Prólogo



Prólogo.




- Com caraminholas na cabeça de novo, Harry?


- Não! – ele respondeu muito rápido – Quero dizer, talvez... Um pouco, não sei!


Uma risadinha baixa preencheu o lugar e Harry sentiu suas bochechas corarem levemente.


- Qual é o problema dessa vez? Sua cicatriz voltou a doer depois de quase um ano?


- Não, está tudo bem – Harry respondeu e apenas por hábito levou a mão até a testa – Dessa dor me livrei para sempre.


- Então qual é o verdadeiro problema?


Harry suspirou. Nunca foi bom com mentiras, ainda mais se estivesse tentando enganar Alvo Dumbledore. Mesmo sendo apenas uma lembrança presa em um retrato, Harry tinha certeza que ele era capaz de identificar suas emoções, ainda que tentasse esconder.


Sem ter para onde correr, puxou a cadeira que ficava em frente à mesa do Diretor, ou melhor, da Diretora Minerva, que graças a Merlin não estava presente para ouvir toda aquela conversa, e se sentou.


- Amanhã é dia trinta e um.


- Sim, eu sei!


- É amanhã o...


- Aniversário de morte dos seus pais. – o quadro de Dumbledore completou a frase – Eu sei bem, Harry, ainda me lembro perfeitamente do dia em que tudo aconteceu.


Houve um momento de silêncio na sala que nem Dumbledore e nem Harry ousaram quebrar. Os dois pareciam perdidos nas próprias reflexões e, de certa forma, pareciam lutar com as palavras que pretendiam dizer a seguir.


- Às vezes penso que isso é loucura, afinal, nunca os conheci, mas...


- Mas?


- Sinto falta deles. – Harry admitiu – Sinto falta de lembranças que nem existiram e isso me deixa atormentado, principalmente no aniversário de morte deles. Eu gostaria de ter tido a oportunidade de saber como eles eram, entende? Sei que deveria ter me acostumado, mas me incomoda ter que ir atrás das lembranças alheias para poder ouvir sobre os meus pais.


Mais uma vez o silêncio reinou naquele lugar. Harry parecia mais relaxado por ter desabafado, ao passo que Dumbledore tamborilava os dedos na moldura de seu quadro, com um olhar distante de tudo e de todos.


- Professor?


- Sim, Harry!


- Sinto muito por incomodá-lo – Harry se colocou de pé – Preciso ir antes que a Hermione, a Gina e o Ron comecem a me procurar pela escola. Obrigado por me ouvir!


Harry abriu um sorriso para o quadro e se virou para sair. Estava quase chegando à porta do escritório, quando a voz de Dumbledore fez com que parasse.


- E se houvesse uma forma de você poder conviver com os seus pais, Harry, ainda que fosse por pouco tempo?


Harry virou-se bruscamente e correu em direção ao quadro, parando bem em frente à moldura.


- Por favor, senhor, se houver alguma forma d’eu poder conhecer meus pais de verdade, me diga! – Harry implorou, sentindo seu coração bater tão rápido que pensou que fosse enfartar.


Dumbledore sorriu e fez um breve aceno com a cabeça.


- Naquele armário – ele apontou para o local – tem um livro com uma capa de couro marrom bastante envelhecida. Pertencia a seção restrita da biblioteca, mas por motivos óbvios o retirei de lá antes que mais pessoas pudessem lê-lo. Vá até lá e pegue-o, por favor.


Harry não precisou ouvir aquela ordem duas vezes e caminhou em passos longos em direção ao armário. O livro estava empoeirado e atrás de vários outros cacarecos que pertenciam ao antigo Diretor de Hogwarts.


- Então, senhor, o que devo fazer? – ele perguntou empolgado.


- Antes de qualquer coisa você deve me ouvir. – Dumbledore disse sério – Para que o feitiço que está aí dê certo, Harry, você deve saber que não poderá interferir no destino. Eu vou lhe dar a chance de voltar ao passado e conviver com seus pais, mas deve saber que o que passou, passou, e não há nada que você possa fazer para mudar isso.


Harry assentiu rapidamente.


- Está me entendendo bem, Harry? Você não pode avisá-los de seus destinos, não pode ir atrás de Tom Riddle e muito menos revelar aos seus pais a sua verdadeira identidade. Qualquer intervenção sua, por mínima que seja, pode alterar todo o futuro e prejudicar a todos que você conhece.


Harry ficou em silêncio por alguns segundos. Dumbledore estava lhe dando a chance de sua vida, então era melhor aceitar aquelas condições, por mais difíceis que fossem, ou não teria a chance de voltar. O ex-Diretor não iria ensiná-lo a fazer o feitiço caso não prometesse cumprir exatamente as regras impostas a ele.


- Certo, senhor, eu entendi! – Harry garantiu – Prometo que não vou interferir em nada.


Dumbledore franziu o cenho, enquanto alisava sua longa barba. Harry parecia ser sincero em sua promessa; não havia motivos para duvidar, mas só para garantir, ele reforçou o aviso.


- Não podemos mudar o que passou, Harry, o que significa que qualquer alteração gerará conseqüências terríveis. Se você salvar a vida de alguém do passado, uma pessoa do presente morre. Uma vida por outra vida, é assim que funciona, por isso, não tente mudar nada. Seria bastante traumático para você se voltasse e descobrisse que seus amigos e até mesmo a sua namorada, estão mortos.   


Harry sentiu seus olhos arregalarem com tal ideia. Havia prometido que ninguém mais morreria por sua causa, e não conseguia imaginar o quanto seria terrível voltar e descobrir que Gina estava morta. E por uma burrice sua.


- O senhor tem a minha palavra de que não tentarei interferir em nada, Professor! – Harry garantiu.


Dumbledore abriu um leve sorriso e espiou por cima de seus óculos de meia-lua, apontando novamente para o livro velho que estava nas mãos do rapaz.


- Abra o livro na página 973, Harry!


Harry fez o que lhe foi ordenado e franziu o cenho ao se deparar com todas aquelas palavras desconhecidas.


- Professor, está tudo escrito em latim ou sei lá. – Harry disse.


Dumbledore riu.


- Isso é magia antiga, Harry, é claro que está escrito em latim. – Dumbledore riu – Preciso que você se sente no chão, coloque os livros sobre o colo e recite esse parágrafo em voz alta.


- Só isso?


- Não! – Dumbledore disse – Você vai ter que repetir isso várias e várias vezes, enquanto pensa no lugar em que deseja ir. Pode demorar um pouco, mas acredite, funcionará.


Harry franziu o cenho, confuso. Tudo parecia fácil demais.


- O que foi?


- É só isso?


- Sim!


- Desculpe, senhor, mas eu não preciso dar meu sangue ou desenhar pentagrama ou acender velas ou pegar algum objeto estranho para fazer isso funcionar?


Dessa vez todas as pinturas caíram na gargalhada.


- Rapaz idiota! – Fineus Nigellus Black disse – Dumbledore disse Magia Antiga e não Magia Negra, existe uma grande diferença aí, sabia? Céus, o que aconteceu com os jovens dessa escola? Eles perderam o cérebro?


- Não seja tão duro com ele, Fineus. – Dumbledore interveio – Ele nunca fez isso, é natural que esteja confuso. Agora, Harry, sente-se e faça exatamente o que eu falei.


Ainda constrangido, Harry se sentou e pôs o livro sobre o colo. Sentia-se totalmente estúpido por ficar falando aquele monte de palavras que não conhecia em voz alta, e sentia-se mais estúpido ainda, por não obter nenhum resultado.


- Tem certeza de que estou fazendo a coisa certa, Professor?


- Absoluta Harry! Você só precisa fechar os olhos e acreditar. Algumas magias só funcionam se você tiver fé.


Harry nunca achou Dumbledore mais louco do que naquele momento, mas ignorou isso, disposto a fazer o que ele pediu. Não custava nada tentar.


- Professor?


- Sim?


- Se eu conseguir, como vou saber que é hora de voltar?


- Acredite em mim, Harry, você saberá exatamente a hora. Agora feche os olhos e volte a dizer o feitiço.


Harry balançou a cabeça e fez aquilo, decidido a acreditar que se ficasse dizendo aquelas palavras estranhas iria voltar no tempo e encontrar seus pais, juntamente com seus amigos.


Ele repetiu uma, duas, cinco vezes e de repente tudo ficou escuro.


Num segundo ele estava no escritório de Dumbledore... No segundo seguinte, estava nos terrenos da escola, vestindo seu jeans surrado e seu casaco de moletom azul, enquanto vários alunos passavam por ele e o encaravam como se fosse de outro planeta.


Um pouco mais a frente de onde ele se encontrava pôde ver um quarteto de rapazes. Um tinha os cabelos castanho-claros e parecia meio cansado; o outro era baixinho, gordo e parecia que ia mijar nas calças devido a emoção de se sentir incluído naquele grupo legal; o que estava um pouco mais a frente tinha os cabelos pretos como carvão e a pele bem branca; e, o que acabara de levar um tapa na cara de uma ruiva, tinha os cabelos arrepiados e usava óculos iguais aos seus.


Harry sorriu. Apesar de Remus Lupin ter lhe dito, nunca imaginou que seu pai tivesse apanhado (literalmente) para conquistar sua mãe.


Preparava-se para caminhar para a direção oposta do grupo, quando ouviu alguém lhe dirigir a palavra.


- Com licença?


Harry se virou imediatamente e se assustou ao ver quem era.


- Você deve ser o novo aluno. Dumbledore nos avisou que chegaria um novo rapaz, e acho que deve estar meio perdido.


Harry não conseguia falar. Estava totalmente paralisado e tinha certeza que parecia um idiota daquela forma.


- Desculpe, você está bem?


- Er... Sim, desculpe, acho que estou meio cansado. – Harry disse, balançando a cabeça.


- Imagino que esteja! – a menina sorriu gentilmente – Venha, me siga, preciso levá-lo até o Diretor.


Harry balançou a cabeça de forma meio débil e fez o que a jovem pediu.


- A propósito, me chamo Lilian Evans, e você?


- Meu nome é... – Harry parou, lembrando-se do que Dumbledore havia lhe dito sobre não interferir em nada – Ronald Granger.


Lily sorriu e lhe encarou com olhos bondosos. Olhos exatamente iguais aos seus, coisa que ele jamais iria discordar novamente.


“Você é a cara do seu pai, mas tem os olhos de sua mãe”, agora ele sabia que isso era verdade.


- Seja bem vindo à Hogwarts, Granger! – Lily disse, enquanto o guiava pelos corredores.


- Obrigado Evans!


Harry sorriu, sentindo-se imensamente feliz. Finalmente, depois de todos esses anos ele finalmente iria conhecer seus pais e, diferente do que ele imaginava, não era tarde demais para isso.


 


 


 


 


~~


 


 


 


 


N/A: E aí, gostaram?


Espero que sim! Essa é a primeira fic que escrevo depois de uma maré de coisas ruins, e ter inspiração para escrever novamente me deixou feliz.


Os capítulos virão conforme a recepção de vocês. Se gostarem e quiserem mais, comentem que eu prometo me apressar, certo?


Essa fic não vai ser muito grande, o que vai facilitar o meu lado e o de vocês, já que fics curtas dão bem menos trabalho hauhauhau


Enfim, vou parar por aqui. Dependendo de como vocês receberem o prólogo, prometo vir rapidinho com o capítulo um.


Ahhh, e na próxima postagem juro que coloco uma capa e faço um capítulo com a apresentação dos personagens hauhauahu


Xoxo,


Mily.  

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Comentários (4)

  • Amy Peverell

    ooown que lindoo! chorei qundo o Harry falo que não queria saber dos seus pais somente por lembranças dos outros! :'((

    2012-01-28
  • Lana Silva

    Ameiiiiiiiiiiiiiii lindi lindo lindo *-----* Ideia bem elaborada,  cenas bem constuidaas *-* perfeiiito!

    2011-12-06
  • hell yeah

    fiquei emocionada :~ juro! amei amei amei! <3

    2011-07-12
  • hell yeah

    fiquei emocionada :~ juro! amei amei amei! <3

    2011-07-12
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