Halloween Plan




 


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Capítulo 8 ou "Halloween Plan"


 


You know that I could use somebody
Someone like you, and all you know, and how you speak
Countless lovers under cover of the street



(Use somebody – Kings of Leon)



 



 



Marlene saiu dos aposentos de Richard e correu indistintamente pelos corredores. Queria chorar e não se sentia disposta à voltar ao salão comunal e encarar as censuras de suas amigas.



Era impressionante como sem fazer nada, se sentia um lixo.



Richard conseguiu beijá-la tão cedo quanto quis, e ela cedeu. Assim que ele quis, ele a descartou novamente. Ele se mostrara um perfeito canalha e ela agira como uma idiota ingênua.



O coração partido novamente era o dela.



-Que grande idiota! Idiota, idiota, idiota! – ela reclamava para si mesma, enquanto lágrimas finas e quentes escorriam por seu rosto.



Foi em meio a uma dessas reclamações que Marlene entrou num corredor e deparou-se com a cena de Sirius agarrando uma loira aguada da Lufa-Lufa.



-Ah pelo amor de Merlin! Vocês são todos iguais! – exclamou ela mais alto do que pretendia, fazendo os dois adolescentes se largarem de repente.



Sirius ficou paralisado e, antes que se recuperasse do susto, Marlene já tinha saído correndo no sentido oposto. A loira deu de ombros, e estava pronta para voltar a agarrar o rapaz, quando este se afastou e saiu correndo, em busca de Marlene.



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Marlene correu e correu, até que não agüentou mais. Sua respiração já falhava e sentia como se sua garganta estivesse em fogo. O choro ininterrupto apenas piorava a sensação de esgotamento pelo exercício forçado.



Ela se encostou em uma parede, ao lado de uma janela e respirou fundo, puxando o máximo de ar possível para seus pulmões.



Pelo menos a corrida aliviara um pouco a vontade de fugir que ela sentia. Pelo bem ou pelo mal, o castelo era gigantesco, e ela pôde correr por vários minutos, sem encontrar ninguém, a não ser Sirius e sua peguete do dia.



A morena respirou fundo mais uma vez, tentando conter outra onda de choro, e fechou os olhos. Mesmo assim, as lágrimas escorriam.



Quando sentiu um toque em seu ombro levou um susto tão grande que abriu os olhos, arregalando-os, e não pôde evitar um grito. Em seguida, sentiu-se puxada para um abraço.



Os braços de Sirius envolveram Marlene, e ele passava uma das mãos pelos cabelos dela, tentando acalmá-la.



Ela primeiro tentou bateu nele, lembrando que ele era mais um homem-canalha-idiota, mas ele continuou abraçando-a, e ela cedeu, passando os braços ao redor da cintura dele e chorando com mais vontade, a cabeça enfiada em seu peito.



Ficaram assim durante uns dez minutos, ela chorando, ele apenas consolando-a com seu abraço forte.



Quando Marlene finalmente conseguiu conter as lágrimas, ela relaxou um pouco o abraço.



-Melhor? – perguntou Sirius baixinho



-Melhor? Hummm. Não. Talvez menos pior. – respondeu ela, forçando uma risadinha



Sirius afastou Marlene um pouco, segurando-a por seus ombros e, olhando no fundo dos seus olhos disse:



-Você vai me contar o que aconteceu. – ele não perguntou, mas ela assentiu com a cabeça - E se aconteceu o que eu acho que aconteceu, alguém vai voltar para a enfermaria mais rápido que um pomo de ouro.



Marlene desviou o olhar, encarando os sapatos de Sirius.



-Podemos ir para aquela sacada que a gente foi outro dia? Acho que é um lugar melhor para conversar sobre isso.



-Podemos.



Sirius conduziu Marlene em silêncio pelos corredores e a ajudou a pular para a sacada.



Ela sentou-se e esperou que Sirius fizesse o mesmo.



-Pode começar. – ele disse, sentado ao lado de Marlene



Enquanto Marlene narrava tudo o que havia acontecido desde que saíra da enfermaria até aquele momento, uma idéia começava a nascer na mente de Sirius. Sua raiva de Richard aumentava descontroladamente, mas no fundo ele sabia que mesmo que Marlene permitisse que ele acabasse com a raça daquele desgraçado, isso não mudaria nem um pouco a paixão ou a mágoa que a morena sentia pelo professor. Ele precisava de um plano. E o plano nasceu.



-E foi ai que eu corri até aquela janela onde você me encontrou. – concluiu ela com lágrimas nos olhos novamente – Mais uma vez descartada, mais uma vez desprezada.



Sirius abraçou Marlene pelos ombros, fazendo com que ela encostasse a cabeça em seu peito.



-Que ódio! – exclamou ela – Eu queria que ele estivesse no meu lugar! Que ele visse como é bom ser humilhado e jogado fora feito um lencinho de papel.



Sirius hesitou um momento, mas disse:



-Eu tenho uma idéia pra te ajudar, Marlene.



Ela imediatamente olhou interrogativamente para o rosto dele, curiosa.



-Como assim me ajudar? Que idéia?



-É uma espécie de plano. Sabe, pra você meio que se vingar do Richard, mostrar pra ele que você é preciosa e que ele não devia brincar assim com você. E é claro, fazer com que ele queira ficar com você. – a última frase saiu meio rouca, quase um latido



-Não to te entendendo.



Sirius soltou-se de Marlene, ficando de pé de costas para a garota. Ele devia estar ficando louco mesmo.



-Eu tenho uma idéia de como você pode se vingar e, ao mesmo tempo, reconquistar o Richard. É isso que você quer, não é?



Marlene franziu a testa, pensando que no momento ela não tinha certeza do que queria. Era tudo tão conflitante. Mas ela queria Richard, isso era incontestável. E ele merecia a vingança dela.



-O que você tem em mente, Sirius?



Ele caminhou até a beira da sacada, olhando para o gramado verde muito abaixo.



-Você vai namorar comigo, Marlene.



Marlene piscou algumas vezes até entender o que tinha escutado.



-Como é que é?



-Você vai namorar comigo. – repetiu ele, virando-se para encarar Marlene e dando alguns passos em sua direção



-Sirius Black, seu aborto! Eu aqui na pior e você pensando na melhor maneira de tirar proveito de mim! Que tipo de pessoa você pensa que eu sou??? – num instante, Marlene já estava de pé, enchendo Sirius de socos.



-Por Merlin, Marlene! Como você é estourada! – ele tentava se defender dos socos dela, enquanto ela continuava com xingamentos – Pára com isso! Pára, Marlene! Ai! Isso doeu, sua maluca! PÁRA!



Ele finalmente conseguiu segurar os pulsos de Marlene, que o encarava com raiva.



-Me escuta! – gritou ele – Pensa Marlene! Só de ver você comigo no vestiário aquele dia, o Wentworth quase me explodiu no duelo. Não to falando de um namoro de verdade, só de fachada. – Marlene suavizou um pouco a expressão - Ele me detesta! Ele me considera um concorrente, ou algo assim. Ele falou mal de mim até para o diretor. Pra ele a pior coisa que você poderia fazer é ficar comigo. Se ele vir você comigo, e nesse meio tempo você mostrar a ele tudo que ele tá perdendo... Com certeza, ele vai correr atrás de você, sem nem se lembrar do Dumbledore.



Sirius soltou Marlene, empurrando-a um pouco para trás. Ela encarou o chão, sem dizer palavra sobre o plano de Sirius.



-Que bosta, Marlene, você me machucou. – ele reclamou massageando a boca do estômago – Você deve mesmo achar que eu sou um galinha desalmado, hein!



-Desculpa, Sirius. – disse ela baixinho – Mas o que você queria que eu pensasse? Eu não tinha a menor idéia do que você tava falando. E considere o meu atual estado...



-Tá. Esquece Marlene.



-O seu plano... Ele é... Muito interessante, na verdade. – comentou ela



-É, meus planos são bons. Sabia que você ia gostar depois de raciocinar um pouco. – ele falou, erguendo as sobrancelhas



-Mas Sirius...



-Sim.



-Por que você pensou nesse plano? Por que você quer fazer isso? – ela se aproximou dele, buscando seu olhar



-Eu... Só quero te ajudar a ter o que quer. Só. Não que eu ache que ele mereça o esforço. Mas se você gosta dele... Tem que correr atrás, certo? – Sirius respondeu fugindo do olhar inquisidor de Marlene



-Mas o que você ganha com isso, Sirius? Quer dizer, você nunca namora. De repente, vai dizer pra todo mundo que tá namorando comigo, sem ser verdade. Não vai poder sair pegando todas pela frente. As garotas com certeza ficarão com raiva por você aparecer namorando. Você não vai poder sair com uma diferente a cada dia. Sem falar que o Richard vai te detestar mais ainda, e pode tentar te detonar com os outros professores.



-Eu... – o rapaz buscava uma resposta, mas foi interrompido pela garota, que continuava tagarelando:



-É claro que se você for discreto, ainda poderá ficar com umas e outras por aí. É só o castelo inteiro não ficar sabendo, principalmente o Richard. Afinal, você vai fazer um favor enorme por mim. O mínimo que eu posso fazer é agüentar que você continue com seus... Affairs. Você tem o direito de se divertir, certo?



-É, claro. Vou continuar com meus affairs. – respondeu ele franzindo as sobrancelhas



-Eu aceito o plano. – afirmou ela, sorrindo vitoriosa - Obrigada, Sirius. Por permitir que eu te use assim. Que eu use o que você sabe, o que você representa. Eu sei que vai dar certo. – ela abraçou Sirius com toda sua força



Ele correspondeu ao abraço, fechando os olhos ao sentir o perfume do cabelo da morena. Sabia que estava ferrado. Que esse era um jogo perdido.



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De uma janela não muito distante, um homem alto observava com a ajuda de um onióculo os dois adolescentes abraçados, e ficava repassando a cena, a garota sorrindo.



Obviamente, do ponto de vista dele, os dois estudantes estavam juntos. Ela não estava mesmo tão ligada a ele próprio.



-Ah, Marlene... – suspirou Richard, sentindo um aperto no peito



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Mais tarde, naquele mesmo sábado:



-O QUE DEU NA SUA CABEÇA MARLENE? – gritava Lilly – PRIMEIRO DEIXA O RICHARD TE AGARRAR DE NOVO! E DEPOIS VEM COM ESSE PLANO ESTAPAFÚRDIO DE NAMORAR O BLACK DE MENTIRA!



-Shhhhh Lilly! – Emmeline tentava silenciar a ruiva – Assim até o pessoal da Sonserina nas masmorras vai te ouvir! O plano deve ser um segredo!



Marlene estava sentada calmamente em sua cama, contando tudo para as amigas.



-Emmeline, não me mande ficar quieta! E não acredito que vocês todas concordam com esse plano! – exclamou a ruiva andando de um lado para o outro do dormitório



-É claro que nós concordamos! – disse Dorcas – É uma idéia perfeita! Claro que a população feminina do colégio vai ficar furiosa com a indisponibilidade do Black. Mas a Marlene vai se dar suuuuuper bem! E o Richard merece. É a revanche da Marlene!



-Obrigada, Dorcs. – agradeceu Marlene, piscando para a loira



-Marlene, será que você não vê que pode sofrer muito com tudo isso? E que mentiras nunca são solução para problemas? – Lilly sentou ao lado de Marlene e segurou as mãos da garota



-Lilly, eu sou muito grata por você sempre cuidar tanto de mim. É como uma irmã mais velha. – disse Marlene – Mas, eu já estou sofrendo com o que o Richard fez. E eu não quero ficar parada. O Sirius pode me ajudar, e eu quero a ajuda dele.



-Marlene... – protestou Lilly



-Lil, eu posso não te convencer a aprovar o plano, mas eu te peço para que, por favor, colabore com ele. É só guardar segredo sobre a verdade. Eu conto com você, amiga. Faz isso por mim, por favor. Pela minha felicidade.



A cara de pidona de Marlene acabou convencendo a ruiva, que foi dormir ainda com uma careta de desagrado.



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Na segunda-feira, na hora do almoço, aconteceu de Marlene e Richard trombarem um com o outro às portas do salão principal. Marlene estava entrando, e Richard saindo. No simples intervalo de tempo em que se encaravam, Slughorn apareceu.



-Wentworth, McKinnon! Que bom que os encontrei! – exclamou alegremente o professor de Poções – Quero convidá-los para a minha festa de Halloween! – Richard mantinha o olhar em Marlene, sério – Como vocês sabem, minhas festas são eventos muito especiais! E eu não aceito “não” como resposta, han!



-Claro, professor, será um prazer. – respondeu Marlene, sorrindo para Slug



-Ah, professor Wentworth, o senhor poderia convidar a menina McKinnon para acompanhá-lo na festa! Ela é uma aluna muito especial, faz até parte do meu clube! – Slughorn continuava com sua animação. Sua sugestão fez Marlene arregalar os olhos, e Richard fechar a cara numa expressão raivosa



-Certamente que é especial, Slug. – replicou Richard – Mas creio que a menina McKinnon aqui – ele frisou a palavra “menina” – prefira ir com o Sr Black à festa. Apesar de aparentemente acéfalo, ele parece atrair as garotas da sua idade, como a nossa querida aluna aqui.



O olhar de Richard faiscava, mas Slughorn era distraído demais para notar.



-É mesmo! Hehe, que tolice a minha! – o senhor riu de si mesmo – Esses adolescentes adoram exibir seus pares! O senhor Black também é um garoto muito interessante, não creio que seja acéfalo. É uma pena que não entrou para a Sonserina. Eu gosto de ter a família toda na minha casa. Bom, espero vê-los na minha festa! Com licença!



Quando Slughorn já estava afastado, Marlene falou com rispidez:



-Sirius não é acéfalo.



-Ah, que gracinha você defendendo o namoradinho! – o professor ironizou, esperando que a garota negasse



-E tente não falar mal dele para cada pessoa que aparecer na sua frente. Isso é tão infantil. – ela revirou os olhos – Até mais ver, professor.



Richard ficou estático por alguns segundos, absorvendo o fato de Marlene não ter negado o namoro com Sirius, e ainda ter acusado-o de ser infantil.



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Sirius caminhava em frente à lareira do salão comunal, impaciente.



-Quer parar, Sirius? Tá me enjoando. – reclamou James, sentado confortavelmente numa poltrona



-A Marlene não desce logo! – respondeu Sirius – Assim vamos chegar na festa amanhã!



-Larga de ser dramático. São 21h15. A festa começou 21h. – James começou a brincar com sua varinha – Admita que você está assim de nervoso porque finalmente vão contar para as pessoas que estão namorando. Você não sabe como lidar com isso. Namorar. De mentira. Ainda mais a Marlene.



Sirius parou na frente de James e deu-lhe um tapa na cabeça.



-Não fale besteiras! E cuidado com o que você fala para as paredes não escutarem! E, aliás, por que você ainda está aqui?



James sorriu e disse:



-A Evans vai descer com a Marlene, muito provavelmente. E aí, quando a nossa querida amiga vier se juntar a você, eu aproveito e convido de novo a Evans para ir comigo. Vai que ela aceita.



Nesse momento, Sirius olhou para a escada do dormitório feminino e encontrou certo par de olhos castanhos.



Ela estava tão linda, que ele quase se esqueceu de respirar.



Percebendo o olhar do garoto, ela sorriu e deu uma volta em torno de si mesma.



-Que tal? – perguntou, continuando a descer as escadas



Sirius caminhou até o primeiro degrau, e ofereceu a mão para que ela segurasse.



-Você está linda. Mesmo. – disse Sirius, ainda meio zonzo



-Obrigada. Você também não está nada mal.



-Você será a garota mais cobiçada da festa. Não vai ter um só cara que não olhe para você. Slughorn vai te exibir como um troféu. – sorriu Sirius ainda observando Marlene



 As bochechas da garota ficaram coradas.



-Como você é exagerado. – ela riu



-E cada garota que estiver lá vai sentir inveja de você. Da sua beleza... – continuou ele – E do seu par, é claro. – ele acrescentou com um sorriso maroto, apenas para não deixar de ser o Sirius



Marlene gargalhou, e vendo James na poltrona comentou:



-Veja, James, você quer dançar comigo? Você se encaixa nesse grupo que seu amigo disse? Não acha que ele está exagerando?



James levantou-se e foi até Marlene:



-Sim, ele está exagerando um pouco. Sou obrigado a dizer que ficarei a noite inteira cobiçando uma ruiva de olhos verdes. Acho que o Sirius está assim porque nunca namorou na vida, sabe. – o rapaz de óculos riu – Mas você está muito bonita mesmo, Marlene. Ele não está mentindo. E eu adoraria dançar com você na festa, se o seu namorado aqui permitir.



Marlene riu, Sirius foi quem corou dessa vez.



-A ruiva a que você se refere, ainda vai demorar um pouco para descer, porque está acabando de arrumar o cabelo da Emmeline. – a morena respondeu para James, e virando-se para Sirius disse – Viu? O James foi muito razoável.



-O problema do Pontas é que ele já está apaixonado pela Lilly. Ele não tem olhos para mais nenhuma garota. Por isso ele não te vê tão bonita como está, como eu e os caras normais vêem.



-Eu não preciso de uma casquinha de sorvete, Sirius. – disse Marlene séria, encarando os olhos azuis de Sirius



-O que é uma casquinha de sorvete? – perguntou o maroto, confuso



-Uma coisa doce que derrete em cinco minutos. – sorriu a garota



James assoviou com a fala da garota, arregalando as sobrancelhas.



Sirius ficou sem graça por alguns segundos e disse:



-O que eu falo não precisa derreter em cinco minutos. São as minhas opiniões. E elas são um tanto sólidas para mim, quer você entenda ou não. Quer você tenha uma resposta afiada para elas ou não.



Marlene baixou o olhar, com um sorriso enviesado, sem resposta.



-Vamos para a festa?



-Sim, vamos. – Marlene enlaçou seu braço no do rapaz, e eles saíram do salão comunal



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Enquanto caminhavam, Sirius tentava puxar assunto com Marlene, mas ela parecia cada vez mais quieta.



-O Pontas está preparando um sermão daqueles para o próximo treino. Disse que precisamos melhorar nossas defesas para o primeiro jogo da temporada. Ele está meio obcecado agora que é capitão.



-É... – concordou a garota, monossilabicamente



Sirius a observou por alguns instantes, ela sempre olhando para frente, séria.



-Marlene, não precisa ficar nervosa assim. Vai dar certo. – ele segurou Marlene pelos ombros, fazendo-a encará-lo



Ela respirou fundo e disse:



-É, eu sei. É só que... A Lilly ficou listando todos os motivos pelos quais eu não devia fazer isso. E ela é muito convincente, sabe...



-Eu tenho um motivo para você fazer isso: você tem o direito de lutar pelo que quer, fazer acontecer. – afirmou o maroto, sorrindo para ela – Agora, relaxa. Vamos virar no próximo corredor e já chegar à festa. Pronta?



-Pronta. – ela apertou a mão de Sirius, encarando seus olhos azuis, e seguiram caminhando.



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Fazia cerca de quinze minutos que o “casal” havia chegado à festa. Atraíam olhares por todos os lados.



Marlene ainda exibia um sorriso tenso, enquanto Sirius parecia bastante relaxado, o braço ao redor da cintura da morena.



Naquele momento, conversavam com o capitão do time de quadribol da Corvinal, que comia Marlene com os olhos.



Ela, obviamente, se sentia péssima, e arrependida de ter escolhido um vestido curto, com um certo decote. Além dos altíssimos saltos vermelhos.



Ao perceber o desconforto de sua acompanhante, o maroto deu um jeito de dispensar o corvinal, e foi pegar alguma bebida com a garota.



-Descarado! – reclamou Marlene ao se aproximar do pequeno bar montado – Você viu aquele patife?



-Ah vi, vi sim! O coitado não conseguia tirar os olhos das suas pernas. Ele tava quase babando em você. – Sirius gargalhou – Parecia um maldito duende em frente à uma mina de ouro.



-Maldita hora em que escolhi esse vestido. Agora tenho que agüentar esse Raj Patil secando minhas pernas! – disse ela inconformada



Sirius fingiu analisar as pernas da garota por alguns segundos. Ela imediatamente ficou vermelha feito um tomate.



-É, eu acho que entendo o Patil. – o moreno assoviou - Nada mal, Kinnon.



Ela deu um soco no ombro dele, brava, ao que ele a puxou pela cintura.



-Com você me batendo ninguém vai acreditar que estamos juntos. – sussurrou. Marlene o fuzilou com o olhar



-Ora, ora, Wentworth! Não é que você tinha razão! – exclamou uma alta voz atrás dos adolescentes – A Srta McKinnon veio mesmo com o Sr Black!



Marlene ficou repentinamente tensa e pálida. Sirius apertou mais sua cintura, mantendo-a firme. Depois de lançar olhar seguro para ela, ele virou-se para os professores



-Slug! Bela festa! – comentou o estudante – Adoramos as abóboras recortadas, repletas de fadas mordentes na entrada. Realmente perturbadoras.



Slughorn riu, vaidoso. Richard por outro lado, havia erguido uma sobrancelha interrogativamente, avaliando Sirius e Marlene.



Marlene havia aproveitado para pegar duas canecas de cerveja amanteigada, uma para ela e outra para Sirius, evitando assim, olhar para o professor de DCAT.



-É, são abóboras muito boas mesmo. – começou o mestre de poções – Eu ganhei de um ex-aluno, que é dono de um grande castelo mal-assombrado da Escócia. Hagrid ficou um pouco ofendido, mas eu adorei o efeito delas! Você não concorda, Wentworth?



-Ah, claro. Com certeza, Slughorn. Acho que tão bom quanto a entrada dos fantasmas do clube dos sem-cabeça programada para mais tarde. – observou – Você e sua namorada pretendem ficar até o fim da festa, Black?



Marlene engoliu um grande gole da cerveja. Sirius abriu um grande sorriso.



-Sim, eu e minha namorada planejamos aproveitar o máximo possível da festa. – respondeu o maroto – As festas do Slughorn já viraram tradição no castelo. E nada como uma boa festa de Halloween com sua garota. Ainda mais porque a Marlene fica ainda mais bonita fora dos uniformes da escola, você não acha, professor?



A cor do rosto de Richard foi do verde até o roxo. Não podia fingir que Marlene era invisível, nem responder o que realmente queria na frente de outro professor. Se sentia enjoado pela confirmação do relacionamento dos dois adolescentes, revoltado por não ser ele o namorado da garota.



-É, os uniformes tendem a esconder a personalidade das pessoas. E os alunos vêem as festas como oportunidade de se destacar através de suas roupas e atitudes. – Richard tentou manter sua seriedade, e foi evasivo



-Sim. Mas eu não falo apenas de personalidade. – provocou Sirius, apertando o abraço em torno da cintura da garota, colando-a a ele - A Marlene já é linda, e toda arrumada assim... Fica ainda mais. Não concorda, professor?



-Oras, fale logo, homem! Parece até que engoliu um morcego. – comentou Slughorn, observando o rosto do outro professor



-É, ela é linda, sim. – admitiu ele com um suspiro, seu olhar encontrando o de Marlene. Por um segundo, ela sentiu que ele sofria de verdade. – Mas esse vestido é um pouco curto demais, não é? Seu irmão não ia gostar de saber que você está andando assim pelo castelo, Srta McKinnon.



Marlene desviou o olhar, com raiva. Sirius arqueou uma sobrancelha e disse com malícia:



-É, esse é um belo vestido, do tipo que irmãos mais velhos não gostam mesmo. Mas fique tranqüilo professor, o único que vai chegar perto da Kinnon sou eu. E com o Adam McKinnon eu me acerto depois. – ele ainda acrescentou uma piscada marota na direção dos professores



O sangue fervia nas veias de Richard. Estava todo tenso, não conseguia esconder a raiva.



Para melhorar a situação, Slughorn puxou um aluno alto do quarto ano, que carregava uma máquina fotográfica e disse:



-Vamos, meu rapaz, tire uma foto de todos nós! Venha, Wentworth, fique do lado da McKinnon, eu ficarei aqui ao lado do Black.



Richard postou-se ao lado da morena, sua pele roçando a dela. Ela se sentia sufocada pela tensão entre ele e Sirius.



O fotógrafo já ia saindo, quando Slughorn o segurou pelo ombro e ordenou:



-Calma aí! Tire agora uma foto desses meus alunos apaixonados. Pretendo aumentar minha estante, e vocês ficarão nela.



Sirius abraçou Marlene e aproximou seu rosto do dela, sorrindo para a foto, mas Slughorn disse:



-Ora, meu rapaz Black, anime-se! Eu quero uma bela foto dos meus alunos apaixonados! Beije sua garota!



Richard voltou a ficar pálido. Marlene ficou meio perdida, Sirius surpreso.



-Ahn, claro. – o estudante se voltou para a garota, e ela apenas deu um selinho nele



Slughorn novamente interrompeu:



-O que foi isso? Haha... Se isso é um beijo apaixonado, eu tenho dó de vocês quando chegarem à minha idade! Você viu isso, Wentworth? Acho que estão tímidos.



-Melhor não forçá-los, Slughorn. Você já tem a sua foto. – afirmou Richard, a voz seca



-De jeito nenhum! Minha estante só tem belas fotos! – contrapôs o professor de poções – Fiquem à vontade, meus queridos!



Marlene olhou de Richard para Sirius, pensando no que aconteceria a seguir. Era o momento decisivo para ver se seriam capazes de manter a farsa do namoro.



Rick estava lívido, e parecia querer sumir dali.



Sirius estava animado, parecia até que tinha previsto o que isso ia acontecer. Ele colocou uma mecha solta do cabelo de Marlene atrás de sua orelha, e acariciou a bochecha macia da menina. Aproximou-se devagar, roçou seu nariz no dela e então a beijou. Uma de suas mãos segurava a cabeça da garota, enquanto a outra estava nas costas dela, mantendo-a grudada a ele. Marlene, que pensou que não conseguiria beijar o garoto com Richard ao seu lado, se sentia totalmente magnetizada pelo estudante. Mal conseguia se lembrar de onde estava.



-Ah, agora sim! – comemorou Slughorn observando os jovens – Essa com certeza será uma ótima foto! Muito bom, han, Wentworth?



Sirius desgrudou os lábios da garota e desviou o olhar do dela, a expressão indecifrável. Ela estranhou um pouco sua reação, mas imaginou que Sirius talvez não quisesse beijá-la.



Marlene olhou na direção dos professores. Slughorn estava animadíssimo, principalmente porque o beijo acabara chamando a atenção de muito mais gente da festa.



Wentworth meneava a cabeça negativamente, seu olhar era um misto de raiva, tristeza e decepção.



-Ah, agora eu vejo como fui um velho idiota em pensar que talvez a Srta McKinnon pudesse vir à festa com o Wentworth. – disse o velho, passando a mão pelos cabelos ralos – Imagine só! Está claro que ela só tem olhos para o Sr Black! Como seria a cena de Wentworth no lugar do Sr Black, beijando esta Srta. Seria muito engraçado, não é, Wentworth?



Sirius de repente olhava com raiva para Slughorn.



-Acho que o professor Wentworth jamais se interessaria verdadeiramente por uma aluna. Ficar com uma aluna é contra as regras, não é, Slug? – disse o moreno, ríspido, desafiador



-Ah é... Mas você sabe, meu caro aluno, que regras sempre são quebradas. Hogwarts já testemunhou várias situações dessas. – respondeu Slug, pensativo – De qualquer maneira, foi só uma suposição. É mesmo impossível que o Wentworth aqui tenha um romance com a Srta McKinnon. Afinal, ela já é sua namorada, Sr Black.



-Pera aí, Slug! Você tá dizendo que não é a prim-, quer dizer, que já houve casos de professores e alunos namorando? – questionou Richard, se mostrando mais interessado do que deveria



Dessa vez quem ficou tenso foi Sirius. Marlene estava atenta ao mestre de Poções.



-É claro que sim, Wentworth! – contou o senhor – Mais de uma vez. As pessoas não podem escolher por quem se apaixonar, não é mesmo? Mas esses casos sempre foram abafados pela direção. Da última vez as coisas acabaram muito complicadas. A aluna foi pega na cama do professor, e ainda descobriram que ela estava grávida dele. – Slughorn fez uma careta com a lembrança – A situação foi longe demais. O que o professor Armando Dippet poderia fazer? Ela foi expulsa e ele demitido. – lamentou – Contudo, soube que eles agora vivem numa simpática vila na França, o filho deles já crescido se formou em Beauxbatons.



Richard e Marlene trocaram um olhar, a intensidade do que sentiam queimando no brilho dos olhos. Sirius percebeu e disse ferino:



-É uma pena o desfecho que tiveram aqui. Isso é muito errado mesmo. – Marlene beliscou o braço de Sirius discretamente, ele ignorou – Mas pelo menos esse professor aí teve coragem de ficar com a aluna, e não ficou usando a menina. Não ficou enrolando e magoando a aluna. Pelo menos o que o professor sentia era real, amor mesmo. Não qualquer atração idiota. Nesse último caso, é fácil. Não demora e aparece alguém que ame de verdade a aluna, seja ele professor ou não.



Antes que Slughorn pudesse responder, Richard replicou exaltado:



-O senhor não devia falar dos sentimentos alheios, Sr Black. Falar do que desconhece! E a situação não envolve simplesmente a intensidade do sentimento, requer responsabilidade de pelo menos uma das partes! Mas é claro que você não sabe o que é isso, é só um adolescente inconseqüente que não enxerga nada além desse seu ego exaltado pelas várias garotas que você agarra insensivelmente por aí!



-Inconseqüente é o...



-CHEGA! – gritaram Slughorn e Marlene ao mesmo tempo



-O que é isso senhores? Do jeito que vocês falam, parece até que essa situação existe! – ralhou o senhor – Chega dessa discussão! Não quero que minha festa acabe por uma besteira dessas!



-O professor Slughorn tem razão. – Marlene se pronunciou pela primeira vez, autoritária – Mesmo que tal situação existisse, todos têm direito às suas escolhas. O que vale é lembrar que seja lá qual for a escolha, ela tem conseqüências, para bem ou para mal. Agora, Sirius, vamos dançar. Eu tenho o direito de exibir meu namorado por aí. – e puxando Sirius pelo braço, saiu, deixando um Richard furioso junto com um Slughorn que não entendia muita coisa.


 


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N/A: Aeee! Cosegui postar rápido! Tô feliz! \o/


Eu quero muito agradecer todos os comentários que já recebi até agora nessa fic. Então... Obrigada: Érika Malfoy, Gaby Almofadinhas Black, Lilian Potter 10, Luise Mau, Amanda Johnson, Sah Espósito e Patrícia M Prongs! Vocês não tem noção do quanto eu me animo quando recebo comentários! ;)


Obrigada! Espero que tenham gostado do capítulo e que continuem acompanhando!


Beijos


P.S: A fala da Marlene sobre "icre-cream cones" foi retirada do filme Elizabethtown, mas a fic não tem nada a ver com o enredo do filme. ;D

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Comentários (1)

  • Sah Espósito

    Heiiii Lindo lindo o capitulo, pena que nao apareceu que foi atualizado =[ Ta de parabéns!!   Continua sim!   Se der da uma olhada nas minhas por favor! Bjs!

    2011-08-23
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