Just Friends





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Capítulo 1 ou "Just Friends"



Sirius observou com um sorriso divertido nos lábios a garota que, atrapalhada, tentava guardar todo o material dentro da mochila.


-Hey cara, você vem? – perguntou James, pronto para sair da sala junto com os outros marotos


-Hmm, daqui a pouco. Podem ir na frente. – respondeu o moreno com um sorriso enigmático, ao que James olhou interrogativamente mas saiu da sala.


Sirius se levantou, colocando sua bolsa em um ombro, e andou charmosamente até a carteira da garota que há pouco observava. Suas amigas se sobressaltaram com a aproximação de Sirius, e seu aparente interesse em Marlene, e decidiram encontrar a garota no salão principal para o almoço.


Lilly pareceu um pouco contrariada em deixar a amiga com um maroto, mas foi levada pelas outras três garotas.


Marlene estava tão distraída juntando seus pergaminhos que nem percebeu que as garotas haviam ido embora e que Sirius estava apoiado na mesa ao lado, observando-a, até que este disse:


-Por que uma garota tão pequena precisa de uma bolsa tão grande?


Marlene saltou de susto e olhou ao redor, procurando finalmente as garotas que haviam deixado-na. Só viu Sirius apoiado displicentemente ao seu lado.


-E então? Por que uma bolsa tão grande para alguém tão pequena? – perguntou ele rindo da confusão da garota


-Eu carrego o que eu acho necessário. – respondeu ela – Você viu minhas amigas por aí? Acho que elas cansaram de esperar por mim.


Sirius se levantou e aproximou-se mais da morena.


-Aparentemente, elas estavam com pressa pra almoçar e também pra te deixar aqui comigo. – Sirius fez aquela voz que usava quando queria prender a atenção das garotas, uma voz rouca e sexy


Marlene riu da tentativa de Sirius de seduzi-la, ao que ele ficou meio sem rumo.


-Tá pensando que eu sou do seu fã-clube, Black? Duvido muito que minhas amigas me deixariam aqui só pra que eu ficasse com você. Principalmente a Lilly, ela com certeza não ia dar uma mancada dessas comigo, me deixar com um maroto, ainda mais Sirius Black.


-Como assim “mancada”? E “ainda mais Sirius Black”? Vocês têm algo contra mim? Porque caso vocês não tenham percebido, todas as garotas dessa escola ficariam bem felizes de estar sozinhas em uma sala comigo. – falou Sirius, usando a arrogância, frustrado por notar a indiferença de Marlene


-Calma, Black. Tá nervosinho, por quê? Nem todas as garotas ficam babando pelos marotos, especialmente por você. Você tá mal acostumado demais. – Marlene finalmente acabou de guardar suas coisas. Levantou a mochila e a colocou com certo esforço nos ombros, estava pesada. Sirius notou e rapidamente pegou a mochila da garota, entregando a ela sua bolsa – Hum, obrigada. Isso foi inesperadamente cavalheiresco da sua parte.


Sirius riu.


-Por que? Você não me acha cavalheiro? – perguntou ele, ao que a expressão da garota já dava a evidente resposta “não” – Sabe, acho que isso é porque você nunca saiu comigo. Que tal a gente sair amanhã pra eu te mostrar como posso ser cavalheiro? – o moreno convidou olhando sugestivamente para a bruxa


-Não, valeu, já tenho compromisso. – respondeu ela sem se abalar pela tentativa de jogar charme de Sirius


Sirius ficou alguns segundos sem reação, afinal, todas as garotas que ele já havia convidado para sair ou aceitavam de primeira ou desmarcavam qualquer compromisso para poder sair com ele.


-E não dá, sei lá, pra desmarcar esse compromisso? Garanto que sair comigo será bem melhor que esse compromisso, independente do que ele seja. – falou novamente o maroto.


-Ah, eu duvido muito. – falou ela sorrindo – Não há a menor chance de desmarcar. Se bem que, eu não acho realmente que seria uma boa proposta sairmos juntos, Black. Não temos nada em comum. E eu te garanto que não pretendo dar corda pra falarem que eu sou sua próxima vítima nem algo do tipo. Honestamente, desse clubinho não pretendo mesmo fazer parte. Vou almoçar. Você vem?


-Sim, vamos. – ele concordou, e já saindo da sala perguntou – Você não vai com a minha cara, McKinnon?


Ela mordeu o lábio inferior, sem saber o que responder.


Ele reparou na reação dela e falou:


-Okay, não precisa responder. Já saquei a resposta.


Ela riu nervosa:


-Não é isso, Black. Eu apenas não aprovo alguns comportamentos seus. Ou a maior parte deles.


-Do que você está falando? – perguntou o garoto


-Ah, você sabe...Azarar qualquer pessoa que passe no corredor sem nem ter motivo, ficar galinhando por aí e quebrando corações alheios, não dar a mínima pros estudos em magia, perder um tempo precioso posando para as garotas da arquibancada ao invés de me ajudar a marcar gols no quadribol, se achar o supra-sumo do máximo e usar isso de desculpa pra ser arrogante. Esse tipo de coisa. – ela falou sem encará-lo.


-Você é cruel, McKinnon. – respondeu ele olhando para ela, que corou um pouco – Bom, quanto a azarar pessoas, nós temos que praticar feitiços e defesa contra as artes das trevas. Precisamos nos preparar para o que nos aguarda lá fora, não é? – falou ele tentando fazer piada, o que não funcionou – Eu não fico “galinhando” nem “quebrando corações alheios”. Gosto de aproveitar as oportunidades, nunca prometo nenhum tipo de compromisso para ninguém, e não obrigo nenhuma garota a se apaixonar por mim. E eu jogo muito bem quadribol. E eu não fico “posando” para as garotas da arquibancada, apenas sou simpático. E geralmente não há nenhuma chance de gol enquanto isso. Não me acho o supra-sumo do máximo. Tenho auto-estima, e isso é muito bom. E não sou arrogante. Só não perco meu tempo com qualquer um, como se eu fosse uma mocinha do século XVII. – Sirius se defendeu.


-Bom, é claro que todo mundo tem suas próprias justificativas, não é? Mas mesmo com todas essas desculpas que você deu, não me convenceu muito. Mas relaxa, eu sou só uma nessa escola em que noventa e oito por cento das garotas não se importa com nada disso. – respondeu ela tão delicadamente quanto pôde.


Um súbito interesse por aquela garota foi despertado em Sirius. Ela era tão diferente das outras, tão inabalável, tão real.


-Me explique o que é um cara melhor que eu na sua concepção. Prometo que farei o meu melhor para ouvir com atenção seus ensinamentos, mestra. – brincou


-Pára com isso, Black!


-É sério, McKinnon! – protestou ele – Não to te zuando. To curioso mesmo. O que você admira num cara?


-Isso é horrível, Black! Não é o tipo de coisa que eu gosto de responder. Me deixa vermelha! – respondeu ela, já corada


Ele riu.


-Calma, prometo que não vou rir do que você disser.


-Mas eu não quero dizer nada!


-Hey, calma. Só me fala as qualidades assim que você gosta nas pessoas em geral. – pediu ele com mais delicadeza


-Tudo bem. Mas ai ai ai se você sair falando merdinhas para os outros, hein. – ameaçou a garota baixinha – Hum, eu gosto de pessoas inteligentes, gentis, carinhosas, perspicazes, corajosas, leais, educadas, solícitas, bem-humoradas, respeitosas. Que tenham algo de interessante no olhar... Coisas assim. – ela falou ficando vermelhíssima


Sirius sorriu pensativo.


-Então você não prioriza aparência. E é bastante exigente. – ele observou


-Eu não tenho regras para sentimentos ou amigos, Black. Apenas comentei coisas que admiro nas pessoas, como você havia pedido. – ele virou o rosto para o lado, tentando esconder o rubor e impedir que fosse ainda mais desvendada.


-Não foi uma crítica. – ele falou rapidamente, temendo acabar com o momento de conversa despreocupada em que eles estavam – Estava apenas pensando no que você falou. Não é muito comum encontrar garotas como você por aqui. Admito que a maior parte das garotas com quem fico não dá a mínima para o que eu sou, além da aparência. E sinto dizer que isso é meio recíproco – Marlene murmurou um “todas as garotas com quem você fica, não só a maior parte”, mas Sirius ignorou – É bom poder falar tão abertamente com uma garota, só pra variar.


Marlene riu.


-Posso te pedir uma coisa? – ele perguntou cauteloso


Ela olhou para ele meio desconfiada mas concordou.


-Deixa eu passar o dia com você. – ele falou e, antes que ela pudesse protestar, continuou – Sem segundas intenções. Só pra conversar, assim, que nem agora.


Ela refletiu por alguns minutos.


-Okay. – suspirou – Mas não acha que seus amigos “marotos” vão sentir sua falta? – perguntou


-Eles não vão morrer se ficarem um dia sem a minha pessoa. – ele respondeu sorridente – As suas amigas vão ficar muito bravas?


-Um pouco, talvez. – disse Marlene – A Lilly provavelmente ficará me enchendo depois. Mas acho que posso agüentar.


Nesse momento uma bexiga passou zunindo entre os dois adolescentes para estourar cheia de tinta na parede, respingando nos uniformes dos estudantes. Ao olharem para a direção de onde a bexiga viera, encontraram Pirraça muito animado com uma grande cesta de bexigas, com certeza cheias de tinta também.


O poltergeist riu malevolamente.


-Corre. – Sirius saiu correndo, puxando Marlene pela mão. Correram e correram, até que Sirius puxou Marlene para se enfiarem em um armário de vassouras num corredor, na tentativa de enganar a criatura malvada.


O armário era tão apertado que haviam ficado um espremido contra o outro, numa espécie de abraço forçado. Depois de ouvir atentamente os barulhos do exterior, para se certificar que Pirraça havia se afastado, Sirius ousou usar o feitiço “lumus” para iluminar o minúsculo armário. Os dois estavam mais próximos do que pensaram.


-Acho que o Filch deveria reivindicar armários maiores para as vassouras. – comentou ela, sorrindo e tentando parecer descontraída. Talvez normalmente não sentisse atração por Sirius, mas há situações em que certas coisas são inevitáveis. E quando se tratava do exterior, Sirius era realmente atraente.


-Não acho que ele realmente faça uso delas. – respondeu Sirius respirando ofegante, com os olhos grudados em Marlene, que estava com a cabeça inclinada para cima por ser mais baixinha e insistir em olhar Sirius nos olhos. Isso estava deixando-o mais nervoso do que a ela.


-É. – foi a única coisa que ela conseguiu responder.


-Acho melhor a gente sair daqui. – disse Sirius, enquanto seu corpo achava totalmente o contrário. Seu coração estava mais acelerado que o normal. – Você alcança a maçaneta? Tá ruim pra eu me mexer.


-Acho que sim. – concordou Marlene, tentando alcançar a maçaneta, atrás de Sirius para abrir o armário. Isso apenas fez com que ficassem mais próximos. Dessa vez se olhasse para cima, o contato entre os lábios dos dois seria praticamente inevitável.


-Marlene... – sussurrou Sirius, a atração por aquela estranha garota queimando em suas veias. Ela congelou, sem reação. – Olha pra mim.


Ela mordeu o lábio inferior e se esforçou para se mexer, inclinando a cabeça levemente para cima.


Os olhos de Sirius dessa vez estavam presos na boca de Marlene, a centímetros da sua.  Sirius já se preparava para beijá-la, quando foi empurrado para trás, cambaleando com a perda do apoio da porta. A garota finalmente encontrara a maçaneta do armário.


Marlene pigarreou, envergonhada, sem saber muito bem o que fazer.


-Melhor a gente ir logo almoçar. Senão a Lilly vai começar a pensar besteira.


-Tá. – concordou ele, retomando o controle sobre si próprio.


Andaram mais rápido, e sem conversar tanto no caminho, apesar de Marlene tentar agir o mais normalmente possível.  Ao chegarem no salão principal, caminharam até as amigas de Marlene, acompanhados por olhares curiosos de todas as partes


-Mars! – exclamou Lilly parecendo aliviada – Até que enfim! Você tá bem? – a pergunta ia muito além do usual. Lilly parecia observar Marlene, como conferindo se não havia hematomas ou outro tipo de marca no corpo da garota.


-Estou bem. – respondeu Marlene rindo – Pode relaxar, Lils. O Black aqui apenas fez a gentileza de trazer minha mochila, e viemos conversando um pouco. O problema é que Pirraça tentou nos atacar no caminho. Mas estou ilesa, fora algumas manchinhas de tinta.


Lilly olhou ainda um pouco desconfiada para Black, mas forçou sua simpatia e disse:


-Quer almoçar conosco, Black?


Para desgosto de Lilly, ele respondeu um animado “sim”.


-Tem certeza de que tá tudo bem? Tudo normal? – perguntou Dorcas Meadowes, outra amiga de Marlene, estranhando o comportamento de Sirius.


-Bem, sim. Normal, não tanto. – respondeu Marlene, embaraçada com a situação – O Black bateu a cabeça e decidiu andar com gente de verdade, pelo menos por hoje.


-Ei! Meus amigos são gente de verdade, sim! – exclamou Sirius indignado


-Tá bom, tá bom. O Black bateu a cabeça muito forte e decidiu andar com gente de verdade do sexo feminino, pelo menos por hoje. – corrigiu Marlene, rindo


Sirius pensou em protestar, mas sacudiu os ombros, achando que a informação tinha certa lógica.


-Ah é? E quem foi que bateu a cabeça dele por ele pra produzir tal efeito? – perguntou Lilly olhando ao mesmo tempo sugestiva e cheia de censura para Marlene


Emmeline Vance riu forçadamente, vendo que Lilly estava tentando colocar Marlene contra a parede.


-Não seja maldosa, Lilly. Se o garoto resolveu fazer algo de útil, não somos nós que vamos nos opor, não é?  - disse Emmeline


-Obrigada, Emmy. Viu, Lilly? Por que você não ajuda nessa missão salvadora, uma vez que você é nossa amada monitora-chefe? – perguntou Marlene, enquanto se servia.


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Após o almoço, Sirius deu qualquer desculpa para os Marotos e seguiu com Marlene e suas amigas para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.


Logo que entraram na sala, para surpresa de Sirius que se dirigiu às carteiras, Marlene foi em direção à mesa do professor, onde este estava apoiado na mesa.


-Olá Richard! Tudo bom? – Marlene imitou a postura do professor, que a olhou com um sorriso


-Olá Marlene. Estou bem e você? Não te vi no salão principal agora no almoço... – disse ele


-Ah, eu tive um contratempo. – respondeu ela sem-graça. “E desde quando ele repara na minha presença, e mais ainda sente falta dela, no almoço?”


-Envolvendo o Sr Black ali, imagino. – ele sorriu sugestivo – Eu soube que ele faz muito sucesso entre as garotas.


Marlene ficou imediatamente vermelha como um tomate.


-Ah, não é nada disso que você está pensando, Richard! – exclamou ela totalmente sem-graça, fazendo Richard rir – Eu realmente não estou envolvida com o Black. Ele realmente não faz meu tipo. Não é realmente o tipo de garoto pelo qual eu me interessaria. E eu realmente não sou o tipo de garota com quem ele gosta de brincar. Nós realmente...Não estamos...juntos.


-Você já falou “realmente” cinco vezes, Marlene. – Richard riu novamente


-Isso é porque o senhor está me constrangendo! – disse Marlene desviando o olhar do professor


-Eu sinto muito. Mas só falei porque acho natural que uma garota bonita e inteligente como a senhorita saia com garotos populares e bem cotados entre a população feminina deste castelo. – disse Richard sorrindo encantadoramente para a aluna


-O senhor é muito bem cotado entre a população feminina deste castelo. – Marlene falou antes que pudesse controlar sua língua


O professor permaneceu um momento sem ação, com a boca ligeiramente aberta em surpresa. Até que transformou a surpresa em mais um sorriso encantador.


-Ah, não venha me falar dessa história de fã-clube que me contaram! – exclamou ele. Marlene respirou aliviada, ele não levara a mal o que ele dissera – Eu sinceramente estou chocado com o poder das fofocas! Sabe quem veio me contar primeiro sobre esse tal “fã-clube”? O Slughorn! Ele falou “Ora, ora, Wentworth, parece que eu ganhei concorrência no castelo, han? Soube que as alunas montaram um fã-clube para você! Elas estão mesmo encantadas com você!” –  o professor riu enquanto narrava a história, e Marlene forçou uma risada para disfarçar o constrangimento anterior – Eu fiquei totalmente perdido. “Slug, meu amigo, eu nunca poderia competir com você! E não tenho conhecimento desse fã-clube a que você se refere!”, eu disse à ele. Mas ele insistiu que uma fonte segura lhe informara do fã-clube que as alunas estavam criando para mim. E depois a McGonagall e o próprio Dumbledore vieram me falar disso! Gostaria de saber como essas fofocas começam!


-Richard, não quero incentivar nenhuma fofoca, mas eu também fiquei sabendo do fã-clube. Pelo que eu soube no dormitório feminino da Grifinória, já estão até fazendo pôsteres e bottons com a sua foto! – disse Marlene, ela de fato vira um grupo de garotas histéricas fazendo essas besteiras para o fã-clube ridículo que elas haviam criado.


-Até você, Marlene? – reclamou ele, fazendo cara de bravo – Acho que começarei a descontar pontos das casas dos alunos que vierem me falar dessa besteira! – ele lhe ofereceu uma piscadela. Nesse momento, um grupinho de garotas da Corvinal entraram eufóricas na sala, dando gritinhos de “boa-tarde, prô!” e dando seus tchauzinhos afetados para Richard.


Ele retribuiu os acenos, meio sem-jeito e com cara de “que coisa bizarra é essa, Merlin? É castigo?”


Marlene riu.


-Aí estão alguns membros do seu fã-clube, Richard. Daqui a pouco elas vêm pedir autógrafo!


-Acho melhor eu começar minha aula, antes que elas escutem sua sugestão! O mais próximo de um autógrafo que eu darei a elas será minha assinatura embaixo da nota delas nas minhas provas. – disse ele voltando a olhar para Marlene - Então nosso compromisso continua de pé para amanhã mesmo com o seu “não-envolvimento” com o Sr Black?


-É claro que continua de pé! E pare com isso, Richard, de ficar fazendo gracinhas sobre eu e o Black. Ou eu posso azará-lo. Eu estou apenas tentando ajudar o garoto a virar gente de verdade. – ameaçou a garota, pressionando o indicador no peito de Richard


-Você seria capaz de azarar um professor? – ele segurou a mão de Marlene contra seu peito


-Ah, Richard, só aqueles que eu também considero amigos. E por enquanto você é o único da lista.


-Talvez eu deixe você me azarar só porque disse que somos amigos. – disse ele sorrindo – Agora é melhor eu começar a aula. De verdade. Ou quem vai me azarar é o Black. Ele está com os olhos arregalados desde que eu segurei sua mão.


Marlene fez cara de muito brava, mas Richard riu. Ela então saiu andando para sentar-se ao lado de Sirius.


O moreno a olhou boquiaberto.


-Eu não estou acreditando que você faz parte do fã-clube idiota desse professorzinho! – disse ele estupefato – Isso é traição! O que será do MEU fã-clube agora que todas as garotas estão babando por esse empolado aí?


-É óbvio que eu não faço parte de fã-clube nenhum! Richard é meu amigo! E me poupe dessas suas lamentações! Que isso menino? Tá me achando com cara de analista? – respondeu ela tirando o livro de Defesa Contra as Artes das Trevas da mochila.


-Sei, não faz parte...Então o que foi aquilo ali na frente? Toda de sorrisinhos, pegando na mão dele, cheia de intimidade! Isso não é crime não? Assédio ou coisa assim?


-Assédio, Black! Meu Merlin! Você é doido? – Marlene sussurrou irritada – Eu não estava de sorrisinhos nenhum! Black, o que você tem a ver com isso? Você não é nada meu pra ficar com ataquezinho de ciúmes!


-Não é ciúme, McKinnon! Há, essa é boa. Eu não sinto ciúmes de ninguém! Só acho ridículo você ficar se jogando pra cima desse daí! – defendeu-se o maroto também em cochichos – Quando eu te convidei pra ir a Hogsmeade você rejeitou o convite, disse que eu não fazia o seu tipo. Mas esse daí parece fazer bem seu tipo, han?


-Ah, então o problema é esse! Inveja! Você está irritado porque eu te rejeitei e fiquei falando com o Richard! E mesmo que ele fosse meu tipo, você não tem nada a ver com isso! Ficar criticando o Richard realmente não me convencerá a sair com você! – respondeu ela, tentando se concentrar na aula e falar com Sirius ao mesmo tempo


Sirius já ia replicar, mas Lilly, que estava na carteira da frente, virou-se e disse:


-Querem parar com essa discussãozinha? Tá enchendo a paciência já! E eu quero mesmo escutar o que o Richard está falando! Ano que vem tem NIEM’s! Vocês estão parecendo um casal de velhos!


-Lilly, ele disse que eu estou me jogando em cima do Richard! – reclamou Marlene


-Black, ela não estava se jogando em cima dele! Geralmente é ele que se joga em cima dela! – Lilly falou dando uma piscadela para Sirius que exclamou um “hááá” vitorioso.


-Eeeei! – protestou Marlene – Como assim ele que se joga em cima de mim?


-Mars, você vai passar o dia com ele amanhã! Que tipo de professor convida uma aluna pra passar o dia com ele? Fim de semana ainda! Não é muito normal! E do jeito que ele é bonito, não é por falta de mulheres no pé dele que ele te convidou!


-Obrigada pela parte que me toca. E obrigada por me defender também, Lils! É sempre ótimo poder contar com minhas amigas. – disse Marlene dando um sorrisinho amarelo


-Aaah! Então é com ele que você vai passar o dia amanhã? Eu não acredito que você preferiu sair com ele ao invés de sair comigo! Poxa, você sabe quantas garotas dessa escola gostariam de sair comigo? Nem que fosse só até o jardim? Além do mais, ele é seu professor! – disse Sirius inconformado


-Sirius Black, por favor, pare com esse papinho de você me deixou por ele. E vocês falam como se isso fosse um encontro. Ele me pediu ajuda para preparar a reabertura do clube de duelos. Se lembram do clube de duelos que o Professor Young começou no terceiro ano e que os outros continuaram?


-Me lembro, sim. Foi aí que os babacas dos Marotos começaram a sair por aí azarando todo mundo. – reclamou Lilly ao que Sirius exclamou um “Babacas não!” – Mas isso não vem ao caso. O que conta é que de todos os alunos deste castelo, ele chamou exatamente você para “ajudá-lo”, né coisa fofa? Sem duvidar da sua capacidade, mas a nossa turma tem os melhores alunos em DCAT da última década.


-Meu Deus! Lilly e Black acho que finalmente vocês encontraram um assunto no qual vocês concordam. Me difamar!


-Marlene, não seja ingrata! Eu sempre procuro te proteger! – ralhou Lilly – E não estou falando da sua atitude. E sim do nosso caro professor Richard Wentworth.


-É, e eu também estou te protegendo! – disse Sirius, ao que Lilly e Marlene pararam, arregalando os olhos, com uma cara tipo “essa não colou mesmo” – Que foi? É sério, McKinnon, vocês não disseram que eu estou em uma missão para ser um cara ainda melhor, que seremos amigos agora? Então, amigos protegem amigos.


-Ah, claro. Missão pra ser um cara ainda melhor. Amigos protegem amigos. Estou começando a achar que você realmente bateu a cabeça. – contrapôs Marlene – Por que você não admite logo que é só seu ego ferido por eu ter me negado a sair com você e ter aceitado passar o dia com o cara que está “roubando suas fãs”?


-Minha querida McKinnon – disse Sirius abraçando Marlene pelos ombros, ao que ela cerrou os olhos desconfiada -, antes até poderia ser. Mas agora eu só quero o bem da minha amiguinha! – ele soltou Marlene e apertou suas bochechas


-Você é inacreditável, Black! – observou Marlene, voltando sua atenção para as anotações da aula


-Ahn, sabe, amigos fazem coisas por amigos. Amigos prestigiam amigos... – começou Sirius sorrindo amarelo ao que Marlene revirou os olhos – Eu gostaria de te fazer um convite, Marlenezinha. Posso te chamar de “Marlenezinha”, né? Amigos se chamam pelo primeiro nome.


-Você está começando a encher o saco com essa de “amigos fazem isso, amigos fazem aquilo”. E prefiro que você continue me chamando de McKinnon. No máximo, Kinnon. E faça logo seu convite para que eu possa recusá-lo e então voltemos à nossa aula.


-Você vai aceitar meu convite. Vai, por favor. Prometo que você não vai se arrepender. – Sirius pediu sorridente, ao que Marlene apenas o ignorou – Venha a uma festa comigo hoje a noite. Você pode levar suas amigas, se quiser. Eu e os Marotos estamos organizando essa festa de “boas-vindas de volta” e vai ser demais. Prometo.


Marlene riu.


-Você quer que eu vá a uma das suas festas?


-Basicamente... Sim. – respondeu ele – Vou te mostrar que eu posso fazer você se divertir. E você poderá passar o dia todo amanhã com seu professorzinho que eu não vou te encher o saco. Mas só se você for à minha festa.


Marlene pensou por alguns instantes, enquanto acabava de copiar a matéria no quadro negro. Teve uma idéia.


-Muito bem. Eu vou à sua festa. – Sirius abriu um sorriso enorme – Mas com uma condição. – o sorriso de Sirius murchou.


-Ah, Kinnon...Não seja chata. É só uma festa, Não vou te matar.


-Calma. Me escuta. – pediu ela – Eu irei à sua festa. Mas você terá que ir à uma festa minha em novembro. Em Londres. As meninas vão me acompanhar, é claro.


-Como assim uma festa sua em Londres? – perguntou ele desconfiado


-Uma festa, Sirius. Vou levar você pra se divertir, como você disse.


-Tudo bem. Eu vou. Juro.  – respondeu ele, sem pensar muito


-Ótimo. Ah, esqueci de avisar: é uma festa trouxa. – disse Marlene sorridente, abrindo o livro de DCAT na página indicada por Richard


-Como é que é? – Sirius exclamou mais alto do que planejava, chamando a atenção da sala


-Algum problema, Sr Black? – perguntou Richard, um pouco irritado com a interrupção


-Não, senhor. – respondeu Sirius


-Tem certeza? O senhor está bastante falante hoje. Não gostaria de compartilhar conosco toda essa tagarelice? – o professor disse num tom irritadiço


-Não, senhor. Eu sinto muito. – Sirius permaneceu sério, encarando o professor


-Então sugiro que o senhor se concentre na aula e não atrapalhe os seus colegas. – Richard aconselhou, franzindo o cenho, e dando ênfase à palavra “colegas”


-Sim, senhor. – Sirius falou igualmente irritado


-Voltando à aula, por favor, prossiga com a leitura senhorita Wood.


Sirius revirou os olhos à bronca do professor, e vendo que Marlene voltara à sua postura concentrada, pegou um pedaço de pergaminho e escreveu:


“Que história é essa de festa trouxa, Kinnon?”


Ele empurrou o papelzinho para frente de Marlene. Marlene sorriu ao ver a pergunta na letra caprichada de Sirius, ao ver que atingira seu objetivo.


“Ora essa, uma festa trouxa. Um amigo meu vai fazer uma festa para uns amigos. Os pais dele vão viajar e deixarão a casa à disposição dele. Não seja chato, Black. É só uma festa. Eu não vou te matar.”


Marlene usou as palavras de Sirius contra ele mesmo, aproveitando para colocá-lo em uma situação, na qual ele se sentiria totalmente deslocado.


“Espertinha, você hein? Você está fazendo isso de propósito. Você é má, McKinnon.”


Ela respondeu de volta:


“Obrigada, amigo.”


Ele fechou a cara e fingiu prestar atenção na aula até chegar sua parte prática.


Sirius ainda implicou com o fato de o professor ter que usar Marlene de exemplo para ensinar o feitiço, mas ela apenas respondeu com um breve duelo de feitiços no meio da aula.


No fim da aula, enquanto guardavam os materiais, Sirius sussurrou no ouvido de Marlene:


-Depois das nove e meia, te encontro no salão comunal pra te levar pra festa.


Ela o encarou com um sorriso falso:


-Relaxa, Black. Vou cumprir minha parte do acordo. Não me precisa me arrastar até sua festa. Eu posso ir sozinha com as meninas. É só você me falar onde será.


-Ah, eu sei que você vai cumprir sua parte. Mas ainda assim, prefiro conduzir você até o local. – disse ele – Agora preciso correr, Kinnonzinha. Até mais tarde. – ele estalou um beijo forçado na bochecha de Marlene, que bufou, corando um pouco.


-Mars, honestamente, você tá perdida. – disse Lilly aparecendo atrás de Marlene – O Black parece realmente determinado a te conquistar. Mesmo que ele use uma possível amizade como pretexto.


Marlene apenas encarou Lilly e suspirou.


-Vem, vamos jantar. Hoje é dia de pizza. – Lilly falou puxando Marlene pelos ombros.


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Comentários (1)

  • IsaBlack

    Woooooow! Pra começar, me pegou com a capa! As da Nina são show demais, né? *-* Amo! Ela que faz todas as minhas! hehe To amando, amando, amandoooooooooooooooooooo demais a história, giiiirl! *--------* Sirius e Lene são o casal mais perfeito, pra mim... Amo de paixão! E você escreve muito bem! Parabéns, flor! :D Prometo comentar tooodos os capítulos, só não continuo a ler agora porque tenho que estudar... :/// Mas volto mais tarde, sem dúvidas! :))) Beijooooos! s2

    2011-08-26
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