Capítulo 10



N/A: as partes escritas em cinza no capítulo, são trechos dos livros de HP, ok?!




Capítulo 10



 



 



 



A sensação de aparatar não era nada, comparada àquela viagem no tempo com a Morte. Enquanto voltava para o passado, Harry sentia-se tragado por uma escuridão fria e estranhamente convidativa. Sentia vontade de fechar os olhos e dormir por muito tempo. Suas pálpebras estavam pesadas e não faria nada mal tirar um cochilo. Ele estava tão cansado...



E então, quando pensou em ceder àquela escuridão, Harry se viu no ano de 1924. Seus pés tocavam o chão do jardim totalmente mal cuidado da casa dos Gaunt.



- O que achou da carona? – a Morte perguntou com tranquilidade.



- Não se ofenda, mas sua carona me fez ter vontade de dormir. – ele respondeu com sinceridade.



A Morte deu uma gargalhada.



- Ah não, criança, você não sentiu vontade de dormir. – ela disse – Você teve vontade de morrer. Todo aquele sono, a vontade de fechar os olhos para sempre... Aquilo era o meu poder tentando persuadir você.



Harry sentiu um frio percorrer a sua espinha. A ideia de quase ter se rendido a morte não era muito animadora.



- Ok, isso não é muito legal. – Harry franziu o cenho e decidiu mudar o rumo da conversa para o que realmente importava. – E então, agora é só matá-la?



- Agora é só matá-la. – a Morte confirmou – E, como é do meu feitio, você pode me pedir um presente. Mas, por favor, seja criativo. Nada de capas, varinhas ou pedras da ressurreição.



Harry sorriu levemente e balançou a cabeça positivamente.



- Quero uma penseira. – Harry disse.



- Uma penseira? Tantas coisas para pedir e você quer uma penseira?



- Sim – Harry disse – Merope precisa saber por que está morrendo. Seria injusto entrar naquela casa e matá-la, sem ao menos deixá-la saber o que a sua obsessão causou.



A Morte refletiu por um instante, e então, com um estalar de dedos, fez surgir uma penseira.



- Aí está – a Morte disse tediosamente – Boa sorte com o show de horrores.



Com um aceno da varinha, Harry fez a penseira flutuar a seu lado enquanto caminhava em direção a porta de entrada. Estava prestes a bater na porta, quando a Morte disse as palavras que tornaram aquela simples missão em algo muito assustador.



- Potter, é bom que saiba que não poderá voltar para o tempo dos seus pais.



- Não vou poder me despedir deles? – Harry perguntou pausadamente.



- Não.



- Tem mais alguma coisa de última hora que eu tenha que saber?



- Ah sim. – a Morte abriu aquele sorriso sinistro – Se você falhar agora, isso terá consequências.



- Que tipo de consequência?



- Se a Merope não morrer esta noite, você morrerá. Uma vida por outra vida, lembra?



Harry sentiu seus olhos arregalarem com o choque daquela informação. Seus dedos seguraram a varinha com mais força e ele teve vontade de dizer as coisas mais bizarras que passaram por sua mente. Naquele momento ele soube que, se a Morte pudesse morrer, ele a mataria.



- Boa sorte, criança!



E então, com essa última frase, a Morte se foi. Agora Harry estava por sua própria conta e risco.



 



 



 



~*~



 



 



 



 



Enquanto Harry estava ocupado demais tentando salvar a vida das pessoas que amava, a vida em Hogwarts seguia como se ele nunca tivesse passado por lá. Aquilo era normal, afinal, quando Harry aceitou a oferta de Dumbledore para voltar no tempo, sabia que, uma hora ou outra, o feitiço iria ser desfeito e ninguém se lembraria de sua passagem pela escola.



Havia apenas duas pessoas que, naquela manhã, acordaram com uma sensação estranha de vazio. James e Sirius, por mais que tentassem ignorar, não conseguiam se livrar da ideia fixa de que alguma coisa estava acontecendo e que estavam esquecendo algo importante. Talvez fosse alguma tarefa atrasada ou trabalho para entregar, mas não tinham como saber.



Aquele incômodo durou apenas até a hora da aula de Transfiguração, quando Sirius tomou coragem e foi falar com seu melhor amigo a respeito daquilo. Se estivesse mesmo ficando louco, James seria o primeiro a dizer – depois de dar boas risadas.



- Pontas, você pode rir de mim se quiser, mas hoje acordei meio estranho.



- E qual é a novidade? – James brincou.



Sirius revirou os olhos e deu um tapa na cabeça de James.



- Eu ‘tô falando sério, pô! – Sirius disse – Eu acordei com uma sensação estranha de vazio e tenho a ligeira impressão que isso não é normal. Perguntei ao Remus e ao Peter, mas, aparentemente, estão bem com eles mesmos.



- Além da sensação de vazio você sente como se tivesse esquecendo algo muito importante? – James perguntou.



- Exatamente! Você também se sente assim?



- Aham e, para completar, tive um sonho absurdo. – James confessou.



- Não mais absurdo que o meu. – Sirius garantiu – Sonhei que conhecia o seu filho, que, por sinal, era o meu afilhado.



- E por acaso o nome dele era...



- Harry?



Sirius e James se encararam e, como um flash, várias imagens começaram a invadir suas mentes, fazendo-os lembrar do que nem deveriam saber.



Então essa era a consequência do feitiço. Quando James e Sirius descobriram a verdadeira identidade de Harry, ele havia os alertado que aquilo era perigoso e que não sabia ao certo o que poderia acontecer por causa daquela descoberta, mas agora eles sabiam. E não tinham a certeza se gostavam ou não daquilo. Porque quando Sirius e James olharam em volta, passaram a ver o mundo de forma diferente. Era como se esperassem que, a qualquer momento, algo muito ruim fosse acontecer ou então a Morte em pessoa fosse buscá-los.



- Acho que Harry estava certo, afinal. – James murmurou – Não deveríamos conhecer a verdade.



Sirius meneou a cabeça, concordando.



- Então é isso? Vamos ter que conviver com a certeza de que, em breve, vamos morrer? – Sirius perguntou, sem saber que sua morte levaria muito mais tempo para acontecer do que ele imaginava.



- Acho que vamos ter que tentar não surtar com isso. – James engoliu em seco – O que faremos agora?



- Ficamos de bico fechado e aproveitamos a vida – Sirius abriu um sorriso maroto – ou o que resta dela, pelo menos.



James balançou a cabeça positivamente e, antes que perdesse a coragem, saiu correndo pelo corredor.



- Ei, Pontas, aonde você vai? – Sirius gritou.



- Vou viver a vida, meu amigo.





*





Quando James encontrou Lily, ela estava sozinha e cheia de livros. Apesar da amizade deles estar no começo, ele sabia que não tinha muito tempo a perder. Se continuasse cercando a menina sem tomar uma atitude definitiva, era bem capaz de morrer sem nem mesmo contribuir para o nascimento do Harry, e isso não era nada bom.



- Evans, eu preciso falar com você. – James parou em frente à menina.



- Ok, que tal você falar enquanto vamos para a aula? – Lily sugeriu.



- Não dá, eu tenho que falar agora e preciso que você olhe para mim.



Lily franziu o cenho. Que diabos James queria agora? Mal tinham começado uma amizade e ele já estava querendo abusar?



- Certo, Potter, seja rápido.



- Ok – James respirou fundo e encarou Lily – Sei que você acha que isso é brincadeira, mas eu te amo de verdade e ‘tô cansado tentar chegar até você por meio de cantadas, piadinhas e dezenas de outras coisas que, obviamente, não surtem efeito nenhum.



“Eu ‘tô cansado de passar dias e dias pensando em vários discursos para dizer a você, e no final ficar de boca fechada, porque sempre acho que você merece algo mais do que meia dúzia de palavras ensaiadas. Você pode me achar convencido, arrogante e idiota... E de fato sou mesmo. Mas isso não significa que por trás do cara que gosta de zoar com a maioria das coisas, está uma pessoa que é realmente capaz de amar alguém. E, no meu caso, esse alguém é você.”



“Eu vou entender se você não quiser olhar na minha cara pelo resto do dia ou do ano, mas Lily, eu preciso que me responda uma coisa.”



Lily balançou a cabeça positivamente, incapaz de formular alguma frase que fizesse sentido.



- Ok, lá vai. – James tornou a respirar fundo e deu um passo em direção a ruiva, para encarar seus olhos verdes de perto – Sei que sou um idiota, mas existe alguma possibilidade, a mais remota que seja, de que algum dia você me dê uma chance?



- Se você tivesse falado todas essas coisas ontem de manhã, a minha resposta seria não. – Lily respondeu com sinceridade – Mas depois de me salvar do Snape e de ter tido coragem para me dizer tudo isso... Você com certeza tem chance, Potter.



James abriu o sorriso mais bobo do mundo e enfiou a mão nos bolsos, antes que não conseguisse conter a vontade de agarrar Lily e beijá-la ali mesmo.



- Obrigado, era só isso o que eu precisava saber. – James disse.



- Er... Potter?



- Sim?



- É melhor irmos para a aula agora. – Lily sorriu.



- Ah sim, claro, a aula! – James concordou. – Venha, me deixe te ajudar com esses livros. – ele tirou as mãos do bolso e as estendeu para pegar o material de Lily.



Naquele instante, suas mãos se tocaram e um choque percorreu pelo corpo dos dois. E, antes que o contato visual fosse interrompido, James aproximou seu rosto ao de Lily e tocou os lábios dela com os seus.



Ele não fez mais do que isso. Apenas deu um longo selinho em Lily, com medo de assustá-la e fazê-la sair correndo dali. Quando se afastou, pensou que fosse levar um belo tapa, mas ao invés disso, Lily sorriu timidamente e encarou os próprios pés.



- Vamos para a sala agora, Potter.



- Vamos para a sala agora, Evans. – James concordou e, pela primeira vez, sentiu-se a pessoa mais feliz de todo o mundo.



A ideia de viver a vida com intensidade lhe parecia muito agradável agora.



 



 



 



~*~



 



 



 



Harry estava parado em frente à porta de entrada da casa dos Gaunt, sem saber exatamente o que fazer. Deveria bater na porta ou simplesmente arrombar, usando o feitiço Bombarda Maxima para causar mais impacto? A primeira opção parecia muito estúpida, pois como ele iria se apresentar? “Oi, Srta. Gaunt! Eu sou Harry Potter e estou aqui para te matar.”. Provavelmente Merope começaria a gritar ou então tacaria uma frigideira em sua cabeça. A segunda opção lhe parecia ainda menos convidativa, pois além de assustá-la, chamaria a atenção dos vizinhos.



De forma que lá estava Harry, parado do lado de fora, com a varinha em mãos e a penseira flutuando ao seu lado, sem conseguir se decidir qual seria a melhor forma de entrar na casa para então... Bom, para então matar Merope e acabar com aquilo tudo de uma vez.



- Ok, Harry, você enfrentou o maior bruxo das trevas, agora é hora de enfrentar a mãe dele. – Harry murmurou e então apontou a varinha para a fechadura e murmurou – Alohomora.



E a porta se abriu. Harry apontou a varinha para a penseira e fez com que flutuasse a sua frente.



- Quem está aí? – Merope gritou da cozinha.



- Srta. Gaunt? – Harry pigarreou e caminhou em direção a cozinha – Srta. Gaunt, me desculpe por entrar em sua casa assim, mas a porta estava aberta, e...



- Quem é você?



Merope apareceu antes que Harry alcançasse a cozinha. A pouca luz fazia com que a mulher parecesse ainda mais estranha do que Harry se lembrava. Seus cabelos lisos e pretos estavam minguados e sem vida, e seus olhos cheios de olheiras profundas. Ela parecia ainda mais magra que antes, se fosse possível.



- Meu nome é Harry Potter – ele disse – E eu vim até aqui para conversar.



Merope meneou a cabeça e olhou para Harry de cima a baixo, de forma avaliativa.



- Se você veio aqui para falar sobre meu pai e meu irmão, não estou interessada – ela disse tentando parecer corajosa, mas sem muito sucesso – Achei que já estava livre daqueles dois.



Harry piscou, um pouco confuso, e então sua ficha caiu. Merope não era idiota o suficiente para não notar que ele era um bruxo. Havia uma penseira flutuando a sua frente e uma varinha em suas mãos. Até a pessoa mais burra do mundo teria notado algo estranho. Provavelmente ela pensava que ele era algum membro do Ministério que viera falar a respeito de sua família criminosa. “Você quase acertou, Merope!”



- Não vim falar deles. – Harry garantiu – Meu assunto com a senhorita é...



- Se não nos conhecemos, não podemos ter um assunto a tratar.



Nesse momento, Harry percebeu que mentir não ajudaria em nada, então respirou fundo e encarou a mulher a sua frente com seriedade.



- A senhorita não me conhece, é verdade. Mas eu a conheço. E, infelizmente, não posso dizer que o que sei me agrada.



- De onde me conhece? – Merope perguntou – Não lembro de já ter te visto por aqui.



“Claro que não.” Harry pensou “Você só tem olhos para Tom Riddle.”



- É porque essa é a primeira vez – “segunda” Harry se corrigiu mentalmente e continuou – que estou realmente aqui. Quero dizer, já estive aqui antes, mas foi através das lembranças de outras pessoas. – explicou.



- Lembranças? – Merope indagou – Lembranças de quem?



- Isso não importa – Harry a cortou – O que interessa é que precisamos conversar.



Merope deu um passo para trás.



- Sobre o que?



- Você, Tom Riddle e o futuro filho dos dois. – Harry disse sem rodeios.



Merope arregalou os olhos, tendo a certeza de que o rapaz a sua frente estava completamente louco. Pensou em gritar e fugir, mas não tinha muita certeza se conseguiria levar vantagem na corrida com um garoto não jovem. Precisaria atrasá-lo, para então pensar em correr. Foi então que ela retirou a varinha de suas vestes, apontou para Harry e gritou:



- Estupefaça!



- Protego! – Harry se defendeu.



Merope lançou outra azaração sobre Harry, que desviou e lançou outro feitiço, que foi rebatido por ela.



Percebendo que não adiantava apenas duelar, Merope correu para a saída dos fundos e Harry a seguiu, vez ou outra desviando dos feitiços lançados por ela, até que, por fim, ele se cansou daquela briga de gato e rato, e gritou:



- Incarcerous!



E então Merope caiu no jardim, amarrada por cordas grossas como cobras, completamente indefesa. Antes que pudesse pensar em gritar e chamar ainda mais a atenção dos vizinhos, Harry se adiantou e disse:



- Silencio!



Com mais um floreio de sua varinha, Harry fez o corpo de Merope flutuar de volta para casa e a largou sobre a mesa da cozinha.



- Eu realmente não queria que nossa conversa fosse dessa forma, Srta. Gaunt, mas antes que eu pudesse me explicar, a senhorita começou a me atacar e não me deu alternativa – ele se desculpou – Agora, se eu soltá-la, promete me ouvir sem tentar fugir?



Merope fez um sinal positivo com a cabeça, e Harry – depois de se certificar que as portas e as janelas estavam devidamente trancadas – a soltou e devolveu sua voz.



- O que você quer de mim? – ela perguntou com lágrimas nos olhos.



- Te explicar algumas coisas.



Harry começou a contar sobre o que o futuro reservava para ela, até que finalmente chegou à parte mais sombria da história – o nascimento de seu filho. Contou sobre Voldemort e o estrago que ele fez não apenas em sua vida, mas em todo o mundo bruxo.



- Eu não acredito em você. – Merope disse por fim.



- Mas eu posso te provar.



Harry colocou a ponta da varinha em sua têmpora e dali puxou um fio prateado que continha suas lembranças. Em seguida, ele jogou na penseira e puxou Merope para perto.



- Eu não quero ver nada!



- Mas vai.



Esquecendo-se das boas maneiras, Harry obrigou Merope a mergulhar a cabeça na penseira, fazendo o mesmo depois. Em seguida, eles foram sugados para dentro da primeira lembrança e, sem dúvida, a mais desagradável de todas.



Os dois estavam parados dentro de um quarto de bebê. O seu antigo quarto. Apesar de já ter visto aquela cena milhares de vezes em seus piores pesadelos, não tinha como Harry não se emocionar com aquilo tudo. Era terrível ter que ver a morte dos seus pais.



- Onde estamos? – Merope perguntou.



- Na minha casa, em Godric’s Hollow. – Harry respondeu – Pouco antes do seu filho chegar e acabar com tudo.



Merope quis questionar, mas então o primeiro grito foi ouvido.



 



- Lily, leve Harry e vá! É ele! Vá! Corra! Eu o atraso...



 



Segundos depois, Lily entrou no quarto segurando o bebê e o colocou no berço. Ela estava assustada e seus olhos estavam banhados de lágrimas.



Merope queria perguntar o que estava acontecendo, mas uma gargalhada aguda foi ouvida e o primeiro clarão verde foi visto.



- Por que...?



- Shhh... Veja tudo e eu lhe explico depois.



Merope balançou a cabeça e reprimiu um grito de horror quando Voldemort invadiu o quarto. Seus olhos vermelhos beiravam a insanidade e a assustavam como ninguém.



 



- Harry não! Harry não! Por favor... farei qualquer coisa...



- Afaste-se menina!



 



Voldemort exigiu e a última coisa que Lily pode ver foi o clarão verde de sua varinha, antes de cair morta no chão.



Voldemort caminhou até o berço e então, depois de lançar a maldição de morte sobre Harry, desapareceu.



- Quem... Quem era ele?



- Tom Riddle, seu filho.



- Não pode ser... – Merope murmurou – E quem é o menino que sobreviveu?



Harry afastou o cabelo da própria testa e mostrou a Merope a cicatriz em forma de raio idêntica a do bebê.



- O bebê sou eu.



E então o cenário mudou. Agora eles estavam juntos na Câmara Secreta, vendo Gina definhar enquanto a lembrança de Tom Riddle se tornava cada vez mais forte. Novamente Merope quis perguntar o que estava havendo, mas preferiu ficar calada e ouvir parte do diálogo que estava acontecendo.



 



- Bem – disse Riddle, dando um sorrido agradável –, como foi que você, um garoto magricela, sem nenhum talento mágico excepcional, conseguiu derrotar o maior bruxo de todos os tempos? Como foi que você escapou apenas com uma cicatriz, enquanto os poderes do Lord Voldemort foram destruídos?



- Que lhe interessa como escapei? – perguntou Harry lentamente – Voldemort foi depois do seu tempo...



- Voldemort – disse Riddle com indulgência – é o meu passado, presente e futuro, Harry Potter...



E, tirando a varinha de Harry do bolso, ele escreveu no ar três palavras cintilantes:



TOM SERVOLEO RIDDLE



Em seguida, agitou a varinha uma vez e as letras do seu nome se rearrumaram:



EIS LORD VOLDEMORT



- Entendeu? Era um nome que eu já usava em Hogwarts, só para meus amigos mais íntimos, é claro. Você acha que eu ia usar o nome nojento do meu pai trouxa para sempre? Eu, em cujas veias corre o sangue do próprio Salazar Slytherin, pelo lado de minha mãe? Eu, conservar o nome de um trouxa sujo e comum, que me abandonou mesmo antes de eu nascer, só porque descobriu que minha mãe era bruxa? Não, Harry, criei para mim um nome novo, um nome que eu sabia que os bruxos de todo o mundo um dia teriam medo de pronunciar, quando eu me tornasse o maior bruxo do mundo.



 



Merope piscou e grossas lágrimas rolaram por seu rosto. Como seu filho podia ter tanto ódio em seu coração? Quando ela pensava em formar uma família, jamais imaginava ter um filho que planejava se tornar o maior bruxo das trevas de todos os tempos.



A cena mudou mais uma vez.



Harry e Merope estavam no cemitério onde o ritual para o retorno de Voldemort aconteceu. Ela viu, com choque, um caldeirão no meio do lugar e um sujeito gordinho jogar um corpo frágil ali dentro. Seu olhar percorreu o lugar e ela encontrou Harry preso, sendo obrigado a acompanhar aquilo tudo.



De repente, Rabicho ergueu a varinha e começou a falar.





 - Osso do pai, dado sem saber, renove filho!





Merope viu a superfície abaixo dos pés de Harry rachar e, de dentro daquela rachadura, um fiapo de poeira se ergueu e caiu suavemente no caldeirão. Várias faíscas saíram dali, disparando para todos os lados.



E então, Rabicho continuou. Ela o viu choramingar, antes de pegar um punhal de dentro das vestes.



 



- Carne... do servo... da-da de bom grado... reanime... o seu amo.



 



Merope não estava preparada para a cena que veio a seguir, por isso não conseguiu abafar um grito quando Rabicho cortou fora a própria mão e deixou que ela caísse no caldeirão, fazendo a poção adquirir um tom vermelho vivo.



- Ele é louco! – Merope disse.



- Você não faz ideia...



Merope então viu Rabicho, gemendo e ofegando de agonia, se aproximar de Harry para seguir com o ritual.



 



- S-sangue do inimigo... tirado à força... ressuscite... seu adversário.



 



Com o horror estampado nos olhos, Merope viu Rabicho cortar o braço de Harry, para então despejar as gotas de seu sangue no caldeirão. A poção que ali estava adquiriu um tom branco ofuscante.



Enquanto o caldeirão cozinhava e disparava faíscas para todos os lados, Merope ficava se perguntando o que teria acontecido com aquele corpinho que fora jogado ali.



E então, como se tivessem ouvido a sua pergunta silenciosa, todas as faíscas cessaram e depois de uma nuvem branca se erguer, Merope pode ver a silhueta do seu filho.



- O que ele fez? – Merope perguntou horrorizada, ante a figura esquelética e assombrosa de seu filho.



- Ele? Ele fez as piores coisas do mundo, mas acho que isso você já percebeu.



Mais uma vez a cena mudou e, dessa vez, eles estavam em Hogwarts, durante a batalha final. Harry permitiu que Merope tivesse uma visão geral da batalha e das mortes, mas antes que a cena mudasse e ela pudesse acompanhar a morte de seu filho, Harry a tirou da penseira.



- O que aconteceu com ele? – Merope perguntou angustiada.



Depois de tudo o que viu e ouviu, Merope não tinha mais dúvidas de que Harry estava falando a verdade. Até mesmo para ela, que passou grande parte da vida sendo odiada e desprezada pelo pai e irmão, as atitudes de seu filho eram desumanas e cruéis. Como alguém podia ser tão perverso? Ela não conseguia entender.



- Srta. Gaunt, Voldemort não tinha piedade de ninguém. Ele não ligava para ninguém, não se preocupava em matar as pessoas para conseguir o que quisesse... Ele era mau e cruel.



- Por quê?



Harry pensou em mentir, mas isso não ajudaria muito. Então, ele respirou fundo e contou a verdade:



- Porque você está destinada a dar a luz ao Lord das Trevas.



- Quer dizer que a culpada sou eu?



Harry balançou a cabeça positivamente.



- Sim, Srta. Gaunt.



Merope meneou a cabeça e ficou pensativa por alguns instantes.



- O que aconteceu com meu filho? – ela perguntou novamente.



- Está morto agora. – Harry respondeu – Eu estava destinado a matá-lo.



Merope ficou em silêncio por mais alguns instantes e depois fez a última coisa que Harry esperava: se ajoelhou no chão e começou a chorar desesperadamente.



- Eu nunca quis que pessoas morressem ou fossem oprimidas da mesma forma que meu pai fazia comigo. Eu não queria que meu filho fosse um assassino e muito menos se tornasse um monstro. A culpa disso é minha!



Harry queria dizer que não, mas Merope tinha razão. Ele queria poder consolá-la, mas nada do que dissesse mudaria alguma coisa.



- Merope, não fique assim. – Harry conseguiu dizer – A culpa não foi toda sua.



- Foi sim! – ela disse entre soluços – E você deve me matar agora.



- O quê? – Harry foi pego de surpresa por aquele pedido.



- Me mate, menino! – Merope implorou – Só assim todos ficarão livres.



Harry ergueu sua varinha, hesitante, e apontou para Merope. Estava prestes a matar a pessoa que, indiretamente, causou tantos problemas. Iria se livrar de toda aquela confusão e quando voltasse para o seu tempo, teria seus pais esperando por ele, como deveria ser.



Merope fechou os olhos e esperou pelo feitiço de morte. Com sorte, tudo estaria acabado em alguns segundos e ela descansaria em paz.



- Eu não posso... – Harry disse.



- Por que não? Meu filho matou seus pais e você tem a chance de acabar com isso agora. – Merope se colocou de pé e encostou-se na pia da cozinha – Por que não me mata?



- Porque não sou como ele. – Harry confessou, sabendo que aquela desistência causaria a sua morte. – Eu não sou um assassino. Não vou matar você!



- Mas eu sim! – Merope pegou a faca que estava dentro da pia e acertou o próprio peito, direto no coração, e, segundos depois, caiu no chão.



Harry correu para o seu corpo, sem saber o que deveria fazer. Por que aquelas coisas só aconteciam com ele?



- Merope? – ele a chamou pelo primeiro nome – Merope, por favor, fale comigo.



- Perdão... – foi a última coisa que Merope sussurrou antes morrer.



Harry ainda deu alguns tapinhas no rosto de Merope, tentando reanimá-la, mas já era tarde demais.



- Morte dramática, eu adorei. – a Morte apareceu e bateu palmas.



- Você me dá nojo.



- Dando nojo ou não... O que está feito, está feito. – a Morte disse e, antes que Harry dissesse mais alguma coisa, estalou os dedos.



Instantes depois, Harry foi sugado por aquela escuridão familiar, mas, dessa vez, teve a sensação de que não acordaria mais.



 



 



 



 



 



 



~~



 



 



 



 



 



 



N/A: Heeey meus amores!



Eis o penúltimo capítulo da fic. O que acharam? Espero que tenham gostado, apesar dele ter ficado meio corrido. O que será que vai acontecer com o pobre Harry, hein? O que será que o aguarda? Isso vocês vão saber no próximo – e último – capítulo.



Comentem muuuuuuito ok?! *-*



Xoxo,



Mily.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (3)

  • Lana Silva

    Nossa capitulo eletrizante. De um certo modo senti pela morte da Merope...Não foi tão dramatica como a morte disse só foi humana, qualquer pessoa que soubesse de tanta miseria e destruição faria isso! Ameii

    2011-12-08
  • Natti Black

    Meeeeeu deeeeus , capitulo tensooo , Deus do Céu , eu sabia que ele não mataria a Merope , mas nunca imaginaria que ela se mataria ,  Agora nos resta saber se a morte estava falando realmente a verdade .  E o james awwwn, ele foi tãaao lindoo ...

    2011-08-26
  • hell yeah

    penúltimo capítulo, que tristeza! :~ espero que as "leis da morte" sejam maleáveis, afinal, a merope morreu né? quero harry vivo, james vivo, lily viva, sirius vivo, remus vivo... peter, não dou a mínima! hahaha aguardando o final, infelizmente! :~

    2011-08-25
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.