capítulo 4



Essa noite, na mesa da Grifinória, Draco sentou-se entre Ron e Hermione (que parecia determinada a agir como se nada tivesse acontecido), sentindo-se estranhamente sem fome. Ele brincou com a comida usando o garfo e ouviu as pessoas rindo e conversando. Perguntas martelavam na sua cabeça. Por que ninguém notou que ele não era Harry? Certamente ele não podia agir como Potter, ele odiava Potter, ele não podia agir como ele se tentasse. Ele só tinha a forma de Harry, então todos pensavam que ele era Harry, então todos gostavam dele. Não só os grifinórios, mas os lufa-lufas e corvinais, alunos cujos nomes Draco nunca tinha se incomodado em aprender, chegavam perto dele para conversar com ele facilmente. Isso era estranho.

O que era mais esquisito era que ele gostava disso, era como se ganhando a aparência de Harry ele estivesse pego uma parte de Harry, e ele não podia matar ou destruir isso. Isso simplesmente estava dentro de seu peito, fazendo-o fazer coisas como resgatar o sapo de Neville, salvar Hermione do balaço,... E beijar Hermione. Ele não podia acreditar que tinha feito isso. Por quê? Harry devia ter algum tipo de sentimentos por ela, e agora Draco os tinha. Mas se ela soubesse... Se ela soubesse quem ele realmente era...
O que estava perturbando sua mente, de repente cristalizou-se num agudo e doloroso pensamento. E se Harry morrer? E se ele nunca acordar? Teria ele, Draco Malfoy, ser destinado a ser Harry para sempre?

- Harry!_ a voz de Hermione veio – O que houve? Você parece que está a quilômetros de distância!

Draco empurrou sua cadeira para longe da mesa e levantou-se de repente.

- Tenho que ir._ ele murmurou, e, abrindo caminho, ele correu para longe do Salão Principal e subiu as escadas até a Ala Hospitalar. Ele bateu na porta fechada, que foi aberta por uma atormentada Madame Pomfrey, cujos olhos abriram bastante quando ela o viu.

- O que houve, Potter? Você está doente?_ ela reclamou.

- Eu vim aqui porque... eu preciso ver... Malfoy.” Ele disse ofegante – Ele ainda está mal?

Madame Pomfrey olhou para ele com suspeita.

- Eu achei que você já sabia. Draco Malfoy não está mais conosco.

O choque quase fez Draco cair. Sua visão embaçou, e ele balbuciou, numa voz emperrada:

– Ele está... Ele está... Ele não está morto?

Madame Pomfrey parecia chocada.

- Não, Potter, claro que ele não está morto!_ ela disse asperamente – Sinceramente! Ele foi mandado para casa temporariamente. O pai dele veio até aqui e o levou esta tarde.

E ela fechou a porta na cara de Draco.



**



Havia luz, tênue no início, que se afiava, tornando-se um raio de luz. Harry gemeu e rolou pela cama, abrindo seus olhos.

Ele queria se sentar, mas o espanto o manteve deitado na cama. Ele estava deitado num quarto, mas um quarto que ele nunca havia visto antes. As paredes eram feitas de pedra não-polida, e o teto era tão alto que desaparecia na escuridão, menosprezando a luz do dia, que vinha de uma janela de vidro em forma de arco que riscava o quarto. A grande cama que ele estava deitado, cujas cortinas eram de veludo preto estampado com cobras prateadas, era o único móvel do quarto além de um enorme armário, apoiado contra uma parede bem longe, e cuja frente era coberta com um pomposo “M” dourado.

Foi o “M” que o fez perceber. Harry sentou-se e praguejou bem alto, olhando para suas mãos, não eram suas mãos, eram longas, pálidas e pouco familiarizadas. Ele tocou sua testa e não sentiu a cicatriz. Finalmente, desesperado, ele puxou uma mecha de seus cabelos, e quando olhou, percebeu que eram louros platinados.

Ele ainda era Draco. E o pior era que... de algum modo, estava na casa de Draco Malfoy. Ele descia estar nesse estado por um bom tempo, já que alguém devia tê-lo trazido até lá.

De repente, a porta abriu e Lúcio Malfoy ficou parado na entrada. Ele estava vestindo preto, como em todas as outras vezes que Harry o havia visto. Harry sentiu-se gelar com temor.

- Então, garoto_ falou Lúcio Malfoy caminhando até a cama – Você sabe quem você é, agora?

Harry olhou para ele. Com certeza, Lúcio não podia saber quem ele realmente era. Se ele soubesse que Harry Potter estava em sua casa...

- Draco Malfoy_ ele disse – Seu filho.

O rosto de Lúcio Malfoy mudou para um sorriso frio.

- Eu disse àquela Pomfrey que ela não sabia sobre o que estava falando. _ ele disse, satisfeito – Não há nada de errado com você, garoto. Nenhum Malfoy esquece de quem ele é.

Harry olhou dentro dos olhos acinzentados do pai de Draco e não disse nada. Sua garganta parecia ter fechado.

- Bem, já que você está aqui_ disse o senhor Malfoy – Nós devemos nos divertir.

Ele tirou sua capa e Harry viu uma grande espada de prata presa em sua cintura. Seu estômago pulou. Ele não acredita que eu sou o Draco, ele pensou, ele vai me cortar em pedaços.

- Que tal um pouco de esgrima?_ Lúcio Malfoy continuou – Teste seu temperamento, garoto.

Ótimo, pensou Harry, que nunca tinha ao menos visto uma luta de esgrima. Ele acredita que eu sou Draco, mas ele ainda vai me cortar em pedaços.

- Está bem, pai._ disse Harry, esforçando-se para imitar o tom de voz de Draco.

O senhor Malfoy parecia impaciente, então Harry pôs suas pernas para fora da cama e quase gritou quando seus pés tocaram o chão, pois este último parecia gelo. O senhor Malfoy não parecia estar preocupado com seu filho tendo os pés congelados, contudo, ele saiu do quarto, e Harry, ainda descalço, seguiu-o.

Ele quase correu para acompanhar Lúcio Malfoy, e ele se viu num longo corredor, cheio de quadros de membros da família Malfoy. Haviam algumas bruxas velhas, algumas mulheres muito bonitas, que eram definitivamente veelas , que foi provavelmente de onde Malfoy herdou seus cabelos louros platinados, uns homens muito pálidos que eram provavelmente vampiros, e um bruxo de aparência desagradável, que foi pintado montado numa aranha enorme, cujas rédeas estavam em volta de suas patas venenosas. Argh, Harry pensou, que galeria horrível!

Lúcio Malfoy abriu uma grande porta de pedra, com um sinal feito com sua própria mão, e entrou, seguido por Harry. Ele se viu num grande aposento, com piso de pedra polida, e decorado com tapeçarias que retratavam cenas de diversas batalhas de ruxos. Bruxos com aparência de como se estivessem com muita raiva, correndo até outros bruxos de igual aparência, usando suas varinhas para decapitar, estripar, e pôr fogo em suas vítimas. Harry viu, boquiaberto e horrorizado, um duende com uma longa espada incendiada correndo atrás de um bruxo que gritava, de uma tapeçaria para a outra.

Lúcio, seguindo o olhar de Harry, inclinou a cabeça, parecendo deliciado.

- Sim. Eu mandei limparem as tapeçarias, o sangue estava ficando fosco, e não mais brilhante, como normalmente. Devemos começar?_ ele disse, jogando para Harry um longo e pontudo espadim, para o qual Harry olhou entediado. – En garde!

Harry ergueu sua espada, resolvido a sangrar até morrer, e esperançosamente arruinar o belo piso de pedra polida dos Malfoy. Por sorte, alguém bateu na porta, e depois ela se abriu. Um bruxo alto em vestes verdes entrou no aposento.

- Olá, Macnair!_ cumprimentou Lúcio Malfoy – Narcissa o deixou subir?

- Ela me disse que você estava aqui. Sim_ respondeu homem alto, que Harry reconheceu como o bruxo que trabalhava para a Comissão para Eliminação de Criaturas perigosas. Ele era também, Harry lembrou-se soturnamente, um Death Eater .

- Eu trago notícias._ ele disse, mas parando quando viu Harry – Olá, Draco! Eu não sabia que você estava de volta em casa!

- A mãe dele queria vê-lo._ disse Lúcio calmamente – Você sabe como mulheres são. Ela sente saudades dele quando ele está na escola.

Mulher louca, pensou Harry.

- Bem, as notícias que eu tenho, têm a ver com Hogwarts._ disse Macnair - Lúcio...

Ele parou de olhar para Lúcio e apontou Harry com os olhos.

- Você pode dizer qualquer coisa na frente de Draco._ disse Lúcio Malfoy – Ele hjá faz parte do Plano há um bom tempo.

- Está certo._ disse Macnair – Eu havia esquecido – Como vai o seu trabalho na escola?_ ele perguntou – Continua espalhando a palavra do Lord das Trevas?

- O quê?_ perguntou Harry espantado, ele sabia que Draco era ruim, mas...

- Você sabe..._ disse Macnair – Mantendo a palavra do Lord das Trevasd viva pelas gerações. Tendo certeza que o tipo certo de pessoas recebem o tipo certo de mensagem. Combinando encontros de Death Eaters._ ele pestanejou – Manter os Sangues Ruins em seus devidos lugares.

- Ah, sim!_ disse Harry, que estava balançando sua cabeça com tanta raiva que ele nem sabia direito o que falava – Eu e os sonserinos temos juntos uma padaria, onde juntamos dinheiro para o mal, sem preocupações até aqui.

Macnair não parecia ter ouvido isso.

- Eu lembro de quando eu estava na Sonserina._ ele disse – Bons tempos!_ ele virou-se para Lúcio Malfoy – Então Lúcio_ ele falou – Eu gostaria de falar com você sobre o plano. E sobre Harry Potter.

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