"Ela fugiu de novo" Parte 2 (f



A festa após o casamento já havia começado, alguns brindes, serviço de Buffet, champanhe e música depois e nem sinal de Wallace. Midori decidiu sentar a mesa.

— É, eu acho que não era pra ser mesmo. – ela disse olhando Aurora que dançava com Hermione e Harry. A música parou fazendo com que todos vaiassem, mas pararam ao ver James subindo a palco.

— Boa noite, família e amigos! – ele cumprimentou – Hoje é um dia extremamente especial... – ele começou arrancando vários “own”s da plateia que olhava pra Carly que o olhava com um ar suspeito. James olhou em volta, empolgado – SENHORAS E SENHORES, OS MAROTOS! – ele gritou e Ramon, Joey e Daniel subiram ao palco, acompanhados por aplausos e gritos eufóricos. Loren ficou extática por um momento, mal podia acreditar.

— Sabia! – Carly riu aplaudindo.

— Eu achei que ele e o Wallace não fossem vir mais! – Loren disse pra Carly ao seu lado.

— Eles devem ter se atrasado. – Carly concluiu sem tirar os olhos do palco.

— Vamos começar isso agora! – James disse animado e Daniel fez a contagem. – Essa é pra você, amor! – o moreno piscara pra recém-esposa que gritava em resposta. ( https://www.youtube.com/watch?v=F4ML9lLSKx0 )





When I woke up

(Quando eu acordei)





So proud to see

(Tão orgulhoso de ver)





— Ah, não. – Carly deixou escapar ao reconhecer a música que James cantou pra ela depois da primeira vez que dormiram juntos.

— O que foi? – Loren perguntou confusa, prestando atenção na letra.





You lying naked next to me

(Você deitada nua ao meu lado)





And the clothes you wore the night before

(E as roupas que você usou na noite anterior)





Were lying on my bedroom floor

(Estavam jogadas no chão do meu quarto)





— Entendi. – Loren afirmou com a cabeça segurando o riso. – O bom e velho James... Sete anos de namoro e continua o mesmo sem noção de sempre. – Carly ficava entre olhar pra James desesperada e quase morrer de vergonha vendo seu pai, Draco Malfoy, chocado e sua mãe, Hermione Malfoy, achando graça.





This is how I want it to be

(É assim que eu quero que seja)





You know it

(Você sabe disso)





I want it that way

(Eu quero desse jeito)





James piscou pra esposa, já sabia na encrenca que se metera, mas não podia evitar, mesmo depois de anos juntos, ainda sentia como se apaixonasse por Carly Malfoy todos os dias.





Baby, I don't know what to say

(Querida, eu não sei o que dizer)





It’s like that everyday

(É assim todos os dias)





I've never felt this way

(Eu nunca me senti dessa maneira)





I just don't know what to do

(Eu só não sei o que fazer)





If I can't be with you

(Se eu não puder ficar com você)





Girl, you know it’s true

(Garota, você sabe que é verdade)





I love that thing you do

(Eu amo aquela coisa que você faz)





Carly sorria, derrotada. Querendo ou não esta fora a primeira música que James escrevera pra ela desde que começaram a namorar e era até fofo.

— Ai, meu Merlin! – Robbie disse se sentando ao lado de Carly. – Essa música é sobre...

— Fica pior. – Carly interrompeu a amiga e as três voltaram a atenção pra música.





We've seen everything, I've dreamt it all last night

(Nós vimos tudo, eu sonhei com tudo noite passada)





we did it in a waterfall

(Nós fizemos numa cachoeira)





— Ai, meu Deus. – Midori disse sentando-se à mesa de Carly junto com Dorothy. Carly cobriu o rosto com as mãos.

— Eu vou morrer. – declarou.





Then you turned around and I could see

(Então você se virou e eu pude ver)





This beautiful simplicity, and

(Essa linda simplicidade, e)





This is how I want it to be

(É assim que eu quero que seja)





You know and I want it that way

(Você sabe e eu quero desse jeito)





— Gente? – Rock disse chegando a mesa – Isso é sobre...

— É. – as cinco responderam ao mesmo tempo e Rock se sentou segurando o riso.





Baby, I don't know what to say

(Amor, eu não sei o que dizer)





It's like that everyday

(É assim todos os dias)





I never felt this way, yeah

(Eu nunca me senti desse jeito, é)





I just don't know what to do

(Eu só não sei o que fazer)





If I can't be with you

(Se eu não puder ficar com você)





Girl you know it's true

(Garota, você sabe que é verdade)





I love that thing you do

(Eu amo aquela coisa que você faz)





— É fofo. Eu acho. – Midori tentou consolar a amiga.

— Podia ser... – Robbie começou a falar, mas Carly apontou pra Draco duas mesas de distância e, ao ver a expressão na cara dele, Robbie compreendeu – Ok, não podia ser pior.





I love that thing you do

(Eu amo aquela coisa que você faz)





I love that thing you do

(Eu amo aquela coisa que você faz)





I love that thing you do

(Eu amo aquela coisa que você faz)





A música terminou e todos começaram aplaudir, alguns meio hesitantes e outros bizarramente empolgados.

— Obrigado, obrigado! – James agradeceu – Talvez alguns lembrem da próxima música, meus amados ex-colegas de Hogwarts. Bad Habit! – ele anunciou e Ramon tomou o vocal e com o coro de James e Joey, a música começou. ( https://www.youtube.com/watch?v=3tUh-x-fp8Q )





Ooh ooh, ooh ohh

Ooh ooh, ooh ooh

Baby got her head down

(Querida tem sua cabeça abaixada)





Baby got her head down to the ground

(Querida tem sua cabeça abaixada para o chão)





Looking for a stranger

(Procurando por um estranho)





Looking for a stranger to love

(Procurando por um estranho para amar)





A voz de Ramon percorria todo o salão e as meninas conversavam sobre a viagem de Rock.

— Foi ótima! Conheci algumas cidades que eu não tinha ido ainda, os livros esgotaram e agora eu estou oficialmente de volta a escrivaninha. – ela disse animada – Já estou com algumas ideias pro meu próximo livro e eu só posso dizer que dessa vez será um romance. – declarou. As meninas se empolgaram.

— Ah, danada. – Robbie comentou – Vindo de você, com certeza vai ser proibido pra menores. – brincou. Rock ergueu as sobrancelhas.

— Talvez, talvez. – ela riu em resposta.

— Cinco meses longe do marido deve inspirar algumas ideias. – Loren brincou e todas concordaram.

— Bom, não só isso como... – ela respirou fundo – Nós pretendemos finalmente ter um bebê. – ela anunciou pras cinco amigas que comemoraram.

— Ai, meu Deus! – Midori disse animada. – Nossa, eu não vou embora nunca mais. – disse brincando.

— Por falar em ir embora, o Wallace tá aqui, Midi. – Carly comentou. Ela a olhou, surpresa.

— Sério? Eu não vi ele em lugar algum. – respondeu. Loren concordou com a cabeça.

— É, mas se o Daniel chegou atrasado, significa que ele também chegou. Eles vieram juntos. – lembrou.

— Ah, é verdade. Orgulho de Portree.

— E como você planeja contar? – Dorothy perguntou. Midori deu de ombros.

— Ainda não sei. Esperava pensar nisso depois que o visse.

— Bom, parece que isso não vai demorar muito a acontecer. – Rock indicou o loiro se aproximando da mesa, vestindo um terno preto e com um ar bem mais maduro do que na época da escola. Midori tremeu um pouco antes de olhar pra trás e vê-lo.

— Carly! – ele disse ao chegar a mesa – Desculpa o atraso. Eu e o Daniel tivemos alguns problemas no caminho e mais alguns tentando passar pelos papparazzis no portão. – ele disse abraçando a garota que levantara para o cumprimentar.

— Sem problemas, Wally. – respondeu. Wallace então se virou para as outras garotas na mesa. – Meninas. – Cumprimentou e seu olhar logo pousou em Midori que sorria levemente nervosa.

— Nossa, eu to morrendo de fome! – Dorothy anunciou se levantando – Eu vou invadir a cozinha e acabar com o estoque de sorvete da nova senhora Potter. Quem vem? – perguntou dando um olhar significativo as outras.

— Eu vou! – disse Rock. Robbie concordou com a cabeça também se levantando.

— Eu preciso ir acalmar meu pai antes que ele mate meu marido. – Carly anunciou também se levantando e, rapidamente, todas as cinco sumiram da mesa, deixando Wallace e Midori sozinhos.

— Oi. – ela disse quebrando o silêncio entre eles.

— Oi. – ele respondeu sorrindo para ela. Wallace fez menção de se sentar, mas ela se levantou.

— Precisamos conversar. – ela disse séria. Wallace concordou com a cabeça e os dois seguiram para fora do salão, sentando na varanda da nova mansão Potter.

~~~~

Loren bebericava sua taça de champanhe, olhando atenta para o palco. A visão do loiro tocando uma bateria preta a enchia de lembranças. Não podia evitar se perguntar se a atração que sentia por ele era apenas uma memória das borboletas no estômago na época da escola. Na verdade, ela se perguntava até se não era coisa da sua cabeça. Daniel namorava celebridades famosas do mundo bruxo e jogava no atual campeão da Copa Mundial de Quadribol, Orgulho de Portree, Loren tinha alguns encontros nos finais de semana e passava o resto do tempo trabalhando como conselheira do Ministro da Magia. Ele vivia cercado de paparazzi e ela vivia cercada de trabalho no ministério. Talvez ela realmente só esteja com a cabeça cheia e usando ele como um escape do caos que sua vida no trabalho e até mesmo pessoal estava.

— Amiga, sendo bem sincera... - Rock disse sentando-se ao lado da ruiva que passou a encará-la - Pra uma conselheira oficial, renomada e respeitada, é meio difícil de acreditar que sua vida pessoal seja tão...

— Sem graça? - Loren torceu o nariz. - Eu sei, mas não é como se fosse de propósito.Eu não sei como você consegue manter carreira e vida pessoal. Isso não funciona pra mim. Parece que eu preciso negligenciar um pra ter o outro.

— Nada é tão fácil, Loren. Você já devia saber disso. - a amiga aconselhara - Eu conheci o Joey na época da escola e estamos juntos desde então, mas isso não quer dizer que não foi difícil pra gente quando minha carreira de escritora começou a dar certo. Você lembra como foi difícil. Naquela época, eu realmente achei que nós fossemos nos separar de vez. - Loren concordou com a cabeça. - Em relação ao Danny, eu não sei como você realmente se sente sobre ele, mas o fato é que nada vai vir fácil. Seu emprego no ministério não veio fácil e não é fácil manter, apesar de você ser maravilhosa no que faz. Como você espera que algo tão delicado quanto sua vida amorosa não requeira esforço ou simplesmente que você deixe que algo aconteça? - Loren respirou fundo, calada por alguns momentos, refletindo no tapa na cara que acabara de levar. Realmente era complicado chegar nesse ponto onde você já se entregou tanto pra carreira que todo o resto é uma bagunça, mas não é como se fosse de propósito. Loren precisava se dar uma chance de lidar melhor com os outros aspectos de sua vida.

— Obrigado! – Ramon agradeceu os aplausos assim que a música acabou. Ele se ajeitou no microfone, to mando um gole de água em seguida – Pra fechar, vamos tocar uma última música. Essa nós nunca tocamos em público porque surgiu logo depois de Hogwarts, inspirada numa certa festa de despedida ilegal - ele riu - e foi escrita pelo nosso baterista, Daniel. Então espero que gostem! – anunciou. Loren sorriu focando sua atenção ao palco junto a Rock. Lembrava claramente dos garotos se apresentando em todos os eventos escolares possíveis e das noites em claro que eles passavam na Sala Precisa compondo e ensaiando, como quantas vezes caiu no sono ao lado do irmão durantes esses ensaios. Época tão boa, quando finalmente as brigas começaram a diminuir e tudo parecia estar indo bem. Seu devaneio nostálgico foi interrompido pela bateria iniciando a música e, logo, Ramon se apossava do microfone junto ao som da guitarra e do baixo.



Go!

Vai!





So one, two, three, take my hand and come with me

Então um, dois, três, pega na minha mão e vem comigo





Because you look so fine

Pois você tá tão linda





That I really wanna make you mine

Que eu realmente quero te fazer ser minha





Loren riu ao pensar “Lógico que uma música composta por Danny ia ser animada.”, quando foi perceber já estava em pé, próxima ao palco gritando e dançando. James piscou para a irmã enquanto tocava e dançava no palco.





I say you look so fine

Eu disse que você tá tão linda





That I really wanna make you mine

Que eu realmente quero te fazer minha





Ramon se balançava ao ritmo, ele com certeza tinha sentido falta do palco.





Oh, four, five, six c'mon and get your kicks

Oh, quarto, cinco, seis, venha e se excite





Now you don't need that money

Agora, você não precisa de dinheiro





When you look like that, do ya honey



Quando você tem essa aparência. Precisa, meu bem?





O moreno apontou para Daniel que começou a cantar o verso e sorria vendo o público dançando.





Big black boots

Grandes botas pretas



Long red hair

Longos cabelos ruivos





She's so sweet

Ela é tão doce





With her get back stare

Com o olhar ameaçador dela





Well I could see

Bom, eu conseguia visualizar





You home with me

Você indo pra casa comigo





But you were with another man, yeah!

Mas você estava com outro cara, yeah!





Loren parou por um momento reparando no garoto, agora homem, a encarando por de trás da bateria.





I know we ain’t got

Eu sei que nós não tivemos





Much to say

Muito o que dizer





Before I let you get away, yeah!

Antes de eu ter te deixado escapar, yeah!





I said: Are you gonna be my girl?

Eu disse: Você vai ser minha garota?





Loren sorriu, por um segundo parecia que estava de volta a época de Hogwarts, onde suas únicas preocupações eram ir bem nas aulas e se divertir com as amigas. Ramon voltou ao microfone.





Well I could see

Bom, eu conseguia visualizar





You home with me

Você indo pra casa comigo





But you were with another man, yeah!

Mas você estava com outro cara, yeah!





I know we ain’t got

Eu sei que nós não tivemos





Much to say

Muito o que dizer





Before I let you get away, yeah!

Antes de eu ter te deixado escapar, yeah!





Uh, be my girl

Oh, seja minha garota





Be my girl

Seja minha garota





Are you gonna be my girl?

Você vai ser minha garota?





Yeah

Yeah





Assim a música acabou e todos voltaram aos seus lugares enquanto os meninos desciam do palco e com um movimento da varinha, uma música qualquer começou a tocar. Loren respirou fundo deixando a nostalgia evaporar de seu corpo.

— Ok, hora dos drinks. - ela seguiu em direção a uma espécie de bar mágico onde os copos e taças se enchiam sozinhos e pegou uma bebida. Parou um instante para olhar em volta, bebericando seu copo. Era engraçado como absolutamente tudo havia mudado, porém, de alguma forma, tudo parecia o mesmo: James e Carly fazendo graça na pista de dança; Rock e Joey sentados no canto conversando animadamente sobre qualquer bobagem que passasse na cabeça de um dos dois; Dorothy e Thomas brincando com o pequeno Adrien; Midori saindo escondida com Wallace; Robbie e Ramon se pegando num canto remoto da festa. E ela, mais uma vez, sozinha no bar. Era quase sádico, se não fosse até engraçado.

— Certas coisas não mudam, né? - Danny disse tomando o copo ainda cheio da mão da ruiva. Loren segurou o riso por um segundo, se virando para encara o loiro.

— E o que isso quer dizer, Fontaine? - ela indagou pegando o copo de volta da mão do garoto.

— Que você passa tanto tempo no bar das festas que eu to começando a achar que você tem um certo problema com bebida. - ele riu, escorando-se no balcão ao lado dela.

— Já parou pra pensar que eu posso não ser muito fã de festas, mas muito fã de observar como as pessoas passam vergonha nas festas? - ela forçou um sorriso, tomando um gole da bebida azul logo em seguida.

— Não, não acho que seja o caso. - Loren o olhou com uma sobrancelha erguida. - Você não odeia ver seus amigos se divertindo, você só prefere não se divertir. O que é um pé no saco porque torna te chamar pra dançar dez vezes mais difícil. - Loren segurou um sorriso e se conteve em apenas acenar com a cabeça uma vez, como se concordasse vagamente, tornando a olhar pra pista de dança ou qualquer lugar que não seja os olhos de Daniel.

— Seria dez vezes mais fácil se você simplesmente pergun... - Daniel não deixou terminar, tirando a bebida de sua mão e a pegando logo em seguida.

— Vamos então. - ele disse a conduzindo pra pista de dança. Loren riu, seguindo-o. Vai saber, talvez aquilo realmente fosse o começo de algo ou somente uma noite divertida com um amigo de escola. Ela só tinha certeza de uma coisa: seja o que for, ela vai deixar acontecer.



~~~~

— Não achei que você fosse vir. – ele disse.

— Nem eu. – ela riu sem graça olhando pro chão. – Mas eu realmente precisava parar de tentar evitar... Bom, o inevitável. – ele a olhou, confuso. – Na noite do casamento da Dothie... – ela hesitou.

— Como assim? – perguntou – Olha, se isso é sobre o que aconteceu no casamento da Dorothy, eu juro que eu não comentei com ninguém e eu entendi que foi só uma vez. – ele procurava se explicar.

— Nós temos uma filha, Wallace. – ela o interrompeu.

— O quê? – ele perguntou chocado. Midori o olhou nos olhos.

— Uma linda garotinha de três anos. – ela afirmou. Wallace parecia ter se esquecido como respirar. Ambos ficaram em silêncio por alguns segundo.

— C-como... mas você... eu... – ele murmurava tentando formar uma frase.

— Eu sei que é uma bomba, assim do nada. Mas, Wallace... – ela colocou a mão no ombro do Weasley fazendo com que ele a olhasse de volta – Eu não sabia como contar.

— TRÊS anos, Midori. – ele finalmente falou – Foram TRÊS anos desde o casamento. Você não conseguiu pensar em nada por três anos? Sério? – ele ironizou. Midori respirou fundo, sabia que algo assim iria acontecer, ela não culpava ele.

— Eu sei que é muito tempo, mas eu entrei em pânico. – ela começou a explicar, Wallace decidiu apenas ouvir e processar a informação. – Tudo foi tão confuso e dramático entre nós desde sempre que eu não sabia como lidar. Quando eu descobri que eu tava grávida, eu tinha acabado de receber uma proposta em Nova Iorque. Era pra ser só algumas semanas e eu ia usar esse tempo pra pensar, depois eu voltaria e te contaria, mas...

— Você preferiu fugir. Como você sempre faz. – ele a interrompeu – É, eu não to surpreso. Mas isso é diferente, Midori. É uma criança. Minha filha. E você escondeu ela de mim.

— Eu sei que não tem desculpa, Wallace. Eu devia ter te contado. De verdade, eu sei. – ela continuou enquanto Wallace procurava se acalmar, respirando fundo – Por um tempo eu achei que pudesse seguir com isso e ela não precisaria participar do nosso drama. Achei que estivesse fazendo o melhor pra ela, mas foi só completar 3 anos que ela não parava de perguntar das meninas nas minhas fotos espalhadas pela casa e de você. Como eu seria capaz de negar um pai pra ela sendo que é a única coisa que ela fala nos últimos meses? – Midori sentiu a voz engasgar por um momento, com lágrimas brotando nos cantos dos olhos – E você com a sua carreira e a fama e os jogos. – disse, mais calma - Eu viajo o tempo todo a trabalho, você também, a Aurora passa a maior parte do tempo me acompanhando nas viagens em quartos de hotéis com a babá ou com a minha mãe na Ásia. É cansativo pra mim, imagina pra uma criança de três anos. – ela respirou fundo – É por isso que eu decidi ficar por aqui uns meses. Voltar pra Londres e deixar ela conhecer as “tias”, os meninos e, quem sabe, até o pai. Eu preciso das meninas por perto de novo. E ela precisa de alguma coisa sólida na vida dela, por isso que eu não te contei antes. Ela não precisa de um pai que não vai estar lá pra ela quando precisa. – o silêncio reinou por mais alguns segundos, Wallace parecia imerso em pensamentos quando Midori retornou a fala – Olha... Eu não vim aqui te cobrar nada. Muito menos vim pedir pra você largar sua vida na Escócia por causa dela. Eu só achei que você tinha o direito de saber e você pode fazer parte da vida dela, ou não. Eu sei que assumir esse papel de pai é muita responsabilidade. Eu mesma já passei por poucas e boas nesses últimos três anos... Mas eu cansei de esconder ela do mundo. Eu só tava tentando proteger ela e eu percebi há alguns dias atrás que eu só estava adiando o inevitável. Ela é uma menina tão doce, esperta e sorridente. E eu já errei tanto com ela. Só não quero decepcionar ela mais. – Midori concluiu. Wallace encarava o chão, sério. 

— Aurora? – ele esboçou um sorriso depois de um tempo. Midori parecia aliviada. – Ela está aqui? – perguntou encarando a oriental com os olhos azuis brilhando. A garota afirmou com a cabeça. – Midori... Eu sinto muito que você achou que não pudesse me contar por conta da minha carreira. – disse sério – Eu tenho uma filha e eu deveria participar da vida dela tanto quanto você. Você não precisava ter passado por isso sozinha, pra variar. – ele disse um pouco irritado, mas calmo – Isso não pode acontecer de novo. Você não pode continuar fugindo das coisas que você acha que não pode lidar. Minha filha não teve o pai presente nos primeiros três anos de existência. – ele a olhou magoado – Eu não vi minha filha nascer, não vi os primeiros passos, por Merlin, Midori, minha filha não sabe que tem um pai! Sabe o quão egoísta isso é da sua parte? – a garota permaneceu em silêncio.

Sabia que errara, tinha plena consciência de que esses três anos foram resultado do ato mais egoísta, mas que ela já estava tão acostumada a fazer: ir embora. Wallace respirou fundo calmamente. Merlin, era muita informação. Uma filha? Ele como um pai? Mas o que ele sabia sobre “pais”, o mais próximo que já teve disso foram os pais da Robbie, Rony e Luna, que o acolhiam quando seus pais biológicos esqueciam-se da sua existência. Ele sabia que Midori também não teve os pais muito presentes apesar de que bem mais afetuosos e simpáticos que Fleur e Gui Weasley. Bom, ele estava certo de uma coisa: não seria como o pai, muito menos como a mãe. Isso significa que...

— Eu quero fazer parte da vida dela. Eu espero que você concorde. – ele a olhou. Ela comprimiu os lábios, estava com medo. Medo da reação da pequena, medo da mídia atacar sua filha que ainda estava para ser revelada publicamente (ainda mais quando souberem que Aurora é filha de um famoso goleiro do time que é o mais novo bicampeão da Copa Mundial de Quadribol e da mais influente estilista e produtora no mundo bruxo e no mundo trouxa), medo de não saber como tudo seria dali para a frente na carreira, na vida, entre Wallace e ela, mas valia a pena. Por ela, tudo valia a pena. Então Midori sorriu, quase como que aliviada de saber que sua filha teria o pai. Lógico, seria complicado, Wally morava na Escócia, Midori iria ficar ali em Londres, só que tem algo que não se deve esquecer... Eles sempre se encontram.


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