizesse Gryffindor perder pontos de verdade.


 


Ele se virou para ir, sua capa preta de viagem sacudiu atrás de si.


– Espere um pouco - disse Sirius, sentando mais ereto em sua cadeira.


Snape virou para olhá-los.


– Eu estou com pressa, Black. Ao contrário de você, eu não tenha tempo livre ilimitado.


 


– Severus...


 


– Irei direto ao ponto, então - disse Sirius, levantando-se. Ele era mais alto que Snape, o qual Harry percebeu segurar algo dentro do bolso, tinha certeza que era varinha.


 


– Será que ele tem medo? – Sussurrou James, sarcástico, para o amigo.


– Ou será que ele tem lembranças ruins? – Perguntou Sirius e os dois riram levemente, olhando para o Snape sentado a mesa da Slytherin de esguelha.


 


– Se eu souber que você esta usando as aulas de Oclumência para pegar no pé do Harry você terá que se entender comigo.


 


– Está fazendo o que eu pedi, finalmente, me fazendo sentir orgulho.


 


– Que comovente. Mas certamente você notou que Harry é muito semelhante com o pai?"


 


– O QUÊ? – Perguntou Lily. – Snape maltrata meu filho por causa do pai dele? Como assim? – Lily olhou para Snape (dane-se o professor) com desgosto. – Issonão pode acontecer!


Dumbledore lançou um olhar penetrante para Snape. – Entendo o que diz, Evans, não se preocupe, mais tarde eu e Severus falaremos sobre isso. Mas quero deixar bem claro que não tirarei sua autoridade profissional.


Isso queria dizer que o que Snape fizesse seria apoiado por Dumbledore apenas por ele ser um “profissional”? Era isso mesmo?


 


– Sim, notei - disse Sirius orgulhoso.


 


– Isso, Sirius, mostre para ele!


 


– Então você sabe o quão arrogante ele é e que críticas não o abalam - Snape disse calmamente.


 


– Eu estou morto! Você poderia, pelo menos, respeitar a minha memória?


– Não de bola, James. – Falou Sirius maldosamente. – É inveja. Você tem amigos, dinheiro, inteligência e, bem, a garota que ele queria, não é mesmo,professor Snape? – Não era segredo, entre os marotos, que Snape sempre fora perdidamente apaixonado por Lily. O problema era que Sirius falara isso alto o suficiente para todos no salão ouvirem, e deu um sorrisinho maldoso no fim.


E agora todos estavam extasiados pelo que ouvira, não sabendo se acreditavam ou não.


– Você não sabe o que fala, Black! – Disse Snape erguendo a...


– Uma varinha? O que você vai fazer agora? Atacar um aluno? Muito bonito da sua parte, professor.


– Já chega! Não quero mais saber de ofensas nem varinhas, agora! – Dumbledore parecia realmente furioso dessa vez.


 


Sirius empurrou sua cadeira brutamente para o lado e foi em direção a Snape, enquanto puxava a varinha. Snape puxou sua varinha também. Estavam se encarando, Sirius olhando agressivamente, Snape calculando, seus olhos se movendo rapidamente da ponta da varinha de Sirius para seu rosto.


 


– Agora sim essa coisa vai ficar boa. – sussurrou Rony para Harry e Hermione, Hermione não lhe deu atenção. Harry tentava associar o que tinha ouvido nos últimos minutos.


 


– Sirius - disse Harry, mas ele parecia não ouvir.


– Eu te avisei, Ranhoso - disse Sirius, seu rosto quase a um palmo do rosto do Snape -, eu não ligo se Dumbledore acha que você se redimiu, eu sei que não...


 


– Para sempre um comensalzinho de m****! – Murmurou Sirius baixinho, quando eles vieram para o futuro já tinham pleno conhecimento do que Snape viria a se tornar, ou já se tornara.


 


– Oh, então por que você não diz isso a ele? - sussurrou Snape. - Ou você tem medo que ele não leve a serio um homem que está se escondendo na casa da mãe por seis meses?


 


– Olhe aqui, seu... – Sirius, o mais velho, começara a se levantar.


– Sirius, controle-se! Severus, por favor! Parecem duas crianças brigando por quem merece mais um presente. – Ordenou Minerva. – Já não basta os anos em que eram alunos, resolveram brigar depois de homens também.


– Homens? Desde quando Snape é homem?


– Desde que eu faço alguma coisa pela ordem e você só cuida de um hipogrifo idiota!


– JÁ CHEGA! Eu disse para pararem! – Exclamou Dumbledore. – Isto aqui é uma instituição de ensino, vocês não estão na casa de vocês para gritarem o carinhoque tem um pelo outro de cinco em cinco minutos.


– Se Black não fosse tão...


– Não importa o que Sirius é. Coisas do passado continuam no passado. E ponto.


 


– Diga-me como anda Lúcio Malfoy estes dias? Eu acho que ele está satisfeito com seu cachorrinho trabalhando em Hogwarts, não é?


 


– Lúcio? – O Snape novo se pronunciou pela primeira vez, perguntando o nome do antigo amigo, cinco anos mais velho, baixo, para apenas os Slytherins ouvirem.


– É, vocês costumam se falar, às vezes. Formalmente, claro. – Respondeu Draco, uma bela mentira.


 


– Falando em cachorrinho - disse Snape suavemente - você sabia que Lúcio reconheceu você na ultima vez que arriscou uma saidinha até as ruas? Brilhante idéia, Black, deixando ser visto numa segura plataforma... Fazendo com que você não possa sair desse buraco no futuro, não foi?


 


– Então, você anda falando com ele?


 


Sirius levantou a varinha.


– NÃO! - gritou Harry, correndo para ficar entre Sirius e Snape. - Sirius, não.


 


– Como assim “NÃO”? Deixe-me acabar com a raça do Ranhoso. – Sirius xingou Harry, baixo. – Não vai ser difícil, né? Só despejar um vidro de xampu na cabeça dele que ele já pega alergia.


– Harry está certo, brigas não levam a nada. – Argumentou Lily sabiamente.


 


– Você esta me chamando de covarde? - rosnou Sirius, tentando empurrar para fora do caminho, mas ele não sairia.


 


Sirius bufou debilmente.


 


– Sim, estou.


 


– Saí, Harry! – Mandou Sirius, enquanto encarava Snape como se fosse capaz de triturá-lo com os olhos, Snape retribuiu, de forma irônica.


 


– Harry, saia daí - rosnou Sirius, empurrando-o com a mão livre.


 


– Agora é a parte que alguém chega para atrapalhar, fato.


 


A porta da cozinha se abriu e toda a família Weasley mais Hermione entraram, todos parecendo muito felizes, com o Sr. Weasley andando orgulhosamente e vestindo pijamas.


– Curado - ele anunciou para toda a cozinha. - Completamente curado!


 


– Acho que eles ainda não perceberam a situação.


 


Ele e todos os Weasley congelaram ao ver a cena que se passava. Sirius e Snape também pararam, olharam para a porta com suas varinhas apontadas um para o outro e Harry imóvel entre eles, uma mão se esticou até eles tentando separá-los.


– Pelas barbas de Merlin - disse o Sr. Weasley com o sorriso já desaparecido de seu rosto -, o que esta acontecendo aqui?


 


– O que o senhor acha?


 


Sirius e Snape abaixaram suas varinhas. Harry olhou de um para o outro. Ambos com a mesma expressão de desprezo, ainda que a entrada inesperada de tantas testemunhas os tivesse trazido à razão.


 


– É, fica difícil matar alguém sabendo que se vai para Azkaban depois.


– Dificílimo!


 


Snape colocou a varinha no bolso, deu meia volta e atravessou a cozinha, passando pelos Weasley sem dizer nada. Na porta ele se virou e disse.


– Seis horas, segunda feira à noite, Potter.


 


– Nossa, ele é realmente a simpatia em pessoa.


 


– O que aconteceu? - perguntou novamente o Sr. Weasley.


– Nada Arthur - disse Sirius, que respirava fortemente como se tivesse corrido uma longa distância. - Apenas uma conversinha amigável entre velhos colegas de escola


 


– Essa foi boa, Sirius, te superasse.


 


– parecendo fazer um esforço, ele sorriu - Então, você está curado... São ótimas noticias, realmente ótimas.


 


– Pelo menos uma, você quis dizer.


 


– É mesmo, não é? - disse a Sra. Weasley, levando seu marido até a cadeira. - O medi-bruxo Smethwyc usou sua magia no final, achou um antídoto pro que for que a cobra tinha nas presas e Arthur aprendeu sua lição sobre mexer com medicina dos trouxas, não foi, querido?


 


– Mesmo não estando lá, quase posso ouvir o tom ameaçador na voz dela.


 


– Sim, Molly, querida - disse o Sr. Weasley gentilmente.


O jantar daquela noite deveria ter sido muito alegre, com o Sr. Weasley de volta entre eles. Harry poderia dizer que Sirius estava tentando, pelo menos, ainda que o padrinho não estivesse rindo forçadamente para as piadas de Fred e Jorge ou oferecendo mais comida a todos, seu rosto caíra em uma expressão triste e mal humorada.


 


– Óbvio! Primeiro, Snape decide fazer uma visitinha. Depois, ele sabe que logo vai ficar sozinho na casa. Qualquer um ficaria de mal humor.


 


Harry foi separado dele por Mundungo e Olho-Tonto, que apareceram para dar parabéns ao Sr. Weasley pela melhora. Queria conversar com Sirius, para lhe dizer que não deveria ouvir uma só palavra do que Snape disse, que o estava alfinetando deliberadamente e que ninguém pensava que era um covarde por obedecer Dumbledore,


 


Sirius balançou a cabeça tristemente, ele próprio se considerava um belo covarde por ficar em casa enquanto todos, até mesmo Snape, se arriscavam.


 


que o mandou ficar no Grimmauld Place. Mas não teve nenhuma oportunidade para fazer isso, vendo a feia expressão que estava no rosto de Sirius Harry se perguntou se ousaria ou não dizer mesmo se tivesse a oportunidade. Ao invés, disse a Rony e a Hermione sobre ter aulas de Oclumência com Snape.


 


Hum, fofoqueiro, pensou o Snape jovem.


 


– Dumbledore não quer que você continue tendo esses sonhos com Voldemort - disse Hermione de uma vez. - Você não se sentira arrependido por não mais ter esses sonhos, não é?


 


– Pesadelos ou aulas extras com Snape? Hum... difícil, mas acho que fico com os pesadelos.


 


– Aulas extras com Snape? - disse Rony, chocado. - Eu preferiria ter os pesadelos!


 


– Dois.


 


Eles voltariam a Hogwarts usando o Nôitibus Andante no dia seguinte, escoltados mais uma vez por Lupin e Tonks, os quais estavam tomando café da manhã quando Harry, Rony e Hermione desceram na manhã seguinte.


 


– Sério que eles estavam tomando café da manhã de manhã? – Perguntou Ginny irônica.


– Você não acha que Remus e a tal Tonks andam juntos... demais. – Perguntou, sussurrante e risonha, Lily para James.


– Aham. – Respondeu o outro e riu.


– Do que vocês estão rindo? – Perguntou Remus, ele sabia do que ambos estavam falando, é claro, por que graças a sua condição ele tinha os ouvidos mais aguçados.


– Como se você não soubesse.


 


Os adultos pareciam estar tendo uma conversa sussurrada quando Harry abriu a porta, todos olharam e rapidamente pararam de falar.


 


– Eu odeio, ODEIO, quando isso acontece.


– Ninguém gosta, Harry.


 


Após um corrido café da manhã todos vestiram suas jaquetas e cachecóis para se proteger no frio daquela manhã cinzenta de janeiro. Harry teve uma sensação desagradável de aperto no peito, não queria dizer adeus para Sirius. Ele tinha um mau pressentimento sobre a partida,


 


Harry tremeu, seus pressentimentos sempre davam certo.


 


não sabia quando se veriam novamente e sentiu que estava encarregado de dizer a Sirius para não fazer nada estúpido.


 


– Harry, eu devo tomar conta de você, não o contrário.


 


Harry temia que a acusação feita por Snape de que Sirius era um covarde surtira um efeito tão grande no padrinho que ele poderia esta arquitetando alguma viagem idiota para fora do Grimmauld Place.


 


– Ele fez de propósito, tenho certeza. – Sussurrou James.


– O quê? – Perguntou Fred, que pensara que James estava lendo.


– Nada não, só estou pensando alto.


 


Mas antes de poder pensar em alguma coisa para dizer, Sirius o puxou para mais perto.


– Quero que você fique com isso - ele disse baixo, dando a Harry um objeto mal embrulhado mais ou menos do tamanho de uma capa de livro.


 


– Você não deu um livro para ele, certo?


– Creio que não.


 


– O que é? - perguntou Harry.


– Uma forma de eu saber se Snape esta pegando no seu pé. Não, não o abra aqui - disse Sirius, vendo se o Sr Weasley os ouvira. - Eu duvido que Molly aprovaria mas quero que você o use se precisar de mim, entendeu?


 


– Aê! – Gritou James. Todos o encararam como se ele fosse louco.


 


– Ok - disse Harry, enfiando o embrulho no bolso de sua jaqueta mas sabia que não usaria, não importasse o que fosse. Não seria ele, Harry, que tiraria Sirius do lugar onde estava seguro, não importava o quão mal Snape o tratasse nas aulas de Oclumência.


 


– Você é tão ridiculamente idiota.


 


– Vamos, então - disse Sirius dando um tapinha nos ombros de Harry, sorrindo, e antes que Harry pudesse dizer qualquer coisa estavam indo para o andar de cima, parando em frente a porta principal, que era cheia de trancas, cercado pelos Weasley.


 


– Se despeça da casa, Harry.


 


– Adeus Harry, tome cuidado - disse a Sra. Weasley, abraçado-o.


– Nos vemos, Harry, e fique de olho nas cobras por mim - disse genialmente o Sr. Weasley, sacudindo as mãos.


 


Algumas pessoa riram. James abriu a boca para voltar a ler, mas exclamou, de repente:


– Sirius! Eu não acredito!


– Mas o que...?


– Sério que você para ele o que eu acho que você deu?


– Como eu vou saber...?


– Se é o que eu estou planejando dar, acho que sim, James. – O Sirius mais velho se intrometeu na conversa.


– Nossa, é o melhor presente de natal que alguém pode ganhar! – Ele estava animado, não podia acreditar que Harry herdara um de seus mais preciosos bens.


– Do que vocês estão falando, afinal? – O outro Sirius, e o resto do salão inteiro, ainda não havia entendido.


– O espelho, seu animal! O espelho de dois lados!


– OH! Será? – Exclamou animado.


– Você deu o espelho para Harry? – Perguntaram Remus e Lily juntos.


– O que é “o espelho”? – Perguntou Harry.


James e Sirius, num movimento quase igual, tiraram alguma coisa do bolso e mostraram-na para Harry.


– OK... um espelho... – Avaliou Harry. – Dois espelhos, na verdade... Eu tenho um também, querem ver?


– NÃO! – Gritaram os dois indignados.


– Isso é um espelho de dois sentidos, Harry. – Explicou James. – Se eu disse o nome de Sirius, ou quem quer que estiver com o par, bem claramente, a pessoa aparece e podemos conversar. Era assim que nos comunicávamos durante as Deten... – James percebeu que estava dizendo aquilo em frente a vários professores. – Durante o período de férias, quando Sirius ainda não morava lá em casa. Obviamente, ele está meio aposentado nesses tempos. – Nem tudo era mentira, apenas a primeira parte, já que o número de detenções de ambos (principalmente James) havia diminuído bastante, portanto, o espelho estava praticamente aposentado mesmo.


– Mas é realmente útil, e eu te aconselharia a usar. – Instruiu Sirius, enquanto James ainda sorria largamente. Alguns segundos depois e James continuava sorrindo, sem ler.


– Jay... Você já pode ler. – Disse Lily.


– Ah, sim, claro!


 


– Certo... - disse Harry distraidamente, era sua última chance de dizer a Sirius para tomar cuidado.


Ele virou, olhou para o rosto do padrinho, abriu a boca para falar Sirius estava dando a ele um rápido abraço de um braço só e dizendo.


– Tome cuidado, Harry.


 


– Acho que foi meio ao contrário, só acho.


 


No momento seguinte Harry sentiu o ar frio do inverno, com Tonks (naquele dia disfarçada com uma alta bruxa de cabelos grisalhos e vestida de tweed) mandando-o seguir em frente.


 


– Que tenso, Tonks.


 


A porta do numero doze fechou por trás deles. Seguiram Lupin pelos degraus da entrada. Assim que chegou a calçada Harry olhou para trás. O número doze estava encolhendo até não mais ser visto. Um instante depois já havia desaparecido


– Vamos, o quanto antes entrarmos no ônibus melhor - disse Tonks. Lupin rapidamente esticou seu braço direito.


 


– Viu? Eles até funcionam em harmonia. – Riu Lily baixinho, para James.


 


BANG.


Um ônibus violentamente roxo e de três andares apareceu do nada na frente deles, quase batendo nos postes de luz mais próximos, os quais pularam para trás para sair do seu caminho.


 


– Que legal! Sempre quis andar de Nôitibus Andante.


 


– Bem vindos ao...


– Sim, sim, nos sabemos, obrigado - disse Tonks impaciente. - Entrem, entrem.


 


– Êta!


 


Ela empurrou Harry com força em direção aos degraus, passando pelo condutor, que olhava surpreso para ele enquanto passava.


– Er... É o Arry!


– Se você gritar o nome dele vou lançar contra você maldição de esquecimento - Tonks murmurou ameaçadoramente, agora gritando com Gina e Hermione.


 


– Meu Deus, o que houve, Tonks?


 


– Eu sempre quis andar nesse troço - disse Rony com alegria, juntando-se a Harry já à bordo e olhando ao redor.


Era noite quando Harry viajou no Nôitibus Andante e os três andares do ônibus estavam cheios de camas de latão. Agora, de manhã cedo, estava cheio de um grupo de cadeiras que não combinavam agrupadas de forma desorganizada ao redor das janelas. Algumas dessas cadeiras pareceram ter caído quando o Nôitibus parou abruptamente em frente ao Grimmauld Place, alguns bruxos e bruxas ainda estavam aos seus lugares, reclamando, e os sacos de compra de alguém estavam espalhados ao longo do ônibus: uma mistura nada agradável de ovos de rã, baratas e doces de creme esparramados por todo o chão.


 


– Não quero mais andar.


 


– Parece que teremos que nos dividir - disse Tonks rapidamente, olhando ao redor procurando por cadeiras vazias. - Jorge, Fred e Gina vocês devem se sentar nas cadeiras lá do fundo... Remus pode ficar com vocês.


 


– Hum... Remus...


 


Ela, Harry, Rony e Hermione foram para o andar mais alto onde havia duas cadeiras vazias na frente e nos fundos. Stanislau Shunpike, o condutor, seguiu Harry e Rony para o fundo. As cabeças se viravam à medida que Harry passava e quando se sentou viu todas as cabeças virarem para frente novamente.


 


– Ser famoso deve ser legal.


– Ah, super, você nem imagina. – Harry foi tremendamente irônico ao responder.


 


Enquanto Harry e Rony entregavam a Lalau onze sicles cada um o Nôitibus ligou os motores novamente, balançando ameaçadoramente. Fez um barulho estrondoso por perto de Grimmauld Place então, com outro enorme BANG, foram arremessados para trás; a cadeira de Rony caiu e Píchi, que estava em seu colo, fugiu da gaiola voando para todos os lados em direção à frente do ônibus, onde voou para os ombros de Hermione. Harry, que se segurou em um suporte de velas para não cair, olhou para fora da janela agora estavam passando pelo que parecia ser uma rodovia.


 


– Acho que agora você não quer mais andar, né, Rony?


 


– Por volta de Birminghan - disse Lalau feliz, respondendo a pergunta não feita de Harry enquanto Rony tentava se levantar do chão. - Você continua bem, Arry? Eu vi seu nome no jornal várias vezes durante o verão, nunca eram coisas legais. Eu disse ao Ernie: "ele não parecia ser um maluco quando nos conhecemos mas acho que aparece alguma hora, não é mesmo?".


 


– Maluco? – Perguntou James.


– Bem, já dissemos, eu disse que Voldemort voltou e todos acho que enlouqueci.


– E o jornal diz isso?


– Por aí...


 


Ele entregou os bilhetes e continuou a olhar com interesse para Harry. Lalau não ligava para o quanto uma pessoa era louca se eram famosos o suficiente para estar no jornal.


 


Bufos.


 


O Nôitibus Andante balançou alarmante, ultrapassando uma fileira de carros. Olhando para a frente do ônibus, Harry viu Hermione tampando os olhos com as mãos, Píchi balançando alegremente em seu ombro.


 


– Píchi sempre está alegre!


 


BANG.


As cadeiras escorregaram para trás novamente quando o Nôitibus saltou da rodovia de Briminghan para uma quieta estradinha no campo. Os arbustos que beiravam a estrada saíam do caminho enquanto passavam. Dali eles foram para uma estrada principal de uma grande cidade, então para um viaduto cercado de morros altos, a cada vez com um grande BANG.


 


– Meu Deus!


 


– Mudei de idéia - cochichou Rony, levantando-se do chão pela sexta vez -, eu não quero nunca mais andar nessa coisa!


 


– Eu disse.


 


– Escutem, a parada para Ogwarts é depois dessa - disse Lalau, balançando por entre eles.


 


– Ele não fala nada certo, não?


 


–Aquela senhora que entrou com vocês nos deu a dica para mover passar vocês adiante. Mas vamos apenas deixar a Madame Marsh primeiro - havia um som de alguém quase vomitando vindo lá de baixo, seguido de um horrível som de gotas caindo pelo chão -, ela não está se sentindo muito bem.


 


– Ai, que nojo!


 


Alguns minutos depois o Nôitibus Andante fez um alto barulho enquanto parava em frente a um bar, que se encolhia na tentativa de evitar a colisão. Eles podiam ouvir Lalau guiando a azarada Madame Marsh para fora do ônibus e os murmúrios de alívio dos outros passageiros do segundo andar. O ônibus seguiu ganhando velocidade até... BANG.


 


– Quase posso sentir.


 


Estavam girando por Hogsmeade, coberta de neve. Harry viu de relance o Hog's Head, lá fora na rua, a placa de cabeça de porco servida balançada pelo vento do inverno. Grandes quantidades de neve acertaram o vidro da frente do ônibus. Por fim, giraram e pararam em frente aos portões de Hogwarts.


 


– Graças aos céus!


– Isso que vocês nem estão lá.


 


Lupin e Tonks os ajudaram a sair do ônibus com suas bagagens, subiram novamente e disseram adeus. Harry observou os três andares do Nôitibus e percebeu todos os passageiros os olhando com os narizes imprensados contra o vidro.


– Vocês estarão seguros dentro dos terrenos - disse Tonks olhando cuidadosamente para todos os lados da estrada. - Tenham um bom semestre, ok?


 


– Com aulas extras com Snape, vai ser difícil...


 


– Cuidem-se - disse Lupin, apertando as mãos de todos até chegar ao Harry - e ouça... - diminuindo sua voz enquanto os outros se despediam de Tonks. - Harry, eu sei que você não gosta do Snape mas ele é um soberbo Oclumênte e todos nós, incluindo Sirius, queremos que você aprenda a se proteger, acima de tudo, ok?


 


– Até tu, Brutus?


 


– Sim, sem problemas - disse Harry pesadamente, olhando para as rugas prematuras de Lupin. - Então, nos vemos depois.


 


– “Rugas prematuras”. É de tanto se preocupar com a gente. – Riu Sirius para James.


 


Os seis caminharam com muita dificuldade pela escorregadia estrada que levava ao castelo, carregando seus malões. Hermione já estava falando sobre tricotar mais alguns chapéus para os elfos antes de ir para cama.


 


 


– Hermione, desista!


 


Harry olhou para trás ao chegar nas grandes portas de carvalho; o Nôitibus já havia desaparecido e desejaria, visto o que viria na noite seguinte, ainda estar à bordo.


 


– Aula extra.


 


Harry passou o dia seguinte temendo à noite. Nem mesmo os dois tempos de Poções pela manhã foram o suficiente para dispersar sua preocupação, e também pelo fato de Snape estar tão desagradável como sempre. Seu humor estava cada vez pior à medida que os membros da AD o abordavam nos corredores durante os intervalos perguntando se teria uma reunião naquela noite.


 


– Uh, agora vocês já sabem que não devem fazer.


 


– Você saberá pelo método usual quando será a próxima reunião - Harry repetia várias vezes seguidas. - Tenho... Er... Aulas extras de Poções.


 


– Que vergonha...


– Ainda mais com a mãe que você tem.


– Ãh... O que? Como assim?


– Poções: Lily domina essa arte, enquanto é a minha pior matéria. – Falou James, fazendo a ruiva corar.


 


– Você tem aulas extras de Poções? - perguntou Zacharias Smith, tendo encontrado Harry no saguão de entrada depois do almoço. - Meu Deus, você deve ser horrível. Snape geralmente não dá aulas extras, não é?


 


Sirius riu de Harry.


– Cara, isso é engraçado.


– Não ria, Sirius, ou eu conto a cara que você fez ao não ser convidado a participar do clube do Slugue. – Sirius fechou a cara e ficou em silêncio.


 


Depois que Smith foi embora Rony o olhou com raiva.


– Que tal se eu o enfeitiçasse? Eu ainda posso acertá-lo daqui - disse, levantando sua varinha e mirando nas costas de Smith.


 


– Quanta covardia, Ron!


 


– Esqueça - disse Harry desanimado. - Era o que todo mundo ia pensar mesmo que eu sou realmente estup...


– Oi Harry - disse um voz por trás dele, ele se virou e viu Cho.


– Oh - disse Harry com seu estômago se contorcendo desconfortavelmente. - Oi.


 


Lily fez uma careta desagradável. James sorriu divertidamente.


 


– Estaremos na biblioteca, Harry - disse Hermione firmemente enquanto puxava Rony pelo braço em direção à escadaria de mármore.


– Teve um bom Natal? - perguntou Cho.


 


– Nem queira saber.


 


– Sim, não foi mal.


– O meu foi bem legal - disse Cho. Por alguma razão, ela parecia envergonhada. - Er... Vai ter outra ida a Hogsmeade no mês que vem, você viu o aviso?


 


– Convide-a para sair, Harry. – Cantarolou James.


– O quê? Por quê?


– Como assim “por quê?”? Em primeiro lugar, se uma garota chega falando sobre o próximo passeio é por que ela quer ser convidada. Em segundo, você gosta dela, ela gosta de você, que mal tem?


 


– O quê? Oh, não. Eu ainda não chequei o quadro de avisos desde que cheguei.


– Oh, é no dia dos Namorados...


 


– Puts! Retiro o que disse! – Arfou James, balançando a cabeça negativamente.


– Ãh?


Foi Sirius quem respondeu:


– Nunca saia com uma garota no dia dos namorados, há não ser que queira algo realmente sério com ela. Dia dos namorados costuma ser uma data importante para meninas, não sei por que.


– AHÁ! – Gritou Lily. – Então foi por isso que até o inicio desse ano você não tinha para sair nenhuma vez no dia dos namorados, senhor James Potter?


– Bem, Lily... meu amor, ãh... você sabe, querida... hum... vou voltar a ler.


 


– Certo - disse Harry, perguntando-se por que ela lhe estava dizendo isso. - Bem, acho que você quer saber...


– Só se você quiser... - ela disse rapidamente.


Harry a observou. Ele perguntaria "Eu acho que você quer saber o dia que se realizará a próxima reunião da AD?" mas a resposta dela parecia não encaixar.


 


– Não! Você herdou coisas de mais da Lily.


– James, fique quieto! Já esgotou sua quota por hoje.


 


– Eu... Er... - ele disse.


– Oh, tudo bem se você não quer - ela disse, parecendo mortificada. - Não se preocupe. Eu te vejo por aí.


 


– Mas, com a resposta que ele deu pareceu mais com James.


– Como assim, Moony?


– Ele beijou a garota e depois nem deu mais bola para ela... Tão James!


Lily esfregou a têmpora.


– Seu amigo não está lhe ajudando, amor.


– Filho da mãe! – James mexeu os lábios, tentando bater em Remus com o livro enquanto o licantropo ria silenciosamente.


 


Ela foi embora. Harry ficou parado, olhando-a, seu cérebro não estava funcionando direito. Mas então tudo voltou ao normal.


– Cho! Hey, Cho - ele correu atrás dela, alcançando-a antes de ela chegar a escadaria de mármore. - Er... Você quer ir a Hogsmeade nos Dias dos Namorados comigo?


 


– AHÁ! Finalmente! – Sirius se ajoelhou e agradeceu aos céus.


 


– Ooooooh sim! - ela disse corando e com um sorriso luminoso nos lábios.


– Bem, então, concordamos! - disse Harry, sentindo que o dia não seria uma perda total. Foi até a biblioteca para pegar Rony e Hermione antes de suas aulas da tarde.


 


– “Pegar Rony e Hermione”? Isso não soou bem, nada bem.


 


Às seis horas da noite, no entanto, nem mesmo a luz de ter convidado Cho para um encontro com sucesso poderia iluminar os maus pressentimentos que aumentavam a cada passo que dava em direção a sala de Snape.


 


– Droga!


 


Ele parou do lado de fora da porta, depois que chegou, desejando estar em quase qualquer outro lugar, então, respirando fundo, bateu e entrou.


A sala sombria estava repleta de prateleiras onde havia centenas de vidros que continham pedaços de animais e plantas suspensos em varias poções coloridas.


 


– Realmente aconchegante.


 


No canto estava o armário cheio de ingredientes de onde, uma vez, Snape acusara Harry, não sem razão, de roubo.


 


– Você roubou ele?


– Mais ou menos.


 


A atenção do garoto foi direcionada para a mesa onde estava uma onde, gravados runas e símbolos banhada pela luz de uma vela. Harry reconheceu logo: era a penseira de Dumbledore. Perguntando-se o porquê de a penseira estar lá, ele pulou quando a voz fria de Snape veio das trevas da sala.


– Feche a porta atrás de você, Potter.


 


– Uhhh, nossa, que medo.


 


Harry fez o que lhe foi pedido, tendo a péssima impressão de que estava se aprisionando.


 


– Era ironia, Harry. Não sinta medo.


 


Quando se virou em direção à sala, Snape foi em direção à luz e estava apontando silenciosamente para a cadeira oposta à sua mesa. Harry se sentou , assim como Snape, seus olhos negros e frios o encaravam sem piscar, com o desgosto estampado em seu rosto.


 


– Como se eu gostasse dele. – Sussurrou Harry.


 


– Bem, Potter, você sabe por que está aqui - ele disse. - O diretor me pediu para ensinar você Oclumência. Eu só espero que você seja mais adepto a isso do que a Poções.


 


– Tão gentil.


 


– Certo - disse Harry sem muita emoção.


– Esta pode não ser uma classe normal, Potter - disse Snape, seus olhos malevolentes -, mas ainda sou seu professore e você me chamará de "senhor" ou "professor" o tempo todo.


 


James apertou o livro com as mãos até os nós dos dedos ficarem brancos.


 


– Sim... Senhor - disse Harry.


Snape continuou a olhá-lo com os mesmos olhos por um tempo e depois disse.


– Agora, Oclumência. Como eu já havia lhe dito na cozinha do seu querido padrinho, esse tipo de magia sela a mente contra invasão mágica e influencia.


– E por que Dumbledore acha que eu preciso disso, senhor? - disse Harry, olhando em direção os olhos de Snape, perguntando-se se responderia ou não.


 


– Ele tem que responder. Como ele mesmo disse, ele ainda é seu professor e como professor ele tem que responder à perguntas feitas por alunos.


 


Snape o olhou de volta com desprezo.


– Tenho certeza que até mesmo você já teria entendido, Potter? O Lord das Trevas é muito talentoso com a Legilimência.


 


– E... O que é isso?


 


– O que é isso? Senhor?


– É a habilidade de retirar memória e sentimentos da mente de alguém.


– Ele pode ler mentes? - Harry disse rapidamente, seus piores medos se confirmaram.


 


Snape bufou.


 


– Você não tem nenhuma sutileza, Potter - disse Snape, seus olhos escuros brilhando. - Você não compreende distinções tão sutis. É isso que faz você ser tão lamentável ao preparar poções.


 


– Ele não pode falar assim com um aluno! Pode?


 


Snape parou por alguns momentos, parecendo saborear o prazer de insultar Harry, antes de continuar.


 


– Com eles conseguiu se tornar professor? – Perguntou-se Remus.


Lily continuava em silêncio, não acreditava que aquele a quem ela um dia chamara de amigo podia tratar seu filho daquela forma. Finalmente percebeu que, James sempre estivera certo em relação a Severus, afinal.


 


– Apenas trouxas dizem "leitura de mente". A mente não é um livro para ser aberto e lido de acordo com a vontade, para se passar o tempo. Pensamentos não estão marcados no interior do crânio, para ser lido por todos os invasores. A mente é complexa e repleta de camadas, Potter, ou pelo menos, a maioria. É verdade, no entanto, que aqueles que dominam a Legilimência podem, sob certas circunstâncias, invadir a mente de suas vítimas e interpretar o que encontraram corretamente. O Lord das Trevas, por exemplo, quase sempre sabe quando uma pessoa esta mentindo para ele. Somente os mais habilidosos em Oclumência podem fechar seus sentimentos e memórias que podem contradizer a mentira, e então, enganá-lo por completo em sua presença sem que ele desconfie.


 


– Falou, falou e até mesmo Hermione vai precisar de um certo tempo para entender. – Murmurou Ron.


 


Não importava o que Snape tenha dito, Legilimência soou para Harry como leitura de mente e ele não gostaram disso.


 


– Tão ignorante... – Sussurrou o professor de poções para si.


 


– Então ele poderia saber o que estamos pensando agora? Senhor?


– O Lord das Trevas está a uma considerável distância e os terrenos de Hogwarts estão protegidos por antigos feitiços e encantamentos para assegurar a proteção física e mental dos alunos daqueles que querem prejudicá-los - disse Snape. - Tempo e espaço são importantes na magia, Potter. Contato visual geralmente é importante para a Legilimência.


 


– Não o encare nos olhos, Harry.


 


– Então por que eu tenho que aprender Oclumência?


Snape olhou Harry, passando um dedo magro pela boca.


– As regras de sempre não parecem se aplicar a você, Potter. A maldição que falhou ao tentar te matar parece ter criado algum tipo de ligação entre você e o Lord das Trevas. As evidências sugerem que em momentos, quando sua mente está relaxada e vulnerável, quando você está dormindo, por exemplo, compartilha os pensamentos e emoções com o Lord das Trevas. O diretor acha que é inadmissível isto continuar. Ele quer que eu lhe ensine como fechar sua mente para o Lord das Trevas.


 


– Ah! Sério? Isso tínhamos percebido sozinhos.


 


O coração de Harry voltou a bater fortemente. Continuava sem entender.


– Mas por que Dumbledore quer que isto pare? - perguntou abruptamente - Eu não gosto muito mas tem sido útil, não tem? Digo... Eu vi a cobra atacar o Sr. Weasley, se não fosse por isso Dumbledore não estaria apto a salvá-lo, estaria? Senhor?


 


– Ele sempre diz o “senhor” depois, isso é... engraçado?


 


Snape encarou Harry por alguns momentos, ainda passando o dedo pela boca. Quando voltou a falar o fez devagar e deliberadamente, como se estivesse medindo suas palavras.


– Parecia que o Lord das Trevas não sabia dessa ligação entre vocês até muito recentemente. Até agora parece que você está experimentando suas emoções e dividindo seus pensamentos sem que ele tivesse conhecimento disso. No entanto, a visão que você teve antes do Natal...


– Aquela com a cobra atacando o Sr. Weasley?


 


– Droga! Snape detesta que o interrompam. – Falou Lily.


 


– Não me interrompa, Potter - disse Snape com um tom de ameaça. - Como eu estava dizendo, a visão que você teve antes no Natal representou uma poderosa invasão nos pensamentos do Lord das Trevas...


– Eu vi pelo ponto de vista da cobra, e não dele!


 


– Não interrompa, Harry!


 


– Eu acho que acabei de falar para não me interromper, Potter!


Mas Harry não ligou se Snape estava zangado, pelo menos estava conseguindo as informações que queria, inclinou-se para frente na cadeira, chegando perto da beirada, sem se dar conta disso, tenso como se estivesse se preparando para voar.


 


(N/A: pessoal, essa parte ficou confusa, mas é que no site onde tiro os livros está assim, de qualquer forma, desculpem).


 


– Não diga o nome do Lord das Trevas! - disse Snape quase gritando.


 


– É, ele pode dizer “Lord Das Trevas” como um comensal, e Harry não pode dizer Voldemort?


 


Houve um silêncio desconfortável. Eles se olharam por cima da penseira.


– Professor Dumbledore diz o nome dele - disse Harry num tom de voz baixo.


– Dumbledore é um bruxo extremamente poderoso! - murmurou Snape - Ele pode se sentir seguro o suficiente para dizer seu nome... Enquanto o resto de nos... - ele esfregou o braço esquerdo, aparentemente inconsciente, no local onde Harry sabia que a Marca Negra queimava sua pele.


 


Lily lançou um olhar rancoroso a Snape, balançando a cabeça.


 


– Eu só queria saber - disse Harry num tom de voz tentando parecer educado - por que...


– Parece que você visitou a mente da cobra pois era lá que o Lord da Trevas estava naquele exato instante - disse Snape. - Ele estava possuindo a cobra naquele momento, por isso você sonhou estar dentro dela também.


 


– Nossa!


 


– E Vol... Er... Ele percebeu que eu estava lá?


– Aparentemente sim - disse Snape friamente.


– Como você sabe? - perguntou Harry rapidamente. - Isso é só u palpite de Dumbledore ou...


– Eu já lhe disse - disse Snape, rígido em sua cadeira com seus olhos apertados - para me chamar de "senhor".


 


James jogou a cabeça para trás, tremendo levemente, ver/ler Snape falando com Harry daquela forma o repugnava.


 


– Sim, senhor - Harry disse impacientemente -, mas como você sabe?


– É o bastante que eu saiba - disse Snape de forma repressiva. - O importante é que o Lord das Trevas agora sabe que você tem consciência de seus pensamentos e emoções. E ele também deduziu que pode fazer o caminho inverso, isso quer dizer que ele pode acessar seus sentimentos e pensamentos também.


 


– Isso é lógico.


 


– E ele tentará fazer com que eu faça coisas também? - perguntou Harry. Senhor? - somando rapidamente.


– Ele pode - disse Snape fria e despreocupadamente. - O que nos traz de volta à Oclumência.


 


– Agora a ação vai começar.


Harry não queria que começasse.


 


Snape tirou a varinha do bolso das vestes e Harry ficou mais tenso em sua cadeira, mas o professor simplesmente levantou sua varinha até a altura das têmporas e posicionou a ponta na raiz oleosa de seu cabelo. Quando puxou uma substância prateada saiu de sua cabeça, grudada a ponta da varinha,


 


– Oleosidade. – Sussurrou Sirius para os amigos ao redor. Eles riram sem que ninguém soubesse o porquê.


 


depois se soltou da cabeça de Snape, caindo graciosamente na penseira, onde se mexia um líquido ou um gás branco-prateado. Por mais duas vezes repetiu a ação. Sem obter nenhuma explicação de seu comportamento, pegou a penseira e a colocou em uma prateleira para fora do caminho, voltou a encarar Harry com a varinha em mãos.


 


– Não precisa de explicação: era óleo e deu.


 


– Fique de pé, Potter, e pegue sua varinha!


Harry se levantou, muito nervoso. Eles se entre olharam com a mesa entre ambos.


– Você pode usar sua varinha na tentativa de me desarmar ou defender a si próprio de qualquer forma que possa pensar - disse Snape.


 


– Mata ele.


 


– E o que você fará? - perguntou Harry, observando a varinha de Snape de maneira apreensiva.


– Estou prestes a invadir sua mente


 


– Medo...


 


– disse Snape calmamente - Vamos ver o quanto você pode resistir. Fiquei sabendo que mostrou habilidade ao resistir a Maldição Imperius. Você descobrirá que poderes similares serão necessários para isto... Prepare-se agora! Legilimens!


 


– Tem certeza que quer que eu leia?Talvez seja muito pessoal.


– Quem tá na chuva é pra se molhar...


 


Snape atacou antes que Harry estivesse preparado, antes que pudesse começar a reunir forças para resistir. A sala desapareceu em frente aos seus olhos, imagens atrás de imagens passavam por sua mente como um filme tão vívido que o cegou para tudo o que estava à sua volta.


 


– Maneiro.


 


Tinha cinco anos, vendo Duda andar em sua nova bicicleta e seu coração queimava de inveja...


 


Alguns o olharam com pena.


 


Tinha nove anos, e o buldogue chamado Estripador o perseguia enquanto os Dursley riam lá embaixo...


 


Mais olhares de pena.


 


Estava sentado debaixo do Chapéu Seletor, pedindo-o para não o colocar na Sonserina...


 


– O que? – dessa vez James parou de ler.


– O chapéu! Endoidou na minha seleção, apenas isso.


– Mas...


– James, ele não quer falar, deixe-o.


 


Hermione estava deitada na ala hospitalar com seu rosto coberto de pêlos negros de gato... Uma centena de dementadores estavam indo em sua direção às margens do lago... Cho estava se aproximando cada vez mais de seu rosto por debaixo do enfeite de Natal...


 


– Oh, não! Essa parte não!


 


– Não - disse a voz dentro da cabeça de Harry, enquanto a imagem do rosto de Cho se aproximando do dele. - Você não verá isso, você não verá isso! É particular!


 


– Não para o Lord Das Trevas.


 


Ele sentiu uma dor aguda no joelho. A sala de Snape tinha voltado ao seu campo de visão e percebeu que havia caído no chão, um de seus joelhos havia colidido com uma das pernas da mesa de Snape. Ele olhou para o professor, que havia baixado a varinha e estava esfregando seus punhos. Havia uma expressão muito enfurecida em seu rosto.


 


– Tomara que o tenha azarado.


 


– Você produziu a Maldição do Ferrão de propósito? - perguntou Snape friamente.


 


– Isso! Você o azarou! Azarou sim, senhor! – Cantarolou Sirius.


 


– Não - disse Harry amargamente enquanto se levantava.


– Eu achei que não - disse Snape olhando para ele bem de perto. - Você me deixou ir muito longe. Você perdeu o controle.


 


– Queria ver se fosse contigo.


 


– Você viu tudo o que eu vi? - Harry perguntou sem saber se queria ouvir a resposta.


– Alguns flashes. De quem pertencia o cachorro?


– Minha tia Guida - murmurou Harry, odiando Snape.


 


– Mais do que o normal?


 


– Bem, para uma primeira tentativa foi não tão ruim quanto poderia ter sido - disse Snape levantando mais uma vez sua varinha. - Você deve me deter eventualmente, apesar de você ter desperdiçado tempo e energia gritando. Você deve se manter concentrado. Repele-me com a mente e você não precisará apelar para a varinha.


– Estou tentando - disse Harry com raiva - mas você não me diz como!


 


– É, você também não ajuda!


 


– Maneiras, Potter! - disse Snape ameaçadoramente. - Eu quero que feche os olhos.


 


Sirius começou a gargalhar nessa hora, James o olhou duvidando de sua sanidade mental.


– O que houve?


– N-Nada, nada. V-volte a l-ler. – E continuou rindo feito um louco.


 


Harry lançou um olhar de desgosto para Snape enquanto fazia o que foi pedido. Não gostava da idéia de ficar de olhos fechados enquanto Snape estava à sua frente, portando uma varinha.


 


– Ninguém gostaria.


 


– Esvazie sua mente, Potter - disse Snape com sua voz fria. - Esqueça todas as emoções...


Mas a raiva de Harry por Snape continuou a circular nas veias de Harry como veneno. Esquecer essa raiva? Ele poderia fazê-lo tão facilmente quanto arrancar as pernas...


 


– Ótima comparação.


 


– Você não esta fazendo, Potter... Você precisara de mais disciplina do que está tendo... Agora, concentre-se!


Harry se concentrou, tentando esquecer todas as emoções, pensamentos e lembranças...


– Vamos tentar de novo... Vou contar até três... Um, dois, três - Legilimens!


 


– E lá vamos nós de novo!


 


Um grande dragão negro estava à sua frente... Seus pais estavam acenando para ele pelo reflexo de um espelho encantado... Cedrico estava deitado no chão olhando para ele com olhos já sem vida...


 


Cho começou a chorar.


 


– NÃOOOOOOOOO!


 


James berrou o “Nãooooooooo” de tal forma que Lily deu um pulo na cadeira.


– Finalmente saberemos a verdade sobre a morte de Diggory. – Resmungou Zacharias Smith.


 


Harry estava em seus joelhos, com as mãos no rosto, seu cérebro doendo como se alguém estivesse tentando puxá-lo para fora do crânio.


– Levante-se - disse Snape rispidamente. - Levante-se! Você nem está tentando. Você está me deixando entrar em suas memórias que você tem medo, você esta me dando armas!


 


– Ora, cale a boca! – Mandou o Sirius mais velho. – O garoto não está bem.


– Olhe aqui, Black, seu mise...


– Senhores! – repreendeu Dumbledore.


 


Harry se levantou novamente, seu coração batendo descompassado como se realmente tivesse visto Cedrico morto no cemitério. Snape parecia mais pálido do que antes, com raiva, mas nem perto da raiva que Harry sentia.


– Eu... Estou...Tentando - disse Harry, trincando os dentes.


– Eu mandei você esvaziar seus sentimentos!


 


– Ele tentou, só que não conseguiu, é um crime agora?


 


– Sério? Bem, acho que está sendo um pouco complicado no momento! - rosnou Harry.


– Então, você será presa fácil para o Lord das Trevas! - disse Snape agressivamente. - Idiotas que não conseguem deixar de usar seu coração ao invés de usar a cabeça, que não conseguem controlar suas emoções, deixam-se cair em memória tristes e deixam ser provocados tão facilmente, pessoas fracas, em outras palavras, não têm nenhuma chance contra dos poderes dele! Ele invadira sua mente absurdamente fácil, Potter!


 


– Não. Chames. Meu. Filho. De. Fraco! – Surpreendentemente fora Lily quem dissera isso e, para deixar a todos ainda mais surpresos, Severus Snape não respondeu.


 


– Eu não sou fraco! - Harry disse baixo, a fúria passando dentro dele tão intensamente que achou que poderia atacar Snape naquele momento.


– Então, prove! Controle-se! - gritou o professor. - Controle sua raiva, discipline sua mente! Vamos tentar de novo! Prepare-se... AGORA! Ligilimens!


 


– Você não dá tempo para “controlar-se”!


– O Lord das Trevas também não dará.


 


Ele viu o tio Válter trancando a caixa do correio... Uma centena de dementadores iam em sua direção... Estava correndo por um corredor sem janelas com o Sr. Weasley... Estavam indo em direção a uma porta preta no final do corredor... Harry achou que fossem entrar... Mas o Sr. Weasley o virou para a esquerda descendo alguns degraus...


– EU SEI, EU SEI!


 


– Ele já sabe que está ferrado.


 


Estava de quatro na sala de Snape, sua cicatriz doía desagradavelmente mas a voz que saía de sua boca estava triunfante. Ele se pôs de pé mais uma vez e viu Snape o olhando fixamente, sua varinha levantada, dessa vez parecia que o professor parara de lançar o feitiço antes mesmo que Harry tentasse lutar.


– O que aconteceu, Potter? - perguntou Snape com interesse.


– Eu vi... Me lembrei - Harry disse enquanto tentava recuperar o fôlego. - Só agora me dei conta...


– Se deu conta de quê? - perguntou rispidamente.


 


– Não. Diga. Nunca diga nada a ele.


 


Harry não respondeu logo em seguida, ainda estava saboreando a sensação de liberdade enquanto esfregava sua testa...


 


– Liberdade?


 


Estivera sonhando com um corredor sem janelas que terminava numa porta trancada por meses seguidos, sem se dar conta que aquele lugar realmente existia. Agora, revendo a lembrança, sabia que todo esse tempo estava sonhando com o corredor por onde ele e o Sr. Weasley correram no dia doze de agosto, em direção a sala do tribunal do Ministério. Era o corredor que ia em direção ao Departamento dos Mistérios e o Sr. Weasley esteve lá no noite que ele foi atacado pela cobra de Voldemort.


 


– O que...? Oh, Harry, muito bem! – Disse Hermione, colhendo as informações.


 


Olhou Snape.


– O que tem dentro do Departamento dos Mistérios?


– O que você disse? - perguntou rapidamente e Harry viu, com grande satisfação, que ele começou a ficar nervoso.


 


– Isso!


 


– Eu perguntei o que tem dentro do Departamento dos Mistérios, senhor?


– E por que... - disse Snape devagar. - Você perguntaria uma coisa dessas?


 


– Diga que é por curiosidade, diga que é.


– Não adiantaria, ele pode ver a mente dele, lembrado?


 


– Porque - disse Harry, olhando para o rosto de Snape mais de perto - aquele corredor... Eu acabei de ver... Eu estive sonhando com ele por meses... E eu acabei de reconhecê-lo, ele vai em direção ao Departamento dos Mistérios... E acho que Voldemort quer alguma coisa de lá...


– Eu já não te disse para dizer o nome dele?!


 


– Não mude de assunto!


 


Eles se olharam. A cicatriz de Harry doeu novamente mas ele não ligou. Snape parecia agitado mas quando voltou a falar parecia que queria se mostrar calmo e despreocupado.


– Existem muitas coisas no Departamento dos Mistérios, Potter, poucas que você entenderia e nenhuma que interessasse você! Fui claro?


 


Bufos.


 


– Sim - disse Harry, que ainda esfregava a cicatriz dolorida, que por sua vez estava doendo cada vez mais.


 


– É melhor ir embora daí, Harry, sei lá, dormir talvez.


 


– Eu quero você de novo aqui no mesmo horário na quarta-feira. E continuaremos praticando.


– Tudo bem - respondeu. Estava desesperado para sair da sala do Snape e encontrar Rony e Hermione.


 


– Sempre!


 


– Você deve esvaziar sua mente de todas as emoções todas as noites antes de dormir; mantenha-a vazia e calma, entendeu?


 


– Pelo menos não é uma lição de casa muito difícil.


 


– Sim - respondeu Harry, que mal o estava ouvindo.


– E fique avisado, Potter, eu saberei se não estiver praticando!


– Certo - murmurou.


 


– Agora saia daí e vá fofocar.


 


Pegou sua mochila, colocou por de trás dos ombros e se apressou em chegar à porta da sala. Assim que a abriu olhou Snape, que estava de costas para ele, observando seus próprios pensamentos na penseira e com a ponta da varinha os recolocava de volta em sua cabeça. Harry saiu sem falar nada, fechando cuidadosamente a porta atrás de si, sua cicatriz estava latejando dolorosamente.


 


– Quem sabe não fosse melhor ir a enfermaria?


– Não adianta, eu já tentei.


 


Harry encontrou Rony e Hermione na biblioteca, onde estavam trabalhando no mais recente dever de casa que Umbridge passara. Outros alunos, quase todos do quinto ano, com lampiões em cima da mesa e os narizes próximos aos livros, penas escrevendo freneticamente, enquanto o céu lá fora estava cada vez mais escuro. O único barulho na biblioteca era o barulho vindo dos sapatos da Madame Pince, enquanto a bibliotecária andava pelos corredores observando todos que tocavam em seus preciosos livros.


 


– Essa mulher é muito chata!


 


Harry tremia, sua cicatriz ainda doía e se sentia quase com febre. Quando se sentou de frente para Rony e Hermione viu seu reflexo vindo da janela que estava em frente, estava muito branco e sua cicatriz parecia estar mais ressaltada do que normalmente era.


– Como foi lá? - Hermione sussurrou e então pareceu preocupada. - Você está bem, Harry?


 


– Não, mas OK...


 


– Sim, estou bem.... Eu não sei - disse, sentindo novamente uma dor fina em sua cicatriz. - Escutem, eu acabei de me dar conta de uma coisa.


Então contou o que tinha visto e deduzido.


– Então... Então, você esta dizendo... - sussurrou Rony, assim que Madame Pince passou pelo corredor - ...Que a arma que Você-Sabe-Quem quer está no Ministério da Magia?


 


– Por aí...


 


– No Departamento dos Mistérios, tem que ser isso! - Harry sussurrou. - Eu vi a porta quando seu pai me levou até a sala do tribunal para a minha audiência e tenho certeza que é a mesma que seu pai estava protegendo quando a cobra o mordeu.


Hermione respirou profundamente.


– É claro! - ela disse.


 


– Hermione sempre deduz antes de todos.


 


– É claro o quê? - perguntou Rony impacientemente.


– Rony, escute... Sturgis Padmore estava tentando invadir uma porta no Ministério da Magia... Deve ter sido essa ou seria muita coincidência!


– Por que Sturgis quereria invadir se ele estava do nosso lado? - perguntou Rony.


 


– Maldição Imperius, talvez?


 


– Bem, eu não sei - admitiu Hermione. - É um pouco estranho...


– Então o que será que tem no Departamento de Mistérios? - Harry perguntou a Rony. - Seu pai nunca mencionou nada sobre isso não?


 


– Pouca coisa. – Comentou Ron coçando o pescoço.


 


– Eu sei que eles chamam as pessoas que trabalham lá de "Indescritíveis" - disse Rony, franzindo a testa - porque aparentemente ninguém sabe o que eles fazem lá. Lugar estranho para se guardar uma arma.


 


– É, e vocês nã têm nada a ver com isso. – mandou a senhora Weasley. Ninguém lhe deu atenção.


 


– Não é estranho, isso faz sentido! - disse Hermione. - Deve ser algo super secreto que o Ministério esta desenvolvendo, eu espero... Harry, você tem certeza que está bem?


 


– Acho que não, para ambas as divagações.


 


Harry estava com as duas mãos na testa, como se quisesse passá-la a ferro.


– Sim, estou bem... - disse, baixando suas mãos, as quais estavam tremendo. - Eu estou me sentindo um pouco... Eu não gostei muito de Oclumência.


 


– Dever ser horrível.


 


– Garanto que todos se sentiriam fracos se suas mentes fossem atacadas seguidamente - disse Hermione simpaticamente. - Vamos voltar para a sala comunal, estaremos mais confortáveis lá.


 


– É, e se eu fosse Harry, dormiria um pouco.


 


Quando chegaram à sala estava lotada e cheia de sons de risadas e excitação, Fred e Jorge estavam demonstrando suas mais recentes mercadorias de loja de logros.


– Chapéu Sem-Cabeça! - gritou Jorge enquanto Fred mostrava um chapéu cônico decorado com uma grande pena rosa. - Apenas dois galeões, observem Fred!


 


– Chapéu Sem-Cabeça?


 


Ele pôs o chapéu na cabeça e por alguns segundo pareceu estúpido, depois o chapéu e a sua cabeça haviam desaparecido. Algumas garotas gritaram, todos os outros estavam rindo!


 


– Demais!


 


– E agora... - gritou Jorge e a mão de Fred foi em direção a cabeça desaparecida e, quando puxou o chapéu, a cabeça retornara.


– Como esses chapéus funcionam? - perguntou Hermione, que havia parado de prestar atenção no dever de casa para observar Fred e Jorge. - Quer dizer, obviamente é algum tipo de Feitiço de Invisibilidade mas é muito difícil estender o campo da invisibilidade para objetos encantados... Imagino que o encanto não deva durar muito tempo.


 


– Hermione, sempre cortando o barato.


 


Harry não respondeu, estava se sentindo doente.


 


– Vá dormir.


 


– Eu vou fazer isso amanhã! - murmurou, colocando os livros, que tinha acabado de tirar, de volta na mochila.


– Bem, então escreva no seu planejador de dever de casa! - disse Hermione, tentando passar confiança a Harry. - Pois assim não esquecerá.


 


– Nem morto, Mione.


 


Harry e Rony trocaram olhares enquanto Harry pegava a mochila, tirou o planejador e abriu.


– Não deixe para depois, seu grande porcaria! - o livro criticava enquanto Harry escrevia o lembrete da lição da professora Umbridge. Hermione sorriu.


 


– Acho que você acaba de morrer, Harry.


 


– Acho que já vou para a cama - disse Harry, guardando o planejador de volta na mochila e fazendo um lembrete mental para jogá-lo no fogo na primeira oportunidade que tivesse.


 


Hermione lhe deu a língua, sabia que o amigo não falara/pensara a sério.


 


Atravessou o salão comunal, desviando de Jorge, que tentou colocar um Chapéu-Sem-Cabeça nele, alcançou a paz e tranqüilidade das estadas de pedra que levavam ao dormitório dos meninos. Estava se sentido doente de novo, assim como se sentira na noite da visão do ataque da cobra, pensou que se pudesse se deitar se sentiria melhor.


 


– Ou teria outro pesadelo.


 


Abriu a porta do dormitório deu um passo para dentro quando sentiu uma dor tão forte como se alguém tivesse cortado fora o topo de sua cabeça. Não sabia onde estava, se estava em pé ou deitado, ele nem mesmo sabia seu nome.


 


– Nossa...


– Que... estranho.


 


Uma risada maníaca estava ecoando em seus ouvidos... Ele estava mais feliz do que esteve por um bom tempo... Extremamente contente, extasiado, triunfante... Uma coisa muito, muito maravilhosa aconteceu...


 


– Você estava com dor e agora está feliz?


– Acho que é Voldemort quem está feliz.


 


– Harry, HARRY! - alguém bateu em seu rosto. A risada foi interrompida por um grito de dor. A felicidade esta saindo de dentro dele mas a risada continuava...


Abriu os olhos e percebeu que a risada insana estava saindo de sua própria boca.


 


– Que loucura!


 


No momento em que ele se deu conta disso parou. Harry se manteve no chão, respirando rapidamente, olhando o teto, a cicatriz em sua testa latejava horrivelmente. Rony estava inclinado sobre ele, parecendo muito preocupado.


 


– Tomara que apenas eu tenha ouvido.


 


– O que aconteceu? - perguntou.


– Eu... Não sei... - disse enquanto sentava. - Ele esta muito.... Muito feliz.


– Você-Sabe-Quem está?


 


– É.


 


– Alguma coisa boa aconteceu - murmurou Harry. Estava tremendo tanto quanto tremia depois que vira a cobra atacando o Sr. Weasley, ele se sentia doente. - Alguma coisa que ele queria que acontecesse, aconteceu...


 


– Mas... – Lily não disse nada, repreendeu-se a tempo, e ficou em silêncio.


 


As palavras vieram assim como no vestiário da Grifinória, como se um estranho falasse por sua boca, ainda que soubessem ser verdade. Respirou profundamente, esperando não vomitar em Rony. Estava feliz que Dino e Simas não estavam presente para ver o que aconteceu desta vez.


 


Neville sorriu ao perceber que Harry confiava nele o suficiente para isso.


 


– Hermione me pediu para vir ver como você estava - disse Rony com um baixo tom de voz, ajudando o amigo a se levantar. - Disse que suas defesas estariam fracas neste momento, depois que Snape futucou em sua mente... Ainda que eu acho que será útil para o futuro, não é? - olhou para Harry com certo ar de dúvida, enquanto o ajudava a ir para sua cama.


Harry concordou com a cabeça com a mínima convicção e se deixou cair em cima dos travesseiros, seu corpo todo doendo depois de cair várias vezes no chão naquela noite, sua cicatriz ardia dolorosamente. Não podia evitar sentir que sua primeira lição de Oclumência tinha enfraquecido a resistência de sua mente mais do que fortalecido e se perguntou, com um péssimo pressentimento, o que fez Voldemort se sentir mais feliz do que se sentira em quatorze anos.

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N/A: espero que estejam gostando!

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