Let Me Take You To The Party






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Capítulo 2 ou "Let Me Take You To The Party"


Marlene se olhou no espelho mais uma vez.


-Mars, você tá linda! Relaxa! – disse Dorcas colocando suas sandálias


-Pronta para matar, amiga. – riu Lilly, sentada na cama, observando as outras se arrumando para a festa


-Você realmente não pode fazer uma forcinha pra ir, Lilly? – pediu Marlene sentando-se ao lado da amiga e segurando suas mãos


-Não, Mars! Absolutamente não! Você já deve falar pr’aquele seu amiguinho Black que está me devendo uma por não acabar com essa festinha clandestina. Vai contra meus deveres de monitora! – afirmou a ruiva


-Eu direi! – Marlene revirou os olhos – Mas talvez fosse mais vantajoso você acabar com a festa!


-De jeito nenhum! – exclamou Emmeline – Eu estou precisando muito de uma festa para me animar!


Lilly riu.


-Divirtam-se. Mas tenham juízo, ok? Não bebam álcool, e não usem drogas!


-Claro, mamãe! – respondeu Dorcas


-É melhor descermos. O Black já deve estar esperando. – disse Marlene ajeitando o cabelo pela última vez – Boa noite, Lilly.


-Boa sorte, Mars. – Lilly deu uma piscadela para Marlene e se jogou na cama. Sua ronda só seria dali a duas horas


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Marlene desceu as escadas lentamente por causa das sandálias de salto alto, a que não estava acostumada. As garotas desciam animadas, atrás dela.


Sirius esperava as garotas aparecerem, encostado à uma mesinha perto das escadas do dormitório feminino, de braços cruzados.


Quando Marlene apareceu, Sirius teve de se esforçar para não demonstrar sua surpresa. Tentou ser discreto, mas não pôde deixar de examiná-la da cabeça aos pés. Ela pareceu perceber e arqueou uma sobrancelha. Dorcas e Emmeline também repararam, e deram risadinhas abafadas.


-Algum problema, Black? – perguntou Marlene, finalmente acabando de descer as escadas com aquele “tortuoso” salto alto.


Ele piscou algumas vezes para retomar o controle e pigarreou.


-Hm, problema algum, Kinnon. – ele se aproximou dela – Só um detalhe. – ela ia abrir a boca para dizer algo, mas antes que pudesse, Sirius levou a mão aos cabelos da garota e puxou o palito que o prendia. Os cabelos castanhos de Marlene caíram em cascata por seus ombros. Marlene se arrepiou, e Sirius sorriu galante – Bem melhor. Vamos andando?


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Ao chegarem ao local da festa, nenhuma das garotas podia dizer onde estavam ou como chegaram até lá.


O local era um grande salão, pouco iluminado, com uma atmosfera misteriosa, alguns panos pendurados, a música muito alta.


-Bem-vindas à Festa de Retorno às Aulas dos Marotos. – disse Sirius para as garotas. Dorcas e Emmeline pareciam animadíssimas. Marlene parecia estar entrando em uma câmara de tortura.


-Aee! Até que enfim você apareceu, seu saco de pulgas! – outra voz masculina gritou sobre o som da música.


Era James Potter. Sirius riu e cumprimentou o amigo.


-Pontas, essas são Marlene McKinnon, Dorcas Meadowes e Emmeline Vance. – apresentou Sirius – Acho que você já as conhecia de vista, né?


-Claro. Garotas assim não passam em branco. E a McKinnon é nossa artilheira, não é? – James sorriu animado, ao que Marlene concordou. “Pelo menos um cara simpático nesse lugar. Espero que ele suma com o Sirius, para que essa anta me deixe em paz!”, pensou ela. – Hum, vejo que a Evans não veio. Que droga. Ela não dá mesmo o braço a torcer, não é?


-Ela é durona, mas no fundo é uma ótima pessoa! – disse Marlene


-Eu sei. É por isso que eu não desisto! – afirmou James sorridente – Eu ainda conquisto aquela ruiva! Ela é meu sonho!


-Boa sorte! – Marlene respondeu, sabendo que se Lilly estivesse ali já teria um ataque nervoso.


-Meadowes, Vance, venham comigo. Eu vou mostrar onde estão os comes e bebes. E onde é a pista de dança, é claro. – pediu James – Acho que o Sirius aqui pode cuidar da McKinnon.


Dito isso, James sumiu com Emmeline e Dorcas, antes que Marlene pudesse protestar.


-E aí? Gostou da festa? – perguntou Sirius, próximo ao seu ouvido


-Qual a chance, Black? – disse ela, um pouco irritada com a aproximação


-Quer dançar? – Sirius parecia inabalável


-Não. Eu...danço muito mal. – respondeu ela, corando um pouco.


-Quer beber algo? – Sirius fez um aceno com a varinha e duas taças apareceram flutuando à sua frente


-Er...Eu não bebo álcool. – Marlene falou meio receosa


-Hm, pode beber. Confie em mim. – ele pegou uma taça e a entregou para Marlene. Ela olhou desconfiada para Sirius, mas aceitou e bebeu seu conteúdo. Imediatamente, sentiu a bebida descer queimando por sua garganta.


-Argh, Black! Isso TEM álcool! – ela exclamou, nervosa – Você me enganou!


-Eu não te enganei, Eu disse para você confiar em mim, não falei em momento algum que não tinha álcool na bebida. Aqui, hoje, vai ser bem difícil você encontrar algo sem álcool. – disse ele – Mas relaxa, isso não é nada. E pode deixar, eu cuido de você...Mars.


-Não me chame de Mars! Só meus amigos me chamam assim! – replicou ela, ainda mais irritada


-Eu sou seu amigo. – ele sorriu – Agora, nós vamos dançar.


Sirius puxou Marlene para uma área onde um bando de adolescentes dançava ao som da música excessivamente alta, e pareciam contagiados pela atmosfera doentia e alucinada do ambiente.


Para raiva de Marlene, ela estava apenas com mais sede. Mas não pretendia beber alguma outra coisa oferecida por Sirius.


-Eu não sei se você já usou salto alto alguma vez na sua vida, Black, mas eu, pelo menos, tenho certa dificuldade para dançar com eles. – reclamou a morena, enquanto Sirius a conduzia ao meio da multidão


-Tire os sapatos. – disse ele, sem se deixar convencer


-Qual a chance? – rebateu ela


-Então, terá que dançar com seu salto alto. – afirmou ele, sorrindo cínico


-Eu não sei dançar. – disse ela


-Por que você não tenta aprender então ao invés de ficar inventando desculpas? – perguntou Sirius, sorrindo amarelo e puxando Marlene para mais perto de si – Sabe do quê? Acho que você ainda está com sede.


-Eu não beberei nem mais uma gota de qualquer coisa que você me oferecer. – Marlene arqueou uma sobrancelha desafiadora


Sirius acenou a varinha e mais uma taça apareceu em sua mão.


-Tem certeza? – ele perguntou, dando um gole na bebida


A cor e o aroma atraíram Marlene. Ela balançou a cabeça, tentando se controlar, mas não funcionou.


-O que é isso? – ela indagou com voz quase inaudível no meio da multidão


-Licor de ninfas. Dizem que afrodisíaco. Ele tem o sabor de qualquer coisa que você goste, mil vezes melhor. – Sirius bebeu mais um gole, cerrando os olhos ao saborear a bebida – Prove.


Marlene mordeu o lábio inferior. Ela nem gostava de álcool. Mas aquela bebida parecia irresistível.


-Por que você quer me levar pelo mau caminho? – ela suspirou – Por que me embebedar? Eu odeio álcool.


-Não quero te embebedar. Se você conseguisse relaxar um pouco, eu não te ofereceria nada disso. – Sirius falou encarando Marlene – E isso não tem álcool. Mas seus efeitos são ainda mais potentes.


-Você quer dizer que isso é alucinógeno? – perguntou Marlene, inconformada – E vocês estão servindo isso numa festa para um bando de estudantes? Isso é errado!


-Não é alucinógeno. Não é uma droga. E esse licor não está sendo servido na festa. É de uma reserva que eu tenho na minha mala. – Sirius revirou os olhos, ofendido e pela primeira vez um pouco irritado – É uma bebida muito especial. E não tem nada dessa aura maléfica que você impôs. É uma bebida que apenas faz com que a pessoa perca a hesitação. É como uma Felix Felicis. Mas ela não necessariamente te traz sorte. Apenas deixa você mais relaxado, mais desinibido.


-Ahn, tá. Eu sinto muito. – disse Marlene – Mas ainda assim, você quer alterar meu estado natural.


-Eu só quero que você deixe esse seu preconceito de lado e aceite se divertir comigo. – respondeu Sirius, encarando-a profundamente


-E se eu prometer ser mais...razoável? – perguntou Marlene sorrindo maliciosamente, tentando convencer o maroto – Eu não preciso de bebida nenhuma...Por favor.


Sirius olhou para ele, dessa vez ele é que estava desconfiado. Mas depois de observar o sorriso de Marlene, suspirou concordando.


-Tudo bem. – ele fez um feitiço e a taça desapareceu – Mas você promete mesmo que não vai ser tão bravinha?


-Ok, ok. Prometido. – ela desfez o sorriso malicioso, vendo que já conseguira o que queria – Mas agora será que você pode convocar pelo menos um suco de abóbora que não tenha álcool? Serve também uma cerveja amanteigada.


-Hum, cerveja amanteigada deve ter. Vamos lá buscar, vai.


Sirius puxou Marlene até um bar improvisado, onde ele conseguiu a cerveja amanteigada de Marlene. Ela bebeu lentamente, se concentrando ao máximo para não se sentir num circo dos horrores no meio daqueles alunos se embebedando.


-Agora que você já acabou, podemos dançar?


-Você quer mesmo me torturar, né? – disse a morena contrariada mas se deixou guiar por Sirius para o meio da multidão novamente.


-É só você se soltar. Eu te ajudo. – orientou ele e começou a dançar ao ritmo da música.


Marlene era muito tímida, não conseguia se soltar facilmente.


O maroto tirou um frasquinho do bolso da camisa e, abrindo-o, sorveu um gole.


-O que é isso? – perguntou Marlene, já sabendo a resposta


-Licor das ninfas.


-Por que você está tomando isso?


-É gostoso. E eu me sinto mais leve.


-Isso não é uma droga? Isso por um acaso é ilegal? – perguntou a garota, desconfiada


-Não, minha querida. É difícil de encontrar, mas não é ilegal. É só mais uma bebida mágica, como a cerveja amanteigada que aquece as pessoas rapidamente. Você devia provar.


Passados alguns segundos ela respondeu:


-Tá bom. Eu quero.


Ele sorriu e pousou o frasco nos lábios dela. Ela os entreabiu e ele a serviu.


Imediatamente, Lene sentiu um arrepio. A bebida tinha um sabor maravilhoso. Uma sensação de leveza percorreu seu corpo. Era como se ela simplesmente não precisasse se preocupar com mais nada, muito menos com a opinião dos outros.


-Isso é forte. – ela disse


-Você também. – replicou ele, girando-a e voltando a dançar


Dessa vez ela conseguia dançar facilmente.


Sirius se sentia cada vez mais atraído por ela, seu perfume, seu riso, o modo que seus cabelos balançavam...tudo parecia hipnotizá-lo.


Ela não parecia perceber o estado de Sirius e continuava a dançar.


Enquanto dançava, ele a puxava para mais perto de si, a cada momento. Ela ria.


-Acho que foi uma idéia razoável deixar você me trazer para a festa. – disse ela, próxima ao ouvido dele, ainda dançando.


-Eu posso te dar muitas outras boas idéias. – respondeu ele, parando de dançar e segurando firme a cintura de Marlene.


Ela parou de dançar, ofegante, e o encarou interrogativamente. Ele abaixava a cabeça, se aproximando da dela.


-Black, isso não é uma boa idéia. – ela falou tentando manter a voz firme, inclinando a cabeça para trás, afastando-a da dele. Ele avançou, ela não era forte o bastante para afastá-lo – Sirius, não!


Antes que Sirius pudesse encostar seus lábios nos de Marlene, uma mão forte o puxou para trás, separando-o da bruxa.


Um bruxo alto se interpôs entre os dois, ficando de costas para Marlene. Ela logo o reconheceu: Richard Wentworth.


-Eu acho que ela disse que isso não era uma boa idéia, Black. – disse Richard, encarando um Sirius furioso


-O que é que você está fazendo aqui? Quem foi que convidou esse professor para a festa? – perguntou Sirius, encarando Richard


-Eu fui convidado, e é o que importa. Do contrário, não conseguiria entrar, não é mesmo? – respondeu o professor – Sabe, Black, é golpe baixo tentar beijar uma garota quando ela está sob efeito de alguma bebida, quando ela está mais vulnerável. É covardia.


-Do que é que você está falando, Wentworth? Por que você não vai cuidar da sua vida? – Sirius falou mais alto do que devia, chamando a atenção dos presentes para a discussão dos dois – Acho que a McKinnon é bastante grandinha para cuidar da própria vida. Ela não precisa de um professor tomando conta dela. Você devia deixá-la decidir o que quer sozinha.


Marlene estava paralisada, sem saber o que fazer.


-Digo o mesmo a você, Black. Ela não queria ser agarrada por você. Eu apenas fiz o que ela não tinha força e você respeito o bastante para fazer. – disse Richard tentando não gritar. Sirius parecia poder pular em cima de Richard a qualquer momento


Marlene usou toda sua determinação para se colocar entre Sirius e Richard, impedindo que eles se atracassem.


-Parem! – pediu a morena – As pessoas estão começando a prestar atenção na gente. Parem!


-Desculpe, Mars. Eu só estou ensinando esse babaca a respeitar uma garota.


-Ah sim. Ele realmente quer me ensinar a respeitar uma garota. Mas vamos ser específicos, não é? Você, McKinnon. – ironizou Sirius – Ele não quer concorrência, não é mesmo, professor? Olha aqui: eu não preciso de ninguém pra me ensinar a lidar com garotas. E se você quer algo com a McKinnon, acho melhor esperar a sua vez, Wentworth. Ela ainda pode ficar com outros caras, sabia? Ela não é sua.


-Ora seu, adolescentezinho imbecil... – Richard tentou partir para cima de Sirius, mas Marlene fez o melhor que pôde para segurá-lo


-Richard, você ainda é professor. Não pode sair por aí brigando com alunos. – lembrou Marlene, olhando no fundo dos olhos do professor


Richard pareceu sossegar um pouco.


Nesse momento, Remus Lupin surgiu no meio da multidão.


-O que é que está acontecendo aqui? – perguntou o maroto, vendo uma Marlene postada à frente do professor que encarava Sirius furiosamente, o que o outro maroto igualmente respondia.


-Nada demais, Lupin. – disse Marlene um pouco insegura – Apenas um mal entendido.


-Tem certeza?


-Por favor, tem como você dispersar esses curiosos? – pediu Marlene quase num sussurro


-Claro. – respondeu Lupin, imediatamente usando seu poder de monitor para enxotar os curiosos de plantão. Ele então voltou-se para o trio – O que aconteceu?


-O professor Wentworth e o Black tiveram uma discussão que chamou um pouco a atenção do pessoal. Mas já passou. – Marlene já falava com a voz mais firme, retomando o controle da situação.


Richard e Sirius continuavam a se encarar mas não davam mais sinais de que começariam uma briga.


-E por que foi que eles discutiram, McKinnon?


Marlene corou furiosamente com a pergunta, e Remus pareceu entender.


-Ah, tá. – o maroto monitor pigarreou, também sem-graça com a situação – É... Se tudo já está resolvido, acho que eu não tenho muito o que fazer aqui.


-É. Nem eu. – disse Richard. Ele olhou Marlene, segurando seu braço levemente – Eu vou embora. Sinto muito. – ela assentiu e ele continuou – Eu ainda espero você amanhã na minha sala.


-Tudo bem. – concordou ela – Boa noite.


Ele olhou mais uma vez ameaçadoramente para Sirius e depois de murmurar um “cuidado, Marlene”, se retirou com Remus.


Marlene observou os dois partirem, sumindo no meio dos estudantes, que voltaram a dançar.


-Se depois disso você ainda tinha dúvidas sobre ele estar a fim de você, acho que elas se foram. – comentou Sirius, próximo ao ouvido de Marlene.


Ela se virou para ele, encarando-o com uma sobrancelha arqueada.


-Me desculpe pela discussão com o Wentworth. – disse Sirius meio a contragosto – E desculpe por tentar te beijar também. Acho que acabei com a trégua para a amizade, né?


Marlene revirou os olhos.


-Se você apenas tentou me beijar, por causa do efeito do licor, eu entendo. Nós podemos tentar ser amigos mais uma vez.


-Sério? – Sirius sorriu


-Sério. – concordou ela – Mas cansei da festa. Não vou mais conseguir dançar com esses fofoqueiros sussurrando por aí sobre o que viram aqui.


-Então vamos embora. – sugeriu Sirius


-Hã? Não, não precisa me acompanhar de volta pro salão comunal. Eu consigo me orientar. Só preciso avisar a Dorcs e a Emmy.


-Você não vai voltar já para o salão comunal. A festa não deu muito certo mas você ainda pode ficar mais um pouco comigo. – disse Sirius – Não vou aceitar um “não”, Kinnon.


Ela hesitou um pouco, mas acabou concordando.


Depois de falar com Dorcas para avisar que ia embora da festa, ela e Sirius seguiram por um corredor no quarto andar.


-Eu sei de um lugar com uma vista legal no castelo. – comunicou Sirius – Vem comigo.


Ele puxou Marlene por uma série de corredores e escadas, até chegarem a um corredor sem saída, com uma grande janela.


-Chegamos. – anunciou o maroto, parando em frente à janela


-Ah, que legal. Subimos todas essas escadas para chegar numa... Janela.


-Sabia que você ia dar uma respostinha irônica. – disse Sirius passando os braços ao redor dos ombros da garota, que se esquivou – Vem, tolinha.


Ele abriu a janela e pulou.


-Black! – gritou Marlene, correndo até o peitoril da janela, para encontrar um Sirius rindo em uma espécie de terraço a mais ou menos um metro e meio abaixo da janela.


-Pula que eu te pego! – disse ele entre risos, estendendo os braços para frente.


-Seu cachorro! Você me assustou! – gritou ela


-Desce logo, McKinnon! Eu não deixo você cair!


-Tá louco, Black? Eu to de vestido! Não vou pular!


Ele revirou os olhos e falou:


-Eu fecho os olhos! Não vou ver nadinha!


-Aí como é que você vai me segurar, sua coisa?


-Decide, né! Ou eu fecho os olhos ou eu te seguro.


-Ah, droga! – ela pensou um pouco e decidiu – Feche os olhos! Vire para o outro lado!


-Tem certeza? – perguntou ele, decepcionado – É melhor para a sua segurança se eu te segurar!


-Não, bobo! Agora, vire-se!


Ela tirou as sandálias de salto, e, vendo que Sirius virara de costas, pulou. Para seu azar, acabou caindo de maneira errada, e torceu o tornozelo, soltando um gritinho.


Sirius se virou rapidamente, e viu a garota apoiada na parede com a mão no tornozelo.


-O que foi? – perguntou ele preocupado, se aproximando da garota


-Torci. – respondeu ela numa careta de dor


-Viu, só? Você devia ter deixado eu te pegar quando você pulasse.


-Ah, pára, seu pervertido. – ela se permitiu rir – Será que você não lembra algum feitiço para isso?


-Posso tentar, se você pedir com jeitinho. – ele ajudou Marlene a se sentar em um banco que provavelmente não fazia parte da decoração original do local


-Por favor, ó Sirius Black, herói das senhoritas desse castelo, seja meu herói e cure o meu tornozelo! – ela encenou e ele riu


-Na verdade, você esqueceu da parte de falar da minha incrível inteligência e insuperável beleza!


-Ah claro, e da sua humildade também. – ela ironizou – Vai, por favor, me ajuda.


-Tá bom, tá bom. – ele se ajoelhou aos pés dela e tocou o tornozelo. Ela mordeu o lábio inferior, segurando uma exclamação de dor – Calma. – ele deu um beijinho no tornozelo dela


-Isso faz cócegas! – ela riu


-Pra você ver: eu dou uma de galã e ela me fala que faz cócegas. Decepcionante, Kinnon. – ele suspirou – Mas vamos curar isso logo, né? Senão terei que te carregar até o dormitório masculino e as pessoas podem pensar besteira, sabe?


-Sei. Pessoas como você. – ela disse dando um peteleco na testa dele


Ele pronunciou um encantamento e a dor no tornozelo foi sumindo lentamente.


-Melhorou? – perguntou ele, se sentando ao lado dela


-Sim, obrigada. – respondeu ela


-Você tá me devendo uma, hein.


-Isso pode ser um problema. – ela disse, rindo – E então, quantas garotas você já trouxe aqui?


-Haaan... – ele fingiu contar nos dedos, e ela deu-lhe um tapa – Brincadeira. Nunca vim aqui com as garotas com quem eu...saio. Esse é um lugar onde às vezes os marotos se reúnem.


-Sei... Nunca trouxe garotas aqui, né? – falou ela desconfiada – E você nunca usou o truquezinho para elas pularem direto nos seus braços, né?


Ele gargalhou.


-Não, Kinnonzinha. Eu gosto de ter lugares mais privados e elas realmente não conhecem a palavra “privacidade”. Elas ficariam aparecendo aqui toda hora, atrás de mim. Não, obrigado.


-E aí está a humildade mais uma vez. – ela o censurou


-Desculpa, poxa. É a verdade. – ele encolheu os ombros – Mas e aí? Gostou da vista?


Ela se levantou e foi até a beirada do terraço.


Podia ver um grande pedaço do lago, da floresta proibida e dos jardins, além do céu estrelado. Ela olhou para baixo, e sentiu uma leve vertigem.


-Uau, isso é alto! – exclamou ela – Mas sim, gostei. É uma ótima vista.


Os dois ficaram conversando e rindo no terraço até umas duas horas da manhã. Sirius sentia que finalmente estava conseguindo se aproximar de Marlene, se tornar seu amigo. Mais um pouco e poderia chamá-la pelo primeiro nome.


Por fim, ela voltou sorrateiramente para o dormitório feminino, quando todas as outras garotas já dormiam.


Tomou uma ducha e jogou-se na cama, exausta. Mais um dia chegava ao seu fim.


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