If I Don't Tell You Now (24/11

If I Don't Tell You Now (24/11



If I Don't Tell You Now

Ronan Keating






Haviam-se passado quase cinco meses. Ele passou os olhos pelo bar, numa corrida rápida, desesperada e quase inata, em busca dos cabelos loiros que tão bem conhecia. Avistou, no entanto, outros cabelos da mesma cor, metidos num corpo de homem em que ele tivera a oportunidade de bater tempos atrás.

— Ainda curtindo fossa? – perguntou Draco, sentando-se defronte ele. Podia-se perceber que ele estava alterado; talvez tivesse bebido um pouco além da conta.

— Com certeza – respondeu Harry, entornando o restante da garrafa de vodca. – Estranho como a gente só se ferra com elas, não é?

— É. – Ele pediu um martini. – Eu soube do bebê de Camilla.

— E creio que soube também que eu quase matei o meu filho – replicou o moreno, os olhos trôpegos de bebida, o rosto afogueado e desolado.

— Hermione foi forte – tornou o loiro, bebendo um gole da bebida que o garçom acabara de trazer-lhe. – Qualquer outra mulher teria cedido.

— Foi por isso que eu tentei. – Harry enfiou o rosto nas mãos, olhando por entre as frestas dos dedos para seu antigo adversário e primo da mulher que ele mais amava. – Ainda bem que não deu certo. Mas, diga-me, o que você quer de mim?

I've kept it inside, for the longest time
Eu mantive isso aqui dentro por muito tempo
And I can't keep keeping it in
E eu não posso continuar mantendo isso aqui

— Uma aliança – respondeu ele, resoluto.

— Como? – indagou Harry, subitamente atento, o efeito do álcool dissipando-se em sua mente.

— Você sabe que o filho que Hermione carrega é seu, e você também engravidou Camilla – disse Draco, sério. – Acontece que eu sei que o que quer que fosse que você sentia por Hermione, acabou muito antes de você conhecer minha prima. E eu quero a criança que Mione vai ter, assim como você quer ser efetivamente pai do filho de Cami. Você vai ter que contar a Hermione que agiu mal. É o único meio de ela te perdoar, e o único meio de conseguirmos seguir, todos nós, com as nossas vidas, sem maiores empecilhos.

O moreno pareceu considerar por um instante. Tudo o que ele mais queria se manifestava na figura de Camilla e da criança que ela carregava. Ele sabia que faria tudo para ter a loira novamente envolta em seus braços. Queria-a de volta como nunca pensara que pudesse querer uma mulher. Não a desejava porque ela era linda, porque cantava com a voz mais doce do mundo, porque parecia sempre inocente ou porque cada mágoa que ele insistia em aninhar dentro do coração dela simplesmente parecia aumentar o carinho entre os dois. Queria-a porque amava-a, porque afogara-se durante semanas em vodca quase pura, tentando reproduzir o terno calor dos sentimentos da menina em sua pele. Queria-a porque tinha-a guardada tão fundo em seu peito e em sua mente, que enlouqueceria se a deixasse partir para sempre.

— Você tem quinze minutos para me dizer exatamente o que você quer – disse o moreno por fim, erguendo-se e pegando o casaco.

All this love that's inside my heart
Todo esse amor que está dentro do meu coração
Maybe it's safer not to say that I care,
Talvez seja mais seguro não dizer que eu me importo,

— Bom dia, Lidy – bocejou uma Camilla muito sonolenta. Deparando-se com o torso nu de John Christensen, treinador de Lidielle, a loira enrubesceu. – Olá, Johnny.

— Se não é a menina mais linda desse mundo! – Ele enlaçou-a com cuidado, por causa do ventre nu e saliente, beijando-lhe as faces com ternura. – O que quer para o café, Lilla?

— Chá – respondeu a garota, simplesmente. – Não creio que muita coisa vá parar no meu estômago.

— Saindo – tornou ele, virando-se para o fogão e pondo a água para esquentar.

Camilla suspirou, ouvindo a discussão do casal a sua frente. Verdadeiramente, Lidielle e John nunca discutiam a sério, a menos que fosse algo relativo à patinação. Sua mente refugiou-se no par de olhos verdes que ela tão bem conhecia, e que escolhera abandonar, por um momento, mas ela voltou à terra logo após. Harry estava morto para ela, tinha que estar.

A quem estou querendo enganar?, perguntou-se ela, cabisbaixa. Estou prestes a parir um filho dele. Não há possibilidade alguma de ele morrer para mim, nem que morra de verdade.

— Tchau, Lidy, Johnny, Cami! – exclamou Hermione, passando feito um raio pelos três, apoiados no balcão que servia de mesa na cozinha americana da anfitriã.

—Peraí! – John segurou a garota pela cintura já não tão fina assim, puxando-a para a "mesa". – Antes de tudo, bom dia.

— Bom dia, John, mas eu estou atrasada...

— E sem nada no estômago, como eu já presumia. – Ele meneou a cabeça, inconformado. – Você quer parir um bebê ou uma coisinha subnutrida, mirrada e quase morta?

— Credo! – exclamou Lidielle, horrorizada. – Sente-se para comer, Hermione, antes que John rogue-lhe uma praga.

Compelida a isso, a garota sentou-se. Quanto mais tempo passava parada, mais pensava em Draco, e menos gostava do rumo que sua vida tomara. Afastando das memórias os olhos claros do loiro, tão avidamente refletidos como um espelho perfeito na face de Camilla, Hermione pegou a caneca de chá que Diel estendia-lhe. Sorveu um gole da bebida, lembrando-se do café da manhã que Draco sempre lhe praparava. Apagou as lembranças em um supetão, e virou-se para Camilla.

— Como está? – perguntou.

— Bem – respondeu a loira. – E você?

— Também. – Ela sorriu e baixou os olhos para o líquido fumegante em suas mãos.

Mentiam. As duas. Não queriam fraquejar, então mentiam. Descaradamente.

Maybe this road won't lead me anywhere
Talvez essa estrada não vá me levar a lugar algum
But
Mas

Draco colocou o capacete, afivelando-o com cuidado. Fechou a jaqueta, o vento frio já batendo-lhe nas mãos com força. Subiu na moto, ligou-a e se foi, deixando para trás, um Harry Potter muito concentrado e prestes a aparatar. Conseguira. Convencera-o. Agora restava convencer Hermione. E Camilla. Mas, comparado a Harry, ele não acreditava que pudesse ser muito mais difícil.

Chegou em casa, as mãos geladas e o rosto idem. Afagou a pelagem negra de Sharra e foi até a cozinha preparar um café. Cada centímetro daquela casa lembrava-lhe Hermione. Suspirando, ele ligou a cafeteira e esperou, paciente, que o café coasse. Talvez não conseguisse reatar o relacionamento com Hermione. Talvez nem ao menos conseguisse que ela o olhasse face a face novamente. Mas valia a tentativa.

Com a xícara já bem segura nas mãos, ele muniu-se de pena e um pergaminho e começou a redigir a carta que enviaria à garota que amava. Sharra, estática, esperava que a mão branca parasse de se mover. Os olhos negros matizados de azul acompanhavam o movimento dos dedos de Draco, as pálpebras mal se fechando. Quando ele terminou e enviou o pergaminho selado com cera, a cadelinha finalmente se moveu.

— Sim, Sharra, eu sei que ela vai voltar – disse ele, afagando as orelhas macias do bichinho. – Não sei quando, ou por quanto tempo, mas ela vai voltar.

CHORUS
If I don't tell you now (If I don't tell you now)
Se eu não disser a você agora (Se eu não disser a você agora)
I may never get the chance to get (never get the chance to get)
Eu posso nunca ter essa chance novamente (nunca ter essa chance novamente)

Hermione abriu a carta, endereçada a ela e a Camilla. Com a loira percorrendo com os olhos o papel, o queixo apoiado em seu ombro, a outra leu:

Prezadas Hermione e Camilla,

Creio que meu descaramento em relação a uma de vocês é algo não apenas surpreendente, mas talvez repulsivo. Quanto à outra, creio que não haja razão para mal-entendidos ou mentiras de nenhuma espécie. De qualquer maneira, peço às duas que compareçam a uma reunião em minha casa, no hall de encontros, pontualmente, às oito horas da noite. É uma torre nos fundos, de facílima localização. Harry Potter comparecerá. O assunto já deve estar sendo presumido por ambas: as crianças que vocês carregam. Perdoem-me pela expressão, mas as senhoritas não fizeram esses filhos sozinhas. Podem convidar Lidielle, se isso as fizer sentir-se mais seguras.

Atenciosamente,

Draco Malfoy

O pedido era educado demais para ser recusado terminantemente. Confirmando sua intenção ao olhar para Camilla, a garota escreveu uma resposta sucinta e polida. Mandou-a de volta pela mesma coruja que entregara a carta e encarou Lidielle.

— Ele quer nos ver – murmurou, e a morena acenou com a cabeça.

— Eu e John vamos com vocês – disse, resoluta. – Se ficar complicado demais, podemos fazê-lo passar por seu primo, Hermione, e novo namorado de Camilla.

John enlaçou Hermione e Camilla e deu um suave beijo na boca de cada uma das duas.

— Não se preocupem. – Ele sorriu e fitou-lhes os olhos. – Tudo dará certo.

To tell you that I need you, tell you what I'm feelin'
Para te dizer que eu preciso de você, dizer o que eu estou sentindo
If I keep these feelings in
Se eu mantiver esses sentimentos aqui

Draco continuou andando de um lado para o outro. Faltavam quinze minutos para que elas chegassem. Até parecia que ele se encontrava no hospital, esperando que um dos bebês nascesse. Harry, sentado no chão, escorado na parede, esperava que o loiro se acalmasse.

— Malfoy, relaxe! – exclamou ele pela décima quinta vez. – Elas já vêm! Que caramba, pára de andar de um lado para o outro feito um explosivin cego!

— Você não entende, Potter – replicou ele, também pela décima quinta vez, sem interromper por mais de um milésimo de segundo o movimento que empreendia.

— Você é quem não entende que os dois filhos são meus.

O moreno puxou o violão, dedilhando uma melodia clássica e suave. Draco fitou-o, consternado, exasperado e incrédulo.

— Como você consegue ficar tão calmo? – perguntou o loiro, passando a mão involuntariamente pelos cabelos.

— Pelo amor de Merlin, cara, o máximo que pode acontecer é elas parirem os filhos sem que estejamos por perto. – Ele entregou o instrumento ao outro. – Vamos, toma, faça um pouco de barulho, vai.

— Eu não sei tocar – falou Draco, pegando o violão.

— Eu não te disse para tocar; te disse para fazer barulho. – Ele apoiou-se no parapeito da janela de pedra da torre. – Vai logo, antes que eu me arrependa.

Draco tinha um vício por uma única melodia, que Harry já cansara de ouvir. No entanto, o moreno foi paciente nos momentos que antecederam a chegada das meninas. Ajudou-o a acertar tudo, inclusive o modo como ele dedilhava o instrumento. Por fim, elas chegaram. Acompanhadas. E acompanhadas demais.

And if I don't say the words (If I don't say the words)
E se eu não disser as palavras (se eu não disser as palavras)
How will you hear what's inside my heart?
Como você vai ouvir o que está dentro do meu coração?
How will you know that, if I don't tell you now
Como você saberá disso, se eu não te disser agora?

Hermione adentrou a torre primeiro. Atrás dela, envolvendo com os braços nus e fortes a frágil e pálida Camilla, vinha John, e atrás dele, Lidielle. Esta fechou a porta ao entrar. Draco fitou-os, um por um. Camilla parecia anêmica, Hermione parecia mais magra, apesar do ventre já levemente saltado. Um a um, eles tomaram seus lugares, e, suspirando, Harry encarou Camilla. A loira não retribuiu o olhar. Tinha medo. Não queria cair novamente sob o encanto daqueles olhos.

Hermione sentiu seus olhos escolhendo o ponto fixo que fitaria durante toda a reunião. Não encontrou. Não havia detalhe algum na parede de pedra bem limpa e polida. A janela a sua frente emoldurava um luar claro e frio. Era o final do primeiro mês de primavera, e o ar recendia a perfumes florais intensos e adocicados. Fitou Lidielle. A morena estendeu-lhe a mão delgada e firme e ela a apertou. Suspirou e olhou para Draco. Ele não mudara. Continuava com as mesmas feições que tinha quando ela se despedira dele, cerca de cinco meses atrás. Alguma preocupação no olhar azulado e quente. Quente. Pela primeira vez. Sentiu-o perscrutar sua alma, seu corpo, cada milésimo de milímetro de seu ser com uma vontade angustiante de tê-la novamente em seus braços. Estremeceu. Sabia que sentia o mesmo, mas nunca falaria. Era orgulhosa demais para falar.

Harry esgueirou seus dedos por entre os dedos de Camilla. A loira não impôs resistência, mas, quando ele os apertou, ela voltou-se para John, que a beijou carinhosamente e murmurou-lhe ao ouvido:

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Vai ficar tudo bem.

I'd give anything to be in your dreams
Eu daria tudo para estar em seus sonhos
And I can't stand standing by
E eu não posso agüentar essa situação
With this dream that's inside my heart
Com esse sonho que está dentro do meu coração

O moreno empalideceu. Baixou os olhos verdes, fitando os joelhos. Outro. Passou as mãos distraidamente pelos cabelos. Camilla tinha outro.

Óbvio, você não queria que ela vivesse intocada para sempre apenas porque você já não estava mais com ela, queria?, sibilou a vozinha impertinente em sua mente.

A resposta era estúpida. Ele queria. Ele pensara que ela o esperaria. Que ela o amava. Agora já não sabia mais de nada. Voltou os olhos suplicantes e repentinamente úmidos para Camilla, que disse, sem som algum, um "desculpa" muito sentido. Sentido demais. Ele respirou fundo. Estava ali por Draco e Hermione. Pela primeira vez, em cinco anos, faria algo por alguém além de si mesmo. Olhou para os lados. Lidielle tinha a mão branca de Hermione segura entre as suas, a contração muscular tão evidente que o rapaz impressionou-se por ela não estar gritando. Ergueu-se. Todos fitaram-no. Ele sorriu, pesaroso. Era a hora da verdade.

— Hermione – murmurou ele, ajoelhando-se em frente à garota. – Preciso confessar-lhe algo.

— Sou toda ouvidos – replicou ela, distraída.

Harry segurou-lhe o queixo e forçou o olhar direto entre as orbes verdes e as castanhas.

— O filho que você espera, Hermione, não é de Draco – disse ele, numa só expiração, baixando a cabeça em seguida. – Malfoy nunca lhe tocou. Foi obra minha, e eu sempre soube, Hermione. O caráter dele é tão íntegro quanto o de Dumbledore fora.

— Não coloque Dumbledore nessa conversa – interrompeu-o ela, virando o rosto. – Não me interessava mais saber de quem era o filho.

— Como? – perguntou o moreno, sem entender, segurando involuntariamente as mãos frias de Hermione.

Ela tirou os dedos de dentre as palmas de Harry, erguendo-se de supetão. Foi acometida por um espasmo de náusea, e foi até a janela, mas logo se recuperou. Fitou o rapaz ainda ajoelhado ao chão e o loiro escorado na parede, como se a esperasse.

Maybe I'm only going to make a mistake
Talvez eu vá apenas cometer um erro
And there's a chance maybe my heart will break
E há uma chance de que talvez meu coração vá se quebrar
But
Mas
[CHORUS]


— Não faz diferença, Harry – disse ela, voltando a face para o moreno. – Nenhum de vocês é pai dele.

— Mas você me deve ao menos um pedido de desculpas – pronunciou-se Draco, sentindo-se repelido pela afirmação repentina de Hermione.

— Te devo? – Ela fitou-o, cética. – Não te devo coisa alguma! Eu estou grávida. Droga, Draco, você pode entender o que isso significa para mim? Estou presa a um filho que eu não quis porque um de vocês fez isso comigo! Será que não passa pela sua cabeça que eu não consigo lembrar quem foi, e isso me assusta?!

— Eu já disse que fui eu! – exclamou Harry, exasperando-se.

— E me diga um motivo pelo qual ela deveria acreditar! – replicou Camilla, erguendo-se, a respiração cortada abruptamente pelo movimento brusco. John amparou-a, mas ela fez com que o rapaz a soltasse. – Você construiu sua vida em cima de mentiras, Harry! Como saber se essa não é só mais uma, criada para fazer com que você pareça ter se redimido aos meus olhos e salvar a pele de Draco, bem como a sua?! Você acha que eu sou tola, mas ela – A garota apontou para o ventre – fez com que eu começasse a prestar mais atenção em seus atos!

Ela? – repetiu ele, correndo e atirando-se aos pés da ex-namorada. Tocou-lhe o ventre. – É uma menina...?

Camilla afastou a mão do moreno com brusquidão. Apoiou-se integralmente em John, e Hermione foi para junto dela. Lidielle, entre o grupo e os dois rapazes, parecia uma mediadora das discussões. A loira ergueu o rosto, com as lágrimas formando uma vítrea película nas orbes brilhantes. Suspirou.

— Afinal, o que vocês queriam? - perguntou Hermione, cansada.

Draco trocou um olhar rápido e cúmplice com Harry, antes de fitar Hermione. Os rapazes sabiam que lutavam uma batalha perdida. Completamente perdida. Restava o último golpe.

— As crianças – disse o loiro. – São nossos filhos. São tudo o que queremos.

Hermione empalideceu. A lividez cadavérica foi acompanhada de um desequilíbrio repentino, mas controlado a tempo. Camilla desvencilhou-se de John, o olhar increditando, as mãos tremendo, de medo e de raiva.

— Elas são o motivo pelo qual não estamos mortas! – exclamou a garota, a voz mais forte e aguda.

— E são nossos filhos! – replicou Harry.

— Que filhos?! – gritou Hermione. – Os que vocês abandonaram? Os que vocês não queriam? Os mesmos para os quais vocês chegaram a ter a petulância de NÃO DEIXAR NEM AO MENOS UM GRAMA DE DROGA ALGUMA?! ESSES FILHOS?! OS NOSSOS FILHOS?

— Queremos ficar com eles – explicou Draco. – Dividir as despesas, viver com eles. Foram gerados por nós, que droga, entendam!

— Nunca aceitaríamos! – exclamou Camilla, colérica.

— Acho que vocês não têm muita opção – replicou o loiro, dando de ombros.

How will you know you're inside my soul
Como você saberá que você está dentro de minha alma
Oh it's driving me crazy
Oh, está me deixando louco
'Cause you don't see (you don't see)
Porque você não vê
You're the world to me
Que você é o mundo para mim

Hermione fitou-o com profundo desprezo. O descaramento era algo incrível, mesmo para ela, que convivera com isso durante tanto tempo. Sentou-se. Estava excepcionalmente cansada. Exausta. Ferida. Tomou a mão de Camilla, sentindo-a tremer convulsivamente. Apertou-a, como se Cami fosse a irmã que nunca tivera.

— Vocês nos colocaram nesse buraco. – Ela engoliu em seco, suspirando em seguida. – Não adianta estender a mão agora.

— E as crianças vão nascer sem pais? – tornou Draco, tenso.

— Acho que você se lembra daquele poema – disse Hermione, quase sorrindo. Ele acenou afirmativamente com a cabeça. – Eu não menti – replicou ela,fitando-o fundo nos olhos. – Fui até o céu para te ver, até o fim do mundo para te ter. Acontece que eu cansei de esperar que as coisas dessem certo. Talvez, agora, seja simplesmente tarde demais para isso.

Lidielle foi para junto delas, e olhou para os rapazes.

— Era apenas isso? – perguntou, fria, impassível.

— Queremos nossos filhos – repetiu Harry.

— Perguntei se era apenas isso – tornou a morena, suave e fatal.

— Respondi que quermos nossos filhos – rugiu o outro, entredentes.

Lidy suspirou. Olhou para John, e este deu de ombros. A morena não pôde evitar um sorriso sádico.

— Então digo-lhes o seguinte: da próxima vez que escolherem alguém com quem deitar, certifiquem-se de que ela seja plenamente fértil. – O sorriso transfigurou-se em um esgar malicioso. – Serão esses os únicos filhos que vocês verão.

Dito isso, ela abriu a porta da torre, lamentando que as outras tivessem ido até lá apenas para aquela inútil discussão. John foi primeiro.

— Cuidado, porque a escada está escorregadia – disse ele, descendo os degraus de dois em dois.

Depois foi a vez de Lidielle. A morena escorregou no terceiro degrau, recobrando-se a tempo, evitando cair. Reflexos de patinadora. Quando Hermione começou a encaminhar-se para a porta, no entanto, Draco segurou-a com violência pelo braço. A garota titubeou, tentando desvencilhar-se do rapaz.

I'm so afraid to say the way that I feel
Eu tenho tanto medo de dizer como eu me sinto
But
Mas
[CHORUS]

— Você não pode fazer isso comigo, Hermione! – rosnou ele, exasperado.

— Não só posso como já fiz! – exclamou ela. – Solte-me!

Ela desvencilhou-se do rapaz, mas o impulso levou-a para frente. Draco sentiu o braço esguio saindo de suas mãos, lanhado pelas unhas que cravara na pele branca, sem intenção. Viu o corpo pálido escorregar, o grito estrangulado enquanto a garota caía, as mãos protegendo o ventre, o vestido prendendo nos degraus. Viu-a chegar ao chão, onde ficou, estirada. Atordoado, ele desceu as escadas, desabalado, ouvindo atrás de si o grito agudo e cortante de Camilla. Sentiu a vibração dos passos que corriam atrás de si, e Camilla lutando para descer os degraus molhados.

O loiro ajoelhou-se ao lado de Hermione. Afastou os cabelos da face límpida e pura. Um filete de sangue escorria da têmpora, marcando uma linha que corria manchando o alvor com o líquido quente, e seguia pelo pescoço. As escoriações, visíveis nos braços nus e nas pernas entrelaçadas, arroxeavam aos poucos. Draco sentiu-se desesperar.

— Hermione... – Ele deu tapinhas na face manchada de vermelho. – Hermione, meu amor, por Morgana, Hermione, acorde...

Nada. O silêncio. O rapaz deitou a cabeça no peito da ex-namorada, apurando os ouvidos. Não conseguia ouvir. Não conseguia ouvir um só batimento.

— Por favor, algum de vocês, ajude-me! – gritou, a voz desvanecendo-se na noite.

Camilla, apressada, começou a correr em direção à amiga. Parou segundos depois, comprimindo o ventre. Gritou. As dores espasmódicas, o desmaio subseqüente. Draco absorveu-se na dor da prima por alguns instantes, mas logo voltou a atenção a Hermione. Lidielle acudiu-a. Experiente, procurou os batimentos no corpo da garota. Nem um som. Procurou sinais vitais. Ela não respirava. Voltou-se para Draco e suspirou. Procurou sinais de vida na criança que a amiga trazia no ventre.

Draco sentiu-se tenso.

Atordoado.

Aquilo era um pesadelo irreal.

Tinha que ser.

Olhou para Lidielle. A morena ergueu o rosto e abanou a cabeça em negação. Era tarde demais.

Oh, if I don't tell you now.
Oh, se eu não te disser agora.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~* Harry/Hermione/Draco *~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Não me matem, por favor!! Isso foi necessário, perdoem-me...

Leitores do meu coração, pelo amor de Rá, Merlin, Deus, Buda e todas as divindades que eu conheço e as que não conheço, comentem!! A fic tá no fim, e agora os comentários são mais importantes ainda!!

Agradeço a Ingrid Teixeira (que suportou a minha demora imensa para postar o capítulo, e comentou, muitíssimo esperançosa... Desculpa, mas o computador tava cheio de problemas), a Aryana Penno Malfoy (cuja fic eu juro que leio, juro mesmo), a Luisa K. Malfoy (que vive comentando... *.* E deixa essa autora aqui muito feliz), a Luisa Malfoy (minha primuxa, que eu espero que leia essa capítulo ^^), a Danny Evans (e seus comentários super-opinantes que me deixam muito orgulhosa da fic), a Naty (que não “comeu comments” dessa vez, e elogiou a fic e criticou-me muuuuito... mesmo sendo minha amiga), a todas as pessoas que eu agradeci nos capítulos anteriores e a todas as pessoas que lêem, e votam, em geral.

Vocês são tudo de bom, galeraaa!! ^^

Thank y’all!!

o/ See ya!! =**

P.S.: Esse é o penúltimo capítulo... E depois do último tem um Epílogo... Portanto, acompanhem, please!

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~* Harry/Hermione/Draco *~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Yeah, vídeo!!

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