Confusões



Um clima pesado se instalou no local. Ninguém falava nada. As três amigas encaravam Malfoy com ódio no olhar, Draco olhava as três com uma expressão indecifrável.

Pansy Parkson saiu de trás do loiro, mas foi só quando ela começou a falar que as mulheres notaram pela primeira vez que ela também estava presente.

- Os camarotes já foram mais bem freqüentados.

- Alguém te perguntou alguma coisa? – perguntou Gina, olhando feio pra ele.

- Ela tem razão, Gi. Eu também acho que os camarotes já foram mais bem freqüentados. – disse Mione com aspereza, sem tirar os olhos de Draco.

- Não se incomode comigo. – disse o loiro, com tom de desprezo na voz – Eu que não quero ficar aqui, vou assistir de outro camarote, onde a companhia seja menos... excêntrica. – ele disse dando um pequeno sorriso irônico, ao olhar para Luna, que tinha uma enorme flor holandesa no cabelo.

Sem dizer mais nada, virou-se e saiu, sendo seguido pela Parkson.

- Excêntrico é o seu nariz empinado, seu metido a bosta. – falou Gina.

- Deixa ele pra lá... – Luna começou a falar.

- QUEM ESSE HOMEM ACHA QUE É PRA VIR FALAR MAL DE NÓS, DEPOIS DE TUDO QUE ELE NO FEZ? – explodiu Hermione.

- Calma Mi, não grita. – a loira tentou começar a acalmar a amiga, mas a morena estava furiosa.

- CALMA NADA! – Hermione estava descontrolada – Eu tenho que ir dizer umas verdades pra esse... esse... – e saiu a passos fortes, na mesma direção para onde Draco tinha ido.

- Ai meu Merlim, Mione, onde você está indo? – disse Gina preocupada.

Mas antes que a ruiva e a loira pudessem seguir a amiga, um homem alto, de cabelos negros, entrou com uma verdadeira comitiva ao lado dele.

- Estão pensando em ir aonde? O jogo já vai começar. – disse o homem alto, que vestia vestes douradas e pretas, cheias de bordados de cangurus e coalas. Ele era meio careca, mas não parecia se envergonhar da falta de cabelo, tanto que fez um rabo de cavalo com os poucos fios que lhe sobravam.

- Meu senhor, realmente eu não... – começou Gina.

- Meu senhor? – e soltou uma gostosa gargalhada – Tem tanto tempo que alguém me chamou disso pela última vez. – e continuou sorrindo quando estendeu a mão para a ruiva – Eu me chamo August Ginever. – ele disse cheio de orgulho na voz.

- Senhor Givever... – começou Gina de novo.

- Senhor Ginever? Chame-me de August, bela dama. – ele disse dando um beijinho na mão da ruiva. – Eu que vou narrar o jogo. Sabe, sou Ministro dos Esportes aqui do Ministério da Austrália. E quem é a sua lindíssima amiga? – disse se dirigindo a Luna.

- Oh... – ela disse a loira ruborizada, mas dando um sorriso – Sou Luna Lovegood.

- Então, senhorita Lovegood e bela dama, – disse ele se referindo às duas amigas – não façam a desfeita de não me ouvirem anunciar o começo dos jogos. Vamos, sentem-se. – ele disse com um ar jovial.

As duas olharam-se e, sem ter mais o que fazer, sentaram-se nos seus lugares, mas não deixaram de ficar preocupadas com Mione.

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Hermione tinha lágrimas de ódio nos olhos. Ela queria esganar, matar aquele loiro maldito. Como ela pôde ter sequer pensado em se apaixonar por ele?

- O Malfoy não foi por ai. – a mulher ouviu uma voz atrás de si.

Parkson se aproximava dela devagar. O lugar estaria deserto se não fosse pela presença das duas, que estavam ao lado de fora do estádio.

- Então me fala pra onde ele foi. Eu tenho que dizer umas coisas pra ele. – ela espumava de raiva.

- Eu não vou falar nada, não é da sua conta pra onde ele foi. Esquece o Malfoy, você nunca foi e nunca será boa o suficiente pra ele, sua sangue-ruim.

- Do que você está falando? – pela primeira vez ela parara para prestar atenção integral a outra.

- Eu estou falando do caso que você teve com ele. – Parkson parecia ao mesmo tempo chateada e entretida com a situação – Se é que o que vocês tiveram pode ser chamado de caso. Isso está mais para uma noitada que ele teve com mais uma vagabunda.

- Não se atreva a falar assim de mim. – ela disse apontando o dedo para a cara de buldogue.

- E você tira o dedo da minha cara, sua piranhazinha barata. Se oferecendo toda para o meu homem. O meu Draco! E tudo por causa de uma apostazinha? Isso é coisa de vagabunda, sim. – Pansy parecia uma louca ao falar isso.

- E como você sabe disso? – Hermione sentiu como se tivesse levado um Cruciatus. Aquela aposta a perseguiria para sempre?

- O tonto do Zabini me contou. Ele é apaixonado por mim desde Hogwarts, então eu não precisei fazer muito pra saber de tudo. – ela parecia orgulhosa de seu feito.

- E você tem coragem de me chamar de vagabunda? Olha primeiro para as coisas que você faz ates de falar dos outros. – Hermione estava com muita raiva.

- Pelo menos todo mundo sabe que eu sou assim. – ela não parecia ter ficado com raiva da ofensa de Hermione – Pior é você que tem cara de santa e sai fazendo apostas as escondidas, envolvendo o homem das outras.

- Ele nunca disse que tinha namorada. Pelo contrário, nunca me falou de você. Você não significa nada pra ele.

- Ele que ainda não percebeu que ele me pertence. E VOCÊ AINDA TINHA QUE APARECER PARA ESTRAGAR TUDO! – Parkson gritou pela primeira vez.

- Você é uma louca, isso sim. Eu não quero mais perder meu tempo do seu lado. – Mione disse, com ar de pena, se preparando para sair.

- Não é pra mim que você tem que dizer isso! Você tinha que falar isso pro Draco, pra ver se ele esquece você. – Parkson gritava e chorava – Você mudou ele. Desde que vocês saíram, ele não era mais a mesma pessoa. Fica muito tempo sozinho, com o pensamento distante. Ele não pára de pensar em você. Sua maldita! O que você fez com ele?

- Eu fui pra ele uma mulher que você nunca vai conseguir ser, sua mau caráter. Mas não precisa se preocupar com ele não, que ele não gosta de mim como você pensa. Ele é tão vil e mentiroso quanto você. Na verdade, eu acho que vocês são almas gêmeas. Vocês se merecem. – Hermione disse com desprezo.

- E mesmo assim você está indo atrás dele. Será que não adiantou nada todos os seus amigos ficarem sabendo o que você fez? Você ainda vai ficas correndo atrás dele? – a outra parara de chorar e voltava a mirar Mione com ódio no olhar.

- É justamente isso que eu quero tratar com ele. E pode ficar tranqüila, porque depois que eu terminar, eu nunca mais vou nem aparecer na frente de vocês dois. – a morena tinha puro desprezo na voz.

- O quê? Vai falar como ele foi mau em contar pros seus amiguinhos a piranha que você é? – Pansy gargalhou alto.

- Do que você está rindo? – Hermione tremia de raiva da cabeça aos pés.

- Eu estou rindo de você, sua tonta. Você não ouviu nada do que eu falei? Eu falei que Draco não parava de pensar em você. Ele nunca contaria, porque sabia que você nunca mais olharia pra ele se ele fizesse isso. Eu te falei, sangue-ruim, que você mudou ele. Você estragou ele. – o tom de Pansy também era de puro desprezo.

- É claro que foi ele que contou. Você está falando isso só pra proteger ele. – o tom de frieza de Mione se mantinha.

Pansy gargalhou mais uma vez.

- Por que é tão óbvio assim pra você que foi ele que contou tudo?

- Por que ele era o único que tinha interesse em me magoar, era o único que sabi... – então uma luz se acendeu na cabeça dela.

Na verdade, realmente não era óbvio que tinha sido o Malfoy que tinha contado. Ninguém tinha nunca dito que fora o loiro que falara tudo. Ela podia lembrar de cada palavra da carta do Harry, e só agora ela percebia que Malfoy não tinha sido mencionado como informante:

‘Hermione
Hoje eu e o Rony ficamos sabendo de uma coisa sobre você e a Gina que eu me recuso a acreditar que seja verdade. Ficamos sabendo que vocês fizeram uma aposta... Eu não consigo nem pensar no assunto sem ficar nauseado.
Estou na casa dos Weasley e estamos esperando você e a Gi, para que vocês nos contem que tudo isso foi uma mentira, uma brincadeira de mau gosto.
Harry Potter.’

E depois, na discussão que tiveram n’A Toca, também não se lembrava de ter ouvido ninguém mencionar como ficaram sabendo. Só falavam o quanto estavam decepcionados e envergonhados com a atitude delas.

- Entendeu agora? – Pansy sorria orgulhosa, sarcástica, loucamente.

- Foi você.– Hermione disse entre os dentes – Foi você, sua vagabunda, que contou tudo!

- Fui eu mesma. E o meu plano deu muito certo, eu humilhei você, eu magoei você e ainda te fiz parar de ficar seguindo o meu homem. Eu sabia que essa sua cabecinha limitada ia achar que tinha sido o Draco que tinha contado tudo. E tudo que eu precisei fazer foi mandar uma corujazinha com o vídeo que eu peguei na casa dele e uma cartinha sem assinatura.

Hermione tinha a cabeça rodando com todas aquelas informações. Ela tinha feito tudo aquilo para ficar com o Draco? Parkson devia estar doida.

- Só que o seu plano teve uma falha, ne? – Hermione disse depois de algum tempo.

- Não teve falha nenhuma. Eu separei você do Draquinho. – Pansy parou de sorrir.

- Mas não conseguiu que ele voltasse pra você.

- Ele ainda vai voltar. O mais importante eu já fiz, que é fazer vocês pararem de se encontrar. Sabe que ele está com raiva de você porque você começou a ignorar as corujas que ele te mandou e que você faltou os encontros que ele marcou?

Mione começou a lembrar com pesar de todas as cartas dele que ela tinha jogado fora nem mesmo ler; das reuniões sobre a compra da Floreios, que ela mandou um advogado amigo de Gina ir em seu lugar. Agora ela começava a se arrepender. Deveria ter dado uma chance a ele de se explicar.

Todo o sofrimento que ela passou tinha sido causado por aquela mulher na sua frente. Hermione sentiu raiva como nunca sentira na vida.

Pansy continuava a falar, com um ar de esperança e felicidade.

- Agora é só uma questão de tempo pra ele voltar pra m...

PAF

Hermione acertou um tapa bem no meio da bochecha da mulher.

- SUA CACHORRA! TUDO É CULPA SUA! COMO VOCÊ OUSA FAZER UMA COISA DESSAS COMIGO? – a morena tremia de ódio.

- NÃO SE ATREVA A ENCOSTAR ESSA SUA MÃO SUJA EM MIM, SANGUE-RUIM! – disse Pansy esfregando o rosto.

PAF. Hermione acertou um novo tapa no rosto de Pansy.

- Você nunca, ouviu?, nunca mais me chame assim! – o tom dela era de ameaça – Ou melhor, nunca mais nem pensa em mim.

- Ou então você vai fazer o quê? – disse Parkson puxando a varinha.

- Como você já disse uma vez, eu tenho cara de santa. O que você não sabe é que de santa eu só tenho a cara. Não se meta comigo. – disse Mione também apontando a varinha para a outra.

- Mas o que está acontecendo aqui? – as duas não deixaram de se encarar, varinhas em punho. O Sr. Merrek correu e se pôs entre elas – Abaixem essas varinhas! O que as senhoras estavam pensando em fazer? Querem destruir esse incrível eve...

- NÃO SE METE, VELHOTE. – Parkson gritou – SAI DA FRENTE.

- Mas que falta de respeito! – o homem disse, ofendido – Saiba que essa sua insolência não será perdoada. Vou chamar os seguranças. – e aparatou.

- Isso não vai ficar assim. – Pansy olhou uma ultima vez para Mione antes de aparatar e deixar a morena sozinha na porta do estádio.

Ela precisava sair dali. Em pouco tempo os seguranças chegariam e ela podia acabar se metendo em encrenca. E ela já sabia pra onde ia. Precisava encontrar Draco.

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Encontrar Draco não foi tão fácil quanto ela imaginara. Ele podia estar em qualquer um dos vinte mil lugares disponibilizados para o jogo e ainda podia estar em sua barraca, ou em qualquer outro lugar.

‘Droga’ – ela pensou, sentando-se em um degrau da escada do estádio – ‘Quando eu não quero encontrar com ele, ele aparece. Mas, agora que eu preciso, não o encontro em lugar nenhum.’

Ela cobriu o rosto com as mãos e não conseguiu conter uma lágrima. Como ela tinha sido injusta com ele...

- Hermione? – e a morena levantou a cabeça ao ouvir a voz conhecida – Você está chorando?

- Não Gi, eu só estou cansada. – ela tentou forçar um sorriso – Eu perdi muita coisa do jogo? – mudou de assunto.

- Na verdade, sim! – Gina começou empolgada – Agora teve um intervalo porque os dois goleiros foram nocauteados por balaços... O juiz resolveu dar dez minutos pros capitães tentarem reanimá-los.

- Credo! – respondeu Mione horrorizada.

- Nhá... Faz parte do jogo. – a ruiva continuava animada – Eu vim procurar você e agora que te encontrei, vamos voltar pro camarote? O jogo vai começar daqui a pouco.

- Como você conseguiu me achar tão rápido? – a morena perguntou. Só ela que era incapaz de achar uma pessoa naquele estádio?

- Bem, você está sentada na escada que leva para o nosso camarote. Não precisei procurar muito, na verdade. – Gina respondeu, sorrindo – Vamos agora?

Hermione não tinha muito o que fazer. Não sabia onde procurar por ele.

- Quem está ganhando? – ela perguntou levantando.

- Holanda. – Gina disse sorridente – Mas eles não estão com a vitória garantida não. Se o apanhador da Rússia pegar o Pomo, eles passam na frente e ganham o jogo.

- Hum... – foi o máximo que a morena conseguiu falar.

- Você deve estar chateada por não ter conseguido encontrar o Malfoy, ne? – a outra perguntou.

- Como você sabe que eu estava procurando ele? – ela perguntou assustada.

- Você não saiu atrás dele pra falar umas verdades na cara seca dele?

- Ahn... É. Bem... Eu realmente não consegui falar com ele. Mas peraí... Como você sabe que eu não consegui encontrar ele?

- Um pouco depois que você saiu, ele entrou de volta no nosso camarote. Acho que não conseguiu achar ninguém que suportasse dividir um camarote com ele. Então eu simplesmente imaginei. – a ruiva respondeu sorrindo.

- Ele está no nosso camarote? – ela perguntou ansiosa.

- Eu acabei de falar que sim, mas...

Gina não teve nem chance de terminar a sentença. Hermione saiu desembestada escada a cima.

Ao entrar no pequeno espaço, logo pôde vê-lo. Ele estava sentado ao lado de Blaise Zabini, conversando sobre um assunto que ambos pareciam achar muito engraçado. Não andou diretamente na direção dele, precisava falar com ele a sós.

- Mi! Que bom que você voltou! – Luna falou bem alto.

A morena deu um sorriso envergonhado, quando todos voltaram os olhos em sua direção, e foi caminhando para uma cadeira ao lado da amiga.

- Eu não disse que eu ia encontrar ela? – Gina disse aparecendo pela porta.

- Você foi muito eficiente mesmo. – Luna disse sorridente.

- Mas esse deve ser o grupo mais lindo de amigas de todo o mundo bruxo. Quem é a amiga de vocês, bela dama? – August veio caminhando na direção delas.

- Essa é Hermione Granger, a mais nova dona de uma das melhores livrarias da Inglaterra. – disse Gina.

- Eu sou... – o ministro começou.

- August Ginever. – Hermione completou a frase dele, estendendo a mão – Um prazer conhecer o senhor pessoalmente, ministro.

- Olha só. Realmente você é bem informada. Tem muita gente aqui da Austrália que não sabe quem eu sou. – ele disse dando uma gostosa gargalhada – E por falar em conhecer, quero que você conheça esse seu conterrâneo. Senhor Malfoy, venha aqui.

- Não vai ser necessária nenhuma apresentação, August. A gente já conhece o Malfoy. – Luna disse tentando não transparecer sua raiva.

- Bem demais, na verdade. – Gina disse contrariada.

- Mas estamos todos entre amigos, então? Que preciosidade! E agora que eu fui reparar. Têm mais ingleses nesse camarote do que qualquer outra nacionalidade. – ele disse gargalhando novamente.

- Assim a gente vai começar a se achar importante demais. – comentou Draco, sorrindo e colocando a mão nos bolsos.

- Você fala como se não fizesse isso sempre. – Gina alfinetou.

Draco levantou uma das sobrancelhas e o ministro deu outra risada.

- Bela dama, vejo que vocês são muito amigos mesmo. Só gostando muito um do outro pra poder fazer uma piada dessas. Qualquer um que ouvisse isso ia entender como uma ofensa.

- É, ne? Você não sabe o sentimento que nós temos por ele. – Luna disse entre os dentes, que apareciam num sorriso falso.

- Às vezes nós temos uns desentendimentos. – Hermione disse, olhando nos olhos do loiro - Acontecem alguns mal entendidos que acabam fazendo com que a gente pare de se falar, mas, no fim, tudo que a gente quer fazer é pedir desculpas e tentar fazer as pazes. A gente sente muita saudade dos tempos que passamos juntos.

O pequeno grupo olhava de Hermione para Draco, sem entender. O ministro foi o primeiro a se manifestar.

- Oh, parece que o jogo vai recomeçar. Já estava mais do que na hora. – ele falou juntando as mãos e depois se virou, falando baixinho para Draco – Acho que você e essa bela jovem têm algum assunto para resolver. Por que vocês não aproveitam agora, que todos estão entretidos com o jogo? Assim ninguém atrapalha vocês. – e deu uma piscadinha, voltando-se logo em seguida para a multidão e apontando a varinha para a própria garganta.

Malfoy pegou o braço de Hermione e a levou para fora do camarote.

- Por que você falou aquilo? – ele perguntou, ríspido, antes que ela pudesse falar qualquer coisa.

- Porque é o que eu sinto. Eu queria te pedir desculpas. – ela tinha a voz chorosa.

- Não quero ouvir mais nada. – ele respondeu secamente –Eu não quero mais saber de você.

- Eu não fui te encontrar porque eu achei que tinha sido você que tinha contado tudo! – ela disse desesperada, segurando o braço dele para evitar que ele voltasse para o camarote.

- Do que você está falando? – ele disse com a voz arrastada.

- Não sei se você teve ciência, mas a minha família, os meus amigos, a família da Gi, todo mundo que a gente ama ficou sabendo da aposta. E quando eles se viraram contra nós, eu fiquei desesperada, destruída. Não conseguia pensar em mais ninguém que pudesse ter contado pra eles. – algumas lágrimas caíam em seu rosto.

- E você não pensou nem em vir me perguntar? – ele continuava com a voz amarga.

- Perguntar o que? Você já tinha nos ameaçado antes. Lembra? No restaurante, você nos disse que ia contar tudo. Eu só juntei as peças. Então eu fiquei com muita raiva de você. Simplesmente não agüentaria nem olhar pra você. E agora eu vejo o quanto que eu fui burra, o quanto eu fui injusta.

- Pois é, Granger. Você foi muito idiota mesmo. Não adianta vir chorando agora, eu já disse que eu não quero mais saber de você.

- Tudo estava tão bem entre nós! Por que você tinha que ter ido no restaurante provocar a gente? – ela agora chorava abertamente – Eu estava me apaixonando por você, Draco.

Ouvi-la mencionar o seu nome afetou Malfoy. De repente ele não quis mais ir embora, não quis mais deixá-la ali sozinha, chorando.

- O Blaise me provocou a ir. Ele disse que eu estava mudado, que eu estava ficando idiota. Ele disse que eu estava caído por você. Então eu fui na mesa de vocês pra provar pra ele que ele estava errado, que eu não estava apaixonado coisa nenhuma; pra mostrar que eu ainda era o mesmo Malfoy de sempre. – ele não parecia ter arrependimento na voz.

- Mas você não é mais. Você não contou nada pra minha família, isso prova que você mudou. – Hermione falou, parando de chorar.

- Eu não mudei. – Malfoy disse secamente.

- Você mudou sim, Draco. Você mesmo já me disse isso uma vez. Você é um homem melhor agora. – ela disse tentando sorrir.

- Você não entende, Granger? Não me interessa. Não me interessa se você está arrependida ou não. – ele tinha o mesmo tom de voz arrastado e irônico da adolescência – Não me interessa o que você sentiu ou deixou de sentir por mim. Eu usei você assim como você me usou. Você foi só isso pra mim, um passatempo. Agora vê se me esquece.

- Você é um porco, Malfoy. – Hermione disse, chocada demais com o que ele disse – Eu não sei como eu fui capaz de me arrepender do que eu fiz. Você mereceu cada gota do meu desprezo. Eu odeio você, Malfoy.

Ele ficou mexido com as palavras dela.

- Você sabe, tanto quanto eu, que você não me odeia, Granger. – ele disse sorrindo desafiador.

- E você sabe, tanto quanto eu, que eu não fui só um passatempo pra você. – ela disse séria.

- Por que você é assim? – ele perguntou desfazendo o sorriso.

- Assim como?

- Tão confiante.

Hermione sorriu.

- Eu sei que eu sempre tenho razão das coisas.

- Eu sempre detestei essa sua mania de querer ser sabe-tudo. – ele disse com uma expressão indecifrável.

- Eu sempre achei isso o meu charme. – ela disse sorrindo.

- E desde quando você se acha tão irresistível assim?

- Olha quem fala, senhor “eu-sou-o-melhor”. – ela respondeu provocando.

Os dois não brigavam. Estavam apenas em um jogo de provocação, numa conversa boba, que fazia a mulher saber que ele não estava mais com raiva dela.

- Mas eu sou o melhor mesmo. – ele disse mexendo no cabelo.

- Correção: você se acha o melhor.

- Não, não. Todos me acham o melhor.

- Ah, é? Me dá um exemplo então de uma pessoa que te acha o bonzão.

- Você. – ele disse sorrindo pela primeira vez.

Hermione deu uma sonora gargalhada.

- Você realmente é muito convencido.

- E você fica linda rindo assim. – foi a ultima coisa que disse antes de beijá-la.

Hermione sabia que esse era o máximo que ele falaria para ela. Por mais que ele tivesse mudado, ainda era Draco Malfoy. Ela realmente não esperava nenhuma declaração de amor ou nenhuma palavra sobre perdão. Aquele era o jeito dele de expressar tudo que ela queria saber.

Ela estava com o coração mais leve, feliz. Finalmente todos as confusões tinham sido resolvidas. Ela estava com Draco e estava muito satisfeita com isso.

Sem pensar em mais nada, simplesmente se permitiu aproveitar o beijo dado por aqueles lábios que ela tanto sentira saudade.


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N/A: Cap grande, ne? Com todas as respostas que voces precisavam/queriam ler. Como eu ja disse, a fic esta chegando no fim. Eu espero que voces tenham gostado do capítulo e tambem espero os comentarios de voces!
quanto mais voces comentarem, mais rapido eu posto o proximo capitulo!
amo voces. COMENTEMMMMM
beijos
TiTa ^.~

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