"Quando um deus grego cai do c



Três semanas se passaram. Mas afinal, o que realmente tinha acontecido? Desde aquela noite Joey e eu começamos a passar bastante tempo juntos, mais do que eu gostaria de admitir. Claro, somos amigos. Quando estou perto dele minhas mãos ficam suadas, me sinto estranha, nervosa, será que eu.... O que estou dizendo? Quer dizer, é absolutamente ridícula essa ideia, eu não estou... Não é possível que eu esteja... Mas nós somos apenas bons amigos, certo? Com alguns privilégios antes das aulas, depois das aulas, no corredor, no armário de vassouras, no campo de quadribol, no vestiário, durante algumas aulas... Mas continuamos apenas amigos e agimos como se absolutamente nada estivesse acontecendo. E isso é normal, né? Por que amigos se beijam, claro, e mantém isso em segredo sem motivo algum.
Fui distraída com esses pensamentos em direção a aula de DCAT, já estou bastante atrasada e era a última aula do dia. Ouvi um barulho e olhei em volta. O corredor estava vazio com exceção de um casal se agarrando a poucos metros da minha frente. Argh, que nojo! Era Kate Rosefield, aquela loira aguada.
- Shhhh. Alguém pode nos ouvir. - ela disse rindo. Espera... Ela não... Ele é que...
- Joey? - eu disse.
- Rock? O que faz aqui? - ele me olhou.
- E-Eu estava... - respirei fundo, tinha que me controlar, afinal não tínhamos nada de verdade - O que você está fazendo aqui?
- Nós estamos...
- Estamos ocupados, não vê? - Kate respondeu o interrompendo. Loira aguada de quinta.
"TO VENDO SIM SUA LOIRA BLONDER, AGORA PRESTA ATENÇÃO QUE TU NEM VAI VER A MINHA MÃO NA TUA CARA!" - Mentira, eu não disse isso, mas eu queria.
- Certo. - me virei e sai. Não acredito que ele agiu como... Como se eu fosse uma ninguém! Como se ele quisesse esfregar na minha cara que eu sou descartável, só sirvo pra ele pegar e largar a hora que quiser. Chega! Isso não pode acabar assim. Segui fula da vida pelos corredores, se ele acha que só ele tem um freepass* ele está muito enganado. Não sabia onde meus pés estavam me levando, mas fiz questão de ter certeza de que cada passo fosse pesado. Logo vi, uns dois metros a minha frente, um garoto alto, aparentemente forte, de cabelos castanhos. Não pensei nem duas vezes.
- Ei, James! - gritei quando vi o uniforme da Sonserina. Andei decidida até ele. - Você me deve um favor. - Falei um pouco mais baixo. O virei e o beijei. Estranhei que ele correspondeu no mesmo segundo apesar da surpresa inicial e, quando o beijo começou a ficar interessante, eu ouvi uma voz... bastante familiar.
- Rock? - Não pode ser. Parei o beijo e tentava não pirar mentalmente antes de abrir os olhos. Okey. Rock, respira fundo. Você não ouviu a voz do James atrás de você. Você não acabou de beijar um estranho. Okey, abrindo os olhos.
- Ah, não. - deixei escapar. Como eu pude confundir um deus grego esculpido com o James? Pois é, eu devia ter percebido: esse cara é uns dez centímetros mais alto que o Jay e um pouco mais "encorpado". Quer dizer, ele nem da Sonserina é, como eu não vi isso? Tudo bem, sem tempo pra pirar. Sem tempo pra estresse. Relaxa. - Ahh.. Oi James. - eu disse rindo, um pouco histérica, admito.
- Oi. - ele disse com uma visível e enorme interrogação pairando sobre sua cabeça (figurativamente, lógico). Olhei meio desesperada pra cara do ser grego que estava do meu lado, esperando alguma ajuda cair do ceu. Como explicar isso, não só pro James, mas ao Thomas, Danny, Joey e Wallace. Ah, olha que parou de largar a biscate blonder, vou ter que tirar proveito já que ele está olhando. - Vocês já conhecem o... O... - olhei pra ele pedindo um pouco de "socorro" com os olhos.
- Ramon Wood. - ele esticou a mão e comprimentou James. - Espera, Danny? Daniel Fontaine? É você?
- Ramon! Cara! Nossa! - Danny parecia ter sido atingido por uma luz. Eles se abraçaram e riam. Então meu suposto deus grego momentâneo conhece o Danny. Interessante.
- De onde vocês se conhecem? - perguntei junto com Joey. Estranho, mas fingi que nem reparei.
- Nossas famílias se conhecem, fomos assistir a temporada de quadribol na Romenia uns 5 anos atrás e meio que perdemos contato. O pai dele é Olivio Wood! O goleiro da União Puddlemere! - Daniel disse animado. O pai dele é Olivio Wood?? Eu acabei de beijo o filho do OLIVIO WOOD! Meu Merlin, me segura.
- Mentira! - Wallace gritou abraçando Ramon pelo ombro. - Então... Você joga? Porque o time da Grifinória está fazendo testes no próximo final de semana.
- Haha! - ele ri. Nossa até a risada dele é maravilhosa. Quê isso?! - Jogo um pouco.
- Digamos que o pai faz ele treinar desde que ele começou a andar. - Daniel comentou.
- Maravilha. - Wallace exclamou. Graças a Merlin a conversa começou a se extender pro lado de quadribol e todos estavam virando amigos e tal. Era a hora perfeita pra uma saída estratégica. Me virei lentamente na direção oposta de onde eles estavam e comecei a dar o primeiro passo.
- Mas, Rock, me diz. - ouvi Thomas me chamar. Me virei rápidamente com um sorriso congelado no rosto.
- Fala.
- De onde vocês se conhecem? - ele perguntou. Merda.
- Ah... e-eu... - gaguejei, droga.
- Nas férias. Eu quis fazer uma surpresa e não contei que estava vindo pra cá. - Ramon disse. Nossa, ele deve ser o cara mais legal do mundo.... Ou ele quer algo em troca. De qualquer forma, converso com ele depois. O importante agora é aproveitar o momento e ver a cara do Joey enquanto isso.
- Pensei que você tivesse passado as férias com a sua avó na Irlanda, Rock. - James perguntou. Mané. Cala a boca James!
- Ah, eu fui. A gente se encontrou lá quando eu fui fazer compras no mercado, não é? - eu juro de joelhos que tinha uma lágrima hipotética escorrendo pelo meu rosto. A benção divina sorriu e me olhou nos olhos. Depois disso a conversa seguiu outro rumo e os meninos precisavam ir pros dormitários porquejá estava muito tarde. No caminho eu puxei Ramon pra um armário de vassouras, pra conversarmos... Lógico. Não sou depravada, tenho cara de Blonder**? - Então...
- Então em quem estamos tentando fazer ciúmes? - ele sorriu achando graça.
- Não é ciúmes. - resmunguei. - Esta mais pra uma vingança momentânea. Mas relaxa, eu vou acabar com isso amanhã mesmo.
- Calma aí, morena. - ele disse bagunçando meu cabelo. - Eu tenho uma irmã, sabia? E por incrível qua pareça, ela já passou por uma "vingança momentânea". Longa história de ex-namorado que traia. - ele riu - Seja lá o que te aconteceu, relaxa. Respira e me conta com calma. Sou mais compreensível do que aparento. - eu sorri. Foi como falar com um irmão, conversamos durante algum tempo. Expliquei toda a situação pra ele. Estava decidido (não por mim, lógico, ele quis me ajudar. Muito fofo), ele iria me ajudar sendo meu namorado hipotético por um tempo.
- Mas me diz, quando você chegou? Quer dizer, as aulas já começaram tem um tempo. - já faz uns dois meses, sei lá.
- Eu estudava na Durmstrang por causa da minha mãe, mas meu pai fez uma aposta com ela sobre quadribol e ela perdeu então eu vim pra cá. Eu sei que soa estranho, mas eles são assim mesmo. Quem mandou ter um pai jogador e uma mãe fanática? - ele riu. - O chato é que eu treino todos os dias pra manter a forma e afasto as pessoas por causa disso. Todo mundo sempre tá fazendo algo legal e divertido. Eu estou sempre no campo estudando táticas e treinando.
- Ah, isso até que faz sentido. Quer dizer, meus pais não são jogadores, mas eu entendo o que você quis dizer. Por falar em não ter amigos, eu te garanto que isso vai mudar. Você pode conhecer o Danny, mas você ainda não viu os Marotos em ação. - sorri maléfica. Adoro os meninos, isso já é obvio. As pegadinhas deles são impagáveis e eles convertem qualquer um pro "mal". De acordo com o James, é pra honrar os Marotos originais ( o avó do Jay e sua turma).
- Assim espero. Mas não é como se eu odiasse quadribol. Pelo contrário, eu amo quadribol! Cresci ouvindo histórias de quadribol. Um dia vou entrar pra liga e é pra isso que eu treino. - eu concordei sorrindo. Mais algum tempo se passou e decidimos ir pros nossos dormitórios. Escondendo dos monitores e do Pirraça, é claro.

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