Preparando-se para o futuro.



N.A: *puxa o ar com força para os pulmões* Ah, como é bom viver! Depois de "séculos", eu estou aqui, recuperada, para apresentar-lhes o decimo nono capítulo desta fic... Bom, a contar pelo desespero de voces, acho melhor parar de enrolation e ir ao que interessa. Então, aqui está! :


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A choradeira da Sra. Weasley na sala d’A Toca dava a impressão de que alguém havia morrido. Seus constantes soluços tornavam aquele momento mais difícil do que originalmente era. As duas mulheres ruivas estavam abraçadas ao que pareciam ser horas, em uma despedida dolorosa demais para a situação real da coisa, mas apenas uma das mulheres parecia saber disso.


- Mamãe, eu já disse que você está exagerando! – Gina passava a mão carinhosamente nos cabelos da mãe – Eu passava meses em Hogwarts e você não fazia esse escândalo todo!


- Eu sei! Mas agora é diferente. Você está indo para um lugar onde passará a maior parte do tempo montada em cima de uma vassoura a mais de dez metros de altura, fazendo malabarismos e perseguida por balaços! – a voz da Sra. Weasley saía chorosa, e ela se recusava soltar a filha.


Hermione, que estava no local para se despedir da amiga, parecia ser a única a manifestar aprovação às palavras da matriarca da casa.


- Molly, você sabe que a Gina é uma excelente piloto! – disse o Sr. Weasley, tentando ser coerente.


- Oh, eu sei! – Molly soltou a filha e se jogou nos braços do marido – Eu sei, mas não tenho pressentimentos bons...


- Como mamãe adora fazer cenas dramáticas! – Jorge sussurrou para Rony e Hermione.


- Credo mamãe! Não diga isso! – reclamou Gina.


- Me desculpe, meu anjo! – Molly se virou para a filha caçula – Eu estou sendo boba!


- Não, você está sendo Molly Weasley! – brincou a ruiva com doçura.


Molly abriu um sorriso singelo em direção à sua filha antes de lhe acariciar a face de maneira bastante característica.


- Acontece que você é e sempre será minha princesinha. Não é fácil ver sair de casa minha filha caçula, é quase como se minha missão aqui estivesse se encerrando sabe... Ver todos os meus filhos já adultos formados e tomando o rumo da própria vida... – a bruxa deu uma olhada em cada um dos filhos que estavam presentes, inclusive em Harry e Hermione – Eu tenho tanto orgulho de vê-los assim... – e deixou mais uma lágrima rolar.


Fleur se aproximou da sogra, mais bela do que nunca. Não seria exagero dizer que a gravidez a deixara ainda mais bonita, apesar de sua barriga ainda não denunciar claramente seu estado. - Non diga uma barbarridade dessas Molly! Sua misson aqui aind’ está só começande. – disse Fleur pousando a mão da sogra sobre seu ventre – Ainda temos muitas coisas parra viver com você! – concluiu docemente com seu agradável sotaque, agora já bem menos carregado.


Os olhos da Sra. Weasley tornaram a ficar rasos d’água.


- Por Mérlin, você tem razão! – e olhou para a barriga pouco perceptível que abrigava seu primeiro neto – Me perdoe querido. – a matriarca se dirigiu à barriga da nora, o que fez todos rirem e tornou o clima mais ameno. Molly sorriu para Gina – Eu realmente tenho orgulho de você. Tenha cuidado! – e a abraçou mais uma vez.


- Eu terei! – garantiu a caçula.


Assim que se soltou da mãe, Gina correu os olhos pela sala à procura de alguém, mas logo foi interrompida pelo abraço do irmão mais velho que iniciou uma longa sessão de abraços, conselhos e palavras de otimismo. Mas Gina não viu Harry, e já ia perguntar por ele quando levou um grande susto ao ouvir um sussurro em seu ouvido.


- Estava me procurando?


Gina virou-se rapidamente.


- Harry! Onde você estava?


- No jardim!


- Mas...


- Eu não gosto muito de despedidas!


Gina olhou profundamente para ele e sorriu.


- Eu não vou embora Harry! Estarei em casa todos os fins de semana que não tivermos jogos ou treinos! Você anda convivendo muito com a mamãe!


- Eu ouvi Ginevra! – bradou a Sra. Weasley, fingindo indignação.


- Ele sabe disso Gina. – Rony se aproximou dos dois – Acontece que na próxima semana ingressaremos no treinamento para formação de aurores, e isso nos tomará muito tempo também, inclusive alguns fins de semana. - explicou em uma surpreendente demonstração de compreensão e apoio ao melhor amigo.


- Acho que já está na hora, filha! – alertou o Sr. Weasley conferindo seu velho relógio. – Não é bom que se atrase justo no dia de sua apresentação ao time.


Gina concordou e olhou para Harry.


Nesse momento, todos buscaram travar conversas paralelas, numa tentativa de não prestar muita atenção nos dois, com exceção de Rony, que precisou levar um doloroso beliscão de Hermione para dar um pouco de privacidade ao casal.


- Sentirei saudades. – disse a ruiva com um sorriso sincero.


- Vai dar tudo certo, não vai? – Harry a envolveu em um abraço apertado.


- Claro que vai! – sussurrou Gina, engolindo a vontade de chorar e lutando contra o desejo de nunca mais se afastar daqueles braços.


- Era só isso que eu precisava ouvir! – disse Harry, apertando-a ainda mais forte.


- Me escreva!


- Eu irei. Boa sorte Gi!


Assim que se soltaram, beijaram-se com carinho. Gina começou a se encaminhar para fora, com todos em seu encalço. Ainda recebeu mais alguns abraços.


- Mamãe, cuide do Arnoldo! – orientou a ruiva enquanto sacava a varinha para aparatar – E olhem... – deu uma olhada geral ao redor – Quero todos vocês nos jogos!


- Pode contar com isso maninha! Assistiremos de camarote, patrocinado pelas Gemialidades Weasley! – disse Jorge pomposo – Certo Roniquinho?


- Pode apostar! – Rony deu uma piscadela para a irmã, que sorriu feliz.


Gina deu as costas e ergueu a varinha, mas antes de rodopiar e sumir vislumbrou os lábios de Harry formarem silenciosamente a frase “Eu te amo”.


Materializou-se em frente ao centro de treinamento das Harpias sorrindo bobamente, mesmo estando bastante nervosa.


 


 


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- HARRY!!!!!!


Harry levantou-se da cama com um pulo. Era Rony que estava gritando seu nome, e, pelo tom, parecia ser urgente. Largou o livro que lia de qualquer jeito sobre a cama e se dirigiu apressado à porta.


Trombou de frente com Rony, que entrava no quarto no mesmo instante.


- Rony! – Harry esfregava o braço que havia batido. Mas Rony não mostrou sequer se importar com o encontrão, e parecia bastante ansioso e ofegante trazendo consigo dois envelopes na mão direita. Esticou um deles para o amigo.


- O que é isso? – Harry pareceu intrigado enquanto recebia a correspondência.


- O que você acha? – a voz de Rony saiu nervosa.


Harry olhou para o brasão que vedava o envelope e sentiu um choque agudo lhe queimar o sangue. Sua boca secou. Olhou para Rony, que já estava sentado na cama e olhava para o papel em suas mãos com uma expressão que dava a entender que a qualquer momento o rasgaria. Sentou ao lado do amigo.


Os dois permaneceram em silêncio por bons minutos, refletindo enquanto apreciavam o formato das letras que adornavam o envelope, formando seus nomes.


- Hermione já deve estar sorrindo e pulando de felicidade! – disse Rony ainda de cabeça baixa.


- É! A Gina também! – completou Harry.


Os dois se entreolharam.


- É isso aí, companheiro! – o ruivo tentou sorrir.


- Juntos? – Harry indagou, recebendo um aceno de cabeça em resposta.


Os dois começaram a tirar o lacre e retiraram de dentro do envelope um comprido pergaminho. Por alguns instantes os dois apenas rastrearam com os olhos cada palavra escrita no papel, sem demonstrar nenhuma emoção. O primeiro a se manifestar foi Rony, que tinha as mãos levemente trêmulas.


- Eu tirei “O” em feitiços. – disse com a voz rouca, sem tirar os olhos do papel.


- Eu também! E em DCAT! – Harry já tinha uma expressão bem mais aliviada, inclusive um discreto sorriso crispava o canto esquerdo de seus lábios – Você foi aprovado em todas? – finalmente desgrudou os olhos do papel e olhou para o amigo a tempo de vê-lo afirmar com um movimento de cabeça.


Rony abriu um largo sorriso e dobrou o pergaminho.


- Agora ninguém poderá dizer que ingressamos para o treinamento de aurores apenas por influência do ministro! Estaremos lá por absoluto mérito.


Harry concordou com as palavras do amigo, afinal, aceitara o convite de Kingsley, mas a idéia de ingressar no corpo de aurores “apenas” por influencia de sua amizade com o ministro era algo que lhe incomodava em demasia.


A porta se abriu com um estrondo, sobressaltando os dois rapazes, que fitaram uma radiante Hermione parada ali, com um pergaminho amassado nas mãos, os olhos brilhando e um sorriso que Harry julgou nunca ter visto antes nos lábios da amiga.


- Mione? O que... – mas a garota nem deu tempo de Rony terminar de formular a pergunta, pois se jogou sobre ele com força, fazendo Rony desequilibrar-se.


- Eu consegui! Eu passei! – dizia a garota em uma voz esganiçada.


- Não me diga... – Harry disse com ironia, fazendo uma cômica expressão de surpresa, afinal, nem mesmo o mais asno trasgo montanhês duvidaria que Hermione fosse passar sem problemas na escola.


- Ah, Harry! – Hermione deu espaço para Rony respirar e pegou o amigo de surpresa, o abraçando carinhosamente.


Harry olhou para Rony por cima do ombro da amiga e sorriu ao vê-lo balançar a cabeça, divertido. O ruivo parecia estar pensando a mesma coisa que ele pensara há pouco.


- E a que devemos a honra de sua visita? A senhorita não deveria estar no ministério? – Rony indagou.


- Deveria, mas recebi os resultados dos NIEM’s e meu chefe pareceu verdadeiramente impressionado com meu rendimento, então me deu folga o restante do dia. Mas eu não resisti e tive de vir pra cá. E vocês? – Hermione viu que os dois estavam com um pergaminho na mão também – Como foram? – perguntou ansiosa.


- Hum, digamos que... Nos saímos bem. – Rony disse encolhendo os ombros.


Hermione bufou frustrada.


- Como assim bem? Tiveram algum “O”?


- Que tipo de animais irracionais acha que somos? – Rony pareceu se irritar com a pergunta - É claro que tivemos... Alguns...


- Alguns? – Hermione nem se importou com a indignação do ruivo – Como assim alguns? Mais de um?


- Qual é? Você acha que não somos capazes de...


A garota, perdendo de vez as estribeiras e interrompendo a dramatização, puxou o papel da mão de Rony e começou a lê-lo, sem dar importância a seus protestos. Seus olhos se arregalaram. Sorriu orgulhosa.


- Você tirou “O” em Feitiços! E não tirou nenhuma nota abaixo de “E”! Puxa Ron, isso é maravilhoso! – a jovem tornou a abraçar o namorado, dessa vez de maneira mais contida, ato que fez qualquer expressão de indignação se dissolver do rosto do ruivo.


- É, talvez a mamãe fique feliz! – respondeu Rony com fingida modéstia.


- Então, e você, Harry? – Hermione se voltou ao amigo.


- Ah, fui bem! – respondeu sorrindo.


Hermione revirou os olhos e estendeu a mão a Harry, que lhe passou a folha de pergaminho sem reclamar, pois sabia que a amiga não se daria por satisfeita antes de saber todas as suas notas.


- Mérlin! Você tirou “O” em poções? – a morena parecia surpresa e olhou para o amigo de queixo caído.


- Bom eu...


- Como é que é? – Rony arrancou o papel da mão dela e procurou com urgência confirmar a informação. Assim que o fez, arregalou os olhos – Você não me disse essa Harry! Que massa! Quem diria, hein...


- Mas eu já havia dito a vocês que não tinha achado difícil a prova de poções. – justificou meio irritado pela reação, em sua opinião, exagerada dos amigos. Afinal, ele não era uma negação completa em poções. Sempre atribuiu seu péssimo desempenho na disciplina à pressão que sofria por Snape e pela repulsa compartilhada por ambos; mas esse fato mudou quando a cadeira de poções foi assumida por Horácio Slughorn. Bom, é fato também que seu crescente aproveitamento se deu por conta de uma ajudinha básica de um “certo” livro que por ironia pertencera ao próprio Snape, mas isso ele considerava irrelevante.


- É, mas você pareceu bem mais empenhado na matéria esse ano, principalmente sem aquele livro e sem toda aquela veneração que o Slughorn tinha por você. – comentou Hermione venenosamente.


- Mas e você, Mione? Quantos “O” tirou? – Harry mudou descaradamente de assunto, não querendo ver aumentar de tamanho o sorriso da amiga e reprimindo a vontade de socar Rony, que ria baixinho.


- Na verdade tirei “O” em todas as disciplinas, inclusive em Defesa Contra as Artes das Trevas. – revelou sorridente, fazendo as risadinhas de Rony virarem um soluço esganiçado de espanto.


- O que?


- Não é legal?


- Legal? Hermione, isso é assustador!


- Agora eu preciso anexar minhas notas ao meu currículo! – comentou a garota, ignorando o último comentário de Rony.


- Acho que isso pode trazer boas repercussões ao andamento do meu projeto.


- Boas repercussões? Arranco todos os meus dentes se você não for promovida com essas notas. – falou Rony com um certo tom de orgulho na voz.


- Não exagere Ron! – disse Hermione sem-jeito, dessa vez sem fazer questão de ignorá-lo.


- Eu acho que o Rony tem razão! – Harry disse conciliador, fazendo a amiga sorrir encabulada.


- Ah, por falar no meu projeto, Harry... tenho pensado e acho que preciso de um favor seu!


- Um favor meu?


- Bom, na verdade, é do Monstro!


- Hã?


Hermione suspirou e sentou na cama de Rony.


- Eu sei que isso pode soar meio absurdo, mas vou precisar de uma grande ajuda do Monstro.


- Seu projeto anda com problemas no ministério? – perguntou Rony, parecendo preocupado.


- Não é isso! Na verdade, burocraticamente falando, o projeto vem caminhando muito bem. Acontece que, como esperado, venho encontrando muita resistência não apenas dos próprios elfos domésticos, mas dos bruxos, em aprovarem as medidas trabalhistas que propus no meu projeto para a melhoria da qualidade de vida dos elfos.


- E em que você supõe que Monstro seria útil? – Harry percebeu uma grande excitação brilhar nas íris castanhas.


- Bom, eu poderia tentar resolver essa questão de várias maneiras. Algumas bem drásticas, eu diria.


- Drásticas? Como? Forçando os elfos a aceitarem suas propostas? – Rony contestou da maneira mais cautelosa que estava ao seu alcance no momento, pois conhecia a obsessão doentia da namorada a respeito desse assunto.


Um sorriso ameaçador surgiu nos lábios de Hermione.


- Exatamente! Eu poderia fazer algumas adaptações e levar o projeto aos meus superiores no setor de Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas e solicitar autorização de encaminhamento ao Departamento de Execução de Leis da Magia para fins de legalização. Transformar essas medidas em leis obrigaria os bruxos que não desejassem obter severas punições a cumpri-las rigorosamente, e os elfos não teriam escolha à não ser obedecer a seus mestres. – o sorriso da garota murchou com um balão furado e seus ombros caíram em desânimo – Mas eu não gostaria de levar as coisas a esses extremos. Não pretendo solucionar o regime de escravidão ao qual os elfos são submetidos por meio de opressivas represálias, mas unicamente por intermédio da conscientização. – Hermione suspirou pesadamente e passou uma mecha de cabelos para trás da orelha – Então eu andei pensando e cheguei à conclusão de que preciso de um representante da classe a ser favorecida que apóie a causa.


- E por acaso esse “representante da classe a ser favorecida” seria o Monstro? – perguntou Rony de sobrancelhas erguidas, já sabendo a resposta que viria.


Hermione limitou-se a concordar com a cabeça.


- Isso é um problema! – disse Harry simplesmente, ajustando melhor os óculos no rosto e encarando a amiga seriamente – Monstro não é exatamente o que podemos chamar de um fã seu, Mione.


- Eu sei disso! – confirmou um pouco angustiada, mas num tom claramente resoluto – Talvez seja em vão, mas eu preciso falar com ele e tentar ganhar sua confiança.


- O Harry poderia ordená-lo a ajudar você. – disse Rony numa tentativa de ajudar, dando-se conta da extensão do problema – Ele teria de obedecer...


- Não! – afirmou taxativa – Isso seria abominável! Já disse que gostaria de ganhar essa causa por meio da conscientização. Se eu tiver que contar com o apoio do Monstro será por exclusiva escolha dele.


- Ok Mione! Digamos que você vença esse obstáculo e consiga trazer Monstro pro seu lado. – Harry cruzou os braços – Como vocês dois sozinhos conseguiriam persuadir os milhares de bruxos e elfos do país?


- Você está equivocado em alguns pontos: Primeiro: nós dois não estaríamos sozinhos; ou será que eu não tenho mais o apoio de vocês? – os dois rapazes sorriram, o que Hermione achou suficiente – Além do mais, tenho suporte do meu setor no ministério. Segundo: os elfos domésticos possuem uma submissão natural à serventia que é alimentada por seus ancestrais há séculos e nunca foi tão diretamente contestada. Confrontá-la abertamente seria um grave erro, além de um gasto desnecessário de tempo e verba que poderia arruinar o projeto, pois uma mudança drástica e repentina nos padrões de vida dos elfos poderia levar conseqüências irreversíveis a eles. – explicou.


Harry e Rony ficaram aliviados em saber que ela enfim compreendera que seria inútil tricotar milhares de gorros e meias de lãs e escondê-los em pontos favoráveis do território nacional.


– Mais do que persuadir, meu objetivo é conscientizar e posteriormente causar uma adaptação gradativa nos padrões de hábitos e costumes, não somente dos elfos, mas da sociedade bruxa da Grã-Bretanha. - ela continuou - E terceiro: eu pretendo disseminar a idéia e obter mais adeptos que se engajem na causa e nos ajudem a difundir a idéia para outros países.


- Puxa, você parece ter gastado tempo pensando em tudo isso! Eu não saberia nem por onde começar. – disse Rony um pouco atônito, já que, para ele, o brilhantismo de Hermione não era nenhuma novidade, mas ainda era digno de admiração.


- Por falar nisso, eu pensei se Hogwarts não seria o ponto gatilho ideal para o projeto, já que o castelo conta com o maior contingente de elfos domésticos do país. Tenho certeza que teria o apoio de McGonagall e caso Monstro resolva nos ajudar, seria ainda mais favorável, já que a essa altura ele já deve conhecer bem os companheiros que trabalham ali. – Hermione falou.


- É, quem sabe assim nós possamos convencer a Winky a trocar aqueles farrapos. – comentou Rony com pesar ao lembrar-se da pequena criatura.


Hermione sorriu com candura para ele. Ela sentia-se profundamente emocionada quando percebia que Rony enfim compreendera o propósito de sua luta a favor dos elfos. Harry caminhou até a janela e pôs-se a observar o exterior da casa.


- Se Dobby estivesse aqui, tenho certeza que ele ajudaria de bom grado. – disse meio distraído, parecendo reflexivo enquanto observava a Sra. Weasley alimentar as galinhas no jardim.


Rony e Hermione trocaram olhares cheios de significados, mas não disseram nada.


- Okay então! Já posso chamar o Monstro? – Harry se dirigiu a Hermione, que concordou. Respirou fundo antes de bradar: – MONSTRO!


Após alguns poucos segundos de espera, um estalido próximo à porta denunciou a chegada do velho elfo. Monstro materializou-se já curvado em uma reverência um tanto quanto exagerada na opinião de Harry. O antigo medalhão de Regulus balançava em seu pescoço fino, quase arrastando no chão.


- Em que Monstro pode ajudar o seu senhor Harry Potter?


-Na verdade sou eu quem precisa da sua ajuda! – Hermione se antecipou. Aproximou-se do elfo e ajoelhou-se para poder olhá-lo melhor.


Assim que a pequena criatura ergueu a cabeça e fitou a moça foi que os três perceberam que o elfo já não parecia tão maltratado e velho como quando residia no Largo Grimmauld. E nem parecia tão amargurado e ranzinza com aquele mau-humor intragável, mas sua feição ainda estava a léguas de distância de transparecer simpatia. Ainda assim, o elfo pareceu se esforçar em parecer ao menos educado. Inclinou a cabeça para frente numa alusão à reverência, mas Harry achou que o movimento sequer chegara a formar um ângulo completo. Hermione, no entanto, pareceu encantada.


- Em que Monstro pode ajudar a amiga de Harry Potter? – Monstro falou tão baixo que Hermione precisou se aproximar mais para ouvir. Harry e Rony apenas assistiam, sem dizer uma palavra e sem sequer cogitar a possibilidade de fazê-lo. Conheciam Hermione o suficiente para saber que ela já deveria ter algo muito bem elaborado em mente para tentar ganhar a confiança de Monstro.


- Antes eu preciso te explicar algumas coisas. – Ela se pôs de pé, satisfeita por ter a atenção do elfo para si; ele parecia bastante curioso, e isso era excessivamente favorável a ela – Sente aqui, é um pouco longo o que tenho pra dizer.


Monstro fez uma careta que transparecia o quanto ele havia ficado confuso com o pedido da garota. Olhou para Harry, que apenas fez sinal para que ele fizesse o que ela dizia. O elfo então, muito lentamente, arrastou os pés em direção à cama e sentou-se com um pouco de dificuldade, devido a seu pequeno porte.


Hermione sentou-se logo ao seu lado, mas Monstro afastou-se um pouco mais, parecendo desconfortável com tamanha proximidade e pôs as mãos entre os joelhos, os pés balançando. Hermione achou melhor começar logo. Muito compassadamente e medindo as palavras com cuidado, começou a relatar para o elfo todo o seu projeto, seus objetivos, e todos os pormenores que apenas uma mente como a dela seria capaz de desenvolver.


Quase quinze minutos completos se passaram durante os quais apenas a voz da garota era audível no aposento. A pequena criatura, para quem toda a atenção de Hermione estava voltada, parecia estar escutando com cuidado a jovem, mas estava tão imóvel que dava a impressão se que poderia estar petrificado. Até mesmo Harry e Rony, meros espectadores que já conheciam aquela história de cor, a ouviam com zelo, tamanho era o empenho acalorado com que ela proferia aquelas palavras.


Quando Hermione concluíra toda sua narração, um silêncio quase sepulcral chegou a pressionar os tímpanos, e três pares de olhos ansiosos estavam cravados no velho elfo doméstico, que fitava os joelhos e balançava as curtas pernas. Quando este ergueu a cabeça, não foi a Hermione que se dirigiu.


- Mestre Harry Potter concorda com isso? – Monstro pareceu tentar, mas não obteve completo sucesso em ocultar a impressão de ter ouvido uma sucessão de absurdos.


Harry pareceu um pouco surpreso com a indagação, mas logo um pequeno sorriso se formou em seus lábios. Apesar de tudo que ocorrera no passado, ter ganhado a confiança de Monstro o deixava bastante satisfeito. Achava que estava começando a superar a morte do padrinho.


- Eu achei a idéia brilhante, e acredito que Hermione tivesse razão quando sugeriu não haver melhor aliado que você.


Monstro permitiu que seus grandes olhos pousassem sobre a figura de Hermione. Ele a olhou com uma expressão que beirava o pesar, como se estivesse olhando para um moribundo, ou alguém fora de seu juízo perfeito. Não havia dúvidas que o elfo deveria estar achando Hermione uma espécie de bruxa tresloucada.


- Monstro não quer ser intrometido, mas Monstro precisa dizer que esse é um encargo muito difícil. Monstro não sabe se seria realmente útil para a senhorita. Hermione pareceu emocionada ao ouvir o elfo chamá-la de senhorita, não de sangue-ruim, como lhe era habitual.


- Tenho certeza que você será perfeito. – ela disse de maneira doce, mas logo assumiu uma postura mais séria – E estou segura de que posso confiar em você assim como seu mestre Régulo confiou.


Monstro imediatamente, quase por instinto, olhou para o medalhão que repousava sobre seu peito nu e o envolveu com seus dedos longos e enrugados.


Harry e Rony sorriram para Hermione, numa clássica demonstração de reverência à sua inteligência, mas esta sequer notou a manifestação dos amigos, pois não tirava os olhos de Monstro. Aproximou-se mais dele; já que começara a apelar, não lhe custava nada exagerar mais um pouco.


- Meu maior desejo é que haja respeito nas relações entre bruxos e elfos domésticos, para que vocês possam viver de maneira digna. Gostaria de abrir os olhos dos bruxos para que eles possam reconhecer os seres surpreendentes que vocês são, assim como seu mestre Régulo fez com você. Mas eu também adoraria que vocês elfos nos vissem como amigos, e não exclusivamente como seus senhores, tal como Dobby, que servia Harry por carinho e admiração, não por obrigação.


Até mesmo os dois rapazes, que até então se mantinham calados, pareceram refletir sobre aquelas palavras. Chegava a ser chocante perceber que quando relações sinceras de amizade tomavam corpo e existência entre os seres, independente de raças ou espécies, os sentimentos se assemelhavam quase em proporções de igualdade, e que o instinto de proteção para com o outro se fazia tão genuíno e natural quanto à necessidade de se respirar para viver.


Hermione notou uma lágrima rolar pelo rosto pálido e acinzentado do elfo, percorrer-lhe o longo nariz e depois seu tronco, para então umedecer uma de suas perninhas. Mordeu o lábio inferior com aflição, pensando se não teria pegado pesado demais com Monstro. Um pouco hesitante, aproximou sua mão do elfo, que não demonstrou resistência, e a pousou em seu ombro fino de maneira consoladora.


- Mestre Régulo sempre protegeu Monstro. – balbuciou o velho elfo com a voz estrangulada por pequenos soluços.


- E Dobby protegeu Harry. – comentou Hermione em voz baixa, mas se fazendo ouvir – As relações entre bruxos e elfos podem ir muito além do momento em que se dá a vida para proteger alguém querido, estabelecendo vínculos que seriam reconhecidos durante toda uma convivência. – ela fez um pouco mais de pressão sobre o ombro de Monstro – Seria maravilhoso se pudéssemos cuidar uns dos outros sem entraves, não acha? Como uma verdadeira família.


Após alguns tensos segundos de expectativa, e o elfo enfim se manifestou.


- Monstro garante que irá fazer o possível para ajudar a senhorita. – pronunciou a pequena criatura enquanto limpava o rosto com as mãos.


Harry, Rony e Hermione trocaram tênues sorrisos de satisfação.


 


 


 


 


 


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O dia ensolarado traduzia com exatidão o estado de espírito de Harry naquela bela manhã de segunda-feira. Enfim o dia de se apresentar ao Corpo de Aurores do Ministério havia chegado. Harry ansiara bastante por esse dia, principalmente após a partida de Gina para o Centro de treinamento das Harpias.


Muitos dias já haviam decorrido desde que Gina partira, e desde então precisava conformar-se com a ausência dela e buscar conforto nas cartas quase diárias que ela lhe enviava contando as novidades do time. Ficava feliz por saber que a namorada estava se adaptando bem à nova vida, ainda que isso sempre tenha sido demasiado simples para ela, já que a garota tinha uma grande facilidade de fazer amizades.


A falta de Gina era um dos principais motivos para Harry andar enterrado em livros praticamente o dia todo. O que, invariavelmente, trazia brincadeiras de Rony, que dizia-se preocupado que amigo tenha adquirido “Hermionite”, e fingia achar que a “grave doença” poderia estar se tornando crônica. Mas na verdade, Harry atribuía seu súbito interesse pelos estudos também à ausência de seus dois melhores amigos. Hermione aparecia de vez em quando, mas a cada dia as visitas dela se tornavam menos freqüentes devido seu dedicado empenho à causa dos elfos domésticos, que agora contava com o apoio de Monstro.


Rony parecia perceber o que se passava com Harry, e tentava de alguma forma tentar melhorar o humor do amigo, mas a loja de logros lhe tomava muito do tempo que não precisava para estudar. Harry tivera uma vida turbulenta, mas ainda assim, desde que conhecera Rony e Hermione, sempre contara com a presença e apoio deles. Era difícil agora, num momento em que lhes era permitido desfrutar de uma vida tranqüila e segura, que tivessem de fazê-lo separados. Isso era um fato que lhe chateava bastante. Por isso esperava com tamanha ansiedade o dia de começarem o treinamento para a ingressão no Corpo de Aurores, pois isso lhe permitiria aproximar-se mais dos amigos e o faria ter boas novidades para relatar a Gina nas cartas próximas cartas, além de lhe servir como um bom passatempo. É, seria bom ocupar os pensamentos com coisas mais otimistas.


Pôs a varinha no bolso traseiro de sua calça e desceu as escadas d’A Toca sorrindo, ao lembrar-se do que Alastor Moody certa vez lhe dissera sobre os riscos de se usar a varinha próxima ao traseiro.


- Bom dia meu querido! – a Sra. Weasley o saudou com um grande sorriso e um beijo maternal no rosto assim que ele chegou à cozinha. – Preparado para o grande dia?


- Um pouco ansioso, eu diria! – respondeu de maneira jovial enquanto se aproximava da mesa onde o Sr. Weasley, Percy e Rony já tomavam seu desjejum.


- Você parece é bastante empolgado! – resmungou Rony não demosntrando tanto entusiasmo quanto o amigo – Eu gostaria de estar animado assim.


- É nisso que dá passar horas entocado naquela loja com o Jorge. – comentou Percy em seu habitual tom plácido, notando as profundas olheiras do irmão mais novo enquanto bebericava seu chá.


- Isso não tem nada a ver com a loja! – retrucou Rony, não muito disposto a prolongar a discussão – Só acho que eu poderia ter me preparado melhor.


- E teria estudado bem mais se não tivesse aceitado compartilhar das loucuras do Jorge e...


- Ah, cala essa boca Percy! – agora Rony parecia incitado à briga e revirou os olhos, voltando sua atenção para o prato, enterrando o garfo em um grande pedaço de bacon com uma força maior do que seria necessária e levando-o à boca com violência.


- Por Mérlin! Será que meus filhos não vão crescer nunca? – choramingou a Sra. Weasley enquanto enfeitiçava uma frigideira cheia de bacon – Percy, você já está de casamento marcado. Era de se esperar um pouco mais de maturidade vinda de você.


- Mas eu não fiz nada! Acontece que meus irmãos têm o péssimo hábito de ignorar ouvir umas boas verdades. – retrucou o jovem não parecendo abalado, pegando o Profeta Diário que estava sobre a mesa e abrindo-o com um gesto amplo e exageradamente pomposo.


Rony soltou um muxoxo e reclamou baixinho.


- Como se alguém fosse ouvir esse babac...


- Ronald Weasley! Não ouse completar essa frase! Até por que, de todos, você é um dos que anda mais necessitados de uma boa dose de maturidade. – disse a matriarca em tom de repreensão, mas pareceu ponderar por um segundo enquanto fazia flutuar até a mesa uma porção de salsichas – Bom, talvez não mais do que o Jorge! Deveria existir um feitiço para isso. – e em seguida passou o prato de salsichas a Harry.


Depois disso, o café se fez uma refeição exageradamente silenciosa, principalmente se levado em consideração os padrões d’A Toca. Não tardou e todos os homens presentes se despediram de Molly e caminharam até os jardins, de onde poderiam aparatar até o ministério.


Rony ainda tinha as orelhas bastante vermelhas quando olhou para Harry, mas sorriu para o amigo.


- É isso aí, companheiro! – falou, parecendo mais sossegado – Te espero por lá. – e rodopiou, sumindo com um estalo.


Harry ainda ouviu a Sra. Weasley berrar um “boa sorte” antes de ser comprimido em meio à escuridão.


 


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Assim que o ar tornou a preencher-lhe os pulmões, abriu os olhos e a primeira coisa que vislumbrou foi a figura de seu melhor amigo o observando. Rony parecia inexplicavelmente sorridente para alguém que há pouco não estava com um humor muito sociável.


- Então, acho que estamos adiantados! – constatou o ruivo animado ao checar seu relógio de pulso – Que tal entrarmos logo e procuramos a Mione? Tenho certeza que ela gostaria de nos desejar sorte.


Estava explicada a súbita mudança de atitude. Rony finalmente se lembrara que Hermione também estava ali, naquele mesmo prédio. Isso pareceu, mais que qualquer outra coisa, extremamente eficaz em lhe fazer recobrar o bom humor.


Harry não respondeu ao amigo, seus pensamentos chegando a uma constatação no mínimo hilária enquanto observava a entrada para visitantes do Ministério da Magia da Grã-Bretanha. Era tão estranho e ao mesmo tempo tão contraditório imaginar que ele estava ali com o objetivo de se preparar para ingressar em um setor daquele lugar; que estudaria ali, dedicando-se e esforçando-se para prestar serviço justo àquele ministério, que outrora o difamara e chegara a oferecer recompensa por sua cabeça e de seus amigos. Mais engraçado era constatar que seus amigos também estavam ali. Pensou que as coisas realmente não aconteciam por acaso. Tudo era diferente agora, mas teve uma estranha certeza de que estava no caminho certo.


- HARRY!


- Eu estou ouvindo você.


- Pois não parece! – Rony cruzou os braços em frente ao corpo e o encarou – Em que mundo você estava?


- Não é engraçado estarmos aqui? – perguntou Harry com um olhar distante, ignorando a pergunta de Rony – Depois de tudo que passamos por conta do Ministério, não chega a ser estranho, pra não dizer ridículo, você, a Mione e eu terminarmos aqui? Os três?


Rony franziu o cenho, ainda tentando entrar na conversa de Harry e olhando para o mesmo ponto que ele. Mas aos poucos as palavras do amigo foram fazendo sentido e como em um turbilhão, sua mente foi engolfada por flashes que faziam uma breve retrospectiva de situações que vivenciaram no ministério.


Harry procurou os olhos do amigo. Os dois apenas se olhavam, parecendo lembrarem e pensarem as mesmas coisas. E como se tivessem ensaiado, sorriram ao mesmo tempo, e o sorriso logo se transformou em uma risada, para posteriormente tornarem-se gargalhadas. Não sabiam do que riam, tampouco por que riam, só sabiam que era maravilhoso rir ali naquele momento. Tudo pareceu arrebatadoramente engraçado.


Dois barulhos, e dois ruivos se materializaram quase ao lado deles.


- Posso saber qual a graça? – perguntou Percy enquanto arrumava melhor a capa sobre o corpo.


- Não! – responderam os dois em uníssono, antes de saírem lado a lado, caminhando em direção à velha cabine telefônica, ainda embebidos em gostosas gargalhadas.


Percy olhou para o pai intrigado, mas Arthur lhe devolveu um olhar de “eu não entendi nada” antes de dar de ombros e seguir os dois jovem iam mais à frente.


 


Assim que entraram, depararam-se com o átrio já apinhado de bruxos.


É claro que a presença de Harry Potter e Ronald Weasley no Ministério da Magia naquele dia não chegou a ser uma novidade, já que a notícia de que ambos ingressariam para o treinamento de aurores alastrara-se mais rapidamente que poeira em dia de ventania, mas nem por isso a presença deles ali causou menos frisson. Dezenas de rostos viravam na direção deles, e muitos bruxos simplesmente paravam para observá-los sem o menor receio de estarem sendo indiscretos.


Rony pareceu nem ligar, murmurou um “tchau” para o pai e o irmão e puxou o amigo pelo braço, se embrenhando em meio à pequena multidão.


- Posso saber para onde está me levando? – Harry perguntou se deixando conduzir.


- Procurar a Mione! Temos pouco tempo pra falar com ela.


Harry não culpou o amigo, pois se tivesse a oportunidade de pelo menos ver Gina, o faria sem hesitar. Resolveu não fazer objeções, até porque ele mesmo tinha muita vontade de ver a amiga. Caminharam de maneira resoluta em direção aos elevadores, mas antes mesmo de os alcançarem, foram retidos por alguém.


- Ora, chegaram cedo! – a voz grave e confortadora de Kingsley chegou aos ouvidos deles, que viraram com sorrisos na direção do ministro – E então, já deram muitos autógrafos?


- Muito engraçado. – respondeu Rony, cumprimentando-o com um firme aperto de mão, logo após Harry.


- Estive a espera de vocês, pois tem algumas informações que gostaria de passar-lhes antes que se encaminhem até o quartel dos aurores. Não se preocupem, são apenas alguns dados de praxe que gostaria que fosse do conhecimento de vocês. – explicou assim que viu os semblantes intrigados dos dois.


Kingsley repassou algumas informações básicas aos dois, explicando algumas mudanças sofridas no programa de treinamento e aproveitou para dar algumas dicas também, o que Harry e Rony acharam bastante úteis.


Mas Rony, apesar de agradecido, não escondeu o incômodo por estarem demorando tanto. Todavia, não pareceu reunir coragem suficiente para pedir licença e se retirar, afinal, mesmo sendo amigo, Kingsley ainda era o Ministro da Magia. Rony se limitou a consultar seu relógio a cada minuto.


- Então, fico muito feliz por terem aceitado meu convite. Não que precisassem dele para ingressar no treinamento. – completou o ministro referindo-se às notas dos rapazes.


Kingsley soubera há alguns dias, pela boca de um orgulhoso Arthur Weasley, o notável desempenho, não apenas dos dois, mas de Hermione também, nos NIEM’s, fato que o deixou bastante satisfeito


– Vocês trouxeram os resultados de vocês?


- Sim. O Sr. Weasley disse para trazermos. – informou Harry, parecendo bem mais a vontade.


- Eles serão anexados à ficha de vocês.


- Vejam só, se não é Harry Potter em pessoa! – Rachel Williams, a repórter responsável pela exclusiva entrevista de Harry sobre a batalha final alguns meses antes surgiu sorridente por trás de Kingsley – Não esperava encontrá-lo por aqui tão cedo! Não há dúvidas de que é um rapaz disciplinado. – comentou de maneira agradável, cumprimentando-o, mas logo seus olhos repousaram sobre o ruivo logo ao lado dele – Obviamente que você também estaria aqui. Ronald Weasley, certo?


Rony respondeu com um sorriso e cumprimentou-a também, mesmo sem saber exatamente quem era aquela bruxa, afinal, não a conhecia.


- Foi ela quem me entrevistou quando a Hermione e você estavam ausentes. – informou Harry, no que Rony ergueu as sobrancelhas em reconhecimento enquanto esta saudava Kingsley.


Mas logo a repórter tornou a olhar para os dois jovens novamente.


- A propósito, você e a Srta. Granger estão me devendo uma entrevista. – brincou Rachel.


Rony estava adorando a conversa, mas achou que aquela era a deixa que estava precisando para escapar.


- Se você for tão boazinha quanto foi com o Harry, nós faremos com prazer. – respondeu bem-humorado – Mas, se me dão licença, ainda preciso fazer uma coisa antes de ir para o treinamento. – Rony deu um tapinha nas costas de Harry e disse mais baixo: - Não demore. Você sabe onde me encontrar.


Pedindo licença aos outros com um educado gesto, afastou-se e se enfiou no primeiro elevador disponível, sumindo de vista.


Harry ainda permaneceu envolvido em uma agradável conversa com a repórter, pois o ministro logo precisou se ausentar também. A companhia de Rachel era bastante agradável, talvez pela facilidade com que ela tinha em travar diálogos, ou por ela ser um dos poucos ali a tratá-lo como uma pessoa normal, e não um animal extremamente raro, bizarro e valioso. Ela falava de coisas banais, perguntava sobre A Toca e a Sra. Weasley, mas não parecia estar fazendo-o para obter informações que serviriam para preencher a próxima edição do profeta, mesmo sendo uma repórter.


Harry achou que talvez não tenha sido necessário Kingsley lhe dar nenhum tipo de advertência antes de ser entrevistado meses atrás.


Quando olhou para o relógio, percebeu que a conversa tinha se estendido além do esperado. Estava em cima da hora. Despediu-se da repórter e caminhou para dentro de um elevador lotado que tinha parado naquele nível. Ignorando os olhares curiosos que recebia e os cochichos que tomaram o pequeno cubículo quando ele entrou, tratou de prestar atenção à voz que anunciava os setores que o elevador alcançava. Quando parou no andar que ficava o departamento de Hermione, tornou a examinar o relógio e percebeu que não teria mais tempo de ir ver a amiga. Talvez até mesmo Rony já nem estivesse mais lá com ela.


Quando a voz feminina anunciou o nível dois, o elevador parou e Harry saltou acompanhado de alguns outros bruxos. Estava com pressa, e o corredor lotado não ajudava em nada para que pudesse ver se conseguia visualizar Rony por ali.


Harry andava rápido, quase correndo. Precisava encontrar o amigo logo, pois não seria nada bom chegar atrasado justo no primeiro dia. Olhava para um lado e para outro, já começando a ficar irritado enquanto se esquivava dos transeuntes, até que sentiu seu ombro chocar-se abruptamente com algo. Ouviu um grito de susto enquanto uma pilha de papéis voava pelos ares, chamando a atenção de alguns bruxos que passavam mais próximos. Foi esfregando o ombro dolorido que ele começou a juntar os diversos papéis que haviam caído das mãos da pessoa com quem havia trombado.


- Me desculpe! Eu realmente não vi você! – disse Harry catando os pergaminhos mais próximos e dando uma olhada de relance à moça que estava agachada juntando outros tantos pergaminhos e empilhando-os apressadamente.


- Je suis si desole. Je suis un desástreux.


Os longos cabelos da jovem agitavam-se para um lado e outro enquanto ela continuava a recolher papéis. Assim que ela terminou, ficou de pé e seus lábios entreabriram quando viu Harry parado na sua frente. Ela olhou-o um pouco atordoada, mas mudou de atitude rapidamente. Seu olhar suavizou.


- Me desculpe. Você não deve ter entendide uma palavrra do que eu disse, não? – perguntou com um sotaque bastante semelhante ao de Fleur, porém bem menos carregado – Acontece que quando eu fico nervosa sempre acabo utilizando minha língua de origem.


- Tudo bem. Eu é quem te devo desculpas, pois estava distraído e não te vi passar. – Harry entregou a ela os papéis que tinha recolhido.


- Ah, obrigada Harry!


Harry não se surpreendeu por ela conhecê-lo, mas achou incomum ouvi-la chamá-lo pelo primeiro nome, situação bastante incomum naquele país; mas compreendeu ao lembrar que a jovem possivelmente era estrangeira. Porém, nada naquela moça o intrigou mais do que o intenso olhar com que ela o estudava. O ligeiro calor que subia por seu pescoço o fez notar que deveria estar corando.


- Se preferir posso chamá-lo de Potter, mas eu particularmente acho formal demais chamar as pessoas pelo sobrenome.


Dessa vez, o inglês da moça saiu sem nenhum vestígio de sotaque.


- Ahn, não, tudo bem! – respondeu Harry numa mescla de surpresa e constrangimento, pois ela pareceu ter lido seus pensamentos. Chegou a ter dúvida se não os pronunciara em voz alta.


- Ótimo! – disse com um belo sorriso – Agora eu preciso ir. Nos vemos mais tarde. – a jovem já estava se afastando quando se deteve e tornou a virar-se para Harry – Ah, só pra constar, me chamo Katheryn, já que você não perguntou. – e piscou descontraída antes de embrenhar-se por entre os transeuntes.


Harry, bastante aturdido pelo inusitado acontecimento, permaneceu um tempo parado, fitando o local por onde a garota havia sumido e refletindo sobre o que ouvira: “Nos vemos mais tarde? Como assim?”, perguntou-se.


- Aí está você!


Harry se sobressaltou e por puro reflexo empunhou a varinha, mas logo relaxou ao ver Rony atrás de si.


- Você me assustou! – bufou irritado enquanto devolvia a varinha para o bolso interno do casaco.


- Não sabia que você estava tão distraído. Aliás, estou há quinze minutos te procurando.


- Eu também estava te procurando. Vamos andando, depois conversamos! – disse Harry de maneira imperativa, mas Rony concordou.


Os dois não tardaram a chegar em frente ao Departamento de Aurores. Estava bastante diferente das últimas vezes que estiveram ali. Os diversos cartazes com fotos de bruxos criminosos não coloriam mais as paredes do corredor. A cor pálida da parede fazia o local ostentar um clima sério, totalmente oposto à atual atmosfera do ambiente.


Muitos bruxos e bruxas, alguns bem jovens e outros nem tanto, conversavam animadamente. Os aparentemente mais maduros trajavam longas capas e botas negras como um tipo de uniforme, e deveriam ser aurores formados, pois os trajes eram bem parecidos com os que Tonks e Kingsley costumavam usar quando trabalhavam no setor. Alguns possuíam um emblema adornando o braço esquerdo das vestes, e estes pareciam possuir um status mais avançado que a grande maioria ali, pois pareciam mais sérios e atarefados que os demais. Harry percebeu que havia vários tipos de emblema, e que cada um deveria representar um país dos que estavam aliados ao programa de formação de aurores da Grã-Bretanha. Lembrou que Kingsley havia dito para ele e Rony mais cedo, que aurores pertencentes ao ministério de outros países estariam incorporados no corpo docente do treinamento, para que assim houvesse uma interação mais íntima entre os países e que pudessem compartilhar conhecimento, visto que cada nação utilizava medidas diferentes em seus programas de treinamento.


Os mais jovens pareciam ser aspirantes a auror. Era visível o nervosismo estampado nos rosto de muitos ali, mas grande parte parecia bem tranqüila, e conversava com conhecidos de maneira descontraída. Parecia uma grande reunião de amigos.


Uma fagulha dourada percorreu o local e estourou com um barulho alto e agudo, suficiente para acalmar a balbúrdia. Uma bruxa de meia idade, cabelos curtos e olhos muito negros, acendeu a ponta da varinha, roubando a atenção dos presentes.


- Bom dia a todos! Me chamo Hélida Vaugh e sou chefe do departamento de aurores do ministério britânico. Gostaria que todos me acompanhassem até o auditório, onde poderemos conversar melhor.


A bruxa abriu caminho facilmente e tomou a frente, conduzindo-os até o auditório. Não precisaram caminhar muito. Entraram por uma porta estreita e simples no final do corredor, que se opunha ao porte da sala que escondia. Era uma sala muito ampla, arejada e iluminada. Diversas poltronas confortáveis se espalhavam em fileiras logo em frente a um pequeno palco, onde uma extensa mesa retangular estava disposta com algumas cadeiras estofadas e luxuosas.


Logo, metade do auditório estava preenchido por jovens bruxos e bruxas aspirantes a auror. As fileiras da frente estavam tomadas por aurores e as cadeiras, dispostas atrás mesa sobre o palco, completamente ocupadas por uns doze bruxos, cada um possuindo um emblema de uma cor nas vestes.


Harry e Rony sentaram-se lado a lado, e olhavam de um lado para outro, buscando encontrar rostos familiares. O que fora inútil, pois não parecia haver ninguém próximo a eles, apesar de terem visto alguns rostos ligeiramente conhecidos. A voz firme de Hélida Vaugh pareceu irromper das paredes.


- Atenção todos!


Silêncio.


- Como já disse, sou chefe do departamento de aurores do ministério britânico, e peço a atenção de vocês para que possamos dar início ao treinamento de aurores deste ano. – disse a bruxa apontando a varinha para o pescoço – Tenho algumas informações importantes para lhes repassar antes de...


Harry sentiu lhe puxarem a manga do casaco.


- Ei, Harry! Dá uma olhada naquilo! – Rony disse em voz baixa, apontando discretamente para um ponto à frente, em direção à mesa sobre o palco.


- Em que? – indagou, não encontrando nada de anormal ali.


- Em quem, você quer dizer. Tá vendo aquela garota ali na mesa? De cabelos negros e olhos azuis sentada quase no centro.


Harry procurou melhor, então a viu. Estava entre dois bruxos altos e fortes, que, assim como ela, possuíam um emblema no braço esquerdo das vestes. O dela, no entanto, tinha uma cor diferente das dos outros. Era uma mulher de olhar penetrante, e de uma beleza avassaladora. Não se surpreendeu que Rony a tivesse notado. Porém ficou extremamente surpreso por vê-la ali.


- Notou o brasão azul no braço dela? – perguntou o ruivo sem tirar os olhos dela – Deve ser estrangeira. Mas não é estranho uma garota da idade dela já estar em uma posição tão avançada? Ela não deve ser muito mais velha que a gente, e é sem dúvida a mais jovem dali!


Harry não respondeu. Ainda estava se perguntando mentalmente se realmente eram a mesma pessoa, mesmo sabendo a resposta. A confirmação veio logo em seguida, quando os olhos incrivelmente azuis da jovem encontraram os verdes dele, e ela o presenteou um sorriso inclinado.


- Uou! O que foi isso? – perguntou Rony olhando da bela moça para o amigo, que movia os dedos de maneira um tanto tímida para retribuir o cumprimento – Eu perdi alguma coisa?


- Eu a conheci hoje mais cedo.


- Quem? – perguntou confuso.


- Ora quem... A Katheryn! Não é dela que estamos falando? – retrucou aborrecido, mas sem altear a voz.


- Katheryn? Mas...


- Fala baixo! Acontece que...


Harry explicou a maneira como conhecera Katheryn, que sem dúvida deveria ser francesa.


- Mas eu jamais imaginei que ela fosse auror. Primeiro por que ela me pareceu um tanto estabanada, e segundo por parecer ainda muito jovem para já ser uma auror formada. E ela também não estava trajando essa roupa quando trombamos ainda há pouco.


- Ela é muito bonita! – disse Rony, tornando a olhar para a jovem, que parecia muito interessada nas palavras de Hélida Vaugh.


- Não deixe Hermione ouvir isso. – comentou Harry rindo.


- Ora, eu... Bom... Ah, Harry, vai dizer que não concorda?


Harry observou a moça novamente. Seria um absurdo não concordar. Ela possuía uma beleza natural e singular. A pele era clara, mas não chegava a ser branca, reluzia um brilho levemente dourado. O tom da pele contrastava perfeitamente com os longos cabelos negros; os olhos azuis cintilantes apenas completavam o visual exótico e hipnotizante da garota. Era estranho ela ser francesa, pois ela não possuía as características habituais daquela nação.


- É, ela é bonita!


- Você é quem deveria ter cuidado. Se a Gina souber que essa garota anda flertando com você...


- Ela não está flertando comigo! – retorquiu Harry inesperadamente mal-humorado.


- Não? E o que foi aquele sorrisinho? Ela mal te conhece e já distribui sorrisinhos pra você!


- Não diga asneiras Rony! Ela apenas foi simpática! – Harry parecia estar perdendo a paciência com o amigo.


Rony precisou tapar a boca com as mãos para não ouvirem suas risadas.


Harry deu um tapa na nuca do amigo, indignado por ter caído nas provocações dele, mas também fazia força pra não rir. Quando o momento descontração passou, os dois resolveram voltar a prestar atenção no discurso da chefe dos aurores. Ambos agradecendo mentalmente por Kingsley ter lhes antecipado todas aquelas informações.


- Então vocês serão, em um primeiro momento, separados em grupos de três. Cada trio será orientado e avaliado por um dos aurores que estão compondo a mesa. Cada auror aqui presente representa um país aliado, como já expliquei. A cada dois meses ocorrerão rodízios, e os grupos trocarão de orientador, até que todos os trios tenham passado pelas mãos dos representantes de cada país. – Hélida Vaugh mal tomava fôlego – Posteriormente, os trios serão dissolvidos, e os grupos serão divididos de acordo com as habilidades de cada um, e só então começaremos as simulações de batalha. Quando sentirmos que vocês já estão bem preparados, começaremos a convocá-los para pequenas missões individualmente. Alguém tem alguma pergunta?


Após alguns poucos segundos, um rapaz de cabelos negros ergueu a mão.


- Qual seu nome, jovem? – perguntou a chefe dos aurores.


- Victor Hardy. – respondeu o rapaz também utilizando um feitiço para amplificar a voz – Gostaria de saber se teremos de fazer algum teste teórico nessa fase inicial?


Harry riu baixinho ao ver Rony fazer uma careta de desagrado ao ouvir o nome do rapaz. Imaginou que o nome “Victor” ainda trouxesse más lembranças ao amigo.


- Na verdade, isso ficará a cargo de cada orientador, se bem que duvido que algum deles abrirá mão disso. No entanto, o que realmente irá contar como parâmetro de avaliação serão os testes práticos. Após a fazer de rodízio, os que se saírem bem nos testes práticos é que seguirão em frente, e passarão pela chamada "Grande Prova" que é teórica e será baseada no que foi ensinado por meus colegas. Portanto, sugiro que se dediquem tanto em seus estudos práticos quanto teóricos. – respondeu Hélida de maneira efetiva.


Um burburinho excitado tomou conta do local. Inclusive Harry e Rony se entreolharam nervosos. Dessa vez uma moça loura ergueu a mão com urgência.


- Quer dizer que essa fase inicial será eliminatória? – perguntou esquecendo de usar um feitiço amplificador, e precisando quase gritar para se fazer ouvir.


- Bem, senhorita...


-Myers. Lindsay Myers.


- Sim, senhorita Myers. Essa primeira fase será eliminatória, assim como a segunda, a terceira e todas as fases sucessivas. Cada teste servirá como parâmetro de avaliação que os orientadores utilizarão para examinar as suas capacidades. A partir de cada teste, avaliaremos os alunos com possibilidade de continuar, e esses seguirão em frente. Vocês são muitos, mas menos da metade de vocês concluirá o treinamento. – garantiu Hélida Vaugh com veracidade, como se isso fosse tão certo quanto a soma de dois mais dois ser quatro – Os aurores que auxiliarão vocês são possivelmente os mais competentes de seus países, portanto garanto que nenhum teste será fácil, e que a tendência é que eles tornem-se cada vez mais intensos e árduos. Vocês serão forçados a chegar próximo ao limite, e precisarão demonstrar não somente força física, mas intelectual e mental. Um auror de verdade, além de demonstrar força mágica, precisa provar ser ainda mais poderoso em caráter. E essa será uma cobrança constante que faremos de vocês. Portanto, se alguém aqui se acha incapaz de enfrentar esses obstáculos, tem liberdade de levantar e se retirar, pois, se permanecer, estará desde já firmando compromisso com a sociedade mágica não apenas da Grã-Bretanha, mas qualquer uma que necessitar de seu auxílio.


Um longo silêncio se seguiu após as palavras da bruxa. Todos olhavam para os lados, na expectativa de ver quem levantaria e abandonaria o treinamento antes mesmo dele começar. Mas ninguém levantou. Hélida ergueu o queixo, satisfeita. -


Já começamos bem, meus colegas. – comentou descontraída olhando para os outros aurores, que acenaram em concordância – Muito bem então, futuros aurores, acho que chegou a hora de separarmos os grupos. Cada trio que eu chamar, favor, dirijam-se até a saída. De lá serão levados até outra sala, onde aguardarão a chegada de seus orientadores.


Um clima de ansiedade recheou o auditório e aguçou o ânimo dos jovens presentes. Hélida começou a chamar os alunos em trios. Cada grupo chamado se retirava da sala, alguns já trocando idéias entre si.


Harry e Rony pareciam tão ansiosos quanto os outros, e mesmo achando que provavelmente fariam parte do mesmo grupo, como lhes dissera Kingsley, ainda assim, não tinham garantia disso.


- Ronald Weasley!


Rony pareceu levar um choque quando ouviu seu nome e ficou de pé meio atrapalhado, as orelhas começando a adquirir um tom rosado, principalmente porque diversos burburinhos se seguiram ao som de seu nome. Era incômodo sentir diversos pares de olhos cravados sobre si, chegava a queimar a pele.


- Harry Potter!


Se o nome de Rony causou burburinhos, o de Harry teve o efeito oposto.


Um silêncio constrangedor fez Rony se sentir aliviado e pesaroso ao mesmo tempo. Olhou para o amigo, que acabara de se por de pé, e ambos trocaram olhares que diziam “fazer o que?”, mas ao mesmo tempo pareciam satisfeitos, afinal, estavam no mesmo grupo.


- Neil Gibson!


Harry e Rony viram um rapaz branco, cabelo castanho claro e encaracolado e olhos igualmente castanhos se movimentar um pouco mais a frente deles. Assim que Neil Gibson ficou de pé e ergueu as sobrancelhas em cumprimento aos novos companheiros, os dois perceberam que o rapaz era bastante alto também.


 


--


 


Harry, Rony e Neil foram conduzidos até uma sala localizada no mesmo andar, mas ao final do corredor contrário ao que estavam. Era um lugar pequeno, porém com espaço suficiente para um duelo bruxo.


Quase nenhum móvel adornava o ambiente bem iluminado por alguns archotes estrategicamente apoiados nas paredes. Apenas três cadeiras simples de madeira encontravam-se encostadas na parede, uma escrivaninha bem pequena se opunha às cadeiras. Uma pequena estante guardava alguns volumes de livros de diversas cores e tamanhos, e, pelo aspecto das lombadas, não deveriam ser muito atuais. O pequeno grupo de rapazes se manteve em silêncio durante todo o trajeto até a sala, enquanto eram conduzidos por um estagiário.


Harry, assim que estudou o ambiente, se aproximou da estante, onde se pôs a examinar sem muito interesse os títulos nas lombadas dos livros. Rony sentou em uma das cadeiras, e ora ou outra observava o rapaz de cabelos encaracolados, que, dos três, era o que parecia mais deslocado.


- Então, estão ansiosos para saber quem será nosso orientador? – perguntou timidamente o rapaz chamado Neil.


Harry se virou de frente para ele, o que pareceu deixá-lo um pouco desconfortável.


- Acho que curioso seria a expressão correta! – Harry achou melhor se empenhar em travar uma conversa.


- Eu sou Neil Gibson! Mas acho que vocês já sabem disso. – comentou o rapaz, parecendo bem aliviado por Harry ter sido simpático.


- E eu acho que nós também não precisamos nos apresentar, não? – falou Rony com um sorriso zombeteiro.


A partir de então, o clima entre os três suavizou, e passaram alguns bons minutos conversando sobre o porquê de desejarem seguir aquela carreira.


- Minha mãe era auror, e sempre foi um exemplo pra mim. Achava o máximo as histórias que ela me contava quando retornava do trabalho, e desde então fui tendo simpatia pela profissão. Logo após a última guerra, ela se aposentou, dizendo já ter trabalhado o suficiente para uma vida toda. – contava Neil com um sorriso cheio de orgulho. Harry e Rony receberam com alívio a notícia de que a mãe do colega tinha sobrevivido à guerra.


- Mas você se formou em Hogwarts? Não me lembro de tê-lo visto por lá! – Rony perguntou curioso.


- Não devem lembrar de mim mesmo. Eu era da Corvinal, e já estava no terceiro ano quando vocês entraram em Hogwarts. Passava grande parte do tempo na biblioteca, e dificilmente os encontrava por lá. Talvez quem lembre de mim seja a amiga de vocês, a Granger. Ela sim, quase sempre estava ali. – Rony subitamente se esticou na cadeira, parecendo interessadíssimo nessa parte – Lembro que no meu sexto ano, quando aconteceu o Torneio Tribruxo, Victor Krum sempre aparecia por lá e ficava de olho nela. Até estranhei quando os dois chegaram juntos no baile de inverno, pois pensava que ela gostava de você! – disse apontando para Harry. Rony pareceu incomodado com o rumo que a conversa estava tomando. - Sabem, quando eu deixei a escola, realmente ansiava ingressar no treinamento de aurores, - começou Gibson, assustando Harry e Rony com a forma abrupta com que ele mudou de assunto - me dediquei à escola e consegui notas para isso. Porém, com toda aquela história do retorno de Você-sabe-quem, o ministério virou uma bagunça, e eu perdi completamente o estímulo de trabalhar aqui, principalmente depois que minha mãe chegava contando os absurdos que aconteciam aqui. – Gibson, olhou para Harry, seus olhos castanhos cravados sobre o rosto dele – Nós nunca acreditamos naquelas baboseiras que saiam nos jornais sobre você, ainda mais por meus pais serem verdadeiros admiradores de Dumbledore. Quando a guerra acabou, e Kingsley assumiu o ministério, achei que já era hora de retomar meus ideais, afinal, ainda havia esperança, não é? Harry e Rony parecem um tanto constrangidos pelo colega estar sendo tão transparente com eles, mesmo que houvessem acabado de se conhecer. - Bom, cá estou eu! – continuou o rapaz animado – Mais satisfeito do que pensei que poderia estar, afinal, não é todo dia que se está no mesmo grupo de Harry Potter e Ronald Weasley, não é?


Os outros dois tentaram retribuir o sorriso entusiástico de Neil, mas pareceram ainda mais desarticulados com tamanha sinceridade. Harry não soube explicar, mas o jeito de Neil o fazia lembrar-se de Luna.


- Ora Neil! Concordo plenamente com você! – disse uma voz agradável.


Os três se viraram rapidamente, a tempo de verem a jovem moça que acabara de entrar no local, fechar a porta atrás de si, assim que adentrou no local .


- Olá Harry! – disse a jovem se aproximando do grupo a passos firmes com um sorriso nos lábios – Ronald! – cumprimentou o ruivo com um aceno de cabeça – Me chamo Katheryn Calmon, sou auror do ministério Francês, a serviço do ministério Britânico. E a partir de agora, também sou orientadora de vocês! – encerrou de maneira casual.


Harry, Rony e Neil deixaram seus queixos caírem ao fitarem a moça, cada um por um motivo diferente.


- E então? – perguntou, mas nenhum dos três fez menção de querer dizer alguma coisa – Okay, então vamos pular a parte chata! Eu já conheço vocês, mas não posso deixar de dizer que me impressionei bastante por ser designada para treinar esse grupo logo de início. Andei dando uma olhada na ficha de vocês, e posso dizer que fiquei bastante satisfeita com o que vi. – o ar profissional com que Katheryn Calmon pronunciava aquelas palavras, fez os garotos esquecerem a estupefação, e passassem a ficar bastante atentos ao que era dito – Como já foram informados, teremos um teste prático. Mas antes, faremos uma espécie de preparação, onde relembraremos alguns feitiços e contra-feitiços básicos. Só então realizaremos o teste, que consistirá em um duelo.


- Duelo? – Rony não conseguiu conter a pergunta – Nós iremos duelar uns com os outros?


Katheryn observou Rony com estudado interesse, seus olhos azuis examinando atentamente os dele. Rony não sustentou o olhar dela, e baixou a cabeça, no que a moça suspirou.


- Sentem-se! – pediu educadamente, indicando as cadeiras a Harry e Neil, visto que Rony já estava sentado. Ela sentou sobre a escrivaninha – E a resposta é sim e não Weasley! – Harry estranhou tê-la ouvido chamar Rony pelo sobrenome – Sim, vocês irão duelar. E não, não será uns com os outros, e sim comigo. Os três juntos duelarão comigo.


- Juntos? Contra apenas você? – dessa vez quem perguntou foi Neil.


Katheryn não conseguiu conter um sorriso.


- Qual o problema? Acham que eu não sou páreo pra vocês? – perguntou desafiadora, mas sem parecer presunçosa e aparentava estar realmente interessada na resposta deles.


- Não é isso! Afinal, você é uma auror, e pelo visto conceituada. – Neil explicou-se apontando para o brasão nas vestes dela – Mas...


- Mas eu sou uma garota, certo? Ou talvez por que eu seja jovem demais? Quem sabe eu seja uma garota jovem demais? – Katheryn não demonstrou estar ofendida ou irritada, pelo contrário, parecia estar se divertindo.


- Eu não disse isso. – Neil pareceu nervoso, e Katheryn riu.


- Não se preocupe, eu estou brincando! Na verdade já estou bastante habituada a esse tipo de cordialidade. – ironizou.


Uma batida na porta cortou o discurso da moça, que se levantou e caminhou até lá, murmurando “licença” para o trio de rapazes. Enquanto ela se dirigia para a porta, Rony não resistiu.


- Quem é essa garota afinal? Eu não sei se gostei dela. – murmurou para que apenas os colegas o escutassem – Também não sei se estou feliz por ela ser nossa orientadora. Ela tem quase a nossa idade!


- E ela também não parece muito experiente! – completou Neil, parecendo compartilhar da mesma opinião que Rony.


Rony suspirou, escorando-se na cadeira, parecendo frustrado.


- E eu achando que chegaríamos aqui para sermos treinados por aurores do alto escalão!


- Ela parece ser bem conceituada. – arriscou Harry, que até então mantinha-se quieto.


- Ah, qual é Harry!? Nós acabamos de sair de uma guerra contra o maior bruxo das trevas da história! Olha pra ela! – disse se inclinando pra frente e apontando para Katheryn, que estava na porta conversando com o que parecia ser outro auror – Ela nem deveria ter estado aqui durante aquele inferno! O que você acha que ela deve saber sobre o que é realmente enfrentar as trevas?


Harry fitou Rony com o cenho franzido. Neil ficou estranhamente quieto, aparentando certo desconforto ao ver a forma como Harry olhava o amigo, como se não o conhecesse.


- Eu fico realmente surpreso por estar ouvindo isso de VOCÊ! – disse com a voz calma, mas intimidadora. Rony não se abalou – Mas o que me assusta é que, por um momento, eu achei que estivesse conversando com Draco Malfoy, não com você!


Agora Rony pareceu ter levado um soco, tanto que chegou a se recostar na cadeira novamente. Neil encontrou algo muito interessante no carpete da sala.


- Desculpem rapazes! Tivemos um imprevisto e teremos que adiantar nossa saída hoje. – Katheryn tinha retornado, e não pareceu demorar a notar o clima dentro da sala – Bom, eu preciso andar rápido, mas não posso dispensar vocês sem antes concluir o que eu havia planejado para hoje. Eles podem esperar um pouco! – comentou com casualidade.


A auror caminhou até o centro da sala, despindo-se do casaco e posteriormente o levitando com a varinha até a escrivaninha. Neil Gibson pareceu ter recebido um feitiço de confusão pela cara com que olhou para a jovem, agora somente com um macacão que deixava à vista suas generosas curvas. Até mesmo Rony e Harry se mexeram em suas cadeiras.


- Gibson! – bradou, o que fez o rapaz olhá-la com uma expressão assustada de quem acaba de ser acordado sem nenhuma delicadeza de um sonho muito agradável – Me desarme!


- O q-quê? – perguntou Neil, agora definitivamente atordoado.


- Exatamente o que você ouviu, Gibson! Levante, venha até aqui, e tente me desarmar! – repetiu a auror de maneira imperativa, e a expressão séria e compenetrada que havia em seu rosto a fez parecer bem mais madura do que era.


Rony e Harry assistiram com interesse o colega se levantar e caminhar meio hesitante até em frente a moça - que tinha uma mão na cintura e a outra pendia sobre o lado do corpo, segurando frouxamente a varinha. Alguns segundos decorreram, onde Katheryn observava Neil, e este parecia incapaz de reagir.


- Você não vai conseguir me desarmar com os olhos, Gibson! – disse a moça com ar de troça.


Harry e Rony precisaram segurar a risada quando o rosto do colega passou do branco para um vermelho intenso, provavelmente ele também percebera o duplo sentido da frase.


Aconteceu tudo muito rápido. Neil pareceu querer movimentar a varinha, mas antes de fazê-lo, já estava desarmado, e um milésimo de segundo após, sua varinha estava nas mãos de Katheryn.


- Uma varinha não é tudo em um duelo Sr. Gibson! – falou a auror enquanto jogava a varinha de volta para ele, que agora parecia assustado e afrontado ao mesmo tempo – E então, vai ficar parado aí?


Neil ficou sério, e pela primeira vez estudou a “adversária”. Empunhou a varinha rapidamente e lançou um feitiço, facilmente desviado por Katheryn.


Novamente foi tudo muito rápido. Ele não perdeu tempo em lançar outro feitiço, e aproveitou a movimentação de defesa dela para se aproximar. Um baque surdo informou algo muito pesado caindo estrondosamente no chão.


- Harry, você poderia livrar seu companheiro do feitiço? – perguntou a moça, enquanto enrolava os longos cabelos negros em um coque. Rony, momentaneamente esquecido do desentendimento de ainda há pouco, trocou um olhar alarmado com o amigo, antes deste se aproximar de Neil, que parecia ter sido vítima do um feitiço do corpo preso.


- Weasley! – chamou Katheryn, satisfeita ao ver o receio se espalhar nas feições do ruivo – Sua vez! – intimou fazendo sinal para ele se aproximar.


Harry teve vontade de rir ao ver Rony se aprumar todo enquanto se aproximava da auror. Ajudou um atordoado Neil Gibson a sentar ao seu lado, e resolveu apreciar o que viria.


Rony ergueu a varinha no mesmo instante que Katheryn o fez, mas nenhum feitiço ou azaração foi lançado.


- Lembre-se Weasley, uma varinha não é tudo em um duel...


Antes que ela terminasse a frase, Rony lançou um feitiço, que com um pouco menos de facilidade que tivera com Neil, ela conseguira desviar.


- Levanta essa varinha pra mim antes do tempo novamente e você vai se arrepender Weasley! – os olhos da garota faiscaram, mas ela não demonstrava preocupação ou irritação.


Rony tornou a erguer a varinha, mas antes mesmo que pudesse pensar em um feitiço, sentiu seu corpo voando e sendo arremessado contra a parede oposta.


- Veja o lado bom Weasley! Pelo menos hoje não era dia da sua avaliação! – completou a auror com sarcasmo.


Harry levantou e correu na direção onde o amigo estava. Ao ver que ele parecia bem, a julgar pelas orelhas vermelhas e os impropérios que ele sibilava baixinho, sentiu-se mais aliviado.


- Você deveria levar em consideração alguns conselhos que te dão Rony! – disse Harry se esforçando para não rir, e oferecendo a mão para ajudar o amigo a levantar. - Lembra quando a Merina disse que jamais deveria duelar com ela? Parece que ela falava sério.


Rony bufou, aceitando a ajuda, e assim que se pôs de pé, teve que suportar, contrariado, o sorriso belo, mas extremamente convencido de Katheryn. A garota soprou a ponta da varinha em um gesto de deboche e deixou seus lábios se distorcerem em um discreto sorriso, o que incrivelmente fez Rony lembrar-se de Hermione.


- Bom dia! Rony levou um forte choque ao ouvir a voz da namorada, mais ainda ao virar-se e vê-la parada na porta com os braços cruzados e aquela ruguinha ameaçadora na testa.


Hermione não olhava para nenhum dos seres de sexo masculino que ocupavam aquela sala. Seus olhos estavam pousados sobre a figura da bela jovem, que agora devolvia a liberdade para suas madeixas negras com um sorriso ainda maior que o de ainda pouco.


- Hermione Granger! – exclamou Katheryn se aproximando.


- Ahn, eu... Desculpem, eu não sabia que vocês ainda estavam ocupados. – Hermione parecia desconcertada por ter invadido a sala – Acontece que eu vi todos os outros alunos já nos corredores, então achei que...


- Não se preocupe! Nós já estávamos terminando. – comentou Katheryn com simpatia, ainda sorrindo. Parecia encantada por ver Hermione – Me chamo Katheryn Calmon, sou orientadora desses rapazes aí! – falo apontando pra trás com o polegar.


Hermione agora nem disfarçou o espanto. De maneira até um pouco indiscreta, olhou Katheryn dos pés a cabeça, notando o uniforme, e agora observando o emblema no braço do casaco que a jovem acabara de vestir. A expressão de Hermione passou de espanto a curiosidade, e em seguida a vergonha.


- Eh, tudo bem! – disse com as bochechas coradas – Eu aguardo lá fora!


- Não, pode ficar. Eu só preciso dizer mais algumas coisinhas. Só um momento.


Katheryn fez um movimento com a varinha, e um segundo depois uma cadeira materializou-se bem ao lado da de Rony. Harry e Rony assistiam, calados, a conversa das duas. Neil, ainda um pouco azoinado, precisou dar um cutucão em Rony, que parecia ainda mais zonzo que ele.


Rony tinha a expressão de alguém que enfim havia entendido algo que estava bem na sua frente, e que somente ele não percebera. Olhou para Harry e depois para Katheryn, e fez uma nota para que, posteriormente, se desculpasse com a auror.


Foi interrompido pela aproximação de Hermione, que sentou ao seu lado, um pouco deslocada.


- Hermi...


- Depois! – falou a garota em voz baixa, com aquele ar mandão que só ela conseguia ter – E você também! – disse para Harry, que já abria a boca para dizer algo.


Katheryn tornou a sentar sobre a escrivaninha, novamente ostentando aquela expressão séria que lhe acrescentava alguns anos a mais.


– Muito bem rapazes! Eu espero que o nosso próximo encontro seja bem mais ameno. – disse com um sorriso brincalhão enquanto olhava para Rony e Neil – Sabem, eu não quero parecer arrogante ou vaidosa, mas não posso sair daqui sem dizer algumas coisas. – ela tomou fôlego, olhou para Hermione, e prosseguiu - Eu não estou aqui por causa dos meus olhos azuis ou pela minha capacidade de bater um bom papo-furado. Na verdade, eu estudei muito pra chegar até aqui. Não quero que vocês façam um julgamento precipitado de mim, pelo menos não antes de me conhecerem de verdade. Sou jovem sim, e sou uma garota, mas mesmo tendo apenas vinte anos (quase vinte e um, na verdade), precisei passar por todos os estágios que vocês irão passar. Se hoje estou aqui, para ensinar vocês, acreditem, é porque tenho qualidade pra isso. Eu poderia apenas chegar aqui, distribuindo autoridade que, vamos concordar, eu tenho, e não exigir de vocês mais do que uma pessoa na minha posição se limitaria a fazer. Mas não! Eu sinceramente não tolero esse tipo de atitude, e inclusive a considero extremamente antididática. – olhou com cuidado para cada um dos rostos a sua frente – Mais do que apenas a auror que os orienta, adoraria ser amiga. Sei que nesses anos que teremos contato, posso ser tão útil a vocês quanto vocês a mim, pois não pensem que eu não reconheço seus potenciais. Estou ciente de tudo que vocês viveram e tudo que tiveram que superar para estarem aqui. Quanto a vocês três, - ela sinalizou Harry, Rony e Hermione - acreditem que agradeço. Sou tão grata a vocês três quanto qualquer outro bruxo poderia ser, e adoraria aprender pelo menos um pouco do que vocês aprenderam, pois imagino não ser pouca coisa. – concluiu com um sorriso repleto de humildade e sinceridade.


Harry e Hermione, muito sem-jeito, tentaram devolver o sorriso. Já Rony nem tentou. Estava envergonhado demais para isso.


- Bom, - recomeçou, descendo da escrivaninha – acho que por hoje é só! Encontro vocês amanhã! – e virou-se em direção à porta.


- Espera! – Rony a deteve, mas corou um pouco ao ver que ela o olhava com curiosidade – Eh... anh... - ele não sabia como chamá-la.


- Experimente Katheryn! – disse a auror, o surpreendendo; foi como tivesse lido sua mente.


- Certo! Katheryn, eu...


- Não, você não precisa Ronald! – interrompeu-o novamente com um sorriso plácido – Apenas treine bastante com a sua namorada, pois ela é uma bruxa excelente. – e deu uma piscadela para Hermione – Ah, e Harry... - ela se reteve novamente, olhando para Harry – Você é um excelente oclumente.


Só então Katheryn saiu, deixando para trás quatro pessoas imóveis e confusas. Nenhum deles sabia dizer se realmente simpatizaram com a moça.


 


 


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NB:


Pois é, o capítulo demorou mas chegou!


Fiz de tudo para corrigir o mais rápido possível, então estou eu aqui, desde 7 e meia da manhã em um DOMINGO por vocÊs. Pois é, eu sou muito boazinha, ai ai... Bom brincadeiras à parte, galera, se eu tiver deixado passar alguma coisa, pode puxar a orelha com força, ok? Beijos para todos!


 


**


 


N.A:


Olá galera! E aí? Curtiram o capítulo?


Pois é, uma nova era está se iniciando! Eu adorei escrevê-lo, mas confesso ter tido muita dificuldade com ele. Foi até um pouco chato, mas no final deu tudo certo!


E então? O que acharam do Neil? E a polêmica Katheryn? Rs, Pois é, voces também estão em dúvida se simpatizaram com ela? Cenas para os próximos capítulos! Espero saber o que voces acharam em mais alguns daqueles maravilhosos comentários que só voces sabem escrever, certo? Quero muuuitossss.....


Mas, mudando o rumo da prosa... Ai pessoal, eu estou tão emocionada por voltar! Morri de saudades de tudo isso! Bom, aí está o capítulo enorme, trabalhoso, meio complicado de escrever, mas concluído!


Ai gente, tenho tanta coisa pra falar... bom vamos começar assim:


1. Eu não tenho nem palavras pra descrever a importância do apoio que tenho recebido de vocês. A força que voces estão me dando está sendo, com certeza, primordial. Voces são espetaculares!!! Muuuuito obrigada mesmo!!!!


2. Agora preciso me desculpar pela confusão dessa semana. Era pro capítulo estar postado desde quinta-feira, mas a porcaria do e-mail que eu envie pra Isabella, não chegou até ela, e eu só soube disso no sábado! O erro foi exclusivamente meu, e voces, mais uma vez, foram esplendidos. Não sei se mereço tanta condideração.


3. Uma salva de palmas para a Beta mais eficiente de toda a F&B. *autora puxa as palmas* A Isabella foi demais. depois de quase ser caçada, estrunchada e barbaramente azarada, ela fez um trabalho maravilhoso (como sempre), e betou a fic em tempo recorde e de maneira eficaz. Eu preciso destacar a eficiencia dela, gente. Voces não tem noção do quão organizada ela é! Palmas pra ela, pois ela merece!!


4. Os comentários. Bom, como já não é novidade, voces sabem que eu amo responder os coments de voces. Mas voces devem ter uma idéia da quantidade de comentários que eu recebi estandotanto tempo afastada daqui, certo? Pois é, foram mais de 400. Ficou inviável respoder tudo isso, principalmente atarefada do jeito que eu to pra organizar a minha vida. Mas eu vou responde-los de agora em diante, e no próximo capítulo com certeza voces terão seus coments respondidos. Estamos combinados?


Obrigada aos que comentam, aos que não comentam, aos que comentaram pela primeira vez, aos que pelo menos pensaram em comentar, aos novos e aos velhos leitores, enfim... Meu coração e tão grande quanto ao de molly Weasley (acho que nem tanto...hehehe) e cabe todos voces! Acho que é isso! Mais uma nota gigante. Será que eu sou a única autora que faz notas desse tamanho!?? *coça o queixo* Eu sou meio aloprada. *dá de ombros* Mas é por que amo ter contato com voces...


Agora preciso ir. Deixo a promessa de não demorar pra postar o próximo capítulo, ok?


Superbeijo no coração de voces, meus amados!


 


FUI!


 


e como de praxe...


 


CRACK!

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Comentários (4)

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