Reminescências



Capítulo 16. Reminescências


Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez; é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata, trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. (...) O nada que não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
- Quase, Luís Fernando Veríssimo


- Vamos mesmo fazer isso? - sussurrou uma voz esganiçada vinda de um canto do saguão de entrada do enorme castelo.


O lugar, tão grande que poderia acomodar uma casa com alguma folga. Tinha paredes de pedra iluminadas com archotes flamejantes, piso de lajotas de pedra e estava aparentemente vazio. No entanto, sussurros continuaram a ecoar, sua fonte se aproximando cada vez mais das grandes portas de carvalho que levavam ao jardim da escola:


- Claro que vamos.


- Vocês dois querem calar a boca?


As vozes pararam instantaneamente e, instantes depois, uma gata cinzenta entrou no saguão saída de uma porta ao lado da escada de mármore. Ela parou, bem em frente aos três grinfinórios escondidos sob a capa da invisibilidade de Tiago Potter, e olhou diretamente para cada um deles. Então, parecendo satisfeita consigo mesma, seguiu em direção às masmorras, o rabo levantado fazendo movimentos de contentamento.


Tiago, Sírius e Pedro aproveitaram para sair do castelo o mais rápido possível e se esconderem sob a sombra de um das estátuas de javali que ladeavam as escadas que levavam à entrada.


- Ela foi chamar o Filch - Pedro tremia sob a capa.


- Estamas invisíveis, sua besta, ela não pode ter nos visto! - irritou-se Sirius.


- Ela pode... Quer dizer, não acho que aquela gata seja muito normal sabe - cochichou Tiago, puxando a capa e descobrindo-os. - Melhor corrermos.


Os outros dois acenaram em concordância e os estudantes saíram ao mesmo tempo da sombra, contornaram rapidamente o lago em direção ao salgueiro lutador e param à uma distância segura para que os galhos da árvore, que se agitaram com a aproximação deles, não pudessem atingi-los.


O céu revelava estarem já muito perto da aurora, não havia mais lua e as estrelas aos poucos desapareciam sob a luz cinzenta que precede o amanhecer.


- Agora vai, Pedro - disse Sírius, batendo no ombro do colega.


- Por que logo eu tenho que fazer isso? - perguntou o garoto, desgostoso.


- Porque você é pequeno. Vamos, Rabicho, você só tem que passar abaixado e nada vai te acontecer!


- Não me chame de Rabicho! - resmungou Pedro, se abaixando cuidadosamente para passar ileso pelo ataque cada vez mais agitado da árvore. Assim que alcançou o troco da árvore, levantou a mão fazendo um sinal de positivo aos amigos, o que se revelou um terrível erro, pois um cipó o acertou, fazendo um corte profundo em seu ante-braço.


Gemendo de dor, Pedro pressionou um nó específico no tronco do salgueiro, fazendo com que a árvore parasse instantaneamente.


Tiago e Sírius puderam se aproximar e, enquanto o segundo se ocupava em rir, o primeiro puxou a varinha e conjurou ataduras para estancar o sangue que vertia do corte do amigo.


Os três penetraram num túnel de pedra atrás do tronco da árvore e seguiram por ele até o que lhes pareceu o interior de um casarão condenado. Dezenas de pedaços de móveis se espalhavam em todas as direções, as janelas estavam lacradas com tábuas de madeira e o ar era quase irrespirável por causa da poeira suspensa.


Um pouco mais adiante, puderam distinguir o que lhes pareceu ser um monte de trapos sujos e rasgados. Mas, chegando mais perto, puderam perceber que, na verdade, era uma pessoa - um garoto com desgrenhados cabelos castanhos e parecendo bastante pálido e adoentado. Nas partes do pescoço e dos braços que a capa deixava descobertas era possível ver inúmeros cortes e arranhões.


Tiago, Pedro e Sírius conheciam muito bem esse estudante. Era seu companheiro de dormitório, Remo Lupin, e eles estavam ali para reconduzi-lo ao castelo após mais uma de suas transformações em lobisomen.


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Lílian mirou os quatro rapazes à sua frente franzindo as sobrancelhas. Remo, Tiago, Pedro e Sirius a observavam com expectativa. Isso era meio estranho - os quatro conseguirem parecerem sérios juntos. Mas aquele não era mais um tempo para brincadeiras em noites de lua cheia.


Pedro tinha os lábios contraído, como se achasse tudo aquilo muito assustador. Remo e Sirius pareciam muito incomodados e Tiago sustentava Harry sentado em seus joelhos com uma expressão profunda. O bebê, inconsciente da tensão que tomava a sala, apenas erguia as mãos rosadas insistentemente tentando alcançar os óculos do pai.


Lílian tentou se concentrar no orbe que descansava na mesa diante dela, mesmo achando que aquilo tudo não daria em nada. Sua última visão havia sido há quase um ano e ela estava satisfeita de que toda a confusão com Gweena a tivesse livrado daqueles sonhos tão perturbadores.


Ainda assim, agora seu dom se fazia necessário e, por mais que ela não quisesse voltar a ter visões, havia algo muito estranho acontecendo na Ordem - a suspeita de Sirius de que houvesse um espião entre eles agora já se provara totalmente real. E era isso que ela tentava ver: quem seria o espião da Ordem.


Lílian suspirou de frustração e piscou para iniciar uma nova tentativa. Isso a fazia lembrar de algo que ouvira uma vez de Gweena: "o vidente não é simplesmente um bruxo com poderes especiais, mas um ser ao mesmo tempo inferior e superior a um bruxo normal". Naquele momento, isso lhe pareceu muito claro. Na hora em que seu dom se fazia realmente necessário, as visões se negavam a se manifestar. Aquilo não a surpreendia na verdade. Há muito Lílian perdera a ilusão de acreditar que seu dom poderia servir para evitar que coisas ruins acontecessem.


A jovem ergueu o corpo e sacudiu a cabeça negativamente, ouvindo quatro suspiros cansados como resposta.


- Quem sabe folhas de chá... - começou Tiago, mas Lílian já tinha se levantado e trazia Harry para junto do ombro.


O bebê sacudiu os pezinhos dentro do macacão, querendo ser colocado no chão, mas Lílian o manteve firme nos braços, ainda que ele fizesse caretas de contrariedade em resposta, resmungando algo que se aproximava de um "não.


- Acho melhor desistirmos - ela respondeu, após conseguir estabilizar um agitado Harry nos braços.


- Espera aí, desistirmos? - Sirius perguntou, parecendo tão contrariado quanto Harry.


- É, Sirius, desistirmos - ela falou, calmamente.


Remo a mirou com um olhar de interrogação e Lílian apenas inclinou a cabeça, como se dissesse "não discutam, apenas obedeçam.


- Mas por quê? - foi a vez de Tiago perguntar.


Lílian se aproximou da janela e ficou mirando o céu sem lua. Estrelas faiscantes cintilavam e não havia uma única nuvem naquela noite de primavera.


- Vocês podem achar que isso é algo inofensivo, que necessita somente das atitudes corretas para funcionar de maneira inocente. Mas não é - ela sussurrou, aninhando o filho e balançando-o ao som de uma canção de ninar que ela sussurrava baixinho.


Os rapazes trocaram olhares desconfiados e depois Sirius e Tiago olharam para Lílian, como se achassem que ela sabia de alguma coisa que não queria lhes contar. Ela apenas embalava o bebê, que aos poucos cedia ao sono nos braços da mãe.


- É, sim, já está na hora de bebês estarem na cama. Diga tchau aos tios - ela falou docemente, saindo da sala em direção às escadas que levavam ao segundo andar. Harry ainda teve tempo de acenar com a mão para os outros.


- Ela não quer fazer - resmungou Sirius.


- Talvez ela saiba que não pode ser feito - falou Tiago.


Remo se manteve em silêncio, com os olhos fixos na janela. Ele soubera do dom de Lílian muito tempo antes de Tiago. Numa das primeiras aulas de Adivinhações do terceiro ano, Lílian lera na borra de sua xícara de chá a sua ansiedade com a proximidade da lua cheia. Por muito tempo, ele se preocupara em manter-se afastado dela para que seu segredo não fosse descoberto, sem saber que ela já sabia de tudo.


Assim como seus amigos, Lílian não ficara com medo dele. Talvez por ter nascido trouxa e não entender exatamente o que significava a condição de um lobisomen, ou talvez por ser ela assim mesmo, a garota apenas lhe pedira para confiar nela.


Ele se lembrou disso, enquanto assistia à discussão de Tiago e Sirius falando sem parar sobre o fato de Lílian ter desistido tão facilmente de tentar descobrir quem seria o traidor da Ordem, e achou que essas palavras ainda deveriam valer de algum modo.


Se havia algo que Lílian não queria lhes contar era porque não devia mesmo ser contado. Não valia a pena discutir.


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Tiago entrou no quarto e encontrou Lílian deitada, com o rosto apoiado na palma da mão, observando um Harry que ainda lutava contra o sono.


- Ele vai ficar mal acostumado - falou o rapaz, imitando o tom de voz que Lílian usava para censurá-lo quando ele próprio mimava Harry.


Lílian forçou um sorriso e ficou observando o marido preparar tudo para dormir, ajustando o despertador que tocava o hino do Puddlemere United ("Bata de volta este balaço, garoto, e meta esta goles no gol!") todas as manhãs e procurando seus pijamas no seu lado do armário (que estava todo bagunçado, com capas e capas amontoadas.


Ele terminou de abotoar a camisa e voltou a olhar para a cama, onde Harry continuava se recurando a dormir e erguia os dedos para agarrar os cabelos ruivos da mãe.


- Não, você tem que dormir - ela ralhava, tentando afastar os fios do alcance das mãos do bebê.


- Sirius disse que vai dar uma vassoura de presente para Harry no aniversário - comentou Tiago, se largando ao lado de Harry.


- Acho que Harry ainda é um pouco pequeno para vassouras de brinquedo - falou Lílian, desistindo de tentar fazer o bebê dormir e se sentando na cama para que ele parasse de lhe puxar os cabelos.


- Brinquedo? Você não conhece o Almofadinhas. Ele quer dar uma vassoura de verdade!


Lílian resmungou algo e se inclinou para puxar Harry pelo pé e impedi-lo de engatinhar para fora da cama.


- Menino levado, você é bem filho do seu pai - ela observou, sentando o bebê no espaço entre ela e o marido. Ele a mirou com os olhinhos divertidos balbuciando "mamã". O sorriso mostrava uma fileira de quatro pequenos dentes brancos.


Tiago riu e pegou um boné (azul marinho com duas ervas douradas cruzadas na frente) que repousava sobre a mesinha ao lado da cama. Colocou-o na cabeça do bebê e este imediatamente afundou até os ombros de Harry.


- Não faça isso - Lílian riu, vendo o bebê tentar tirar o boné que lhe impedia de enxergar. Mas não fez nada, Harry parecia estar se divertindo. - O que vocês ficaram discutindo até agora?


- Remo e Pedro foram embora logo depois que você subiu - respondeu Tiago. - Sirius ficou para me contar uma idéia que teve.


- Vinda de Sirius... - falou Lílian, maldosa.


- Ei, não julgue antes de saber! - ralhou Tiago. - Ele concorda com Dumbledore sobre fazermos o feitiço do Fidelius.


- E você disse que queria que ele fosse o fiel.


- Disse. E ele teve uma idéia que pode tornar esse feitiço mais segu... - mas Tiago não pôde completar o que dizia pois, nesse momento, Harry atirara o boné em sua direção, acertando-o bem no espaço entre os olhos. - Ow! Você me disse que ele bom em pegar coisas, mas não em atirar - reclamou o jovem, esfregando a testa.


- Tiago, como você agüentava jogar quadribol? - Lílian riu e forçou o bebê a se deitar, voltando às suas tentativas de fazê-lo dormir.


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- Marlene, não ria de mim. Eu sei que estou sendo idiota agora falando sozinho desse jeito, não preciso que você me lembre.


Sirius andava pelo jardim da casa de Lílian e Tiago um tanto afastado do grupo de bruxos, reunidos para comemorar o aniversário do pequeno Harry Potter. Ao longe ele observava o afilhado, sentado no meio do gramado, rasgando pacotes de presentes. Harry o recebera com grande entusiasmo na chegada, apontando ansioso e dizendo "au-au". Claro, quase ninguem entendera o porquê do gesto.


- Você pode ouvir a risada de Harry? - continuou ele. Tomou um gole de cerveja amanteigada. - Seu afilhado agora já tem um ano e já pode até andar. Ele realmente é uma criança cheia de energia. Tiago mal pode esperar que ele tenha idade para ganhar sua primeira vassoura de brinquedo. Eu já disse pra ele que brinquedos não levam a nada, ele devia era que dar ao Harry uma vassoura de verdade assim que o moleque conseguisse manter na cabeça um boné do Puddlemere United. Você pode adivinhar que Lílian não ficou nada contente com a minha sugestão.


Tiago parecia um tanto quanto decepcionado vendo que o filho tinha apreciado muito mais o papel de presente do que o pelúcio de brinquedo que estivera embrulhado nele. Lílian, por outro lado, logo ficaria brava por Tiago estar deixando Harry colocar o papel colorido na boca, mas, por enquanto, estava distraída numa conversa animada com Ted e Andrômeda.


- Aposto que você realmente gostaria de ensinar o garoto a rebater balaços forte como você fazia - Sirius se apoiou pesadamente na mureta lateral da casa. - Até hoje ainda me pergunto como uma garota podia ter tanta força no braço - uma ventania repentina arrepiou seus cabelos e ele sentiu um cheiro familiar, de morangos e campo de quadribol. - Certo, certo, era jeito, não força, como você sempre dizia.


Já fazia algum tempo desde a ultima vez em que Sirius pudera visitar Lílian e Tiago. Da ultima vez, eles lhe pareceram estranhos, mas agora já estavam bem, falavam até em ter outro filho. Quando eles disseram isso, Sirius não pôde deixar de pensar que ele próprio nunca teria um filho seu e de Marlene para ensinar a voar, a ir a Hogsmead escondido ou a dar picolés de ácido a criaturas desprezíveis como Snape.


E era bastante incômodo pensar nisso. Não só por parecer inútil, mas também por parecer uma espécie de ofensa à memória daquele grupo de amigos que um dia haviam sido.


Por muito tempo, evitara um encontro com Remo, sem saber se isso se devia à raiva ou ao medo. Mas, quando finalmente aconteceu, na altura da páscoa, ele soube que não era nenhuma das duas coisas. O amigo apenas batera à porta da sua casa e entregara uma garrafa de vinho dizendo simplesmente:


- Isso foi tudo que sobrou.


Ele então se virou para partir, parecendo ao mesmo tempo tonto e abatido, embora faltassem ainda duas semanas para a lua cheia. Mas Sírius o deteve com a pergunta:


- O que é isso?


- Eu comprei esse vinho uma semana antes de Marlene morrer. Pretendia bebê-lo com ela no nosso aniversário de namoro... eu planejei pedi-la em casamento nesse dia... Você pode ficar com isso por ela?


- Eu.


Remo levantou a mão como que para pedir silêncio e Sirius abaixou a cabeça, sem vontade de encarar o amigo.


- Eu sabia que a chance de haver alguém vivo era mínima - continuou Remo. - Mas eu simplesmente tinha que levar comigo um medibruxo. Talvez tenha sido melhor assim, no fim das contas. Ao menos ela morreu ao lado da pessoa que amava. Não faça essa cara de surpresa, Almofadinhas, você sabia. Você sempre soube. Só estava de olhos fechados. Mas, como eu, você não tinha outra escolha. Não foi culpa de ninguém.


- Não me dê isso! - Sirius tentou devolver a garrafa.


- Por favor... Eu não quero mais remoer isso.


Sirius sempre soubera da natureza introspectiva Remo. E também sabia da capacidade de renúncia do amigo. Ainda assim, aquela visita revelava o quanto sensatez e bondade desmedidas podiam levar alguém ao desespero. Talvez sofresse muito mais que o próprio Sirius. Mas ao menos seu sofrimento era sem culpas.


"Não foi culpa de ninguém", ele havia dito. Mas Sirius achava que era sim. Culpa dele, por nunca ter tido coragem de colocar seus sentimentos em palavras. Culpa dele, por não medir seus atos, por agir sempre como se sempre houvesse um modo de corrigir as coisas no futuro. Culpa dele, por sempre acabar machucando as pessoas de que mais gostava.


Durante as missões da Ordem, ele conseguia se desligar desses pensamentos. Mas em momentos como aquele, não havia como. E ali, vendo Lílian ralhar com Tiago por ter deixado Harry comer papel, ele não conseguia deixar de se perguntar se Marlene tinha chorado apenas por medo ou por saber que nunca teriam uma chance. Podia parecer orgulho, ou mesmo traição, mas era simplesmente inevitável.


E ele se sentia fraco. Fraco por nunca ter podido proteger ninguém. Talvez não fosse capaz nem de proteger a si mesmo. Se fosse como Tiago, se tivesse força para proteger a pessoa que amava, então haveria uma pessoa, e só uma única pessoa, que ele protegeria. Mas não podia fazer nem mesmo isso. Sirius Black tinha se tornado tão forte e, ainda assim, não conseguia ajudar ninguém.


- Vai ficar aí sozinho? - Sirius se virou assustado para a mulher que se aproximara despercebida enquanto ele se perdia em pensamentos melancólicos. Ela usava vestes verde-musgo, o cabelo loiro platinado fora cortado rente às orelhas, dando-lhe uma aparência de menina travessa, a despeito de seus vinte e poucos anos. - Venha beber com a gente - e fez um gesto indicando a mesa do jardim, onde várias pessoas falavam sem parar.


- Desculpe, Andrômeda - respondeu ele. - Estou indo pra casa.


- Pra casa? - perguntou ela, mas Sirius já se adiantara pelo jardim em direção à rua, acenando brevemente para Lílian e Tiago. Harry agora andava com os braços levantados e em passos curtos em direção à Tonks, que mudava nariz repetidamente fazendo o menino rir e bater palmas.


- Eu tenho a intuição de que alguém estará me esperando lá - ele acabou por completar, quando percebeu que Andrômeda o estava seguindo.


- Sirius... - ela falou baixinho - já faz mais de seis meses.


- Sirius, onde está indo? - Héstia Jones vinha saltitante na direção dos dois, o rosto vermelho contrastando fortemente com os cabelos escuros. Sorria bobamente, visivelmente alterada pela bebida. - Será que posso te acompanhar?


- Não - Andrômeda respondeu pelo primo, ao que Héstia lançou-lhe um olhar de malicioso entendimento.


- Você quer vir também? - perguntou num tom manhoso, ao mesmo tempo em que se inclinava para o lado, mas perdeu o equilíbrio e cambaleou um passo para trás.


- Não. Só acho que é melhor não incomodá-lo - respondeu a outra, ficando vermelha.


- Incomodá-lo? Estamos te incomodando, Sirius?


Sirius meramente acenou e seguiu em direção à sua moto, parada na entrada do jardim. Por um instante, sentiu que a brisa tinha ficado mais forte.


- Marlene, você está com ciúmes? - riu, ao mesmo tempo em que o ronco da motocicleta se pronunciava. - Eu sei que a Héstia estava bêbada, mas até você tem que admitir que ela sempre teve uma certa queda por mim.


Ele alçou vôo e a confusão de ruído e vento em seus ouvidos lhe deu a impressão de ouvir uma voz aguda, mas ele não pôde ter certeza.

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