Capítulo 3



Capítulo 3



Harry tinha certeza que estava sonhando, pois era um bebê e estava voando a menos de um metro do chão em uma vassourinha. Aquilo tudo era muito constrangedor, mas ainda sim engraçado.


Ele podia ouvir as risadas de James e Lily. Eles estavam se divertindo ao ver a sua alegria naquele brinquedo dado por seu padrinho, Sirius. Os Potter eram uma família muito feliz e unida, diferente de qualquer outra.


De repente, a atmosfera daquele sonho feliz mudou. Ele não estava mais montado em sua vassourinha, feliz e sorrindo.


Um grito foi ouvido. No início, Harry não compreendeu muito bem, mas forçou seus ouvidos infantis a escutarem melhor toda aquela confusão ao seu redor.


E então Harry entendeu do que se tratava. Ele havia chegado para destruir a sua família. E ele não sairia dali até atingir seu objetivo.


- Lily, leve o Harry e vá! É ele! Vá! Corra! Eu o atraso...


Harry ouviu James dizer e no segundo seguinte estava no colo de sua mãe sendo arrastado para longe. Queria se forçar a dizer alguma coisa, mas nada do que escapou por seus lábios infantis fez algum sentido.


Instantes depois, Harry ouviu uma gargalhada, seguida por uma luz verde. Tudo estava acabado para James Potter então.


Agora ele estava em um berço, e, para a sua surpresa, chorava como um perfeito idiota. Não gostava de estar preso naquele corpo infantil, ainda que fosse um sonho. Queria poder gritar para a sua mãe fugir dali, mas não conseguia emitir nenhum som além de seus gritos de bebê.


E então, Harry o viu. Sua expressão ofídica era inconfundível. Voldemort sorriu ao vê-lo, e Harry quis matá-lo, mesmo sabendo que não conseguiria.


- Harry não! Harry não! Por favor... Farei qualquer coisa...


O pedido desesperado de Lily foi negado e em seguida ela foi morta, bem na sua frente, e novamente Harry não pode fazer nada.


Voldemort caminhou em sua direção, triunfante. Estava certo que seus problemas acabariam aquela noite. Ele ergueu a sua varinha e apontou para o bebê que o encarava.


- Avada Kedavra!


E tudo estava acabado. Harry estava vivo em seu berço e Voldemort havia desaparecido para vagar pelas sombras durante os próximos anos, até que finalmente pudesse voltar à vida e eles pudessem duelar, dezessete anos depois.


De repente, Harry não era mais um bebê inocente. Ele era um homem de dezoito anos que encarava o corpo inerte de seus pais.


A raiva tomou conta dele, e antes que conseguisse controlar estava gritando. Gritando como nunca havia feito em toda a sua vida; gritando a ponto de fazer seus tímpanos doerem.


- Rony? Rony, cara, acorda!


Harry sentiu alguém chamá-lo, mas ele não conseguia encontrar o caminho de volta para a realidade.


- Rony, pelo amor de Merlin, acorda! – e então, depois do chamado, veio a dor. Harry sentiu algo acertar seu rosto e isso fez com que aos poucos ele voltasse para a realidade, e fizesse que seus olhos se abrissem, para encontrar os olhares preocupados de Remus, James, Sirius e Peter.


- O que foi? – Harry perguntou, tateando a mesinha próxima a sua cama em busca de seus óculos.


- O que foi? Rony, por Deus, você parecia que estava parindo ou coisa assim. – James explicou – Foi preciso um soco do Sirius para fazer com que você acordasse.


- Você nos assustou, Rony. – Sirius admitiu – Estava gritando demais e nada te acordava. Foi mal pelo soco, mas foi preciso.


Harry ajeitou os óculos em cima de seu nariz e se sentou na cama. Aos poucos foi se situando, e para o seu alívio, notou que seu pai ainda estava vivo e bem a sua frente.


- Me desculpem – Harry disse envergonhado, sentindo a dor tomar conta de seu rosto. Sirius sabia mesmo bater – Eu não queria assustar vocês.


- Mas assustou. Eu achei que você fosse morrer. – Peter comentou e Sirius lhe deu um tapa na cabeça – Ouch, o que foi? Só disse a verdade!


- Ah, cale a boca, Rabicho! – Remus pediu, deixando de lado toda a educação que costumava ter – Com o que você estava sonhando, Rony?


Harry levou um segundo para formular uma resposta convincente para Remus. Precisava mentir, claro, mas precisava contar algo suficientemente perturbador para que os convencessem dos gritos.


- Com meus pais... Eu estava sonhando com o dia da morte deles. – Harry admitiu, torcendo para que eles não fizessem mais perguntas.


- E como eles morreram? – Peter, o maldito curioso, perguntou.


- Em um... assalto. Minha mãe era filha de trouxas, e em uma noite eles foram surpreendidos. Eu era muito pequeno e estava com eles... Às vezes volto à cena do crime enquanto durmo e acabo me descontrolando.


Os rapazes se entreolharam, solidários com a dor de Harry.


- Sinto muito por isso, Rony. – James finalmente disse.


- Obrigado... Eu só... Eu só queria ter feito alguma coisa para salvá-los, sabe?


Sirius deu uma palmadinha amiga no ombro de Harry.


- Eu aqui querendo que meus pais morram e você querendo salvar os seus... Que mundo injusto esse, não? – Sirius brincou e levou um cutucão de Remus.


- Você deveria ser mais sensível, Sirius. – Remus comentou.


- E eu sou! Só que eu não vou ficar aqui chorando com o Rony, porque algo me diz que ele não quer que façamos isso – Sirius retrucou e Harry sentiu-se imensamente grato por aquele comentário – No lugar dele, eu também não ia querer que ficassem me bajulando e me obrigando a falar sobre o assunto, porque isso não faz os acontecimentos mudarem.


- Não mesmo! – James concordou – Não é como se ele pudesse voltar no tempo e impedir os caras de chegarem aos pais dele, não é? – ele disse e então se levantou, indo em direção a sua cama – Enfim, eu vou voltar a dormir. Vocês deveriam fazer o mesmo, afinal, amanhã teremos um dia longo e eu preciso acordar disposto para infernizar a vida da minha ruivinha Evans, adeus.


James se jogou em sua cama e antes de fechar a cortina, lançou um último olhar para Harry.


- Você não podia ter feito nada para salvar seus pais, cara. Isso aconteceu porque tinha que acontecer. É assim que a história termina, certo? Não se culpe por algo que estava destinado a acontecer.


E depois de dizer essas palavras, James fechou a sua cortina e voltou a dormir. Sirius, Remus e Peter fizeram o mesmo.


Harry, por sua vez, deixou com que sua cabeça caísse pesadamente em seu travesseiro e fechou os olhos, com uma única certeza: ele iria salvar seus pais; só precisava encontrar uma forma segura para fazer isso.


 


 


 


~*~


 


 


- Emme, sua lesa, se você conferir seu visual nesse espelho mais uma vez eu juro que vou te arrastar pelos cabelos escada a baixo. – Marlene ameaçou. Ela não estava com um humor muito bom, já que não estava nada animada com a ideia de sair com Amos Diggory. O cara podia até ser lindo e ter suas qualidades fofas, mas era fato que não a atraía em nada.


Emmeline revirou os olhos, e deu uma última ajeitada em seu cabelo. Tudo parecia estar perfeito, então não havia motivos para enrolar mais.


- Certo, eu estou pronta. Onde está Lily?


- Está lá embaixo, provavelmente torturando o Jay. Agora que tal irmos de uma vez? O Remus já deve estar fazendo um buraco no chão de tanta ansiedade.


Emmeline riu e passou o braço pelo da amiga, para juntas descerem as escadas para o Salão Comunal. Como Marlene previu, Lily estava mesmo travando uma longa discussão com James, o que não era nenhuma novidade.


- ... Pois eu acho que todo esse ódio por mim é amor enrustido e fim. – James disse com um sorriso no canto dos lábios, o que irritava ainda mais a ruiva.


- Você é muito convencido, Potter! Em que mundo você vive, hein? – Lily mexia nos cabelos, impaciente. Aquele garoto havia nascido para tirá-la do sério – Aceite o fato de que nem todas as meninas do mundo se sentem atraídas por você.


James riu e se sentou na poltrona de forma relaxada. Irritar Lily era um de seus passatempos favoritos, apesar de fazer isso apenas porque era a única forma de chamar a sua atenção. Era impressionante que nada, absolutamente nada do que ele fazia parecia surtir algum efeito positivo para a ruiva. Então, o jeito era provocá-la para conseguir seus cinco minutos de atenção diários.


- Eu não estou preocupado com as outras meninas do mundo, Lily. – James a chamou pelo apelido, só para deixá-la ainda mais irritada – A única pessoa que me importa, querida, é você. Mas, a sua cabecinha ruiva e esquentada não permite que você assuma o fato óbvio de que também se importa comigo.


- Argh, você é tão petulante! – Lily disse – Me deixe em paz, Potter!


- Sim, eu deixo. Mas só quando aceitar sair comigo, antes disso continuarei sendo esse ser petulante, insuportável e todos os outros adjetivos malignos que passarem por sua cabeça, queridinha. – James piscou para Lily, e em seguida seu olhar caiu sobre Marlene e Emmeline, que haviam acabado de chegar – Lene, Lene, minha amiga Lene, se seu objetivo ao se arrumar era ter a minha total atenção, você conseguiu.


Marlene deu uma risada e balançou a cabeça. James não tinha jeito mesmo.


- Oh não, Jay! Eu não quero seduzir ninguém, longe de mim isso. – Marlene respondeu com uma risada e completou – Talvez eu queira seduzir o Amos, mas isso você só vai saber no final da tarde, quando o passeio terminar.


Sirius, que até então permanecia calado, não conseguiu evitar uma risada de escárnio. Marlene era tão tola por pensar que ele não iria sabotar seu encontro. Assim como fez com todos os outros.


- Ai, ai, Marlene, você é tão inocente! – Sirius disse – Acha mesmo que o retardado o Diggory dá conta? Por Merlin, ele é um idiota. Na verdade, exceto a Dorcas, todos da Lufa-Lufa são. Fim!


- Até onde eu saiba, o idiota da história é você! – Marlene retrucou, tentando controlar a vontade mortal de pular no pescoço dele e esganá-lo – Pare de se meter na minha vida e se preocupe mais com a sua, ok?! Agora, se me derem licença, vou encontrar com o Amos. Adeus!


E sem dizer mais nada, Marlene deu as costas e saiu, deixando as amigas para trás. Emmeline e Lily trocaram um olhar apreensivo, afinal, quando Marlene se estressava com Sirius, ficava de péssimo humor o dia inteiro.


- Bom, Emme, eu vou atrás dela. Você vem? – Lily disse.


- Vou né, fazer o que? – Emmeline revirou os olhos – A gente se encontra lá embaixo, pode ser? – ela perguntou a Remus.


- Por mim tudo bem. – ele respondeu.


Emmeline sorriu e seguiu para fora do Salão Comunal com Lily. Acalmar Marlene, definitivamente, não seria uma tarefa fácil.


 


 


 


~*~


 


 


 


Filch parecia mais irritado do que o costume. Isso porque ao observar a lista de alunos que estavam liberados para ir ao passeio em Hogsmeade, encontrou os nomes de James, Sirius, Remus e Peter. Sua maior alegria era olhar no fundo dos olhos daqueles moleques arruaceiros e dizer a frase: “Vocês não irão se divertir hoje, garotos insolentes”, mas naquele dia isso não iria acontecer, e o zelador se sentiu quase tão aborrecido como na vez em que foi pedir permissão para torturar as crianças em detenção, e Dumbledore lhe negou tal alegria.


Quando os Marotos, acompanhados por seu mais novo amigo Rony Granger, passaram por Filch sem terem maiores problemas, Sirius e James começaram a rir da expressão azeda que o zelador fez ao encará-los – parecia que ele tinha acabado de cheirar um monte de bosta de dragão.


- Pobre Filch... Hoje ele não pode nos prender no colégio... Deve estar decepcionado. – James suspirou fingindo tristeza.


- E quando foi que ele conseguiu fazer isso mesmo? – Sirius fez uma pausa dramática e então deu um tapa na própria testa – Ah sim, ele nunca fez isso.


Todos riram.


Por muito pouco, muito pouco mesmo, Harry não mencionou seu conhecimento a respeito do Mapa Maroto, mas graças a Merlin conseguiu segurar a língua e fingir que não havia compreendido a piada tão bem quanto os outros.


- Nossa primeira parada vai ser na Dedosdemel, não é? – Peter perguntou, empolgado demais para alguém tão insignificante. Todas as vezes que Harry ouvia a voz estúpida daquele rato nojento sentia vontade de voar em seu pescoço e esganá-lo. Convivendo com eles ali na escola, sentia ainda mais raiva por saber que aquele ingrato havia traído seus pais.


- É claro, Rabicho, precisamos abastecer o estoque de doces que você fez o favor de devorar essa semana. Fala sério, você parece uma mulher na TPM. – Sirius comentou, fazendo com que seu amigo baixinho e gordo ficasse vermelho feito um tomate.


- Ah, ótimo! Eu quero mesmo comprar mais sapos de chocolates, feijõezinhos de todos os sabores, varinhas de alcaçuz, e...


- Desculpa, eu disse que você parece uma mulher na TPM? Eu quis dizer que você parece uma bichona falando fino assim. – Sirius deu um tapa na cabeça do amigo – O Pontas, o Rony e eu vamos abastecer o estoque de doces, enquanto você, meu caro, vai deixar de ser medroso e chamar logo a Amelia Bones para  tomar uma cerveja amanteigada.


Peter congelou exatamente onde estava. Era fato que só de pensar em convidar uma garota para sair, começava a sentir suas pernas tremerem e suava feito um porco. Era um covarde em todos os sentidos, nem havia como negar.


- Eu acho que não vai ser possível, Almofadinhas. Eu tenho que...


- Você tem que o que? – Remus revirou os olhos – Deixe de ser fracote e convide logo a menina para sair.


- Falou o cara que até ontem não tinha coragem nem de dar um simples “oi” para a Emmeline. – James comentou e deu uma risada. Segundos depois, seus olhos avistaram as meninas reunidas em grupo, esperando o sinal dos professores para entrarem na carruagem que levaria todos ao vilarejo.


James ficou momentaneamente hipnotizado ao ver Lily ali parada, dando uma gostosa risada de algo que Alice havia dito, enquanto seus cabelos ruivos esvoaçavam graças ao vento forte de outono.


- Ela é linda – ele deixou escapar, enquanto ainda a encarava de forma estupidamente apaixonada.


Por um segundo, Harry se perguntou se fazia essa mesma cara de bobo quando encarava Gina. Se a resposta fosse sim, precisaria se cuidar, porque seu pai parecia um retardado com aquele sorriso enorme no rosto e aquela expressão ridícula de felicidade.


- Cara, fecha a boca ok?! Você vai babar já, já – Remus brincou – A Emmeline é a mais linda de todas, fato.


- Para mim a mais gata é a McKinnon. E, minha nossa, ela fica extremamente sexy com essas botas pretas. – Sirius observou, enquanto um sorriso malicioso brotava no canto de seus lábios – Ela deveria parar de fazer jogo duro e aceitar sair comigo de uma vez.


- Ela só vai aceitar sair com você, quando der provas de que não só quer usá-la – Harry comentou, e quando os quatro rapazes pararam de andar e o encararam, ele deu de ombros – O que foi? É só um palpite, ok?! Além do mais, vocês devem saber perfeitamente que a imagem que elas têm a respeito d’Os Marotos não é a mais santa. Exceto a sua, Remus. A Lily te acha um verdadeiro santo, mas é claro que sabe disso.


- Na verdade, ele é virgem. – James disse – Se recusou a ser desvirginado por uma japonesa bem interessante que mora na minha rua, para se guardar para o seu grande amor.


Harry deu uma risada e balançou a cabeça. Seu pai tinha mesmo senso de humor.


- Quem sou eu para discutir as atividades sexuais do Remus, não é? – Harry disse.


- Isso é verdade. Não vamos discutir a intimidade do Remminho assim em público. Se ele é religioso e quer entregar para Merlin, não devemos nos meter. – Sirius disse fingindo seriedade.


Remus tinha sua resposta na ponta da língua, mas precisou segurá-la, pois já estavam próximos das meninas e seria ruim se o início do seu primeiro encontro com Emmeline fosse marcado por um monte de palavras sujas.


- Oi meninas! – Remus cumprimentou as meninas educadamente e se segurou para não rir de Alice, que estava no canto espichando o pescoço, a fim de encontrar Frank. – Oi Emmeline!


Emmeline, a jovem linda de longos cabelos loiros e olhos azul-esverdeados, deu um passo em frente e beijou o rosto de Remus, fazendo-o corar.


- Hey Remmy! – ela sorriu e ergueu o olhar para os outros rapazes – Hey meninos!


- Oi Emme – eles responderam em uníssono, e ela deu uma risada.


- Bom, essa carruagem aqui, pelo visto, vai ficar meio superlotada. – Emmeline disse – Vamos procurar outra para nós, Remus, o que acha?


- Por mim tudo bem, desde que não tenhamos que dividi-la com nenhum sonserino.


Emmeline riu e segurou a mão do Maroto.


- Na verdade eu estava pensando em dividi-la com o Amos e a Lene. Eles vão juntos, então seria legal se viessem conosco, não acha?


Não, Remus não achava isso. Mas é claro que ele não diria nada. A verdade era que ele não simpatizava nada com o Amos. Isso porque o Lufano, que também era monitor, sempre queria bancar o santo e fazer discursos sobre como era errado permitir que Sirius e James aprontassem tanto. Remus era monitor e não Merlin. Não poderia fazer o milagre de mudar o comportamento travesso dos seus amigos, e mesmo se pudesse, não o faria. Gostava deles do jeito que eram, não havia nada a ser mudado.


- É, vai ser muito divertido. – Remus finalmente disse e se deixou arrastar por Emmeline para longe dali, em busca de uma nova carruagem.


Sirius deu uma risada da expressão do amigo e balançou a cabeça. Ele teria que ter muita paciência, porque aturar os discursos certinhos do Amos não devia ser nada fácil.


- Agora que o Aluado já foi, Rabicho, você poderia fazer o favor de provar que é macho e ir atrás da Bones. – Sirius disse e então olhou para o lado, apenas para encontrar o lugar vazio – Ué, cadê o cara?


- Fugiu, é claro. – Harry respondeu – Algo me diz que ele não é muito normal.


- Não mesmo. Ele tem probleminha, fato. – James respondeu e se virou para Lily – E você, meu Lírio, considerou a minha proposta?


Lily, que até então tentava se manter indiferente de toda aquela conversa, bufou de raiva e encarou James.


- Meu Lírio? Sério mesmo? – ela disse nervosa – Eu não vou sair com você, Potter, esqueça.


- Jamais! – James riu – Você ainda vai sair comigo, Lily, pode acreditar. É só uma questão de tempo, até você perc...


- AI MEU MERLIN! Quem é aquela de braços dados com ele? – Alice interrompeu James, de forma quase histérica – Eu vou arrancar os olhos daquela sirigaita e lhe dar umas boas bofetadas. Vejam, ela está quase estuprando o Frank com aquele olhar pervertido, e só quem pode pensar em arrancar as roupas dele sou eu. Como assim, minha gente? Eu vou tirar isso a limpo e vai ser a-g-o-r-a!    


Alice fez menção de sair do lugar, mas Lily a segurou bem a tempo. Era fato que toda aquela loucura por Frank não era nada saudável e do jeito que Alice era uma esquentada, provavelmente daria uma surra na menina e depois encararia Frank com aquele olhar apaixonado de sempre.


- Na verdade, você vai comigo procurar uma carruagem. Essa sua ideia de agarrar e despir o Frank já ‘tá me assustando. – Lily disse e arrastou a amiga para longe.


Harry apenas riu. Por que situações divertidas como aquela não pareciam tão divertidas assim no seu tempo? Ah sim, porque no seu tempo ele estava muito ocupado fugindo de um maluco com cara de cobra que queria matá-lo.


- E você, Lenezinha, não vai ajudar a Lily com a Alice? – James perguntou.


- Eu não. Tentar convencer a Alice de que estuprar o Frank não é uma boa ideia é a mesma coisa que tentar te convencer a deixar a Lily em paz, ou seja, completamente inútil e frustrante.


James riu e passou a mão nos cabelos bagunçados.


- Bom, eu vou atrás delas, e Rony você vem comigo. Se eu disser para Lily que todas as carruagens estão lotadas, ela vai me mandar ir a pé até Hogsmeade, mas se você falar isso, a ruiva vai nos convidar para ir com junto com ela. – James falou e antes que Harry pudesse protestar, o arrastou para longe.


- Você não vai com eles não? – Marlene perguntou a Sirius.


- Não, eu prefiro te fazer companhia.


- Caso não tenha notado, Black, eu não quero a sua companhia.


Sirius deu uma risada e se aproximou perigosamente de Marlene, fazendo com que ela tivesse que erguer a cabeça para encará-lo, de tão próximos que estavam.


- Você não quer que eu vá embora, querida.


- Se eu não quisesse, não teria te mandado ir. Deixe de ser um idiota convencido, Black. Seu charme e suas palavras não me comovem em nada.


- Se não te comovem, por que você ainda está aqui parada e olhando para mim?


Marlene não tinha resposta para aquela pergunta. Nem ela sabia o motivo de estar ali parada e encarando Sirius daquele jeito, mas tinha certeza de que não conseguiria se afastar, por mais que quisesse.


Pensou em milhares de coisas para dizer, e quando finalmente ia desistir, ouviu a voz de Amos a chamar:


- Marlene?


- Amos, finalmente! – Marlene foi salva pelo gongo e correu em direção a Amos, apenas para se livrar da presença incômoda de Sirius – Vamos, a Emme e o Remus estão nos esperando. Vamos dividir a carruagem com eles.


Ela puxou o rapaz pelo braço, sem nem se preocupar em lançar um último olhar para Sirius, que continuava parado de costas para os dois.


Quando teve certeza de que eles se afastaram, Sirius se virou e abriu um sorriso maroto. Aquele passeio seria mais divertido e interessante do que ele imaginava, afinal.


 


 


 


~*~


 


 


 


Tudo estava uma verdadeira confusão. Para começar, Harry estava na Dedosdemel carregando uma cesta lotada de doces, enquanto seu pai não parava de tagarelar a respeito dos planos que tinha para importunar os Sonserinos aquela semana e sobre como era frustrante Lily não aceitar sair com ele, quando estava claro que se esforçava para ser o cara dos sonhos dela. Não que Lily realmente sonhasse em ter um cara que aprontava tanto, mas para James isso não importava.


E, como se isso não bastasse, Harry tinha certeza de que vira alguém muito suspeito e usando uma capa estranha, parar em frente à loja de doces, o encarar profundamente e sair dali em passos lentos. Aquela atitude era praticamente um convite para que Harry largasse tudo e seguisse aquela pessoa esquisita, que aparentemente ninguém mais parecia ter notado.


- James, eu já volto, ok?! – Harry disse rápido e entregou a cesta para o seu pai.


Segundos depois estava do lado de fora da loja, procurando a tal pessoa com capa.


Não demorou para que Harry a visse. Ela ou ele caminhava mais a frente, o guiando para perto da Casa dos Gritos, um ambiente onde Harry sabia que ficava vazio porque todos achavam que o lugar era mal-assombrado.


Quando estavam totalmente a sós e longe da cidade, a figura parou e permaneceu imóvel, de costas para Harry. De perto, ele pode notar o quanto a pessoa era muito alta, meio corcunda e com a aparência magra.


- Quem é você? – Harry perguntou. Sua curiosidade não permitiu que fizesse uma pergunta mais educada.


- Você sabe quem eu sou. – a pessoa respondeu. Sua voz era estranhamente suave e trazia uma paz esquisita.


- Não, eu não sei. – Harry respondeu.


- Sim, você sabe. – a pessoa respondeu pacientemente – Fugiu de mim uma vez, me desafiou na segunda, e agora pretende fazer tudo errado e tirar de mim todas as pessoas que levei.


- Do que...?


- Harry Potter, o menino que sobreviveu. – a pessoa disse, sem se virar – Voltar ao tempo encheu a sua cabecinha de caraminholas, não? Acha que eu não sei o que está planejando, Harry? Acha que eu não senti sua alma gritar quando a brilhante ideia de salvar seus pais passou por sua cabeça?


Harry congelou onde estava. A pessoa a sua frente parecia conhecê-lo muito bem e isso o assustava mais do que gostaria. Não era comum sentir medo, mas algo naquela voz o fazia seus ossos tremerem e um arrepio estranho subir por sua espinha.


- Como você sabe quem eu sou? Quem é você? – quis saber.


- Você já me conhece, criança. – a pessoa respondeu, ainda com seu tom de voz suave – Eu vim aqui lhe dar um aviso: não tente mudar o que aconteceu, ou vai se arrepender. Uma vida por outra vida, lembra?


- Mas...?


- Adeus, Potter! Nos vemos novamente daqui a muitos e muitos anos. – a pessoa respondeu e de repente começou a desaparecer. Antes de sumir por completo, disse uma última coisa:


- Mande lembranças ao seu pai. Parece que a capa que dei ao caçula dos Peverell há anos, tem o ajudado a cometer suas travessuras.


E com uma risada suave, a pessoa desapareceu.


Por um segundo, Harry se perguntou de onde conhecia esse sobrenome, e então a voz de Hermione se fez presente em seu pensamento, dizendo:


“Então, a Morte perguntou ao terceiro e mais moço dos irmãos o que queria. O mais moço era o mais humilde e também o mais sábio dos irmãos, e não confiou na Morte. Pediu, então, algo que lhe permitisse sair daquele lugar sem ser seguido por ela. E a Morte, de má vontade, lhe entregou a própria capa de invisibilidade.”


- A Morte... – Harry sussurrou e antes mesmo que pudesse dizer mais alguma coisa, uma forte dor de cabeça o atingiu e ele sentiu-se tragado pela escuridão.


 


 


 


 


 


~~


 


 


 


 


 


N/A: E aí pessoas!


Em primeiro lugar: Feliz ano novo. Atrasado, mas feliz (pelo menos eu espero hauhauhau)


Enfim, eu sei que vocês podem tentar me azarar pela forma que terminei o capítulo, mas foi por uma boca causa, ok?! Se eu continuasse, as coisas iam perder o nexo, e eu não posso deixar que isso aconteça.


Eu não tenho muito que falar desse capítulo.


Espero que tenham gostado *-* Comentem e digam o que acharam, ok?!


Até a próxima *-*


Xoxo,


Mily.

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Comentários (2)

  • Amy Peverell

    MEL DEEEEUSSS QUE MEDOOO!!! COMO ASSIM?!?! UMA VIDA PELA OUTRA?? O HARRY NÃO VAI FAZER NADA NÉ?????? ÁHHHHH QUE COISA PERFEITAAAAAAA *----------------* 

    2012-01-28
  • Lana Silva

    Nossa o capitulo me surpreendeu *-* muiiiito bom mesmo! Eu adivinhei que era a morte EBAAA \O/ quer dizer é só uma avisinho pra Harry....

    2011-12-06
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