capítulo 11



capítulo 11



Além dos gritos do quadro, Harry ouvia o som dos passos correndo no corredor. Ele olhou a sua volta violentamente. Só havia uma saída no aposento e dava exatamente no corredor. Se ele ao menos soubesse Desaparatar...

A lareira, uma voz conhecida falou ao seu ouvido. Harry virou feito um louco, não havia ninguém perto ali. Todavia, ele não ligou. Correu até a lareira e entrou nela ao mesmo tempo em que a porta da sala de visitas abriu bruscamente. Havia uma saliência do tamanho exato de um busto no tubo da chaminé; ele subiu dentro disso e se segurou lá, ofegando.

Por um pequeno buraco no tijolo, Harry viu Lúcio Malfoy entrar no aposento, seguido pelos comensais e de Narcisa. Ele estava furioso como Harry nunca o tinha visto antes, mais furioso do que Harry havia pensado ser possível. Seus olhos examinaram a sala, parando no tapete desarrumado e no alçapão exposto. Então seu olhar foi para o quadro.

- Mona_ ele disse – Quem fez isso? Quem cometeu essa atrocidade?

Harry se segurou para não escorregar da chaminé.

- Um garoto_ disse a mulher do quadro – Um garoto desconhecido para mim.

- Não era... Draco?_ perguntou Narcisa, que estava furiosa como seu marido, mas seus olhos passeavam ferozmente pelo aposento, dando a ela um ar esquisito, quase esquizofrênico.

Harry olhou.

- O intruso não tinha o sangue Malfoy! – disse o quadro.

Ele entrou no calabouço? – perguntou Lúcio.

- Não. – disse o Quadro – Ele fugiu quando eu gritei.

- E onde ele foi?

Houve uma pausa. Então o quadro falou:

- Eu não vejo. Eu só sinto. Eu não vi para onde ele foi.

- Então você falhou na sua proteção. – disse Lúcio numa voz congelante, e erguendo sua varinha, gritou:– Incendium!

A mulher do quadro gritou quando as chamas verdes a consumiram. Depois cinzas caíram pelo aposento.

- Lúcio..._ Narcisa começou, mas Lúcio virou-se e a olhou.

A expressão de Narcisa em nada mudou, mas ela virou-se e deixou a sala.

Um dos comensais limpou sua garganta.

- Meu Deus! Olhem a hora!_ ele disse – Lúcio, obrigado pela ótima noite. Minhas estimas a Narcisa.

E desaparatou.

Um por um, todos os comensais da morte desaparataram, até que Lúcio a sós com Eleftheria.

- Ora, ora, Lúcio,_ ela disse tentando acalmá-lo – Foi só o quadro fazendo um estardalhaço por nada, ele fazem isso às vezes, quando você os ignora. Tenho certeza de que não havia ninguém estranho na casa._ Lúcio parecia indiferente a esse argumento; ele ainda estava observando o alçapão exposto – De todo modo. – Eleftheria continuou – Pelo menos estamos sozinhos agora.

Ela andou furtivamente até Lúcio, que para o espanto de Harry, a agarrou e a beijou no pescoço. Harry foi então submetido aos mais nojentos dez minutos de sua vida quando Lúcio Malfoy e Eleftheria se agarraram apaixonadamente no sofá de dois lugares. Harry manteve seus olhos bem fechados, mas ainda podia ouví-los; ele não podia ao menos usar os dedos para tapar os ouvidos, já que precisava de suas mãos para manter-se preso no tubo da chaminé.

- Mestre Malfoy._ disse uma voz suave em seu ouvido.

Harry abriu seus olhos num estalo e viu Anton flutuando na sua frente, parecendo tranqüilo. Ele não parecia nem espantado de ver o herdeiro da Mansão Malfoy pendurado no cano da chaminé pelas unhas.

- Mestre Malfoy, eu deveria sugerir que o senhor subisse um pouco mais alto no tubo da chaminé? Se eu não estou errado, o senhor se achará num quarto do segundo andar que não está em uso.

Harry fez gestos de agradecimento e começou a subir. Demorou três minutos para que alcançasse a lareira vazia.Subiu com dificuldade até que chegou num quarto com piso de pedra polida. Harry tossiu e teve ânsia de vômito com a fuligem.




**



Draco piscou os olhos e viu Hermione olhando para ele boquiaberta.

_O que aconteceu? – perguntou hermione com uma cara totalmente surpresa.

_O que?_ perguntou Draco, que tinha um estranho sorriso estampado em seu rosto.

_O que Harry fez? – perguntou ansiosa hermione. – Harry caiu numa lareira?_ continuou – E não sorria assim, você parece um doente mental.

- Eu não sei ao certo o que aconteceu._ disse Draco – Eu não vejo o que ele vê, você sabe, eu só vejo uns flashes que aparecem na minha cabeça de repente, quando ele está sentindo algo particularmente forte.

- Então não é como assistir a um filme?_ perguntou Hermione.

- Eu não sei, deveria saber?_ respondeu Draco – Eu nunca assisti a um filme.

O trem começou a diminuir a velocidade. Eles estavam numa estação trouxa. Olhando pela janela, Hermione viu um grupo de adolescentes sentado num banco debaixo de luzes fosforescentes. Eles pareciam que tinham voltado de uma festa; estavam rindo e brincando uns com os outros. Um deles era um garoto alto, com cabelos escuros e bagunçados e óculos. Ele não lembrava tanto Harry, mas Hermione sentiu sua garganta apertar, de qualquer jeito.

- Ele está bem?_ ela perguntou sem olhar para Draco.

- Se ele morrer de repente – começou – Eu te conto.




**



Depois de sair do quarto do segundo andar, Harry tomou um banho, já que ele estava cheio de fuligem dos pés à cabeça. Ele vestiu o pijama de Draco, e voltou para seu quarto, onde ele encontrou Lúcio e Narcisa esperando por ele.

- Garoto_ disse Lúcio no momento que Harry pôs os pés dentro do quarto – Onde você estava?

- Eu fui tomar um banho, pai._ disse Harry, muito grato por ter deixado sua toalha molhada e cheia de fuligem no banheiro.

- Venha cá!_ disse Lúcio, e Harry andou cautelosamente até ele

Logo que ele alcançou uma distância na qual ele estava ao alcance dos braços de Lúcio, este agarrou Harry pelos braços e olhou furiosamente para seu rosto.

- Eu não sou idiota, garoto!_ Lúcio disse ameaçadoramente – Você está agindo de modo estranho ultimamente e eu quero saber o motivo. Ir ao Jardim dos Animais!_ ele disse asperamente. Harry olhou para Narcisa, que desviou o olhar – Não lembrou das vestes de gala da família! Pediu licença de um de MEUS jantares!_ ele gritou – Eu até pensei que você tivesse algo a ver com o fiasco de depois do jantar...

- O que seu pai está tentando dizer, Draco_ disse Narcisa, esfregando as mão sem sua camisa – é... Você está usando drogas?

O queixo de Harry caiu.

- Porque você pode falar conosco se você estiver usando_ ela disse com pressa – Nós estamos aqui, hã... para te ouvir.

Harry olhou de Narcisa, cujos olhos estavam passeando pelo quarto, para Lúcio, cujo rosto estava tão cheio de raiva que parecia uma máscara de carnaval.

- Não_ Harry disse – Não estou usando drogas. Desculpe!
- Então..._ Narcisa olhou para Lúcio querendo ver sua reação.

- Sua mãe... _ disse Lúcio, que tinha agora um sorriso muito desagradável no rosto – está preocupada com a hipótese de que você está ficando louco, meu jovem Draco. Claro que há loucos em nossa família, já que nós somos descendentes quase diretos de Uric, o bizarro, mas eu confesso que eu não pensei que isso fosse se manifestar em você. Mas agora que ela levantou a hipótese...

- Eu NÃO estou louco!_ disse Harry rapidamente – Eu levei uma batida forte com a cabeça outro dia, foi isso! Sinceramente! Não é como se eu tivesse começado a falar sozinho.

- Ainda não._ disse Lúcio rapidamente, e então ele se inclinou e disse no ouvido de Harry – Eu às vezes me pergunto o que eu fiz de errado, para ser amaldiçoado com uma criança idiota ao invés do herdeiro que eu deveria ter tido.

A irritação de Harry transbordou.

- Sinceramente!_ Harry disse asperamente – Assassinatos, torturas, muita Magia Negra... o que você não fez de errado? Você tem sorte de não ter tido um filho com três cabeças. Você deve ter o pior karma que alguém já viu!

Lúcio olhou para ele. Narcisa deu um pequeno soluço.

_Você deve estar louco de falar comigo desse jeito... _ começou Lúcio – Ou talvez você esteja apenas tentando mostrar o seu temperamento._ ele sorriu mostrando seus dentes afiados – Eu admiro isso. Não vou te punir.

Os ombros de Narcisa caíram em alívio, e ela virou-se para esconder sua expressão. Logo que fez isso, Lúcio sussurrou no ouvido de Harry:

- Se você pisar fora da linha, meu garoto, você vai direto para o hospício e hospital St. Mungus para enfermos mágicos, Eles podem te colocar com os Longbottom, e você pode passar o resto de sua vida preso a uma cama babando.

A menção ao nome dos pais de Neville deixou Harry tão bravo que ele teria esquecido de sua situação e acertado Lúcio no olho, se a porta do quarto não tivesse aberto, deixando entrar dois homens vestidos com capas de viagem. Um deles era Angus Macnair. O outro era um homem baixo vestido com uma capa verde escura, com os olhos cobertos pelo capuz. De uma manga de sua capa, saía uma mão coberta com uma luva preta; da outra, uma mão muito trêmula feita inteiramente de metal.

Rabicho.

- Desculpe entrar desse jeito, sem pedir licença._ disse Macnair puxando seu capuz – Anton nos disse que vocês estavam aqui em cima.

- De volta tão cedo?_ perguntou Lúcio.

- Sim_ disse Angus, um pouco nervoso – A viagem à Cornuália levou menos tempo que esperávamos.

- E Sirius Black?

Por favor, deixe-o ter ido!_ Harry rezou silenciosamente.

- Está aqui!_ disse Rabicho rapidamente. A última vez que Harry o viu, ele estava pedindo a Voldemort para que ele curasse sua mão danificada pela falta de uma mão, o que o Lord das Trevas fez. Ele deu a Rabicho uma mão de metal, que agora refleti a luz quando ele a ergueu e a apontou para a porta, quase como se sua mão fosse uma varinha – Everriculum!_ ele gritou, e um raio de luz esbranquiçada brotou da palma de sua mão metálica.

A luz aumentou e se expandiu pelo ar, até que virou uma rede de cordões prateados, como uma teia de aranha. Quando os filamentos da teia se romperam, alguma coisa passou por eles, e caiu pesadamente no chão.

Era Sirius.

Ele estava em seu formato animal, na forma de um grande cão preto. Todos os seus membros estavam rígidos, bem esticados; só seus olhos estavam se movendo, olhando de um lado para o outro ente Lúcio e Pedro.

- Impressionante, Rabicho!_ disse Lúcio, mas seus olhos estavam sobre Sirius.

- Meu mestre me deu uma mão com grande poder._ disse Rabicho olhando para sua mão de metal com afeição.

Ele virou sua mão na direção de Sirius cuidadosamente e o cão preto começou a derrapar indefeso pelo chão até Lúcio.

Narcisa deu um pequeno pulo.

- Isso é o suficiente!_ disse Lúcio.

- O transforme de volta!_ adicionou Macnair numa voz rouca.

Rabicho estalou seus dedos de metal.

- Sapiens!_ ele recitou e o cão preto estremeceu de repente e era Sirius de novo; Sirius vestido em trapos, com cortes e arranhões por todo o seu corpo, e que não apareciam em sua forma canina. Ele ainda não podia se mexer, mas seus olhos estavam fixados em Lúcio e transmitiam puro ódio.

Harry ouviu Narcisa ofegar. Então Lúcio andou até Sirius e o chutou, com os pés calçados em botas, nas costelas. Harry tentou correr atrás, mas tropeçou na bainha do pijama de Draco e caiu no chão.

Ele mal começou a se levantar quando parou ajoelhado ainda pela visão de Narcisa, que de repente, silenciosamente, e para a surpresa de todos, desmaiou sobre o chão.




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