Capítulo 11



Capítulo 11



 



 



- Harry?



Harry sabia que alguém o estava chamando, mas não reconhecia aquela voz. Em algum lugar da sua mente, sabia que deveria se lembrar daquela voz, mas, por mais que se esforçasse, não conseguia.



- Harry, você está me ouvindo?



Essa voz era praticamente impossível de esquecer. Ouvia desde que tinha 11 anos e, pelo tom da pergunta, Hermione parecia preocupada.



- Ele não está ouvindo, Mione. – a voz desconhecida suspirou – Vamos parar de importuná-lo.



Pelo silêncio, Harry teve certeza que Hermione lançou um olhar sobre a pessoa, mas ficou calada por achar que tinha razão.



- Onde está Gina? – a voz perguntou.



- Rony a arrastou para comer alguma coisa. – Hermione respondeu – Já estava aqui há muito tempo.



- Verdade... Ela é a mais preocupada.



Harry supôs que Hermione balançou a cabeça e o encarou com aquele olhar piedoso. Céus, como deveria estar a sua aparência? Ou melhor, o que havia acontecido? Por que não conseguia se forçar a abrir os olhos?



- Vocês não deveriam estar na aula? – aquela voz ele conhecia bem. Madame Pomfrey havia acabado de entrar no local.



- Viemos ver como Harry estava – Hermione se explicou – E queríamos saber se não há alguma coisa que podemos fazer.



Harry ouviu o barulho de um frasco sendo sacudido. O que será que era aquilo?



- No momento, a única coisa que podem fazer é sair daqui. – Madame Pomfrey disse – Quando ele acordar, prometo avisar a todos. Agora, vocês ajudam mais se ficarem fora da minha enfermaria.



- Acha mesmo que ele vai acordar logo? – a voz desconhecida perguntou.



- Assim espero... Agora, ele precisa de repouso. Vão, saiam, vou dar o remédio para o menino Potter. Se Merlin quiser, em breve o teremos de volta.



Harry quis abrir os olhos, mostrar que estava bem, mas não conseguiu. Ele não tinha domínio sobre o próprio corpo, e não conseguia obrigar a sua mão se mover, para demonstrar que estava ali.



De repente, sentiu uma picada em seu braço e, minutos depois, foi tragado pela inconsciência de novo.



 



 



 



~*~



 



 



Harry tinha quase certeza que estava sonhando. A julgar pela névoa e pelo campo gramado, aquilo só podia ser algum tipo de alucinação.



Ele caminhou em volta do campo, só então percebendo que estava um estádio de quadribol completamente vazio. Sentiu vontade de correr dali, mas, de repente, seus pés ficaram paralisados e ele não pode se mover.



- Ora, ora, ora... Nos encontramos de novo.



Harry olhou para trás e viu a Morte se aproximar em passos lentos. Ela sorria, mas não de uma forma sinistra e sim amigável.



- Como se sente, Harry? – quis saber.



- No momento? Paralisado. – ele falou se referindo aos próprios pés. – O que aconteceu?



- Você não se lembra?



- A última coisa que me lembro é de ver a Merope se matar. Depois disso, acho que... Acho que desmaiei.



A Morte balançou a cabeça e seu olhar ficou distante, como se estivesse refletindo sobre algo muito importante.



- Na verdade, você entrou em coma. – a Morte confessou – Precisava que ficasse desacordado enquanto eu decidia o que fazer com você.



- Há quanto tempo estou desacordado? – Harry quis saber.



- Três semanas. – ela respondeu – E sim, você está na escola. Todos acreditam que é melhor mantê-lo perto dos amigos, caso o pior aconteça.



- O que eles pensam que aconteceu comigo?



- Manipulei a história para que eles acreditassem que você sofreu um acidente no jogo de quadribol e o resultado foi esse coma.



Harry balançou a cabeça positivamente, e foi sua vez de encarar o campo de forma pensativa.



- O que vai acontecer comigo, afinal?



- Boa pergunta. – a Morte bateu palmas animadamente. – Você não seguiu o combinado e, de acordo com as minhas regras, eu deveria levá-lo comigo.



- Você disse que a Merope deveria morrer e ela está morta. Por que tenho que ir?



- Porque deveria matá-la e não deixar que ela fizesse esse serviço por você. Mas tem razão quando diz que, no final das contas, as coisas saíram como deveria ser. Merope está morta, e você... Bom, você está aqui. Foi por não matá-la que o deixei em coma. Eu precisava pensar no que fazer com você.



Harry engoliu em seco e sentiu um frio percorrer a sua espinha. Queria logo que aquilo acabasse. Ficar enrolando só piorava as coisas para todo mundo.



- Se a senhora vai me levar, por favor, faça isso de uma vez. – Harry pediu – Não quero meus amigos sofrendo por minha causa.



A Morte encarou Harry profundamente e então suspirou.



- O que está feito, está feito. – a Morte disse – Ainda que não tenha sido de acordo com os meus planos.



- O que isso significa?



A Morte abriu um sorriso e estalou os dedos, pouco antes de dizer:



- Vejo você no futuro, Harry Potter!



 



 



~*~



 



 



- Harry? – a voz desconhecida o chamou – Harry James Potter, levante logo esse traseiro branquelo dessa cama! Isso já está perdendo a graça.



Harry forçou suas pálpebras a se abrirem. No primeiro momento, a claridade o cegou completamente. Precisou piscar várias vezes para seus olhos se acostumarem com a luz e depois precisou ordenar seu cérebro a colocar todas as imagens em foco. E, foi nesse momento, que ele encontrou um par de olhos azul-acinzentados o encarando.



- Harry! Você acordou!



Ele piscou confusamente e só então conseguiu observar a pessoa a sua frente. Era uma menina. Possivelmente a menina mais linda que ele já viu na vida (depois de Gina, obviamente). Seus longos cabelos lisos e pretos formavam uma cortina em volta do seu rosto e o seu sorriso lhe era bastante familiar.



- Harry? Oh Merlin, será que além de tapado, você ficou sem voz?



- Quem é você?



- Ah não! Você ficou sem memória também? – agora a menina parecia bastante preocupada. – Eu vou chamar a Madame Pomfrey.



E então, com uma espécie de estalo, Harry reconheceu aquela menina. Cabelos pretos, sorriso amigável e gênio explosivo: aquela era a filha de Sirius e Marlene, sem dúvida.



- Não precisa chamar ninguém – Harry garantiu – Eu só estava tonto.



A menina ergueu a sobrancelha e encarou Harry com dúvida.



- Tem certeza?



- Tenho!



- Então, se você se lembra de mim, qual é o meu nome?



- É...



- Hey Summer! – um garoto entrou na enfermaria – Vamos para aula, e... Ah meu Merlin! Harry, você acordou! Cara, eu estava começando a ficar mesmo preocupado.



Se não fosse o cabelo mais claro e os olhos cor de mel, Harry poderia jurar que aquele era Frank.



- Em primeiro lugar, para você é Black! – Summer disse – E, em segundo lugar, você acabou de atrapalhar uma investigação importante.



- Que investigação?



- O Harry não conseguia se lembrar de mim. – ela disse com certa tristeza – Então estava lhe fazendo algumas perguntas.



Harry ficou em silêncio tentando encontrar alguma desculpa que justificasse sua falta de memória e lhe desse tempo para conhecer a todos, mas não foi preciso. De repente, sentiu uma forte pontada em sua cabeça. Várias imagens bombardearam a sua mente, como um flash, e então tudo o que precisava saber estava ali.



- Ei, vocês dois não precisam brigar ok?! – Harry garantiu – É claro que me lembro de tudo. Você é Summer Black, filha dos meus padrinhos, e você – ele encarou o menino – é Jason Longbottom, irmão do Neville.



Summer encarou Harry de forma avaliativa e então sorriu gentilmente, o fazendo lembrar muito de Marlene.



- Vou chamar os outros. – Summer disse – E você, Longbottom, vê se faz algo decente e cuida dele.



E então ela saiu da enfermaria, fazendo Jason abrir um sorriso enviesado.



- Quer um babador? – Harry brincou.



Jason deu uma risada e balançou a cabeça.



- Você tem sorte da Gina ser legal com você o tempo inteiro. A Summer ainda vai me enlouquecer, acredite.



Harry riu, sentindo sua cabeça doer um pouco. Ia comentar algo, mas instantes depois a enfermaria estava lotada.



Rony, Hermione, Gina, Neville, Luna, Summer, Jason, e até mesmo Draco, que estava de mãos dadas com uma garota loira que Harry reconheceu como Astoria, estavam parados, o encarando com sorrisos nos rostos.



- Saiam da frente, crianças, saiam da frente! – Madame Pomfrey pediu passagem e Harry sentiu um nó se formar em sua garganta ao ver a pessoa que vinha atrás dela.



- Como se sente, Harry?



- Melhor, Prof. Dumbledore, muito melhor agora. – Harry sorriu para todos a sua volta e se surpreendeu ao ver uma garotinha de onze anos passar por todo mundo e se jogar sobre ele na cama.



- Harry! Harry! – a menina disse – Você acordou! Você acordou! Promete que nunca mais vai dormir por tanto tempo?



Harry forçou a memória para tentar se lembrar da criança, mas isso só fez a sua cabeça doer ainda mais.



- Srta. Potter, acho que seu irmão precisa de descanso agora. – Dumbledore disse gentilmente.



Harry sentiu seu coração ficar apertado e encarou a sua – vejam só – irmã com atenção. Cabelos ruivos e longos, pele branca e com sardas nas bochechas e no nariz, olhos castanho-esverdeados. Ela era a cara da sua mãe, mas os olhos...



- Você tem os olhos do papai, Rachel! – Harry , de repente, soube o nome de sua irmã.



- E você os da mamãe, duh! – Rachel mostrou a língua para ele – Você não vai dormir de novo, não é?



- Eu espero que não! – Harry sorriu – Por que não fica aqui comigo enquanto a Madame Pomfrey me examina? Você pode me contar tudo o que perdi.



Harry encarou mais uma vez todos a sua volta, até que seus olhos encontraram os de Dumbledore, que lhe sorriu com cumplicidade.



 



 



~*~



 



 



A estação de King’s Cross estava lotada. Familiares dos alunos iam e vinham, enquanto o Expresso de Hogwarts não chegava.



Finalmente, os alunos estavam voltando para casa.



Quando o Expresso parou na estação, Harry saiu com tanta pressa que praticamente empurrou os alunos que estavam a sua frente. Um sorriso bobo apareceu em seu rosto quando encarou todo aquele quadro na estação: Sirius e Marlene, para variar, discutiam por alguma coisa boba. Ao lado deles, havia um garoto de uns oito anos tomando sorvete e rindo com aquela confusão. Seu nome era Brandon, Harry se lembrou, e ele era irmão de Summer; Frank e Alice sorriam para os dois filhos que se aproximavam, e Harry se sentiu muito feliz por poder mudar a história de Neville também. Ele merecia aquela felicidade; Remus e Ninfadora estavam lá também, com Teddy nos braços. A consciência de Harry o alertou que Emmeline e Remus haviam terminado um ano após a formatura, e agora ela morava na Irlanda com o marido e os filhos; ele também soube que Dorcas e Amos romperam. Ela decidiu se mudar para a Bulgária e ele, por sua vez, conheceu uma mulher lindíssima e se casou. Tempos depois, o casal teve Cedrico Diggory, que, por sinal, agora era noivo de Cho Chang; Peter, por sua vez, acabou se mudando com os pais para a França depois da formatura e não manteve contato com ninguém desde então.



Seus olhos correram pela plataforma e Harry quase correu em direção aos Weasley quando viu Fred e Jorge juntos, rindo de alguma piada.



- Ei, bobão, vai ficar aí parado? Papai e mamãe estão esperando! – Rachel disse e disparou pela plataforma. Harry a seguiu, mas não antes de beijar Gina e dizer:



- Já, já, vou lá falar com os meus sogros favoritos!



E então correu em direção aos pais. Seu coração parecia que ia sair pela boca quando os viu. James estava com Rachel no colo, e Lily com os braços abertos, o esperando para um abraço.



- Ah, meu filho, como senti sua falta! – Lily disse em meio ao abraço forte e beijou seu rosto.



- Não tanto quanto senti a sua. – Harry garantiu – Pai, como você está?



James sorriu e passou a mão por seus cabelos.



- Ótimo! E você também, pelo visto.



- Com certeza! – Harry disse.



- Querido, vou ali cumprimentar Molly e Arthur. Você vem?



- Claro! Só vou dar uma palavrinha rápida com nosso filho.



Lily sorriu e caminhou com Rachel em direção aos Weasley.



James puxou Harry para um canto e fez sinal para Sirius se aproximar.



- O que foi, pai? Sirius?



- Há vários anos, certo menino, que por sinal era a sua cara, nos fez uma visita e bom... Nós descobrimos sua identidade, e...



- Vocês se lembram? – Harry interrompeu o pai – Como?



- Consequências do feitiço. – Sirius deu de ombros – Apesar de, às vezes, haver algumas falhas sérias em nossa memória, nós nos lembramos de tudo. Agora, a pergunta que não quer calar é a seguinte: Como foi que você mudou toda a história?



- Tive uma ajudinha da Morte. – Harry respondeu.



- O que você fez? – James perguntou com curiosidade.



- Não esquentem! – Harry disse – Agora é só aproveitar. O que está feito, está feito!



James e Sirius se encararam, e então sorriram. Depois, cada um passou o braço por cima dos ombros de Harry e, juntos, caminharam em direção aos Weasley.



Finalmente as coisas estavam como deveriam ser.



Enquanto caminhava, Harry teve a certeza de ter ouvido a risada familiar da sua quase amiga Morte. O que está feito, está feito! Mas, de uma forma bem estranha, Harry descobriu que sempre há como voltar atrás.



 



~~



 



N/A: vou deixar a notinha final no epílogo, ok?! ;*

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Comentários (3)

  • Fernanda

    AAAAAAH! NÃO ACREDITO QUE CHEGOU AO FIM! Enfim, aos comentários: Gostei muito da fic. Estou muito feliz por ter tirado ela do "molho" (deixo diversas páginas com fics abertas)... Como já disse algumas vezes, para algumas pessoas, amo viajar e imaginar o Harry feliz. Conhecendo os pais... Formando vínculos mais fortes do que os formados apenas por memórias de terceiros. Sou louca por esse tipo de fic. Mas já reparou o quão difícil é achar ums boa terminada? Ainda bem que essa tava! Vi preparada para o Harry não mudar nada e eu sofrer horrores no final e ficar feliz pela a escolha... QUE BOM QUE NÃO ACONTECEU! ELE MUDOU A HISTÓRIA! ISSO É FANTÁSTICO... E LOUCO. MUITO LOUCO. MASOK. Agradesço muito por Sirius e James lembrarem, cara. Qual seria a graça de toda essa aventura e não ficar mais nenhum registro além do Harry. Outro ponto positivo é o fato de não ter muita irrolação... E os shipps! OS SHIPPS! JILY! BLACKINNON! E mesmo que pouco Romione e Ginny e até uma menção de Drastória. E vou imaginar que será SCOROSE. Amém. O que sentir falta? Trio de ouro. Kakakkakakal É muito bad uma aventura (loucura rs) sem os amigos e Ginny. Ficava imaginando eles brotando do chão o tempo tooodo MAMAKAKALLSLSLSLALA Parey. Pessoa normal entrando. . . . . Voltando, não comentei muito por está sem intenet e nesse momento estou roubando para comentar rs... FALANDO NISSO EU SOUBE O TEMPO TODO POR QUE TINHA QUE MATAR MERÓPE! É UMA TEORIA QUE ACHO LOUCA MAS JÁ SUSTENTO POR UM TEMPO! E VOCÊ COMPARTILHA DELA! (Te abraçando) Concluindo: Eu berrei + eu chorei = eu gostei Acho que é isso... Tchau. Vou ler epílogo. Se eu tiver sorte Mione, Gina e Astória pari meus bebês no mesmo dia... Besitos

    2018-01-14
  • Lana Silva

    Eu também chorei sabe não vi como não chorar. Porque sei lá todo sofrimento que eles passaram tudo mesmo ....Desde o sofrimento do Harry por ter perdido os pais, depois conviver com os tios que só faziam maldades com ele, ai ter sempre que lutar com o Lord V. nossa isso realmente foi lindo o final foi perfeito ahhh todo mundo vivo a Marlene, o Sirius, Dorcas, Lupin, Tonks....Lily, James realmente não tinha como fazer final melhor que esse!

    2011-12-08
  • hell yeah

    EU CHOREI. ai, sério, final perfeito para a fic perfeita! :~ pensar em harry com sua família, sirius, remus e todos vivos é muito lindo :~

    2011-08-29
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