capítulo 17



nota: uau! Hoje é dia... de postar!! Quero mandar uma beijo pra minha mãe, pro meu pai, pro meu cachorro, pra Xuxa e PRA TODOS QUE GOSTAM DA FIC, ACOMPANHAM E COMENTAM!! Também quero dizer que sou uma pessoa totalmente feliz por estar postando1 também1 depois de tanto tempo!!!!! Uau!!!





A festa estava horrível, assim como Hermione havia esperado. Aconteceu em um dos enormes e gelados salões de festa, e todo o aposento estava cheio de comensais da morte em vestes pretas. Ela era a única pessoa do sexo feminino lá, além de uma enorme mulher vestida com cetim preto, cuja risada parecia com o rangido de um misturador de argamassa.

- Essa é Eleftheria Parpis_ disse Harry no ouvido de Hermione – Eu vi ela tendo uma rapidinha com o Lúcio na sala de visitas.

- Argh!_ enojou-se Hermione.

Harry sorriu. Ele parecia um tanto restabelecido. Ele parecia um pouco pálido, do contrário perfeitamente recomposto, e vestido em uma das elegantes vestes de gala pretas de Draco. Vários comensais pararam para cumprimentá-lo, e ela podia dizer que ele estava fazendo um bom trabalho fingindo que conhecia a todos, mas muito calmo e frio. De fato, muito do jeito do Draco.Isso era estranho, ela pensou, ela sempre odiou Draco demais para reparar que ele era bonito, não importava o que Lilá e Parvati dissessem. Mas agora ela podia ver isso; na verdade, ela percebeu que, no sentido clássico, Draco era muito mais bonito do que Harry podia sonhar ser. Não era a beleza que fazia seu estômago sacudir, como Harry fazia, mas ela reconhecia que havia a beleza.

- Lúcio é algum tipo de tarado sexual, eu acho._ ela sussurrou no ouvido de Harry.

- Deve ser_ disse Harry – Além do mais, ele tentou fazer aquilo com você, não foi?_ ele começou a ganir uma risada e Hermione bateu nele, brincalhona.

- Será que não tem nada para comer?_ disse Hermione, olhando esperançosa para os lados.

- Eu não sei_ disse Harry – Eu acho que Lúcio quis reunir a todos para contar sobre o seu mais novo plano diabólico. Eu não acho que ele esteja planejando alimentá-los.

- Você acha que podemos dar uma fugidinha?_ perguntou Hermione, esticando o pescoço para examinar a multidão.

Em algum lugar na parede, Draco estava em pé, embrulhado na capa da invisibilidade. Hermione havia explicado os detalhes do plano de Lúcio aos garotos, e eles haviam decidido ir pegar Sirius o mais rápido possível. Eles esperavam que durante a confusão da festa, eles pudessem dar uma fugidinha até a sala de visitas e descer até o calabouço pára resgatar Sirius. Porém, não havia tido uma brecha na qual ela e Harry pudessem dar a “fugidinha”.

- Nós podíamos tentar!_ disse Harry – Se eles nos pegarem, vão achar que nós só estamos querendo ficar sozinhos para namorar.

- Viva aos hormônios adolescentes!_ disse Hermione – Vamos nos agarrar atrás de uma tapeçaria!

- Não me diga!_ disse uma voz atrás dela.

Era Lúcio. Hermione pulou de susto e ruborizou. Eleftheria Parpis estava com ele; ela estava olhando para Hermione com um olhar maternal.

- Quem pode te censurar, querida?_ ela perguntou – Draco está ficando muito bonito. Assim como seu pai._ ela adicionou, olhando para Lúcio com um jeito que causava náuseas.

- Uh!_ exclamou Hermione.

- Lilá só estava brincando.

- Claro!_ disse Lúcio, com um sorriso no boca, mas que não alcançava os seus olhos. Hermione pressentiu que ele ainda estava irascível com a aversão que ela teve às tentativas dele – Eleftheria, esta é Lilá Brown, a namorada de meu filho.

Hermione sorriu educadamente para Eleftheria.

- Boas notícias, Draco._ Lúcio continuou – Harry Potter foi visto no Parque Malfoy pelo dono da Estalagem Natal Gelado. Ele acabou de me enviar uma coruja.

- Isso são boas notícias!_disse Harry fracamente – Ele estava com mais alguém?

- Pelo menos com uma pessoa._ disse Lúcio, afável – Uma garota.

- Então ele chegará logo!_ disse Harry.

- E vai achar uma festa de boas-vindas esperando por ele!_ disse Lúcio.

Um terrível silêncio caiu sobre Hermione e Harry. Nenhum deles podia imaginar nada para dizer. Finalmente, Hermione disse:

- Harry tem uma porção de namoradas, pode ser qualquer uma delas.

- Tenho certeza._ disse Lúcio. Ele deu a eles um olhar minucioso, e então disse – Se divirtam, crianças!_ e sumiu na multidão, seguido por Eleftheria.

- Correndo perigo de parecer com alguém num livro de piadas, _ disse Harry – Eu acho que isso quer dizer que estamos perdendo tempo. É melhor que façamos isso, agora!

Hermione concordou com um sinal fervoroso com a cabeça, e eles se afastaram para o final da mesa, onde eles haviam deixado Draco. Eles não disseram nada, mas um barulho de atividade dinâmica indicou que Draco havia se juntado a eles, e os três andaram até a porta mais próxima. Eles seguiram as instruções sussurradas de Draco, caminhando até a sala de visitas.

- Uma porção de namoradas!_ disse Harry, balançando sua cabeça quando eles viraram o corredor – Eu não tenho uma porção de namoradas! Eu não sou um galinha, Hermione!

- Eu sei disso!_ ela disse, tentando não rir.

- No momento,_ disse Harry – Meu total de namoradas continua zero.

- Não minta pra mim..._ disse Hermione, irritada – Você não tem namorada por que não quer! Só quer a Cho! Que continua depressiva por causa do namorado morto por você-sabe-quem na sua frente!

- Eu não estaria tão certo disso._ disse a voz sem corpo de Draco.

Harry olhou com suspeita para o lugar vazio onde Draco provavelmente estava.

- O que você quer dizer?_ perguntou Harry.

- Eu acho que ela experimentou uma drástica mudança dos sentimentos dela por você._ disse Draco.

- Você disse fez alguma coisa para ela, Malfoy?_ perguntou Harry rispidamente.

- Não para ela, se vê_ disse Draco. Hermione podia o ouvir rindo – Com ela, talvez. Um pouco do antigo charme dos Malfoy, e ela estava implorando para sair comigo.

- Ah, claro!_ exclamou Harry – O famoso charme dos Malfoy! Foi esse charme que convenceu seu pai de que você era gay ou foi só o seu cabelo?

Draco o ignorou.

- De todo modo, eu disse a ela que você não estava interessado._ Draco continuou.

- Por que você fez uma coisa idiota dessas?_ perguntou Harry asperamente.

- Porque..._ disse Draco – Você não está interessado. Oh, olhem!_ ele disse antes que Harry pudesse dizer qualquer outra coisa – Chegamos!

Havia fogo na lareira da sala de visitas, mas o aposento estava sagradamente vazio. Um novo quadro estava pendurado na parede acima do alçapão, dessa vez de um baixo e raivoso homem com uma plaquinha que indicava que ele se chamava Servoleo Malfoy. Harry abaixou-se para puxar o tapete para o lado.

- Eu não acho que você queira fazer isso, Draco!_ disse uma voz macia atrás de Harry.

Eles viraram para trás. Lúcio Malfoy estava em pé na entrada, circundado por uma multidão de comensais da morte. Eleftheria estava ao seu lado, e ela não estava mais parecendo maternal de forma alguma. Os grandes olhos negros dela pareciam cavernas em seu rosto rechonchudo.

- Você_ ela disse para Hermione – Como é mesmo o seu nome?

- Lilá_ disse Hermione hesitante – Lilá Brown.

- Eu conheço os Brown_ disse Eleftheria, entrando no aposento – E eu conheço a filha deles, Lilá. Você não é Lilá._ ela virou para os comensais da morte ao lado dela – Peguem-na!

Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo. Os comensais foram para cima de Hermione. Ela recuou, amedrontada. E Harry deixou cair a parte do tapete que ele estava segurando, andou obliquamente, e ficou entre Hermione e os comensais.

- Saia da frente, Draco!_ Lúcio falou severamente.

- Não!_ disse Harry – Deixe-a em paz!

- Ela é uma espiã!_ disse Eleftheria friamente – Ela é amiga do Inimigo! Ela foi reconhecida, Draco, pelo dono da estalagem em Parque Malfoy! Ela não veio aqui para te visitar, mas sim com Harry Potter! O estalajadeiro a viu na recepção e nos contou tudo!

- Eu acho que você não pode ser censurado!_ adicionou Lúcio – por ter um gosto azarento para garotas. Homens melhores que você já foram enganados por mulheres bonitas. Mas eu te aconselho a desviar, Draco. Eu não quero te machucar, mas eu te machucarei se você não me obedecer!

- Mentiroso!_ falou Harry – Você adora me machucar!

Lúcio sorriu.

- Talvez!_ ele disse, e fez um sinal com a cabeça para os dois comensais da morte que estavam na frente de Harry.

Harry tentou pegar sua varinha, mas isso foi inútil. Havia dois deles e um só dele mesmo. Ele teve tempo para atingir um deles com o Feitiço do Impedimento, mas o outro não pegou sua varinha. Ao invés disso, ele agarrou Harry e o jogou no chão. Quando Harry tentou se levantar, o comensal o chutou bem forte na cabeça, com sua bota de ponta de aço.

Harry se encolheu.

O comensal da morte chutou-o de novo.

- Com cuidado!_ disse Lúcio numa fala suavemente arrastada – É o meu único herdeiro quem você está maltratando!

O comensal olhou para o chão, onde estava Harry.

- Ele está vivo_ o comensal disse – Mas não vai acordar tão cedo!

- Então deixe-o como ele está, assim, deitado!_ disse Lúcio – Traga-me a garota!

Os dois comensais agarraram Hermione pelos braços, mas ela mal notou. Ela estava olhando para Harry, que estava deitado sobre uma poça de sangue que não parava de crescer. Eles só a soltaram quando ela estava bem em frente a Lúcio.

- Olá, Lilá!_ disse Lúcio – Eu devo me preocupar em perguntar o seu nome verdadeiro? Eu acho que não, já que não estamos excessivamente interessados em você. Nós estamos interessados no garoto Potter. Onde ele está?

Hermione tinha seus olhos firmemente fechados, mas ela ainda podia ver a imagem de Harry na sua mente.

- Você matou ele!_ ela disse, e chamou Lúcio por um nome que ela nunca imaginou que sabia. Devia ter pego de Draco...

- Draco vai ficar bem!_ disse Lúcio, impaciente – E não finja que se importa. Você veio aqui com Harry Potter. Onde ele está?

Hermione abriu seus olhos e olhou dentro dos acinzentados de Lúcio. Eles estavam mais frios que o próprio inverno.

Ela balançou sua cabeça.

- Muito bem!_ disse Lúcio, indiferente.

Ele pegou sua varinha, e colocou a ponta sobre o peito dela, bem em cima do coração. Ele colocou seu rosto perto do dela. Perto o suficiente para beijá-la.

- Crucio_ ele disse.

Era a pior dor que ela podia ter sentido na vida, podia ter sequer imaginado. Ela estava sendo queimada, retalhada, fatiada, aberta; ela estava sendo destruída e torturada; seu corpo nunca mais seria o mesmo. Ela podia ouvir-se gritando com agonia, e ainda assim, parecia ter ficado surda e cega, o mundo estava ficando branco; ela gritava e gritava; ela estava morrendo.

Lúcio tirou sua varinha e a dor parou. Hermione caiu no chão, ajoelhada, os comensais soltaram seus braços, e ela tapou seu rosto com as próprias mãos.

- Dói, não é?_ falou Lúcio.

- Não seja idiota!_ disse Hermione. Sua própria voz subitamente parecia fraca e estranha para seus próprios ouvidos – Claro que dói!

Lúcio deu um passo a frente, e pôs um de seus pés calçados com botas sobre o ombro dela, e empurrou. Sem forças para manter-se erguida, Hermione caiu de costas, obliquamente, olhando para o pai de Draco. Eu vou morrer, ela pensou selvagemente, Eu vou morrer sem ter tido ao menos a chance de contar...
- Você não tem que morrer_ disse Lúcio, como se lesse os pensamentos de Hermione – É só nos contar onde está Harry Potter.

Hermione não disse nada.

Lúcio suspirou e ergueu sua varinha novamente.

- Cru...

- Pare!_ alguém gritou de um canto do aposento, parecendo para Hermione, a dois milhões de quilômetros de distância – Deixe-a em paz!

Ela soube imediatamente quem tinha falado, e uma aguda punhalada de desespero a atingiu como um prego. Não, ela pensou, Draco. Não!

Mas não havia nada que ela pudesse fazer. Draco tirou a capa da invisibilidade e a segurou nas mãos, totalmente visível, totalmente desprotegido. Todos os comensais da morte viraram para vê-lo, em choque; uma expressão de triunfo estampava o rosto de Lúcio Malfoy.

- Deixe-a em paz! – disse Draco novamente, numa voz vacilante. Ele parecia aterrorizado: ele estava tão branco quanto um fantasma e seus cabelos pretos e sua testa estavam cheios de suor. Mas ele parecia determinado – Sou eu. Harry Potter. Estou aqui!







**








“Harry nunca pensou que conheceria um garoto que ele odiaria mais que Duda, mas isso foi antes de conhecer Draco Malfoy.” (Harry Potter e a Pedra Filosofal)




Havia luz e ela se movia sobre a pele da Pálpebra como faíscas de fogueira. Harry gemeu e abriu seus olhos.

Ele estava no quarto de Draco, esparramado pela cama: ele não poderia estar em outra posição já que ele tinha seus punhos amarrados pelos pilares da cama. Sua cabeça doía de modo obtuso, que crescia como se alguém estivesse batendo com um gongo em suas têmporas.

- Fique calmo!_ disse uma voz.

Harry virou sua cabeça para o lado e viu. Era Narcisa. Ela estava segurando um serrote com cabo de osso.

Harry fechou seus olhos de novo. Estou tendo um pesadelo, ele disse a si mesmo, e é um pesadelo muito idiota.

Ele abriu seus olhos, mas Narcisa ainda estava lá. Ela tinha aproximado a parte cortante do serrote das cordas que prendiam sua mão esquerda à cama. Ela livrou-o das cordas. Ela estava muito pálida, e seus olhos estavam passeando de lado a lado, num pequeno e estranho tique-taque que Harry já estava começando a se acostumar. Contudo, ele desejou que ela não ficasse olhando de um lado para o outro enquanto estivesse segurando um serrote tão perto de sua artéria.

- Narcisa_ ele disse – Quero dizer... mãe, o quê...?_ sua mão esquerda ficou livre, e ele virou-se para observá-la cortar às cordas de sua mão direita.

- Seu pai_ disse Narcisa, hesitante – não quer que você entre no calabouço para resgatar sua namorada._ ela tapou com a mão a expressão aflita de Harry – Ela está bem! Ele a colocou junto com Sirius Black!_ seus olhos contraíram-se de novo – Sirius irá olhar por ela!

A mão direita dele ficou livre. Harry sentou-se e começou a massagear seus punhos, para melhorar a circulação de sangue. A última coisa de que ele se lembrava, era de ser derrubado para o chão por um daqueles horríveis comensais.

- Eles não machucaram Hermione, machucaram?_ ele perguntou – Porque Lúcio estava quase...

- Oh, ele teria a matado!_ disse Narcisa, inexpressiva – Ele fez a maldição Cruciatus nela para fazê-la contar onde estava Harry Potter. Mas ela não contaria.

Harry deixou de se sentir tonto para sentir vontade de vomitar.

- O quê aconteceu?

- Seu pai..._ ela disse (Harry percebeu que ela nunca, em sua memória havia dito o nome de Lúcio) – disse que Harry Potter estava aqui. Ele aparentemente tem algum tipo de capa da invisibilidade. Ele apareceu e..._ ela não mostrou emoção quando falou isso – Os comensais da morte o levaram.

Harry levantou-se com dificuldade. Ele colocou suas mãos entorpecidas sobre as mãos de Narcisa, que estavam tão frias como o gelo. Ela ainda estava segurando o serrote.

- Mãe..._ ele disse – Por favor, acredite em mim, isso é muito importante. Eu sei que é difícil para você, mas... Harry Potter ainda está vivo?

Ela confirmou com a cabeça.

- Onde ele está?

- Na sala de esgrima._ ela disse.

Quando ela falou, duas lágrimas espessas escorreram de seus olhos pelo seu rosto magro. Harry sentiu muito por ela, mas seus pensamentos estavam em resgatar Draco. Ele saiu da cama, testou suas pernas (funcionavam) e saiu pela porta. Narcisa o observou partir.






**



No seu sonho, Hermione estava no Beco Diagonal. Ela estava com Harry, e eles estavam procurando meias para comprar. Era um sonho novo para Hermione: ela nunca havia sonhado em comprar meias com Harry, antes. Harry freqüentemente aparecia em seus sonhos, geralmente bem mais bonito que na vida real, e algumas vezes não vestindo nada senão meias; mas seu sonho não parecia estar tomando essa direção. Harry estava completamente vestido e parecendo muito sério.

Eles não estavam se dando bem na procura por meias. Todas as lojas pareciam estar fechadas, escuras e vazias. As pessoas na rua passavam sem olhar para eles, olhando para o chão. Hermione tentou pegar a mão de Harry, mas ele balançou sua cabeça.

- Eu preciso sentar_ ele disse - Isso dói.

- O que dói?_ ela perguntou.

Harry abriu sua jaqueta; ela olhou e viu o cabo preto de uma faca de uns 30 centímetros enterrada entre as costelas dele. A camisa branca dele estava ficando vermelha de sangue, e sangue estava escorrendo até seus sapatos como chuva.

- A faca_ ele disse – Não é minha, você sabe. É de Draco.


Hermione gritou.

- Enervate!_ disse uma voz em seu ouvido – Vamos lá, Hermione! Acorde!

Ela abriu seus olhos e viu o rosto de Sirius. Que sonho horrível, ela pensou. Normalmente, ela nunca punha fim voluntariamente num sonho com Harry dentro. Mas ela ficou feliz de ter se livrado desse.

- Sirius_ ela disse numa voz ranzinza – Ei!

O rosto dele mudou para um sorriso cansado.

- Você está acordada!_ ele disse – Isso é bom. Desculpe ter gritado com você. Eu não estou com a minha varinha, então eu tive de fazer o melhor que eu podia.

Hermione se levantou fazendo força sobre os cotovelos. Cada parte de seu corpo doía como se ela tivesse sido espancada. Ela olhou em volta. Ela estava numa cela de pedra, com um lado cheio de grades. Havia um banco de pedra na parede contrária às grades. Ela parecia estar sozinha com Sirius.

- Ai, meu Deus!_ ela disse, se sentando e endireitando-se – Harry! E Draco! Onde eles estão?

- Eu não sei._ disse Sirius, parecendo muito sóbrio – Eu esperava que você me contasse isso.

Ela balançou sua cabeça violentamente.

- Um grupo de comensais da morte a trouxe para cá._ ele disse relutante – Harry e Draco não estavam com eles. Eles te jogaram aqui, comigo, e saíra._ ele bateu no ombro dela, canhestro – Você se lembra do que aconteceu, Hermione?

Hermione sentiu seus olhos cheios d’água.

- Foi horrível!_ ela disse – Os comensais da morte levaram Draco. Eles acham que ele é Harry. E Harry..._ as lágrimas ameaçavam escorrer, mas ela se forçou a falar vagarosamente, colocando Sirius a par de todos os acontecimentos daquela noite – E então, Draco tirou a capa da invisibilidade e eles meio que... fizeram uma roda em volta dele. Eu não vi o que aconteceu depois disso, eu não vi o que aconteceu com Harry ou com Draco. Acho que Lúcio me atingiu com o Feitiço do Entorpecimento._ agora as lágrimas saíam de seus olhos – Draco pode estar morto, Sirius!

- Eles não irão matá-lo._ disse Sirius – Eles acham que ele é Harry; eles vão colocar aquela Maldição Lacertus nele. E para isso, eles precisam de Voldemort. Então, nós temos algum tempo.

- Quanto tempo demora para envocar Voldemort?_ perguntou Hermione violentamente – Quanto tempo demora para fazê-lo chegar até aqui?

- Bem..._ disse Sirius relutante – Não é como tomar um ônibus, Hermione. Voldemort provavelmente pode Aparatar aqui instantaneamente. Mas_ ele continuou – se eu conheço Lúcio, ele vai querer ter tudo preparado antecipadamente, para que não haja surpresas desagradáveis para voldemort quando ele chegar aqui.

- Eu odeio o Lúcio!_ disse Hermione, com veemência – Ele é nojento, mau, um tarado que liga mais pra jóias do que pro Draco!

- Ele é pior do que isso..._ disse Sirius, quase sorrindo – Ele é...

Ele parou de falar e olhou para Hermione, pensativo.

- O quê?_ perguntou Hermione.

- O que você disse sobre Lúcio ligar mais pra jóias do que pro Draco?

- Ele usa um pingente muito horroroso. Com um dente! _ disse Hermione – Ele parece muito apegado ao pingente. Ele mantinha as mãos no pingente quando ele estava... você sabe... tentando fazer aquilo comigo no escritório._ ela ruborizou-se furiosamente.

Hermione descreveu a jóia: um cordão de prata, com um pingente de vidro bem transparente, no qual havia um objeto suspendido: um objeto que parecia um dente humano. Quando ela chegou à parte do dente, Sirius se levantou e começou a andar de um lado para o outro pela cela.

- Eu acho que..._ ele murmurou – Isso tem estado na minha cabeça por todo esse tempo..., eu só não sabia como ele estava fazendo isso.

- Fazendo o quê?_ perguntou Hermione, virando sua cabeça para seguir o ansioso progresso de Sirius.

- Controlando ela._ disse Sirius.

- Controlando quem?_ perguntou Hermione.

- Narcisa_ ele disse, sentando-se pesadamente sobre o banco.

- Sirius_ Hermione disse firmemente – O suficiente de livre-associação. Por favor, fale inglês!

- Em primeiro lugar, eu não sabia o que ele fez para se casar com ela._ disse Sirius, pensando alto – Ela sempre o odiou. Ele deve ter usado o Feitiço da Coação, senão a própria Maldição Imperius.

- Você está dizendo que ele forçou Narcisa a se casar com ele?_ perguntou Hermione, a despeito de si mesma – Isso é mesmo o tipo de coisa que ele faria, não é?_ ela franziu as sobrancelhas – Mas isso não faz sentido... ele não podia tê-la mantido sob a Maldição Imperius ou alguma coisa assim por dezessete anos; ela teria morrido, ou ficado louca!

- Ele não precisou mais fazer isso depois de mais ou menos, um ano_ disse Sirius silenciosamente – Ele fez algo muito melhor_ ele examinou a expressão confusa de Hermione – Você já ouviu falar de um Feitiço Essencial?

- Lúcio tem um livro sobre esses feitiços em seu escritório. A maldição Lacertus está lá._ ela estremeceu – É detestável, o livro, quero dizer.

- São feitiços que transferem a essência de pessoas e animais para objetos. É difícil explicar, mas muito disso é Magia Negra por razões que devem ser óbvias. Você pode tirar algo de uma pessoa... quanto mais novos forem, melhor... como cabelo, ou um dente, e transformar isso num objeto. Como um pingente. E o objeto irá conter a essência da pessoa, o que os gregos chamavam de a centelha da vida. Se você destruir ou danificar o objeto...

- Você mata a pessoa?_ perguntou Hermione.

- Exatamente.

- Então Lúcio... você acha que ele pegou um dente de Draco quando ele era um bebê?

- Eu acho_ disse Sirius – Que ele vem vestindo a vida de Draco em volta de seu pescoço desde o dia em que Draco nasceu. Draco não saberia disso, é claro, mas Narcisa saberia. Tudo o que Lúcio teria de fazer era quebrar o pingente, esmagá-lo, e Draco iria morrer. Se Narcisa o deixasse... se ela o desafiasse...

- Mas Draco é filho dele!_ disse Hermione – Seu único herdeiro, ele disse isso!

- Ele é só uma propriedade de Lúcio._ disse Sirius – E você não o conhece, mas eu o conheci na escola. Desde aquela época, ele era um grande manipulador. Draco é só um objeto para ele, um objeto que lhe pertence e ele controla.

Hermione pensou em seus próprios chatos pais dentistas.

- Coitado do Draco._ ela disse.








**







Harry correu pelos corredores, rezando para não ser visto, (“Ei! Garoto! Vá devagar!”, gritava o quadro de um dos ancestrais vampiros de Draco quando Harry passou por ele) e entrou pela porta dupla de carvalho da sala de esgrima. Estava exatamente como quando Lúcio trouxe Harry, em seu primeiro dia na mansão, ou quase assim. As tapeçarias que mostravam cenas de batalhas de bruxos estavam do mesmo jeito, assim como o ringue de esgrima, mas no canto mais longínquo estava uma estrutura esquisita. Era diferente de tudo que Harry já havia visto antes.

Incandescentes grades de luz, com uns quinze centímetros entre cada uma, começavam no chão e terminavam no teto. Tinham a forma de um quadrado rudimentar, de cerca de dois metros por três. Era uma jaula, Harry percebeu, uma jaula feita de luz... e dentro da jaula estava Draco.

Harry aproximou-se da jaula cautelosamente. Era evidente que, o que quer que aquilo fosse, era um objeto mágico muito poderoso, e a experiência de Harry com objetos mágicos disse a Harry que não eram objetos para se brincar.

Draco estava deitado de costas para o chão, olhando para o teto. Por um momento, Harry temeu que tivessem posto o Feitiço do Ligamento nele, mas ele virou seu rosto quando Harry se aproximou e quase sorriu.

- Oi!_ ele disse.

Draco tinha um olho roxo e seu lábio superior estava cortado. Debaixo das mangas dele, Harry podia ver que um dos punhos de Draco estava inchado, do tamanho de uma bola de tênis.

- Eles te maltrataram!_ disse Harry terminantemente.

- Está tudo bem_ disse Draco, voltando a olhar para o teto – Se tem alguma coisa que eu aprendi quando criança ,é apanhar.

Harry ajoelhou-se perto das grades.

- Malfoy_ ele disse – Narcisa me contou o que você fez. É a coisa mais corajosa que eu já ouvi. E também a mais idiota. Mas você foi muito corajoso.

- Obrigado_ disse Draco – Mas foi provavelmente você. A parte corajosa e a parte idiota.

Harry balançou sua cabeça.

- Eu não concordo_ ele admitiu – Talvez a parte idiota.

Draco sorriu fracamente.

- Olhe_ disse Harry – Eu vim aqui para te soltar. Aí você pode me levar até o calabouço e nós podemos pegar...

Draco balançou sua cabeça.

- É impossível_ ele disse – Eu conheço esse Feitiço do Encarceramento. Eu preciso de um bruxo do mau muito poderoso ou então, de um Auror para tirar isso. E as grades são fisicamente inquebráveis.

Harry não podia acreditar que Draco parecia tão conformado.

- Eu não vou te deixar aqui_ disse Harry.

- Já era hora de você aprender que há coisas que nem você pode fazer._ falou Draco – Deve ser bom para você.

- Para você não é bom_ disse Harry – Vamos lá, Malfoy... pense!

- Está bem. Tem uma coisa!_ Draco estava olhando para o teto novamente.

- O quê?

- Eu acho que você sabe, Potter._ disse Draco – Na verdade, é algo que você provavelmente vai gostar.

Harry balançou sua cabeça, confuso.

Draco sentou-se e rastejou-se até onde Harry estava ajoelhado, tomando cuidado para não pôr peso em seu punho machucado.

- É realmente muito simples._ Draco disse – Eu preciso que você me mate!

Harry arregalou seus olhos para Draco.

- O quê?

- Eu posso te ensinar o Avada Kedavra._ disse Draco, num tom prestativo de alguém que oferece uma caneta para um colega que havia pedido – Não vai ser difícil.

- Você é maluco._ disse Harry, espantado - Eu não vou te matar, Malfoy!

Draco estava agora ajoelhado em frente a Harry. Ele parecia muito determinado.

- Pense nisso, Potter!_ Draco disse – Eu só vou morrer um pouco antes do que eu iria de qualquer jeito quando eles puserem as mãos em mim e fizerem aquele troço Lacertus... e o que acontecerá se funcionar? Eles vão colocar a maldição Imperius em mim e me usaram como ferramenta para matar Trouxas e Sangues-ruins. Eu não devo durar tanto quanto você... eu não tenho uma força de vontade tão forte quanto a sua... mas eu vou durar o suficiente para matar o primeiro nascido trouxa que eu vir. E quem você acha que vai ser?

Harry fechou seus olhos.

- Oh, não!

- Meu pai_ disse Draco terminantemente – Vai achar muito engraçado fazer Harry Potter assassinar sua própria namorada. Na verdade, se ele está mantendo Hermione viva, é por esse motivo.

- Eu odeio o seu pai, Malfoy!_ falou Harry sem abrir os olhos.

- Claro!_ disse Draco – Eu odeio ele também.

Eles ficaram em silêncio por um momento, sem olhar um para o outro, cabisbaixos em arrebatadora contemplação: uma escura, uma justa; uma fora das grades da jaula, outra dentro.

- É uma pena que não somos parentes._ disse Draco num tom distante – Aposto que seu amigo Sirius no calabouço podia tirar esse Feitiço do Encarceramento. Ele parece ser um bruxo muito poderoso.

- Claro!_ disse Harry – Se ao menos..._ ele parou de falar, ergueu sua cabeça e olhou bruscamente para Draco – É isso!_ ele tomou fôlego – É isso! Você é um gênio, Malfoy! Eu te beijaria, mas isso seria nojento!

Draco olhou para ele, confuso.

- Hã?

- Me dê sua mão!_ pediu Harry.

- Por quê?_ perguntou Draco, suspeitoso.

- Só de sua mão para mim!_ disse Harry, impaciente.

Com a expressão de alguém que nem se importa mais com o que vai acontecer consigo mesmo, Draco passou sua mão pelo meio das grades, e Harry a segurou. Harry pegou no bolso de sua calça jeans com a outra mão, o canivete que Sirius lhe deu de presente em seu décimo quarto aniversário, e pôs a lâmina para fora.
Então, ele a passou ferozmente pela palma da mão de Draco. Sangue jorrava pelo corte, molhando a manga da camisa de Draco.
- Ei!_ disse Draco, tentando puxar sua mão de volta – O que você está fazendo?

Mas Harry agora tinha virado o canivete para si mesmo e cortou sua própria palma da mão. Ele soltou o canivete, estendeu sua mão e agarrou a mão sangrenta de Draco, apertando-as sobre os cortes firmemente.

- Estou comovido que você quer ser meu irmão de sangue._ disse Draco examinando suas sangrentas mãos engatadas – Mas isso é hora?

- Cale a boca, Malfoy!_ disse Harry, que estava rindo como um louco – Vamos lá, pense! Sangue Malfoy! Só alguém com sangue Malfoy nas veias pode abrir o alçapão.

O queixo de Draco caiu. Então, ele se inclinou e agarrou a mão de Harry o mais firme que podia, tão firme que os nós dos dedos de ambos ficaram brancos.

- O quê você está fazendo?_ perguntou Harry, rindo.

- O que parece que estou fazendo, Potter? Estou tentando sangrar mais rápido!

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