E Para As Feridas, Tempo



Por Enquanto e Para Sempre





N/A - Bem, eu não tenho certeza se a notícia vai ser boa pra vocês ou não, mas de qualquer forma, resolvi avisar: este é o penúltimo capítulo da fic! Sim... Depois de enrolar tanto, aqui estou eu, quase terminando minha primeira tentativa (primeira, vejam bem, não a única) de juntar o lobisomem com a metamorfomaga... Portanto, esse capítulo tende a ser um pouco grande, pois vai narrar uma GRANDE passagem de tempo...




Capítulo Dez - E para as feridas, tempo




Um beijo. Há quanto tempo Remus não beijava? Ele preferia não pensar nisso. Na verdade... Era provável que ele não conseguisse pensar nisso. Porque ele estava extremamente concentrado em Tonks. Sentindo-a, acariciando-a.



Tonks estava também se sentindo desmanchar com o toque do lobisomem. Ele emanava sentimento. Ela via que ele não era um homem qualquer. Talvez pelo modo como a beijava, talvez o modo como a puxava pra si, talvez sua voz sincera e segura, talvez todas as alternativas anteriores. Ela estava completamente sem fôlego quando por fim se soltaram.



Remus ficou ali, parado, olhando pra ela, memorizando cada traço. Ergueu uma mão e passou-a pela maçã do rosto da mulher, e Tonks fechou os olhos para acompanhar seu toque.



-Eu acho... Que devíamos ter feito isso muito tempo antes. - ela murmurou, com a voz falha.



Ele sorriu.



-Você está totalmente certa. - ele respondeu, com um olhar que o rejuveneceu. - Nós somos bobos demais.



Beijou-a rapidamente, deixando um sorriso satisfeito no rosto de Tonks.



-Você sabia que eu queria fazer isso há um tempão. - acusou ela, marotamente.



-Eu não! - defendeu-se ele, acariciando-a mais um pouco. - Nem você sabia disso...



Ela ficou calada, lembrando-se de todas as conspirações para convencer os dois de que eles deviam mesmo ficar juntos.



Remus desviou o olhar por um momento, e ela viu que seus pensamentos tinham se desviado, mais uma vez. O que poderia ser capaz de entristecê-lo naquela hora...?



-Você não se importa mesmo que eu seja um, ahn... Lobisomem?



-Não seja tolo, Remus - ela sorriu mais marotamente ainda. - Tudo tem suas vantagens...



*-*-*-*-*-*-*-*-*-*



Remus ainda não conseguia aceitar a idéia de que ele fosse tão sortudo. Justamente quando já acreditava que aquele mundo de realizações na vida amorosa não era para ele, apareceu Tonks, que aceitara sua condição como se fosse apenas uma gripe que ele pegava de vez em quando... Tudo andava perfeito demais para ele.



No começo, eles apenas se encontravam às escondidas. Usavam os cartões dos sapos de chocolate, outro modo de comunicação da Ordem da Fênix, para planejar encontros após as missões. Para a alegria de Tonks, depois um mês e pouco, ela foi recolocada nas missões mais ativas.



-Parece muito bem disposto nos últimos tempos, Remus - denunciou Dumbledore, após retê-lo após outra reunião da Ordem.



Lupin desviou o olhar, lembrando-se que o diretor de Hogwarts não gostara muito da idéia de que ele pudesse se envolver com Tonks.



-Não se envergonhe - adiantou Dumbledore, sorrindo para ele. - Eu não acho que ruim que você e Nymphadora Tonks se amem.



Remus virou-se subitamente, chocado.



-Mas não foi o senhor próprio que...



-Quando se é velho é muito mais fácil entender os mecanismos sentimentais das pessoas, Remus. - o velho murmurou, com uma piscadela. - E quando alguém se nega demais ao amor, o único jeito é concordar e vê-lo perceber que será muito pior a distância do que o estupor da proximidade. Foi o melhor modo que encontrei de fazê-lo perceber que estava errando ao colocar tantas barreiras entre você e Tonks.



Remus estudou o olhar divertindo de Dumbledore, enquanto pensava abismado no que ele acabara de dizer.



-Com isso está me dizendo - ele murmurou, estreitando os olhos. - Que usou de psicologia inversa comigo?



O velho sorriu.



-E devo acrescentar que foi uma ótima idéia. Tão boa quando a dos sapos de chocolate.



O lobisomem andou em círculos pela sala, querendo pegar o velhote pelo pescoço e sacudir até... Até perceber o maldito sábio que ele era.



-Mas foi Snape - ele acrescentou. - Ele foi o infeliz que disse a Tonks que eu sou um lobisomem.



-E vamos concordar que foi um bem que ele fez. - Dumbledore virou os olhos. - Você certamente não imaginava que ela fosse reagir de forma tão positiva, imaginava?



Remus lembrou-se da primeira vez em que beijou Tonks, e como fora um momento mágico, e de como sentira que ela tinha tudo que lhe faltava.



-Droga - deixou escapar, enquanto saía e deixava um Alvo Dumbledore muito satisfeito consigo mesmo.



Remus voltou para a sala de estar da Mansão Black e encontrou ali Sirius, Tonks e Molly, rindo muito. Ao vê-lo, pararam e Tonks enrubesceu levemente.



-Aluado, meu bom amigo! - Sirius levantou-se de um salto e deu um tapinha nas costas de Remus. - Agora você vai sentar aqui e vai nos dizer por que escondeu todo esse tempo que andou dando uns pegas na minha priminha...



Tonks ficou mais vermelha ainda e Remus sentiu a voz entalar na garganta.



-Oh, Sirius, será que você não pode arranjar um termo mais delicado para eles? - exclamou Molly, vendo a reação do casal. - Acabamos de arrancar a notícia de Tonks, Remus querido, ela não teve nenhuma chance de resistência.



-Ahn... Desculpe - a mulher, que naquele dia tinha cabelos castanhos e espetados com as pontas rosadas, respondeu.



Depois do instante de aturdimento, Remus sorriu.



-Não seja infantil, Sirius - disse ele ao amigo. - Apenas escondemos para tentar evitar essa recepção exagerada...



-E nos privar do divertimento que é ver vocês dois enrubescendo? - replicou Sirius, fingindo-se de ofendido. - Francamente, Aluado, você não mudou nada esses anos todos! Sempre escondendo as namoradas...



*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*



Apesar dos avanços de Voldemort na guerra, Tonks achava que as coisas andavam no melhor ritmo que podiam. Sim, Umbridge estava em Hogwarts, impedindo os garotos de aprenderem Defesa Contra as Artes das Trevas de verdade, sim, ela cada vez tirava mais coisas de Harry e cada vez o perseguia mais cruelmente, mas o garoto também não andava colaborando, definitivamente.Remus lhe contara tudo isso, pois para seu alívio era ele quem voltara a receber os relatórios de Snape.



Certa noite, por volta da metade de dezembro, Kingsley e Arthur resolveram cobrir uma missão que Tonks e Lupin teriam juntos, para que o casal tivesse uma folga. Tonks convenceu Remus a dar as caras em público, para que fossem ver a iluminação de Natal do Beco Diagonal. Ele acabou aceitando, até porque era uma questão de dias até que ele se transformasse, e depois ele estaria exausto demais. Ao menos ela entendia, e Remus sempre se sentia alvo de caridade quando isso acontecia, apesar de ser imensamente feliz ao ver que ela o aceitava.



-Você está se sentindo bem? - ela perguntou, segurando o braço dele que envolvia sua cintura.



-Estou - replicou ele. - Não se preocupe.



Mas ela se preocupava sim, não adiantava. O Beco estava realmente lindo, com todas as luzes que se mexiam sem parar, com pinheiros presos por mágica. Mas aquilo parecia secundário naquele momento. Tonks virou o rosto de Remus, para que ele olhasse para ela.



-Quanto tempo falta?



-Três dias - ele respondeu.



-Desculpe - ela pediu. - Eu não devia ter te forçado a...



-Nós tínhamos uma missão, esqueceu? E eu era capaz de cumpri-la. Sou capaz de sair com você também.



Tonks ficou na ponta dos pés para beijá-lo, e ele a abraçou mais forte. Ela só queria fazê-lo sentir o quanto ela gostava dele, mas sempre acabava perdendo-se naquele sentimento de proteção que ele emanava quando estava por perto.



Depois que se soltaram, ela segurou o rosto dele, preocupada.



-Não há mesmo nada que eu possa fazer?



-Relaxe - ele disse, sorrindo com a atitude dela. - Eu vou ficar bem.



Tonks abraçou-o apertado, encostando a cabeça no ombro dele. Será que ela já podia dizer?



-Remus... - ela suspirou, aconchegada nele.



-O que foi? - ele perguntou, passando a mão pelo cabelo dela, naquele dia loiro e liso.



-Eu... Eu... - Tonks hesitou, com medo. - Eu não quero mais ficar longe de você. - disse, soltando todo o ar.



Ele sorriu, antes de beijá-la de novo.



-Você não vai - ele assegurou-a.



*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*



Eu o amo e nem mesmo tenho coragem de dizer isso a ele, Tonks pensou, censurando-se. Naquela noite ela deveria ter ficado de guarda na porta do Departamento de Mistérios, mas Arthur quis trocar com ela para que no dia seguinte pudesse ficar na Ordem com a esposa. Segundo ele, completariam trinta e cinco anos juntos. Sendo assim, Tonks trocou de muito bom grado.



Remus estava transformado. Ela sentiu algo ruim dentro de si ao imaginar pelo que ele estaria passando. Já tinha pensado seriamente em aprender a preparar a Poção Mata-Lobo para ele, mas não teria estômago para pedir que Snape ensinasse a ela. Por isso, comprara um livro de Poções da Floreios e Borrões e torceu para que conseguisse aprender sozinha, mesmo que aquele tivesse sempre sido uma matéria horrível para alguém tão desastrada como ela.



Até mesmo comprou uma torta de maçã, que pretendia levar a Remus assim que ele estivesse melhor. Uma vez, ele deixara escapar que era uma das suas comidas favoritas.



Foi quando levou um belo beliscão e depois sentiu outro objeto começar a pular nos bolsos. Ao mesmo tempo, o rádio extensível e o cartão dos sapos de chocolate haviam dado sinal.



-Tonks! Tonks! - chamava Molly no rádio.



-Droga, Tonks, pega logo essa droga de cartão! - Sirius berrava no outro comunicador.



-O que foi, vocês dois? - ela inquiriu, pegando os dois comunicadores ao mesmo tempo.



-Arthur foi atacado! - ambos gritaram em uníssono, como se tivessem combinado.



Menos de uma hora depois ela estava no St. Mungus, segurando a mão de uma Molly potencialmente nervosa, que parecia capaz de enfartar a qualquer momento. E enquanto a mulher se debulhava em lágrimas de preocupação e rabiscava um bilhete para os filhos e para Harry, avisando sobre o estado de Arthur, Tonks pensou horrorizada em como poderia ter sido ela ali.



Os dias seguintes foram de pura preocupação e agitação na Ordem da Fênix. Ela foi buscar Harry e os outros na Mansão, no dia que se seguiu, para que visitassem Arthur. Ela mesma pensava em pedir desculpas por não poder simplesmente cumprir os turnos que devia, mas o Weasley mais velho lançou-lhe ao vê-la um olhar que já disse tudo. Ele não queria ouvir desculpas se ela nem mesmo tinha cometido um erro.



-Harry ouviu tudo que vocês disseram - Gina disse a Tonks, no dia seguinte. - Está trancado lá no quarto. Hermione chegou agora há pouco e está tentando convencê-lo a abrir a porta.



-Então é por isso que ele está tão perturbado - resmungou Molly, parada ali perto. - Suba, Gina querida, vá ajudar Hermione lá em cima...



Enquanto a ruiva mais jovem saía resmungando, Tonks virou-se para Molly, preocupada.



-Aquele Olho-Tonto... Ele não podia ter inventado aquela história de possessão! - murmurou, batendo um punho na mesa.



-Não é culpa dele, você sabe - replicou Molly. - Como poderíamos ter adivinhado que eles estavam ouvindo tudo? Deixe os gêmeos comigo. Eles vão ouvir um sermão que ficará na memória pra sempre...



-Não, isso não serviria pra nada. - suspirou Tonks. - O estrago já está feito. Harry está lá em cima, achando que é alguma espécie de espião.



Molly ficou subitamente séria e sentou-se, olhando bem nos olhos de Tonks.



-Gina já me disse que Harry não foi possuído - confidenciou. - Afinal, ele se lembra de tudo o que aconteceu. E quando se está possuído, é normal esquecer completamente como se chegou a certos lugares.



Tonks baixou os olhos, lembrando-se das histórias sobre Gina Weasley e o diário de Tom Riddle, há três anos atrás.



-Eu passei pelo quarto de Remus não faz muito tempo - a mulher ruiva tentou mudar de assunto. - Acho que já está passando.



-É... - Tonks balbuciou. - Acho que amanhã ele já estará bem.



-Você o ama, não é? - a outra perguntou, carinhosamente.



A metamorfomaga examinou as próprias unhas, hesitante, mas ao mesmo tempo sem a menor sombra de dúvida.



-Amo. - confessou, afinal.



-Bom. - disse Molly. - Ele precisa muito de você, Tonks. Sempre precisou...



*-*-*-*-*-*-*-*-*



Tonks concordava plenamente. Ela também precisava dele. E muito. Mas ela nunca tinha declarado uma coisa dessas em altas vozes antes. E nunca imaginou que isso fosse tão difícil.



Algo a inquietava também. Até bem depois do Natal vir e se ir e quando a Páscoa estava perigosamente próxima, Remus e ela nunca tinham dormido juntos. Não era exatamente que ela tivesse pressa. Mas em todos os outros homens que haviam previamente passado por sua vida, essa vontade era um fato quase inato. Homens são assim: uns beijos, uns carinhos, mas em troca, por favor, sexo. Ela já estava acostumada com o fato de que era a única coisa que deixava realmente um macho feliz. E talvez o fato de não ter acontecido ainda entre Remus e ela a deixava insegura, como se ela significasse para ele menos do que ele era para ela.



Em compensação, parecia que nunca tinham oportunidade. Aquela folga no Beco Diagonal fora a última deles: quando não tinham missões a cumprir, quando não se revezavam na guarda à porta do Departamento de Mistérios, tinham missões de campo. Certa vez, depois de uma longuíssima conversa com Dumbledore, ele resolvera permitir que Tonks investigasse novamente mais identidades de Comensais da Morte, com aquele mesmo nome, Madeline Shaw.



Fora quase um desastre, mas novamente ela conseguira sair bem da situação, e daquela vez, sozinha.



-Quem está na Mansão Black agora? - ela perguntou a Remus, quando se encontraram no Caldeirão Furado depois da missão, a altas horas da noite.



-Só Sirius e Kreacher, eu acho - ele murmurou, com um olhar malicioso. - Tudo bem com você?



-Ah, sim. - sorriu ela. - Só suspeito que em breve as coisas não estarão tão boas para Avery.



-Sendo assim... - Remus puxou-a pela nuca e a beijou lentamente. - Acho que Sirius não vai se incomodar de nos deixar em paz, não acha?



-Bem, eu conheço o meu primo - Tonks tinha um olhar pervertido. - E duvido que ele nos imponha algum obstáculo...



Tonks já estava sendo abraçada por Remus, quando, muito inconvenientemente, os cartões de chocolate nos bolsos de cada um deles começaram a se sacudir e a gritar.



-Por favor, que não seja urgente... - desejou Tonks num sussurro, pegando um cartão com o rosto tenso e nervoso de Olho-Tonto Moody.



-O que há? - Remus perguntou, com o olhar em sua figura do ex-auror.



-Potter! - exclamou ele. - Arrumou uma confusão enorme na escola e fugiu para o Ministério da Magia com os colegas! Quero todos aparatando aqui no Ministério agora! Voldemort mandou todos os seus melhores Comensais atrás do garoto! Estão no Departamento de Mistérios!




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