Presentes de Natal.




N.A: Após anos luz de muita paciência e espera, eis que a Páscoa chega recheada!

Feliz Páscoa a todos!!!

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CAPÍTULO 24: Presentes de Natal


O clima era típicamente natalino. O dia amanhecia frio e cinzento; através da vidraça da pequena janela dava pra ver os flocos da neve alva, caindo preguiçosamente, como se pequenos chumaços de algodão estivessem sendo jogados do céu ou como se densas nuvens estivessem se desfazendo.

Era ainda muito cedo, mas Rony estava sentado em sua cama, com os cotovelos apoiados nos joelhos, a cabeça baixa e os pensamentos vagueando a léguas de distância de seu quarto na casa humilde e torta em Ottery St. Catchpole. Já se somavam dias que Rony não conseguia desfrutar de uma noite tranquila de sono. Usualmente, a insônia vinha sendo uma companheira incômoda e inconveniente, principalmente se levando em conta o cansaço, no qual vinha chegando em casa no fim do dia, e a necessidade que tinha de proporcionar algum descanso ao seu corpo e sua mente. No entanto, quando finalmente conseguia adormecer, seu sono era habitado por um sonho insistente, em que uma mulher alta e esguia, de longos cabelos escuros e ondulados, que não possuía rosto, entoava uma canção melodiosa e perturbadora, tentando atraí-lo para o interior de uma caverna escura; toda vez que ele se aproximava da entrada da caverna, a mulher misteriosa se dobrava sobre o próprio corpo em agonia, e soltava um grito agudo e agourento de dor, que fazia os ouvidos dele sangrarem. Era sempre nesse momento que Rony despertava assustado e suado, com seus ouvidos zunindo, achando que ficar acordado parecia ser bem mais tentador.

Rony esfregou os olhos cansados e marcados por profundas e escuras olheiras, calçou os chinelos e os arrastou até o banheiro. Apoiou as mãos sobre a pia, e ficou observando a água que gotejava da velha torneira enferrujada. Estava estranhando o silêncio da casa, principalmente se tratando do dia de Natal, porém, reconheceu que era muito cedo, e que todos provavelmente ainda dormiam. Ao erguer a cabeça e contemplar a péssima imagem que se refletiu no espelho redondo na parede, se deu conta, de que não adiantava tentar inventar alguma explicação plausível para seus tormentos. Era inútil. A quem queria enganar? Ele sabia muito bem o que, ou melhor, quem era a responsável por toda aquela inquietação.

Fazia alguns dias que Rony não conversava direito com Hermione. O diálogo mais comum entre eles, resumia-se em breves cumprimentos de bom-dia, ou acenos casuais, quando se encontravam pelos corredores do ministério. O fato de estarem descaradamente se evitando, embora ambos negassem veementemente tal possibilidade, era apenas uma justificativa razoável para o afastamento do casal, pois, a falta de tempo, ocasionada pelo excesso de responsabilidades, continuava a ser um empecilho. Rony não estava nada confortável com a situação, contudo, estava ressentido demais com Hermione para tomar a iniciativa de se aproximar, e o fato da garota também não ter demonstrado qualquer indício de estreitar o contato ou prolongar um diálogo, o fazia sentir-se ainda mais magoado. Desde o dia que ela havia lhe contado sobre a proposta que recebera para estudar no Canadá, nenhum dos dois parecia estimulado a tocar no assunto novamente. Nem mesmo Harry fez menção de falar sobre o assunto com Rony.

Ao mesmo tempo em que se sentia, por certo ângulo, traído por Hermione, Rony também se sentia mal por estar agindo de maneira tão pouco compreensiva com ela. Na verdade, não queria interferir na decisão dela mais do que já o fazia naturalmente, e ele tinha plena consciência de que, se conversassem sobre o assunto, ele não resistiria em pedir que ela ficasse. A curiosidade de saber a escolha de Hermione, somada à iminente possibilidade de ficar longe dela, o estava fazendo muito mal, principalmente, com a proximidade do momento de uma conversa que sabia ser definitiva entre eles.
Para Rony, o dia de Natal havia amanhecido exatamente como seu íntimo: nublado e frio.

Após terminar sua higiene pessoal e se vestir de maneira informal e confortável, Rony catou seu casaco mais grosso, um de cor azul marinho que ganhara de Hermione em seu último aniversário, e desceu as escadas até o andar térreo enquanto calçava um par de luvas e enfiava um gorro na cabeça para proteger as orelhas do vento gélido. Achou a cozinha vazia demais sem a presença de sua mãe ali, e a constatação um tanto machista lhe arrancou o primeiro sorriso do dia. Ao abrir a porta, estremeceu com a lufada de vento frio que levou alguns flocos de neve para dentro da casa e cortou a pele exposta de seu rosto. Rony puxou o zíper do casaco até a altura do queixo, caminhou até certo limite dos jardins, segurou sua varinha concentrando-se em seu destino e girou o corpo.



















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A forte ventania arrastava as folhas secas pelas calçadas da avenida. O intenso ruído do vento açoitava seus ouvidos, e as grossas gotas da chuva batiam com força em seu rosto, como se estivessem lhe atirando pedras. As pontas de seus dedos estavam arroxeadas devido o frio, mas sua determinação era superior a tudo isso e o impeliam a continuar. Harry corria na tentativa de alcançá-la e fazê-la escutar tudo o que tinha a dizer. Seus cabelos já estavam completamente encharcados e a roupa molhada pesava em seu corpo, impedindo que ele corresse mais rápido. Estava quase a alcançando e esticou o braço, segurando o punho dela com força e a obrigando a parar. Ela tentou resistir à sua pressão, mas após um tempo desistiu.

- Me solta! – ela ordenou em um tom imperativo, e mais uma vez tentou libertar o punho.

- Não!

- Larga o meu braço!

- Não!

- É melhor você me deixar ir! – ela olhou para o rosto dele. Seus olhos estavam com um brilho tempestuoso.

- Para de resistir! Você sabe que eu não soltar.

- Isso é o que nós vamos ver. – Ela disse antes de apertar os dentes com força na mão dele.

- Ahhhh...



Harry gritou, confuso e assustado, se debatendo no ar enquanto girava lentamente no sentido horário e, com a visão embaçada pela ausência dos óculos, via seu guarda-roupa de ponta-cabeça, sua poltrona de ponta-cabeça, a porta de ponta-cabeça, Rony de ponta-cabeça.

- Rony? – disse aturdido, antes de sentir a pressão em seu tornozelo ceder de repente, fazendo-o desabar novamente em cima da cama.

- Você tinha razão! Esse feitiço é um despertador infalível. – disse Rony olhando aprovadoramente para sua varinha.

- Eu ainda prefiro o bom e velho despertador trouxa. – Harry apontou para um pequeno aparelho sobre o criado-mudo e pegou seus óculos que estavam ao lado – E o que te aconteceu para estar passeando por aqui tão cedo? – perguntou ao constatar que ainda não eram nem sete da manhã.

- Ah, eu ando meio sem sono. – Rony respondeu demonstrando um descaso pouco convincente – Mas, ao contrário de mim, você parece que anda dormindo muito bem. Estava sonhando com o que?

- Eu não estava sonhando. – mentiu Harry, evitando os olhos do amigo.

- Sei...

Rony riu, tirou as luvas e o gorro, e os jogou em cima do criado-mudo; então, pegou o despertador que estava sobre o móvel e o passou entre os dedos, observando-o com curiosidade. Harry, já havia notado há alguns dias que Rony andava com a aparência abatida, mas, ao olhar mais atentamente para ele, percebeu que a insônia não estava lhe fazendo nada bem. Uma ruga sutil se formou em sua testa.

- Rony, está acontecendo alguma coisa com você?

- Comigo? – Rony deixou o relógio sobre o criado-mudo – Não, por quê?

- Bom, porque sou seu amigo ha mais tempo do eu imaginei que poderia te suportar e também por que não sou burro! – Harry sentou mais ereto – Você já se olhou no espelho?

Rony bufou e se jogou sobre a poltrona que ficava no canto oposto à cama. Passou a mão pelos cabelos e suspirou. Harry aguardou que ele falasse. Tinha um bom palpite sobre a conversa que se seguiria, e, de certa forma, já esperava por ela há algum tempo.

- Eu estou confuso! – Rony confessou.

- Eu sei! – disse Harry sinceramente.

- Eu preciso que você me ajude Harry! – Rony fitou o amigo com um brilho no olhar.

- Em que?

Rony levantou de onde estava e sentou na cama, perto de Harry, parecendo ansioso.

- Preciso que você me ajude a bolar alguma coisa que convença Hermione a ficar aqui!

Harry ergueu as sobrancelhas até elas sumirem sob sua franja despenteada. De tudo que Rony poderia lhe falar, aquilo era o que ele menos esperava ouvir. Fora custoso demais guardar o segredo de Hermione por tanto tempo, sobretudo por conhecer o amigo bem demais para saber o quanto aquilo o magoaria. Harry vinha desejando conversar sobre esse assunto com Rony logo que soube que Hermione havia, finalmente, revelado a proposta que recebera, mas respeitou o silêncio triste de Rony e decidiu só fazer algum comentário caso lhe fosse solicitado.

- Você nem mesmo sabe se ela vai decidir ir, Rony. Como já quer arrumar uma forma de convencê-la a ficar? – indagou Harry.

- Nem vem! Estamos falando de Hermione Granger, uma das bruxas mais inteligentes que Hogwarts já viu e, sem dúvidas, a única que já leu todos os livros das prateleiras da biblioteca da escola. Qualquer pessoa que a conheça bem sabe o quanto uma oportunidade de estudos como essa seria importante pra ela.

Harry adoraria replicar, mas era impossível contestar o incontestável. Rony estava coberto de razão.

- Certo então! Existe uma forma muito fácil de fazê-la ficar.

- Mesmo? Qual? – Rony perguntou interessado.

Harry sacudiu de leve a cabeça e cruzou os braços em frente ao corpo.

- Bastaria que você pedisse a ela para ficar.

A resposta soou inesperada para Rony, pois ele pareceu desconcertado. Sua expressão suavizou e seus ombros cederam sob o peso das palavras de Harry.

- Agora, - Harry continuou – basta saber se é isso que você realmente quer.

- Eu não quero que ela vá! – disse Rony, parecendo uma criança mimada.

- Será que não? – Harry questionou – Você pode não querer se afastar dela, o que não quer dizer que não queira que ela vá.

- Isso, por acaso, não soluciona meu problema! – disse Rony com amargura, e evidentemente confuso.

Harry resmungou aborrecido. Eram nessas horas que ele rogava pragas mudas, sobre o relacionamento dos dois melhores amigos. Os dois o deixavam numa situação delicada. Harry não podia tomar partido de um apenas, até porque, entendia a aflição de ambos os lados.

- Você andou esses dias todos evitando a Hermione, se sentindo injustiçado e traído, - Harry aumentou o tom de sua voz assim que Rony fez menção de interrompê-lo – mas, por algum minuto você parou pra pensar no quanto deve estar sendo difícil pra ela tomar uma decisão?

Rony se ergueu da cama e deu as costas à Harry. Caminhou vagarosamente até próximo a porta de vidro que separava a sacada do quarto e ficou observando a neve cair lá fora.

- Minha mágoa com Hermione não é pelo fato dela poder ir viajar, mas sim por eu ter sido a última pessoa com quem ela conversou sobre isso. – a voz de Rony soava calma, mas vibrava com uma sincera nota de decepção – Eu entendo o dilema pelo qual ela deve estar passando e esse foi um dos fatores que me fez querer me afastar dela, para que ela pudesse refletir com o mínimo de interferência. Mas não me peça para ficar feliz por vê-la partir, mesmo que seja por alguns meses. Eu a amo demais para isso.

A sinceridade de Rony emudeceu Harry. Teve até vontade de consolar o amigo de alguma forma, mas sabia que seria impossível. Nada do que ele dissesse agora surtiria muito efeito.

- Eu sinto muito, Rony.

Um breve silêncio pesou no ambiente por um tempo, antes de Rony dizer:

- Eu me sentiria mais seguro, se Hermione também se sentisse mais segura em relação a mim. – Rony afastou um pouco a cortina para ter uma visão mais ampla da rua lá embaixo – Sabe, eu por muito tempo fui inseguro quanto os sentimentos da Hermione. Todo mundo achava que ela gostava de você, e, por vezes, eu me perguntava se eles não tinham razão. Eu ardia de ciúmes dela, de inveja de você, e tive ganas de quebrar a cara do McLaggen no nosso sexto ano. Em alguns momentos, algumas reações de Hermione me faziam ter esperanças de que ela poderia gostar de mim, mas as dúvidas e a insegurança sempre eram maiores e eu era covarde demais para perguntar.

- Por que você era um idiota! Vocês perderam um tempo precioso!

Rony riu e, ainda de costas, respondeu:

- Eu acho que ainda sou um pouco. A Hermione é uma pessoa extraordinária, Harry. Tudo que ela faz é perfeito. Ela é perfeita. E eu não sei se sou suficiente pra ela.

Harry, relutante, afastou os cobertores e girou as pernas para fora da cama. Não podia permitir que a situação ficasse mais dramática do que já estava.

- Rony, para de falar asneiras e presta atenção no que eu vou dizer... se bem que nada do que eu disser vai amenizar a sua situação, mas como seu melhor amigo eu preciso tentar por algum juízo nessa sua cabeça: Sabe como eu fiz pra aceitar melhor o tempo que eu preciso passar longe da Gina?

Rony virou de frente para Harry e, com o semblante intrigado balançou a cabeça negativamente.

- Eu procurei entender o quanto o quadribol é importante pra ela. Eu deixei meu egoísmo um pouco de lado e, quando eu aceitei a situação, isso passou a ser importante pra mim também. Hoje eu sei que se ela não estiver feliz fazendo o que é importante pra ela, eu também não vou estar. – Harry ignorou o calor no seu rosto; não era muito confortável ainda, conversar sobre Gina com Rony. Nesses casos Hermione sempre era a melhor saída - Você mesmo já reconheceu a importância desta viajem pra Hermione. Revolta e recusa só torna as coisas piores. E tem mais uma coisa que vou revelar pra você. Quando Hermione veio falar comigo sobre a proposta de estudos, eu questionei o fato dela não ter conversado com você ainda e sabe o que ela me respondeu? – Rony negou tão discretamente que Harry quase não conseguiu ouvir – Ela me disse que a sua opinião era a mais importante, e era exatamente esse o motivo dela ter adiado tanto a conversa com você.

Rony olhou para o chão, pensativo. E a frieza em seu olhar era tão perceptível quanto à convicção com que ele disse:

- Se ela for, eu vou aceitar a decisão dela. Mas não sei se irei ficar aqui, esperando por ela.

- Rony...

- Eu vou tentar levar na boa! Vou tentar porque ela merece, e porque nós merecemos depois do tempo que levamos para ficarmos juntos. – Rony foi até o criado-mudo, catou seus pertences e começou a calçar as luvas – Agora eu vou pra casa, não quero mais falar disso. Você não vem ainda?

- Daqui a pouco! Antes vou até a casa da Sra. Tonks levar o presente do Teddy.

Rony acenou concordando e abriu a porta do quarto.

- Ah, Harry! – ele olhou para o amigo e contorceu o rosto num esboço de sorriso – Obrigado!

Harry apenas o fitou seriamente. Então Rony enfiou o gorro na cabeça e saiu.

Harry olhou através do vidro transparente para o céu acinzentado e suspirou, tentando suprimir a aprovação que dava a atitude de Rony, ao mesmo tempo em que sentia uma tremenda vontade de correr atrás dele e lhe dar um bom cascudo.




















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- Ei moça, acorde! Chegou uma coisinha pra você!

Ela se mexeu preguiçosamente embaixo dos cobertores ao ouvir os berros agudos que ecoaram pelo corredor. A curiosidade de saber o que chegara para ela só não era superior a sua preguiça. O calor e o aconchego de sua cama eram quase infinitamente mais sedutores.

- Céus! Que lindo! – tornou a gritar a conhecida voz feminina.

Pulou da cama rapidamente, sorrindo enquanto calçava uma pantufa de unicórnio. Abriu a porta e correu pelo corredor, subindo, apressada, dois lances de escadas enquanto ria da própria curiosidade e abençoava a esperteza da tia. Assim que chegou em frente a uma porta grande de madeira entalhada, girou a maçaneta dourada em forma de bico de águia e entrou sem cerimônias.

O par de olhos castanhos parecera sorrir mais do que os próprios lábios da bela mulher, assim que esta a viu.

- Bom dia menina!

- Golpe baixo, tia! Você sabe que eu não resistiria.

Merina pareceu satisfeita quando viu a sobrinha entrando em seu quarto. Sabia que ela adorava ganhar presentes, principalmente no Natal. E somente uma coisa superava a inteligência e a simpatia da moça: a curiosidade. Sorriu docemente para Katheryn enquanto ela se aproximava, parecendo uma criança crescida demais dentro daquele pijama amarelo, calçando aquelas pantufas, com seus longos cabelos negros soltos e os olhos azuis brilhando na direção dos pacotes que estavam ao seu lado.

- Você me lembra uma mocinha sapeca que corria descalça por aqui há alguns anos atrás. – Merina disse com nostalgia.

- Há muitos anos atrás, você quer dizer. - Katheryn sentou na cama ao lado da tia e a abraçou apertado - Joyeux Noël, Nina!

- Feliz Natal pra você também, Kathy!

Katheryn esfregou as mãos com ansiedade.

- Quantos presentes!

- Seus pais e seu bisavô, que bem conhecem a sua curiosidade, já enviaram seus presentes. – Merina apontou para um pequeno amontoado de caixas cuidadosamente embrulhadas – Eles bem poderiam ter esperado nós chegarmos lá mais tarde.

- Por onde começo? – perguntou olhando cobiçosamente para cada embrulho – Acho que vou abrir este aqui primeiro. – disse pegando um pacote azul e vermelho.

- Hum, eu acho que não, mocinha. – Merina retirou sem muita delicadeza o pacote das mãos da sobrinha – Este é o meu presente para o Harry!

- Ah! – Katheryn olhou para o presente e, tentando não mostrar muito interesse, perguntou: - Você vai enviar por correio coruja?

- Não, vou levar pessoalmente! Acho que teremos um tempinho para darmos uma passadinha rápida n’A Toca antes do horário da nossa chave de portal para Paris, não acha? – Merina estudou as reações da sobrinha com o canto dos olhos.

- Claro!

A bruxa loura pegou uma caixa oval branca com um grande laço púrpura e entregou para Katheryn.

- Tome! Este sim é todo seu. Levei dias para escolher.

- Obrigada, tia! – Katheryn sorriu levemente e começou a desfazer, sem muita pressa, o laço.

Merina pôs a mão sobre a dela, interrompendo sua ação. Tinha no rosto uma expressão tão astuta e compreensiva que chegou a incomodar Katheryn por um momento.

- Querida, está tudo bem?

- É claro que está, tia!

- Se preferir, podemos seguir direto para Paris e depois enviamos o presente...

- Não, tudo bem!

- Kathy, eu sei que você está se esforçando, e que ver o Harry agora pode...

- Que insistência! – Katheryn se pôs de pé, e seu semblante ficou tão sério que a fez parecer bastante madura, mesmo com aqueles trajes de aspecto infantil – Eu já disse que está tudo bem! E não me olhe desse jeito, Nina! Você sabe que não precisa ficar tão preocupada com isso! Eu sei me cuidar!

Katheryn saiu do quarto da tia, largando seu presente ainda embrulhado.

Apesar do ato aparentemente rebelde, Merina tinha um sorriso triste e complacente nos lábios.

- Será que você é tão forte quanto parece, Katheryn? – murmurou para si mesma.

Com um suspiro lento, pegou o presente da sobrinha e o guardou. Entregaria novamente mais tarde.



















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Logo que seus sapatos esmagaram a grossa camada de neve que encobriam a grama com um barulho de trituração, e antes mesmo de abrir os olhos, Gina sentiu que estava em casa. O cheiro daquele lugar era tão familiar que lhe causava uma gostosa sensação de calor e proteção, mesmo ainda estando exposta ao frio do lado de fora da casa.

- Então esta é a famosa caverna onde os Weasley se escondem!

Gina sorriu para a moça de cabelos castanhos que estava ao seu lado. Os olhos cor de âmbar da garota brilhavam enquanto analisavam a casa e os jardins.

- Bem vinda à Toca, Sue! – Gina voltou seus olhos na mesma direção dos da amiga e observou os diversos compartimentos de sua casa com o teto coberto com neve, o que lembrava um bolo mal feito coberto com chantili. Sorrindo, vislumbrou o movimento no interior da casa através das sombras que se projetavam no tecido das cortinas nas janelas fechadas – Parece que estamos mais atrasadas do que imaginávamos.

- Nev’, nós deveríamos ter avisado que eu viria. Não é nada cortês da minha parte chegar à sua casa para os festejos de Natal sem ao menos ter anunciado minha presença.

Gina rolou os olhos com impaciência. Já havia perdido as contas das vezes que Sue havia dito aquilo. A insistência dela no assunto, somada à formalidade com que agia algumas vezes, faziam Gina contar até dez para manter a calma. Sabia que Sue havia sido vítima de uma criação rigorosa imposta pela avó, que era a responsável pela criação dela desde a morte de seus pais. De algum modo, Sue fazia Gina lembrar-se de Neville, embora a amiga fosse dona de uma segurança e autonomia que Neville raramente demonstrava.

- Sua presença será anunciada assim que atravessarmos aquela porta, senhorita. – disse Gina numa imitação sarcástica da formalidade da amiga – Aliás, acho melhor fazermos isso logo. Meu nariz está congelando.

Gina segurou na mão de Sue, puxando-a enquanto caminhava em direção à porta. Na medida em que se aproximavam da residência, algumas vozes começavam a ser ouvidas em conversas e gargalhadas.

- Celestina Warbeck? – perguntou Sue assim que uma música chegou baixa aos seus ouvidos.

- Esse programa é quase um ritual de Natal pra minha mãe.

- E é o preferido da minha avó. – Sue fez uma careta – Não sei como sua família consegue se divertir tanto ouvindo isso. E eu pensando que tivesse escapado da ‘Hora de Encantos’ neste Natal!

Gina riu e, sem pensar duas vezes, alcançou a maçaneta da porta, tocou com a varinha murmurando um feitiço para destrancá-la e girou, ainda ouvindo o som de vozes indistinguíveis. A primeira pessoa que enxergou foi a cunhada Fleur, exibindo uma barriga bem maior do que da última vez que a havia visto, carregando uma travessa de pudim nas mãos.

- Ginny! – exclamou Fleur quando a viu, usando um tom de voz alto o suficiente para denunciar a chegada da caçula Weasley.

- Minha filha! Enfim você chegou! – disse Molly surgindo da cozinha e envolvendo a filha em um abraço apertado – Você disse que chegaria as quatro e já passam das sete!

- Eu tive um imprevisto. Esta é Susan Fletwock, minha amiga e companheira de time no Harpias. – Gina indicou Sue, que parecia acanhada – Tivemos de ir até a casa dela em Londres, por isso demoramos.

- Ah, claro! Seja bem-vinda Srta. Fletwock. – disse Molly, cumprimentando-a.

- É um prazer conhecê-la, Sra. Weasley. E pode me chamar de Sue.

- Fletwock? – o Sr. Weasley se aproximou, se colocou ao lado da esposa e cumprimentou a moça com um aperto de mão – Você é parente de Laurentia Fletwock?

O rosto de Susan se iluminou com um sorriso.

Gina sempre se impressionava com as reações de Susan. Apesar dela quase sempre se queixar de Laurentia dizendo que ela era controladora demais, rigorosa demais, antiquada demais e etc - Susan era muito fã da avó. Toda a indignação da garota desaparecia quando o nome de Laurentia Fletwock era reconhecido.

- Ah, sou sim! Sou neta dela.

- Verdade? Que maravilha! Sabe, confesso que já ganhei algumas dezenas de galeões com a corrida de cavalos alados. – Artur fingiu não ouvir o resmungo de “e perdeu outras centenas” de Molly - Sua avó era uma das competidoras mais talentosas! – concluiu um pouco desconcertado.

- Pelo visto o gosto por voar está no sangue! – comentou Gui, que estava próximo, sentado à mesa na companhia de Percy e Audrey.

- Deixe-me apresentar meus filhos e minhas noras... – a Sra. Weasley gesticulou na direção da mesa.

Gina percebeu que Sue estava mais à vontade, e, aproveitando-se do fato da amiga estar bem acompanhada e distraída, afastou sua atenção da conversa. Resolveu deixar Sue na companhia dos pais quando avistou Andrômeda Tonks. Deu um abraço rápido em Gui, Percy e Audrey, e caminhou até o balcão próximo à pia da cozinha, onde Andrômeda decorava uma torta manualmente, para cumprimentá-la. Após saber pela bruxa que Teddy já sabia dizer várias palavras e que conseguia pedir comida e água, Gina decidiu procurar o restante da família. Caminhou até a sala e não tardou a encontrar mais alguns; Rony e Angelina estavam sentados no sofá, rindo de alguma imitação que Jorge estava fazendo. Franziu o cenho, achando estranho o fato de eles estarem rindo, aparentemente ruidosamente, mas quase nenhum barulho vinha dali.

- Olá! Pensei que minha recepção seria mais calorosa. – disse Gina em tom de brincadeira.

- Gina! – bradou Angelina, sacudindo a varinha para desfazer algum feitiço, e ficando de pé para abraçá-la – Não percebemos que você tinha chegado! Já estávamos preocupados com a sua demora. Harry quase aciona o corpo de aurores pra ir atrás de você.

Ao ouvir o nome de Harry, Gina sentiu uma movimentação gostosa no estômago.

- Como vocês não perceberam que eu havia chegado? Fleur gritou meu nome pra que toda a casa pudesse ouvir!

- Acontece que nós colocamos feitiços anti-ruídos aqui, para podermos conversar com mais privacidade. – explicou Jorge.

- A verdade, é que se a mamãe ouvir as piadas obscenas que o Jorge está contando ou ouvi-lo imitando a tia Muriel, ela pode ficar ‘um pouco’ irritada. – esclareceu Rony.

- Jorge não cresce nunca! – reclamou Angelina no ouvido de Gina, mas Jorge escutou.

- Não reclame, meu bem. Pelo que sei, você até riu bastante das minhas piadas.

- O fato das suas piadas serem engraçadas não o torna mais maduro.

- Okay! – Gina se adiantou, antes que Jorge replicasse – Alguém pode dizer onde está o Harry? E a Hermione também não chegou?

Gina notou que Rony ficou mais tenso, embora ele tentasse demonstrar neutralidade.

- Ela deve aparecer daqui a pouco. Os pais dela pediram para que eles passassem na casa de alguns parentes antes de virem para cá. – disse Rony – Já o Harry vem vindo ali. – ele apontou para trás de Gina.

Gina virou e viu Harry descendo as escadas segurando a mão de Teddy, que pisava desequilibrado nos degraus tortos com seus pezinhos pequenos. O menino ria ruidosamente, feliz por estar realizando a função, apesar do evidente auxílio do padrinho.

Harry ergueu o rosto e sorriu, feliz e aliviado, ao ver Gina. Segurou Teddy no colo e desceu os degraus restantes. O menino protestou, agitando o corpo tentando cair dos braços do padrinho até o chão, mas se acalmou assim que percebeu na direção de quem estavam indo. Os olhinhos azuis do menino brilharam em reconhecimento, e instantaneamente, seus cabelos foram se tornando vermelhos.

Antes mesmo que Gina pudesse abraçá-los, Teddy pulou dos braços de Harry e se agarrou no pescoço dela.

- Nossa! Isso tudo são saudades, Didinho? – perguntou Gina, retribuindo o carinho da criança com um abraço e beijinhos nas bochechas.

- Não! – Harry se aproximou mais e a beijou nos lábios, abraçando-a forte em seguida – Isso são saudades!

Gina riu, tentando, apesar de estar com Teddy no colo, retribuir o gesto com a mesma intensidade. Só se soltaram quando Rony apareceu ao lado deles.

- Vamos garotão! – Rony estendeu os braços e pegou Teddy – Nós dois não somos obrigados a assistir isso. – beijou a irmã na bochecha e disse: - Pensei até que você não viria mais!

- Vai dizer que sentiu saudades, maninho?

- Mas é claro que não! – Rony disse, antes de dar uma piscadela para Teddy e sair com ele na direção da cozinha.

Gina pulou nos braços de Harry e lhe deu um abraço de verdade. Logo que se afastaram, ela aproveitou para conferir onde Sue estava, e encontrou-a sentada na mesa travando uma conversa animada com Audrey e Fleur. Harry seguiu o olhar da ruiva.

- É a sua amiga Susan, não é?

- Ela mesma! A avó dela viajou ontem para visitar uns parentes, e Sue não estava muito disposta a acompanhá-la. Então a convidei para vir pra cá. Tivemos de passar na casa dela antes de virmos, por isso acabei demorando.

- Eu fiquei preocupado!

- Mas não devia! – Gina o repreendeu delicadamente – Eu sei me cuidar, Harry
!
- Eu não consigo evitar!

Gina sorriu.

- Então, como ele está? – Gina fez sinal na direção de Rony.

- Se eu disser que ele está bem, seria mentira. Mas ele parece mais conformado.

Gina observou o irmão servindo um copo de suco para Teddy e mordeu os lábios quando o menino deixou virar o copo, derramando o conteúdo e manchando as calças de Rony. Sue e Audrey seguraram o riso.

- É hoje que eles vão conversar, não é? – ela perguntou.

- Hermione deve chegar a qualquer momento. – Harry respondeu – Mas e você? Está bem?

- Agora sim! – Gina respondeu se abraçando mais a ele.

Ficaram abraçados, ignorando os protestos de Jorge para que Harry tirasse as mãos de sua irmãzinha e os resmungos de Angelina para Jorge ficar quieto. Só se separaram quando ouviram batidas na porta.

- Deve ser a Hermione. – disse Harry indo com Gina até a mesa, onde estava a maioria dos Weasley, e acenando para Sue, que acenou de volta para ele com um sorriso tímido.

Molly foi até a porta e abriu.

- Oh, querida! Que surpresa! Não esperava vocês aqui!

- Desculpe, Molly. Nós deveríamos ter avisado que viríamos.

- Deixem de bobagens, entrem.

- Com licença, Sra. Weasley.

Harry reconheceu as vozes e involuntariamente olhou para Gina. O rosto dela estava inexpressivo, e assim permaneceu quando Merina e Katheryn entraram, ambas muito bonitas e elegantes, devidamente agasalhadas com luvas, casacos e cachecóis. Merina trazia uma sacola volumosa presa nos braços e, assim que entrou, repousou-a próximo da porta.

- Realmente, foi uma surpresa! – Gina falou baixinho, se aproximando para cumprimentar Merina.

Harry fez o mesmo.

Merina e Katheryn falaram com Artur e Andrômeda. Quando se aproximaram de Gui, Fleur olhou Katheryn dos pés a cabeça e segurou firme na mão do marido, repousando a outra mão sobre o ventre, como se quisesse protegê-los. Katheryn notou e pareceu ter achado isso muito divertido, pois deu um sorriso maroto e balançou a cabeça negativamente antes de se aproximar de Rony e Teddy. Merina avistou Harry e sorriu.

- Harry! Gina! Feliz Natal!

- Feliz Natal, Merina! – disse Harry recebendo um abraço, e dando espaço para Merina abraçar Gina.

- Feliz Natal Merina! – Gina a abraçou sorrindo – Já estava com saudades de você!

- Suas responsabilidades a roubaram de nós. Mas é bom vê-la tão bem! – Merina disse afetuosamente – Eu trouxe presentes. Não sei se conheço vocês o suficiente a ponto de ter acertado nas escolhas, mas me esforcei. Vou buscá-los.

Merina pegou a sacola que havia deixado perto da entrada da casa, mas antes que pudesse voltar até Harry e Gina, foi levada até a cozinha por Andrômeda e Molly, provavelmente no intuito de colocar o papo em dia.

Na rádio bruxa, o locutor acabara de anunciar o fim do programa ‘Hora de Encantos’ quando Gina tornou a olhar para Harry. Os dois ainda ouviram Fleur comemorar em voz alta, dizendo-se aliviada, pois ela e seu bebê não agüentavam mais aquela “sessão sonora de tédio”.

- Merina nem parece a mesma mulher que conhecemos ano passado. – Gina observou.

- Ela tem estado muito mais animada desde o dia que Katheryn veio morar em Londres. – disse Harry, olhando para onde Katheryn e Rony conversavam. A auror tinha Teddy no colo, e ele estava tão quieto que parecia participar do diálogo.

- Ter as pessoas que amamos por perto nos faz muito bem mesmo. – afirmou a ruiva lançando um sorriso para o namorado.

Passaram alguns minutos antes de Katheryn entregar Teddy de volta a Rony e se encaminhar até Harry e Gina. A jovem exibia seu belo e onipresente sorriso.

- Harry! – exclamou, e o abraçou brevemente.

- Oi! Nós não esperávamos vocês por aqui hoje. Você havia me dito que passariam o Natal com seus pais na França.

- E vamos! Miranda Calmon fará um ensopado com meus ossos caso eu não apareça! – Katheryn alargou o sorriso – Mas temos algum tempo até a hora da nossa chave de portal. – ela olhou para o lado de Harry – Olá Ginevra!

- Como vai Katheryn? É tão raro ver você quanto é ver a Merina!

- Isso é verdade! A Nina raramente se afasta de Godrics Hollow e eu, bem, o trabalho no ministério tem consumido meu tempo quase integralmente. Às vezes perco horas de sono, virando noites para organizar estratégias de treinamento, criar testes e corrigir exames.

- Pelo menos não é mais pelo Harry que você vem perdendo o sono, não é mesmo? – Gina disse, com um sorriso ingênuo se abrindo nos lábios. Harry a repreendeu com o olhar, mas ela não deu importância.

O sorriso de Katheryn vacilou. Por um momento fugaz, o duplo sentido que captou nas palavras de Gina a desconcertou, e ela precisou ponderar sobre a real significância da frase. Levou algum tempo para responder, mas assim que compreendeu o comentário, censurou-se pelo deslize, olhou firmemente nos olhos da ruiva e recompôs seu sorriso.

- Tem razão! Mas no caso do Harry e do Ronald, posso dizer que tinha mais a aprender do que a ensinar! Depois que ganhei a confiança deles, não tive muito trabalho com o grupo.

Harry ia responder alguma coisa, mas Molly surgiu da cozinha e fez sinal para Katheryn ir até lá.

- Essa não! Que histórias a Nina deve estar contando dessa vez? – lamentou desgostosa – Bem, em todo caso é melhor eu ir até lá e desmentir tudo enquanto é tempo.

Katheryn saiu, balançando a cabeça. No entanto, Harry não olhava para ela, e sim para Gina, que parecia despreocupada, mas com um olhar malicioso pregado nas costas da auror.

- Por que você implica tanto com ela?

- Você viu como ela ficou desconcertada? Eu disse pra você que...

- Gina, até eu fiquei desconcertado! Você não precisa atacá-la dessa forma! Não é só ela que você acaba afetando, sabia?

- Vai defendê-la agora? E eu não quero atacar ninguém, apenas não consigo tolerar o fato dessa... moça achar que ninguém nota que ela gosta de você!

- Mas eu só amo você! Isso deveria ser suficiente! – Harry retrucou aborrecido.
Mesmo ele tendo usado um tom mais exaltado, Gina sorriu abertamente logo que ouviu a reclamação. Passou os braços ao redor do pescoço dele e o beijou.

- É mais que suficiente Harry Potter! – disse, e tornou a beijá-lo.



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A noite transcorreu dentro dos padrões d’A Toca: animada e cheia de pequenas confusões. A Sra. Weasley se dividia em dar atenção as visitas, mimar a filha caçula, cuidar do banquete, interromper energicamente algumas brincadeiras de Jorge - que na opinião dela, eram “de muito mau-gosto”, porém divertiam a maioria dos presentes - e ralhar com Fleur, alegando que ela estava fazendo esforços demais num estado tão avançado de gravidez. Fleur, após uma bronca incontestável, se rendeu às exigências da sogra e se acomodou ao lado do marido, reclamando dos pés inchados.

Angelina ocupou o lugar de Fleur na cozinha e, com uma conveniente e persuasiva ajuda de Audrey, conseguiu convencer Molly e Andrômeda a se distraírem com Merina e deixarem toda a responsabilidade da cozinha nas mãos delas. Susan, que demonstrou uma grande afinidade com Audrey, seguiu com ela e Angelina para a cozinha. Jorge e Percy, relutantes e contrariados, foram ‘educadamente’ obrigados a arrumarem a mesa para o jantar. Rony permaneceu à mesa, confortavelmente sentado, se divertindo enquanto mangava dos irmãos.

- Não vejo a hora da Hermione chegar. – Jorge rebateu entredentes, estranhamente irritado, largando uma pilha de pratos na mesa.

Apesar do comentário simples, ele foi suficiente para fazer Rony fechar a cara e sossegar.

Gina brincava com Teddy, sentada sobre um extenso carpete circular cor de vinho que enfeitava o centro da sala. Ela parecia distraída, manuseando uma mini-maquete do castelo de Hogwarts que Molly e Arthur haviam dado de presente para Teddy; todavia, sua atenção estava alheia ao objeto. Seus olhos não paravam de desviar na direção das escadas, onde Harry estava sentado em um dos degraus ao lado de Katheryn. Gina estava com eles ha um tempo atrás, mas Teddy começou a se agitar e ela achou melhor levá-lo para se distrair um pouco com seus presentes novos.

Para Gina era difícil ignorar a veneração que Katheryn demonstrava na atenção que dispensava a Harry. Estava tão absorta em sua atividade contemplativa que se sobressaltou quando uma mão tocou delicadamente em seu ombro, fazendo-a largar a pequena maquete.

- Ai, Sue!

- Desculpe Nev’! Não sabia que você estava tão distraída. – disse Sue lançando uma olhadela ligeira para as escadas e sentando ao lado de Gina. Empurrou um carrinho para perto de Teddy, que estava ocupado demais cercado por brinquedos.

- Pensei que você tivesse me abandonado pra ficar com suas novas amigas. – brincou Gina, com um falso tom ofendido.

- Elas não são tão legais depois de um tempo. – Sue devolveu a brincadeira, e novamente viu os olhos de Gina correrem furtivamente até as escadas – Então... essa é a tal auror de quem você havia me falado. Ela parece simpática.

- É, parece.

- Ainda assim você não gosta dela. – Sue comentou em tom comprovativo.

- Não, não gosto. – Gina juntou um boneco de madeira que Teddy havia descartado, logo após lhe arrancar a cabeça, e consertou-o com um floreio simples da varinha.

- E aquela conversa ali – apontou para o lado com o polegar – está incomodando você por isso? Por que você não gosta dela?

- A conversa não me incomoda em nada, se você quer saber. E eu nem me importo tanto assim com... – Gina se calou. Juntou o castelinho do chão e observou-o, mordendo a parte interna da bochecha. Então recomeçou, num tom mais grave: – O que me intriga é a dificuldade que tenho em decifrar a intenção dessa... moça. Ela tenta agir de maneira natural com o Harry, como se achasse que pudesse disfarçar o que sente por ele.

- Você não acha óbvio o porquê dela querer esconder isso, Nev’? – Sue fez cara de admiração, como se não acreditasse que Gina tivesse tanta dificuldade em entender algo tão evidente – Estamos falando de Harry Potter, salvador do mundo mágico, bonito, famoso, visado. – brincou, o que fez Gina revirar os olhos - Além disso, todo o mundo bruxo sabe que Harry é um rapaz comprometido. – Sue observou Katheryn novamente. – E eu não consigo percebê-la tão apaixonada assim por ele. Eles parecem apenas bons amigos.

- Sue, é complicado entender, mas eu sei que Katheryn não é má pessoa, porém ela não me inspira confiança. De alguma forma, não consigo me aproximar demais dela. Agora, não se engane, pois eu não tenho dúvidas de que ela gosta do Harry, e se o intuito dela é esconder o que sente, está falhando miseravelmente. Veja só como ela olha pra ele. É esse olhar que me incomoda.

Susan tornou a olhar para as escadas e, dessa vez, deteve-se mais cuidadosamente em Katheryn. Ergueu as sobrancelhas, como se não conseguisse encontrar nada muito comprometedor na expressão da auror.

- Os olhos dela são bem... enigmáticos.

- Pois pra mim eles estão bem expressivos no momento. Eu diria que parecem até familiares. – Gina fitou Susan e notou que a havia deixado confusa, então continuou: - Eu gosto do Harry desde os meus dez anos de idade, Sue. Há quem acreditasse que era coisa de criança, mas eu logo deixei de pensar assim. No início eu sabia que era um deslumbramento infantil da menina pelo seu herói, mas depois, conhecendo-o melhor, convivendo mais com ele, descobri que ele era humano como eu, e que meu sentimento era muito mais real. Passei anos sofrendo com isso, alimentando sonhos e ilusões, me achando boba por ter esperanças de que um dia Harry Potter poderia olhar pra mim. Foram cinco anos difíceis, cheios de conflitos internos, onde eu vi minha vida ser salva por ele, em que eu tive vontade de contar o que sentia – mas gelava só com o medo de que ele poderia rir de mim ou então de me rejeitar -, onde eu tive de engolir a decepção por vê-lo sair com outra garota... Até mesmo eu namorei outros garotos. Mas o que me atormentava era o fato de, mesmo após tanto tempo, eu nunca ter desistido dele. E mesmo que eu quisesse seria inútil, sabe por quê? Porque eu descobri que amar o Harry é um caminho sem volta! Uma vez apaixonada por ele, é impossível voltar atrás. Irreversível! Era isso que eu lia nos meus olhos cada vez que eu me olhava no espelho. – Gina desviou o olhar para Katheryn, que ria de algo que Harry havia contado – E é algo muito parecido que eu vejo nos olhos dela.

Susan observou o rosto de Gina com admiração, sentindo-se, mais uma vez, prostrada diante da maturidade da amiga. Sentiu-se incapaz de fazer algum comentário decente depois de tudo que ouvira, então, continuou apenas a admirar a serenidade na qual Gina estava lidando com toda a situação. No momento que a viu pegar uma mini-réplica de uma firebolt do meio dos brinquedos de Teddy, Sue resolveu perguntar:

- Você pretende fazer alguma coisa?

- Sim, pretendo! – Gina tocou a vassourinha com a varinha e, no mesmo instante, esta iniciou um vôo baixo e lento; a ruiva a lançou na direção de Teddy, que bateu palminhas e gritou de excitação ao ver o objeto flutuando até ele.

- E o que seria? - Sue indagou desconfiada, quase adivinhando, pelo olhar da amiga, que ela estava tramando alguma coisa.

- Nada demais! Algo bem simples e infalível! – respondeu tranqüila.

- Nev’? – dessa vez o tom de Susan soou apreensivo.

- Relaxa Sue! – Gina disse docemente, mas em seguida, deu um sorriso maroto que fez Susan sentir um calafrio de preocupação lhe percorrer a espinha.




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Uma agitação se formou na sala após um barulho de crepitação emanar da lareira, uma luz verde colorir as paredes e a voz de Carlinhos Weasley ecoar alta e grave pelos aposentos da casa. Todos correram para lá e encontraram o rosto sardento do homem flutuando nas chamas, sorridente.

- Olá família! – ele bradou animado.

- Meu filho! – Molly abriu caminho e se ajoelhou em frente à lareira. Arthur se colocou ao lado dela. Os demais ficaram próximos, mas permitiram que o casal tivesse espaço para conversarem com o filho – Como você está?

- Estou bem, mãe. E pelo visto por aí também está tudo em ordem.

- É, mas estaria melhor se você estivesse aqui! A casa sempre parece vazia demais quando falta um dos meus filhos na mesa.

Carlinhos deu um sorriso afetuoso para a mãe, entendendo as entrelinhas do comentário.

- É o trabalho, mãe!

- Não acredito que os dragões estejam mais precisados de você do que sua família! – Molly reclamou com um olhar indômito – Nem mesmo no Natal você pôde tirar uma folga?

- Não ligue pra mamãe, Carl! Você sabe o quanto ela é dramática! – disse Gina, achando graça da cara indignada que Molly fez.

- Gina! Como você está bonita!

- Falando desse jeito parece que faz anos que você não me vê.

Carlinhos cumprimentou os demais e riu ao ver Teddy chorar de susto quando ele espirrou, fazendo as chamas verdes se agitarem com o movimento.

- Mas me conte, filho, vocês conseguiram domesticar aquele Dorso-Cristado Norueguês? – perguntou o Sr. Weasley.

- Não, tivemos de libertá-lo e ele logo se refugiou nas montanhas. Ele já havia causado queimaduras e ferimentos demais! Tivemos pouco progresso, pois ele era selvagem demais, mesmo para uma raça tão agressiva. Harry, você se lembra do Norberto?

- Jamais me esqueceria! – disse Harry rindo, e olhando de esguelha para Rony, que fez uma careta de desgosto.

- Então, Norberto é da mesma raça e ainda está conosco. O dragão que tentamos domesticar era muito temperamental. O levamos até Norberto, mas ele o rejeitou no mesmo instante. Eu nunca havia visto uma labareda tão extensa como aquela! Que Hagrid não descubra, mas acho que foi traumatizante para o Norberto, ser rejeitado pelo único dragão da sua espécie que conseguimos capturar. Uma relação de convivência entre eles seria muito importante para nossos estudos sobre a raça...

Gina desconcentrou-se da conversa. Conhecia bem a empolgação do irmão quando o assunto eram dragões, e previu que aquela conversa se estenderia por alguns bons minutos. Sentia sede, por isso seguiu até a cozinha na intenção de tomar alguma coisa.

Passou pela mesa caprichosamente arrumada - resultado do trabalho de Percy e Jorge - e tomada por vasilhames e travessas recheadas com comidas e quitutes tradicionais de Natal. Garrafas de cerveja amanteigada e jarras de sucos completavam a decoração da mesa farta.

Gina se escorou ali para se servir de alguma coisa, mas hesitou e acabou achando melhor tomar um pouco de água. Viu um recipiente com água ao lado da pia, então pegou um copo no velho armário de louças e se serviu. Deu um longo gole, se concentrando na sensação maravilhosa que era sentir sua garganta seca sendo umedecida pelo líquido incolor. Gina apoiou o lado esquerdo do quadril no balcão, relaxada enquanto dava mais um gole na bebida. Quando ergueu mais uma vez o copo em direção aos lábios, um ruído metálico atrás dela a fez virar o rosto. Quando notou a causa do barulho, uma movimentação em seu estômago lhe avisou que ela estava diante de uma oportunidade pela qual ela não esperava naquele dia.

- Droga! – Katheryn resmungou e se abaixou para apanhar a colher que havia deixado cair; ela tinha um pequeno prato de vidro na mão – Eu sou mesmo uma desastrada! – murmurou impaciente, se erguendo novamente – Me desculpe Ginevra!

- Pode me chamar de Gina! – Gina pediu polidamente.

- Claro... Gina! – Katheryn deu um meio sorriso - Assustei você?

- Na verdade não! Precisa de alguma coisa?

- Ah, não, obrigada! – Katheryn mostrou a louça que carregava – Só vim deixar isso aqui. Sua mãe consegue ser bem argumentativa quando quer nos fazer comer alguma coisa, então, acabei aceitando um pedaço de torta de nozes – a auror deixou o prato e a colher dentro da pia – Ela disse que meus braços parecem mais magros que os de um elfo doméstico.

- Minha mãe é assim com todo mundo. Para Molly Weasley, quanto mais conteúdo existir entre sua pele e seus ossos, mais saudável você está!
Katheryn riu e olhou ao redor, observando o ambiente com esmera atenção, parando seus olhos aqui e ali.

- Sabe, eu gosto daqui! Desde o dia do casamento do seu irmão Percival, notei que sua família é muito divertida.

- Obrigada! – Gina agradeceu.

- Eu sou filha única, e meu ambiente familiar é bem diferente. – Katheryn sorriu ternamente – Apesar de sua família ser bem grande e agitada, o clima entre vocês é muito agradável. Acho que nenhum dia deve ser monótono por aqui.

- Nem tanto. Alguns até são bem chatos. – Gina informou, mas já pensando numa forma de abordar o assunto em que queria tocar sem soar agressiva.

Katheryn olhou para Gina. Prestou uma atenção mais cuidadosa à ruiva, e constatou que ela realmente era bonita. Gina tinha um rosto de traços suaves, complementado com suas sardas, sua pele clara e seus cabelos acajus. Seus movimentos eram graciosos, o que lhe conferiam uma aparência meiga. No entanto, esta aparente delicadeza não condizia com a atitude que ela transparecia em sua postura, repleta de auto-confiança e personalidade, bem como em seu olhar firme e seguro. E foi justamente esse olhar que causou uma sensação de desconforto em Katheryn, pois ele transparecia algo que ela não conseguia interpretar com clareza, embora suspeitasse que fosse algo delicado.

- Você quer me dizer alguma coisa, Gina? – perguntou, tentando não soar inquisitiva, apenas curiosa.

Gina não demonstrou surpresa com a indagação.

- Dizer... ainda não! Antes gostaria de fazer uma pergunta.

A tranqüilidade e amenidade da ruiva perturbaram Katheryn, pois ela percebia algo muito mais tempestuoso naqueles olhos castanhos. A auror, então, compreendeu que estava de frente para uma pessoa com grande conhecimento e domínio das próprias emoções.

- Bem, se eu puder lhe responder... – Katheryn disse educadamente.

- Tenho certeza que você pode!

- Então, pode perguntar!

Katheryn fez sinal para Gina prosseguir. Sentiu a palma de suas mãos um pouco suadas e seu coração acelerou algumas batidas quando Gina estreitou ligeiramente os olhos.

- O que você sente pelo Harry?

As suspeitas de Katheryn se confirmaram, mas, mesmo já esperando uma pergunta nesse sentido, ainda assim ficou alarmada com a franqueza intrépida e audaciosa de Gina. A pergunta dela havia sido demasiadamente direta.
Quando a auror falou novamente, manteve a voz tranqüila.

- Como assim ‘o que eu sinto pelo Harry’? – questionou, enrugando a testa em sinal de confusão.

- Vamos lá, Katheryn! A pergunta foi bem boba. – Gina tomou mais um gole de água, como se estivesse perguntando em que loja Katheryn havia comprado suas botas – A sua resposta que é muito mais importante.

O rosto de Katheryn ficou mais sério. Apesar dos olhos de Gina brilharem em expectativa, a auror sentia que a ruiva estava tranqüila e segura com a situação, como se, independentemente do que ela fosse ouvir, soubesse como proceder. Katheryn sabia que, seja qual fosse o rumo que aquela conversa tomasse, elas a conduziriam com sensatez e civilidade. Essa certeza a ajudou a equilibrar-se, ainda que não soubesse se seria prudente ser tão franca com Gina quanto a ruiva estava sendo com ela. Expor seus sentimentos por Harry a uma pessoa que não fosse sua mãe ou sua tia era algo fora de cogitação, e fazê-lo para a namorada do homem pela qual estava apaixonada, soava ainda mais ridículo.

- Gina, você é namorada dele! Como pode me fazer uma pergunta dessas? – disse Katheryn tentando mostrar o disparate da pergunta.

- Exatamente! Eu sou namorada do Harry! Quem melhor do que eu para fazer essa pergunta? – Gina também assumiu uma postura diferente; agora, ela parecia determinada em conduzir aquele assunto com a devida seriedade – Acho que é o que toda garota deve fazer quando suspeita que outra pessoa está interessada no seu namorado.

- E você, por acaso, está suspeitando que eu esteja interessada no Harry?

- Eu preciso apenas da sua confirmação para que isso deixe de ser uma suspeita. – Gina deixou o copo sobre o balcão – Katheryn, eu apenas quero saber o que exatamente você sente pelo Harry.

- Eu... – Katheryn hesitou, confusa sobre o que realmente poderia revelar. Decidiu não mentir – Eu admiro muito o Harry como pessoa. Ele é um homem especial, e a companhia dele é agradável. Gosto de conversar com ele.

Gina a observou com evidente ceticismo.

Katheryn percebeu na mesma hora que Gina não estava satisfeita. Sabia que a garota não era ingênua, mas a idéia de confessar a ela seus sentimentos por Harry parecia tão estúpida que lhe roubava todo e qualquer anseio de revelar a verdade. Achou melhor complementar mais o comentário anterior com algo que pudesse diminuir as desconfianças de Gina, mas a ruiva se adiantou.

- Harry também gosta de você, e a admira, assim como Rony e Hermione. Mas vou ser muito sincera, Katheryn. Por algum motivo que está muito além do meu conhecimento, eu não consigo sentir a mesma afeição por você. – Gina franziu o cenho e continuou com a voz branda: – Me perdoe se estou sendo rude, grosseira, ou até mesmo injusta, essa não é a minha intenção. Mas já que estamos tendo essa conversa, quero deixar tudo esclarecido. Eu sei que você não é má pessoa, mas, pelo menos por enquanto, não espere de mim o mesmo tratamento que o Harry, o Rony ou a Hermione lhe dão. Não consigo ser hipócrita o suficiente para fingir que sua presença não me incomoda.

Katheryn tentou sentir indignação, mas foi impossível. Estava perplexa demais para sentir qualquer outra coisa que não fosse uma genuína perturbação. Uma sensação familiar a engolfou, fazendo-a, inevitavelmente, recordar de uma frase que dissera a Harry há meses atrás: “Rony é dono de uma autenticidade invejável. Aquele ruivo, apesar de rude, é a pessoa mais verdadeira que eu já tive a satisfação de conhecer”. A atitude que Gina estava tendo com ela era muito parecida com a que Rony demonstrou alguns meses atrás. Mas a situação agora era muito diferente daquela.

- Me parece que franqueza é uma das virtudes dos Weasley. – comentou séria – Veja, eu não quero me indispor com você, e eu jamais ousaria me colocar no meio do seu namoro com o Harry. Sei o quanto ele gosta de você.

- Eu também sei! Quanto a isso eu não tenho a menor dúvida, e também confio muito no Harry. Acontece que eu não confio em você, e é por isso que eu ‘to aqui, tentando ouvir de sua própria boca o que você pretende.

- Eu não pretendo nada além de construir uma amizade, não só com o Harry, mas com Rony, Hermione, e se possível com você! – Katheryn se aproximou um passo - Eu jamais tive amigos de verdade, nem nunca encontrei pessoas tão sinceras e legais quanto vocês. Não quero perder isso, Gina! Acredite, eu digo a verdade!

- Eu não entendo como você não teve amigos, já que você parece tão inteligente e simpática. – Gina disse em tom moderado.

- Eu acho que assusto as pessoas. Como eu já disse, sou filha única e meus pais sempre foram super-protetores. Minha família vem de bruxos estudiosos, e eu cresci recebendo uma instrução apurada, daí vem minha desenvoltura com a questão acadêmica. Eu, de acordo com que crescia, fui me tornando mimada e convencida.

- Você não parece ser assim.

- Mas sou! Acho que demonstro isso da minha maneira, como por exemplo, minha personalidade não é esnobe, mas traquina. Eu vivia cercada de pessoas, mas no fundo eu sabia que estava sozinha. Sempre fui travessa, gostava de pregar peças e ser o centro das atenções. Na escola recebia detenções seguidas, mas não me importava, pois sabia que não seria expulsa por que era a melhor aluna que eles tinham. – Katheryn sorriu – Essa é minha forma de ser arrogante e prepotente. Sou uma pessoa acostumada a ter seus desejos realizados. Mas, com o tempo, fui aprendendo que as melhores coisas das nossas vidas são alcançadas com esforço, e algumas vezes sofrimento. Minha pouca idade e, de certa forma, meu “rostinho delicado” – fez sinal de aspas com os dedos -, me tornaram alvo de descrença e preconceito quanto as minhas capacidades e habilidades. Eu precisei provar a mim, antes de provar aos outros, que eu havia crescido, e batalhei muito pra isso. Agora, estou começando uma vida nova aqui; tenho o trabalho dos meus sonhos, o amor da minha família, e agora consegui amigos.

Gina ficou pensativa, e, pela primeira vez, sentiu um lampejo de simpatia por Katheryn. Lembrou das palavras de Merina, quando esta falou pela primeira vez da sobrinha para eles, e recordou que havia pensado, pelo relato da bruxa, que se daria bem com Katheryn. Gina sabia que as duas poderiam ser grandes amigas, mas aquele nó incômodo que se formava em seu peito cada vez que via ou ouvia o nome da auror, se erguia entre elas como um muro de aço impenetrável. Era uma intuição forte que ela não estava disposta a ignorar.

- Minha vida, de fato, foi muito diferente da sua em quase todos os aspectos, apesar de em alguns pontos eu me identificar bastante com você. – Gina assumiu uma postura mais delicada – Não me interprete mal, Katheryn. Eu não quero e nem posso te tirar nada, só quero saber quem é você. E quem melhor do que você mesma pra me explicar? O que não compreendo é o por que de você não estar sendo franca comigo no que diz respeito ao Harry.

- Mas eu fui muito franca com você! Disse a verdade! Eu não sei o que você espera mais que eu diga.

Gina se surpreendeu com o vigor na qual Katheryn sustentava sua omissão, mas ela conseguia entender a atitude da auror. Já esperava que Katheryn não confessaria seus sentimentos, pelo menos não para ela. No entanto, ela não pretendia facilitar, queria deixar bem claro que estava acordada e de olhos bem abertos.

- Eu sei que você não mentiu, mas omitiu algumas coisas!

- Por que eu faria isso? Gina, como você pode garantir isso com tanta teimosia?

- Eu não preciso me esforçar muito. – Gina encarou a auror – Seus olhos demonstram muito mais do que a sua oclumência pode esconder.

Katheryn sustentou o olhar de Gina com determinação, mas a ruiva logo quebrou o contato e apanhou o copo que estava sobre o balcão; tomou o restante de sua água, e se virou para retornar a sala. Antes de sair, a ruiva ainda lançou um último olhar para a auror, que permaneceu parada, imóvel, admirada. De maneira impressionante, Katheryn não conseguiu interpretar a mensagem ocular que Gina lhe enviara, mas sabia que, com certeza, não era “Feliz Natal”.




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Merina e Katheryn partiram logo que Carlinhos se retirou da lareira, alegando estarem atrasadas para tomarem a chave de portal que as levariam até Paris.
Já eram quase dez horas quando todas as cadeiras ao redor da mesa farta foram ocupadas.

- Infelizmente, nem todos poderão cear na mesa. – lamentou Molly – Nós íamos organizar tudo no jardim, mas a neve não permitiu. Então, teremos de nos arrumar aqui mesmo. – explicou. Então esquadrinhou o local apertado e começou a contar os presentes – Alguns podem se servir e ir para a sala. – disse por fim.

Como no ano anterior, o nome dos que não estavam mais presentes entre eles foram lembrados. Mas dessa vez, a dor presente em cada um parecia mais branda e serena. Era como se as feridas já estivessem dando lugar às cicatrizes, e as lágrimas de dor estivessem sendo substituídas por melancólicos sorrisos de saudades. As taças se ergueram num brinde a um futuro de paz, e somente então o banquete foi liberado.

O barulho de vozes graves e agudas, calmas e alegres, fazia a Toca parecer bem mais lotada do que realmente estava, apesar da generosa quantidade de gente que ocupava as cadeiras na mesa da cozinha ou que ceavam sentados no sofá da sala. Os talheres emitiam um som baixo e agudo cada vez que arranhavam o fundo dos pratos ou eram descansados em suas beiradas.

Havia quase uma hora que o jantar estava servido quando Molly abriu a porta, revelando os Granger.

- Pensei que vocês tivessem desistido de vir! – disse Molly ajudando Hermione a pendurar os casacos dos pais no cabide embaixo da escada.

- Meus pais quase não nos deixaram vir. – disse a Sra. Granger – Minha mãe nos encheu de perguntas.

- Ela não ficou muito contente por não termos esperado o jantar de Natal, e meu avô disse que era muito perigoso ficar dirigindo com toda essa neve. – justificou Hermione.

- De fato a estrada está perigosa. Mas já estamos aqui, sãos, salvos e famintos! – bradou o Sr. Granger.

- Papai!!! – exclamou Hermione, e lançou ao pai um olhar idêntico ao que sua mãe direcionou a ele. Mas com exceção das duas, o restante achou bem divertido o comentário.

Após deixar os pais na companhia de Molly e Artur e cumprimentar os demais que estavam à mesa, Hermione foi até a sala. Harry, Gina, Rony e Teddy olharam para ela. Rony largou o prato e ficou de pé, abraçando-a forte. Hermione arregalou os olhos de surpresa, mas logo retribuiu o carinho e sorriu feliz. Fazia tempo que Rony não a abraçava daquela forma.

- Vocês demoraram! – disse ele simplesmente.

- Eu sei, mas meus avós também nos amam, sabia?

Rony sorriu e tirou alguns flocos de neve que umedeciam os cabelos dela.

- Se lembra da Susan? – Gina apontou para a amiga, que estava ao seu lado no sofá, com Teddy sentado em suas pernas – Ela joga comigo nas Harpias.

Hermione e Susan trocaram sorrisos.

- Você está gelada! – Rony comentou quando segurou as mãos de Hermione.

- A neve não deu trégua ainda? – Gina perguntou.

- Não! Tivemos trabalho pra chegar aqui. A estrada está escorregadia demais. Acho que se tivéssemos vindo andando, chegaríamos mais rápido. – Hermione disse, aproveitando para fazer um afago em Teddy.

- Por que não vieram via flu? – indagou Harry apontando para a lareira, que crepitava enquanto as chamas consumiam a madeira.

- Meus pais são trouxas, esqueceu? Até convencê-los que as chamas verdes não iriam torrá-los e que não seríamos tele-transportados para a ‘Terra do Nunca’, já teríamos perdido as comemorações de ano novo.

Harry riu, mas Rony e Gina pareciam perdidos na conversa.

- Onde é a ‘Terra do Nunca’? – Rony perguntou, e sua expressão séria fez Hermione sentir uma vontade louca de beijá-lo. A ingenuidade de Rony acerca de assuntos relativos ao mundo trouxa muitas vezes a encantava.

- Ah, é um lugar encantado onde as crianças voam e não crescem. Mas depois eu explico pra vocês! – disse divertida.

- Hum, já ouvi esse nome. – Gina bateu o dedo indicador no queixo – Acho que o Dino já me falou desse lugar. É de uma história infantil trouxa, não é?

- É! – disse Harry, tentando não parecer incomodado com a lembrança de que Gina e Dino já foram bem próximos.

- Você não está com fome? – Rony perguntou, olhando para Hermione.

- Um pouco.

- Então vamos fazer um prato pra você.

Rony a puxou na direção da mesa, onde uma conversa animada rolava, tornando as vozes altas e excitadas.

Harry e Gina, admirados, trocaram um olhar desconfiado.

- Eles parecem bem. – Harry comentou incerto.

- Isso é bom? – ela perguntou, apontando para as costas de Rony e Hermione.

- Eu acho que sim! Não é?

Gina não respondeu.




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As horas passavam rápido. Harry havia subido para levar Teddy para um quarto, pois o menino havia adormecido nos braços de Susan. Gina e Susan ficaram conversando na sala, até que Percy e Audrey se juntaram a elas. Gina pareceu impressionada com a empatia de Susan, pois Percy, que ela considerava o mais exigente de seus irmãos, havia engatado uma conversa calorosa sobre poções com alto grau de periculosidade ao organismo. Agora, ele discursava sobre as novas medidas que o governo bruxo estava tomando para diminuir a fabricação ilegal de poções para dormir sem sonhar.

- Após o retorno de Você-sabe-quem, o consumo clandestino desse tipo de poção aumentou descontroladamente! – Percy explicava – Mas mesmo com as regras severas que estamos querendo aplicar para a venda dos ingredientes da poção, o ministério chegou à conclusão, de que será tudo inútil se antes não conscientizarmos a população sobre os perigos do seu uso excessivo e sem devido acompanhamento.

Gina observava a atenção que Audrey e Sue davam à Percy, e ela precisava concordar que, dessa vez, o assunto era até bem interessante. Porém, ela não tão breve, teria novamente tanto tempo disponível para estar com a família; e passar a noite de Natal discutindo sobre as ações ministeriais pós-guerra não parecia tão excitante.

Levantou-se do sofá e caminhou na direção da cozinha, onde os demais conversavam com um entusiasmo bem aquém do de algum tempo atrás. Encontrou lugares vazios, provavelmente deixados por Percy e Audrey, ao lado de Fleur. Sentou ali e tratou de beliscar mais alguma coisa. Optou por uma grande e suculenta ameixa. Enquanto se deliciava com a fruta doce, prestou atenção em Rony e Hermione. Os dois conversavam baixinho um com o outro, e pareciam falar de coisas tão importantes quanto a cor exuberante das botas da Sra. Tonks. Gina sacudiu a cabeça reprovadoramente, pensando em até quando aqueles dois achavam que poderiam adiar uma conversa inadiável.

Já ia se servir de outra ameixa quando sentiu Fleur estremecer ao seu lado. Olhou pra ela, e a viu levar a mão sobre a barriga. Um formigamento de preocupação lhe arrepiou os pelos dos braços.

- ‘Tá tudo bem, Fleur? – perguntou baixinho para que somente a cunhada ouvisse.

Fleur aguardou um pouco antes de balançar a cabeça positivamente.

- Ai!

Dessa vez não havia como tentar não chamar a atenção, pois a exclamação de dor da loura foi suficientemente audível. Fleur tinha o rosto levemente contorcido, e Gina se repreendeu por ter se perguntado como a cunhada conseguia parecer deslumbrante até mesmo fazendo caretas.

- O que houve querida? – Gui questionou já com um olhar preocupado.

- Nada! Estou bem! – Fleur respondeu, dando um sorriso fraco, mas sem tirar as mãos do ventre rechonchudo.

- Será que o bebê já quer nascer? – Artur indagou com um brilho de excitação no olhar.

- Não diga isso, Artur! Ainda faltam algumas semanas para nosso neto nascer. Tem certeza que está tudo bem? – Molly se aproximou da nora e passou a mão em seu longo cabelo platinado - Meu filho, você não acha melhor levá-la ao Saint Mungus para ser examinada?

Antes mesmo de Gui responder, Fleur se antecipou.

- Non, nem pensar! Non vou passar a noite de Natal dentro de um hospital!

- Mas querida...

- Já disse que non, Molly! – sentenciou num tom irreplicável – Meu bebê ainda non quer nascer, e sei que está tudo bem. Foi apenas um desconforto momentâneo. Estamos ótimos!

Depois de mais alguns minutos de tentativas frustradas para convencer Fleur a ir até o hospital, Molly desistiu; assim que Harry apareceu na cozinha, com um Teddy completamente desperto nos braços, e se encaminhou para a cadeira vaga ao lado de Gina.

- O que aconteceu? – Gina quis saber pegando o menino nos braços.

- Quando fui deitá-lo na cama, ele acordou e não quis mais saber de dormir.

- Ah, mas esses olhinhos espertos não enganam a vovó! – disse Andrômeda, que prestava atenção nos três – Eu sei que este rapazinho está caindo de sono. Acontece que ele quer ficar mais tempo com vocês. – explicou – Quando chegarmos em casa, ele vai dormir em um minuto... não é mesmo danadinho?

Teddy olhou para a avó e sorriu, quase que confirmando as palavras dela.



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Dali a poucas horas o dia iria amanhecer, mas ainda não havia ninguém dormindo n’A Toca. Quase todo mundo já havia ido embora para suas casas, com exceção de Harry, que estava se despedindo do Sr. Weasley.

- Não se esqueça de vir almoçar aqui amanhã. – lembrou o patriarca da família.

- Pode deixar. – Harry o tranqüilizou.

- Tem certeza que não quer passar a noite aqui querido? – a Sra. Weasley perguntou enquanto o abraçava.

- Obrigada, Molly! Mas hoje eu prefiro ir pra casa.

- Tudo bem! – ela disse com candura, mas ainda assim parecia contrariada – Mas assim que você acordar venha pra cá!

- Eu venho! – ele garantiu, e permitiu que Molly o beijasse na testa.

- Vou com você até lá fora. – Rony falou já caminhando para os jardins da casa.

Antes de segui-lo, Harry se aproximou de Gina e Susan, que estavam ao lado da porta.

- Foi bom conhecê-lo melhor, Harry. – Susan disse sorrindo – Pena que não conversamos tão bem quanto poderíamos.

- Culpa sua, que preferiu a companhia de Percy e Audrey. – Gina reclamou, fazendo Susan rolar os olhos.

- Não liga pra essa ruiva ciumenta! Amanhã eu venho e a gente conversa melhor. – disse Harry, e Susan acenou em concordância, se afastando do casal para deixá-los se despedirem melhor.

- Eu não sou ciumenta, Potter! – Gina estreitou os olhos e passou os braços ao redor do pescoço dele.

- Sério? Não me diga que você também não é ruiva?

- Tão engraçadinho... Acontece que eu sou uma ruiva observadora, e talvez um pouquinho ciumenta, mas só um pouquinho. – ela disse quantificando com os dedos – Agora eu sou muito possessiva e mandona, portanto, esteja aqui bem cedo se não quiser que eu vá bater na sua porta com um chicote nas mãos.

- Como é? – Harry ergueu as sobrancelhas e deu um sorriso torto.

Gina abriu a boca, como se estivesse escandalizada, e lhe deu um tapinha no ombro.

Harry a abraçou forte pela cintura.

- Tenha bons sonhos. – ele sussurrou no ouvido dela.

- Eu te amo! – ela sussurrou de volta.

- Eu também te amo!

Ambos estreitaram mais o abraço e deram um beijo breve. Então, Harry vestiu o casaco e seguiu o mesmo caminho de Rony.

Encontrou o amigo parado mais a frente, parecendo pensativo, com as mãos enfiadas nos bolsos e observando o céu cinzento. O chão estava coberto com uma camada generosa de neve, o que umedecia a barra da sua calça e dificultava a caminhada, pois cada vez que dava um passo, seu pé afundava até os tornozelos na neve fofa.

- Então, depois de todo esse banquete, acho que meu sono vai ser pesado. – Harry comentou quando alcançou Rony. No mesmo instante, os dois começaram a caminhar até um ponto onde fosse seguro Harry aparatar.

- Não dorme demais, pois amanhã você tem que estar aqui na hora do almoço.

- É! – Harry olhou de esguelha o perfil de Rony, e viu um floco de neve pousar sobre o ombro dele – Você ‘tá legal, Rony? – perguntou finalmente.

- ‘Tô! Por que não estaria? – Rony disse sem desviar os olhos do horizonte.

- Você sabe do que eu ‘tô falando!

Rony suspirou e apertou mais o casaco sobre o corpo, pois a neve recomeçou a cair, baixando um pouco mais a temperatura.

- Eu vou ficar legal!

Harry parou, achando que já estava a uma distância razoável dos limites do feitiço anti-aparatação que protegia a Toca.

- Vê se muda essa cara um pouco, Rony! Para de passar os dias curtindo sua frustração como se isso fosse bom pra você! – Harry pôs a mão sobre o ombro dele – Isso não vai mudar o rumo das coisas. Aliás, rumo esse que nós ainda nem sabemos qual é!

Rony apenas acenou em concordância.

Harry pôs a mão dentro do casaco e apertou a varinha, se preparando para aparatar.

- Até amanhã! – disse, e girou o corpo, sumindo em seguida com um estalido e deixando as marcas de seu movimento na neve.

- Até! – Rony disse desanimado, dando meia volta e tomando o caminho de casa.

Caminhou rapidamente, pois a neve caia cada vez mais forte, molhando sua roupa e seus cabelos. Já tinha cruzado metade do caminho quando tornou a ouvir um estalido às suas costas. Virou na direção de onde veio o som, perguntando-se o que Harry deveria ter esquecido para ter voltado.

- O que foi Har... – sua voz morreu. Não era Harry.

- Oi!

- O que você ‘tá fazendo aqui? – ele perguntou surpreso ao ver como ela estava - Aconteceu alguma coisa? – se aproximou mais um passo, assustado por vê-la tremer tanto.

- Não! E é esse o problema! – Hermione caminhou até Rony – Não dá! Não consigo mais fingir que não tem nada acontecendo! Precisamos conversar!

Rony viu uma aflição brilhar nos olhos dela, e sentiu uma sensação estranha. Mas, antes de mais nada, achou melhor saírem dali.

- Vem! – ele tirou o casaco do corpo e envolveu-o nela, que vestia apenas uma camisola e uma jaqueta – Vamos sair desse frio. – ele notou que ela estava com os pés descalços enterrados na neve, então a carregou no colo – O que te deu para vir aqui assim? Hermione, você só pode estar ficando maluca! É, só pode ser isso, porque eu não vi você beber nada essa noite!

Hermione apenas encostou a cabeça no peito dele, sentindo o calor reconfortante que o corpo de Rony compartilhava com o dela, e sem dizer uma palavra.






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NB (RICK): Olá a todos e a todas!

Primeiramente, gostaria de dizer que tive pouco tempo para betar este cap., levando em conta tudo que passei: internet falhando, problemas pessoais, véspera de casamento, e-mail dando erro, falta de word no notebook (tive que me virar com o bloco de notas), e etc... Por isso, entendo se quiserem me matar novamente pelos deslizes que encontrarem na betagem.
Uma coisa que achei que faltou no cap foi a Lore botar o Jack Bauer, pois com o capitulo de 24 horas que tivemos, só faltou isso mesmo!
Espero não estourar alguma revolução depois deste cap sair, pois com a gana que todos estavam enquanto o esperavam, não ficaria surpreso se alguns leitores ficarem chateados por esperar tanto tempo por um capítulo em que a parte mais excitante foi a guerra de olhares e palavras trocadas entre a Gina e a "queridinha" de todos, a Kathy.
Bom... É isso pessoal, até breve e boa leitura.

O 25 vem aí bem melhor betado (porque será a vez de Bella betar) e cheio de emoções.

Fui!


*****


N.A: Hellows brothers and sisters!

Depois de décadas, uma atualização. Pois é, eu disse que vinha capítulo na Páscoa, e aqui está! Como eu já disse em alguns comentários que andei deixando por aqui, eu ia postar dois capítulos, visto que o primeiro projeto de capítulo havia ficado grande demais; mas depois de muito pensar, achei melhor não fazer isso, pois quero receber comentários sobre cada capítulo em particular, o que não aconteceria se fosse postado mais de um capítulo de uma vez! Além do mais, o capítulo 25 será beeeeeem grande, e com certeza o maior da fic. Ele virá cheio de acontecimentos, e diferentemente desse, o tempo vai andar. Será um capítulo cheio de detalhes e muito importante pra continuidade da fic, logo, deve vir com o mínimo de erros possíveis, por isso, eu o estou reescrevendo inteiro, e ele está ficando bem melhor. Assim que ele estiver pronto, e a Bella o betar, teremos mais uma atualização. E isso será em breve...PROMESSA!!!

Bem, fora isso, agora que estou de volta vou retomar muitos projetos que havia planejado pra fic, dentre eles a promo. Minha acessora Lari, que tbm está de volta e turbinada com seu PC novo, vai me ajudar nisso.
Mais uma informação: eu, como muitos já sabem, estou com alguns probleminhas de saúde que, este mês, pretendo resolver. Em breve estarei me submetendo a uma cirurgia, e espero usar muito do tempo que terei pra descansar, escrevendo.

Agora quero agradecer humildemente a paciência que vocês tiveram durante esses meses. Foi muito tempo de espera, eu sei, mas a vida real estava me chamando com urgência, e eu não pude virar as costas a ela. Muito obrigada gente! Vocês são 100000000!!!!

Agradeço também aos veteranos dessa famy maravilhosa, que durante meu tempo de ausência não deixaram a peteca cair, e sempre estavam movimentando a pg de coments e a comu do Orkut. Thank you tbm aos novatos da famy, que já chegaram dispostos a ingressarem na famy mais VIP da floreios e escolheram seus quartos em nosso castelo real. Obrigada aos que comentaram, aos que só leram a fic, aos que só entraram na pg mas não leram, enfim... obrigada pq, cada manifestação de vocês é muito importante pra fic e pra mim tbm! Love you!

Bem, já é de praxe eu fazer notas enooormes, portanto, acho melhor ficar por aqui! Um superbeijos e, claro, vou ficar aqui aguardando comentários!

Estou de volta Floreios & Borrões!!!

FUI! (por enquanto...muhahahaha)

CRACK!!

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