O Segredo De Hermione



Capítulo 15
O Segredo de Hermione

'Deve ser exaustivo perder seu próprio jogo
Odiado de forma egoísta
Não é surpresa alguma você estar esgotado
Você não pode bancar a vítima agora. '

Não queria conversar com ninguém. Meu desejo era apenas sofrer sozinha e me isolar de todos. Precisava lamentar toda aquela perda. Meus avós, meus pais, quem seriam os próximos? Rapidamente meus pensamentos correram para encontrar fotos perdidas de lembranças felizes sobre Cedrico, Harry, Hermione e Rony. Isso não podia estar certo. Sentei-me sobre uma pedra. E frente a frente com o lago negro, eu trazia o olhar perdido.
Alguns minutos naquela escuridão, e aos poucos uma chuva fina começava a cair. Fazia bastante frio. Lágrimas frias e desesperadas escorriam pelo meu rosto. Não conseguia evita-las. Era doloroso demais. Ninguém jamais soube o quanto eu chorara pela morte de meus pais. E agora, seria mais uma dor alucinante que jamais se é esquecida ou superada. De repente, uma mão tocou o meu ombro direito. Virei assustada. Um garoto de cabelos castanhos agora molhados pela chuva me encarava com ar preocupado. Era Cedrico. Sentou-se ao meu lado e observou o lago por alguns instantes. Não disse nada. Gostava de ficar assim, quando ficávamos os dois em silêncio e mesmo assim, só percebendo a presença do outro. Não impedi que as lágrimas continuassem caindo. Senti que ele queria me dizer alguma coisa, mas as palavras não saíram.
- Por que, hein? – suspirei, ainda sem olhar para ele – Por que as pessoas que mais amamos são tiradas de nós de um jeito tão... Cruel e injusto?
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto e percebi que ele me fitava. Não disse nada, não porque não queria, mas porque não sabia o que me dizer. E nada do que me dissesse, por mais puro e mais verdadeiro que fosse não mudaria nada.
Então em um gesto lento, ele sentou-se mais próximo de mim e levou o meu rosto para apoiar sobre seu ombro esquerdo. E da forma mais doce, ainda calado, passou seu braço pelas minhas costas e fez um carinho gentil em meu braço descoberto.
- Não precisa dizer mais nada, eu estou aqui, com você. – ele sussurrou.
Ficamos assim até o nascer do Sol, sem se importar com mais nada, e durante as horas que se passaram, insisti para que Cedrico fosse dormir, mas ele não quis, disse que preferia ficar ali, comigo.
As 07h30min, quando nos localizou, Harry desceu correndo os gramados.
- Ei o que é que vocês estão fazendo aqui? – perguntou parando frente à nós e parecendo chocado com a minha aparência.
- Então é mesmo verdade...? – ouvi-o perguntar a Cedrico. Este, apenas assentiu.
Como imaginava Harry também procurou as palavras, mas não encontrou. Permanecemos em silêncio.
- Não se preocupe Harry – falei respondendo a sua pergunta – Eu estou bem.
Harry não se contentou e posso até dizer que percebi uma certa sinalização de Cedrico, mas da qual eles conseguiram disfarçar.
- Vamos tomar café? – perguntou Cedrico.
- Ah, vão vocês, acho que vou ficar aqui mesmo...
- Nada disso... Você precisa se alimentar!
Insistiu tanto que acabou me convencendo. Segui com eles até o Salão Principal. Depois, Cedrico me deixou na mesa com Harry e foi se juntar a da Lufa-Lufa.
Não mexi na comida. Fiquei brincando com o mingau. As aulas daquele dia não foram muito favoráveis, mas uma certa excitação corria pelo castelo devida às votações daquela noite.
Por fim, Rony e Hermione acabaram sabendo do ocorrido, e Harry acabou pedindo a Olívio que não marcasse treino de Quadribol naquele dia.
À noite, na hora marcada, estavam todos na sala comunal. A professora McGonagall chegou e demorou um pouco seu olhar sobre mim, parecendo penalizada. Deu as últimas instruções e começou a votação. Na minha vez, apoiei o pedaço de pergaminho numa mesa e escrevi o nome desejado. Depositei o papel na caixinha, fitei McGonagall e segui para o dormitório em seguida. Encontrei Hermione lá.
Fitamos-nos por algum tempo. Nenhuma das duas parecia contente com os acontecimentos.
- Votei em você! – falei puxando assunto.
- Também votei em você! – respondeu Hermione sorrindo – escuta Mel, eu sei que é uma situação difícil a sua, por que além de ter perdido os pais, agora seus avós, e então...
- O.k., Mione, não se preocupe! – falei, interrompendo-a.
- Eu sei Mel, mas só quero te pedir para que nunca tire o sorriso do seu rosto, viu? Por que você precisa enfrentar a vida e é importante que faça isso sorrindo! Você tem amigos com os quais pode contar!
- Obrigada, Mione! Mas acho que não quero falar sobre isso! – respondi – Quero saber de você! Disse que me contaria o que aconteceu!
- Ah, O.k... Você não esquece mesmo hein?
- Não. Conta o que aconteceu! Por que você terminou com o Rony?
- Ah, não estava mais dando certo, Mel! – respondeu Hermione.
- Mione, você não me engana! Tem algum motivo pra isso!
- Ta... – ela hesitou - A verdade é que não gosto do Rony!
- Não? Como assim não? – estaquei surpresa.
- Não gosto! Sabe, ele foi maravilhoso... mas não posso negar que amo outra pessoa. – explicou.
- Outra pessoa? Quem? – perguntei.
- Ah, não... Deixa pra lá!
- Deixa para lá não… que parte da história eu perdi?
- Ta, mas você tem que jurar que não conta para ninguém!
- Claro que não vou contar né?
- Hum...
- Vamos, Mione! – a impaciência tomava conta de mim e em minha imaginação passavam todos os garotos de Hogwarts, desde Neville até Cedrico.
- Eu gosto do...
- Fala Mione!
- Do Harry! Pronto, falei! – ela pareceu ligeiramente envergonhada.
- Do Harry? – ri - Ah eu já sabia!
- Sabia? Como?
- Sabia desde que vocês brigaram por causa do Rony na França! Aí eu tive certeza, por que eu já desconfiava! Que gracinha! – respondi dando um largo sorriso e apertando levemente as bochechas coradas dela.
- Hum... Desculpe então, Srta. gênio! – brincou Hermione.
- Gênio não... Você poderia ser mais discreta!
- O quê? – ela pareceu horrorizada ao imaginar se Harry suspeitara de alguma coisa.
- Não... Eu que sou gênio, esqueceu? – ri.
- Ah, não sei mais nada então... – ela parecia muito confusa – Mas tem que me prometer que não vai contar a ele!
- Juro... Mas, Ah, nem umas indiretas? – pensei – Se bem que do jeito que ele é, nem se eu fosse direta ele iria entender!
- Nem pense nisso! – falou em tom ameaçador.
- Ah, o.k. não está mais aqui quem falou! – fiz uma cara triste.
- Posso te perguntar uma coisa?
- Claro...
- Mel, você está gostando do Cedrico, não está?
- Eu... O quê? – tinha uma expressão incrédula.
- É... Você gosta dele não gosta?
- Eu... – hesitei, ainda estava perplexa com a questão - Não! É claro que não! Entenda uma coisa, Mione, eu e o Ced nunca poderemos ter alguma coisa, por que nós somos amigos demais, então... Não ia dar certo, pois eu correria o risco de perder a amizade dele... – expliquei.
- Para quem não sente absolutamente nada, você não está tendo muito sucesso em me convencer! Mas, é... Por um lado você tá certa, mas por outro eu discordo!
- Discorda? Por quê?
- Bom... Eu vou te responder com outra pergunta... E por que, além da grande amizade que vocês têm, vocês não poderiam tentar algo mais?
- Hum...- pensei um pouco – Porque ele não sente nada por mim, exceto amizade! – suspirei vitoriosa.
- E como pode ter tanta certeza disso? – perguntou.
- Ah, eu simplesmente sei... Eu ainda continuo sendo o gênio por aqui, não é? – ri, mas voltei à questão – Não acha que ele demonstraria se sentisse algo a mais?
- Hum... Não sei. Por que você não demonstra? – ela perguntou ansiosa.
- Hum... Porque eu não tenho certeza de que eu sinta alguma coisa para demonstrar!
- Ah, besteira!
Eu dei uma gargalhada gostosa da expressão incrédula dela.
- Mione? – chamei.
- Sim?
- Por que você não demonstra para o Harry?
- Por que eu corro risco de perder a amizade dele! – demos risada – E também não acho que ele sinta alguma coisa por mim...
- Ah, então... Estamos na mesma situação... só que você não tem certeza sobre os sentimentos do Harry e eu sei que o que existe entre mim e o Cedrico é apenas amizade!
- Ah, eu duvido! – afirmou Hermione.
Continuamos conversando por algum tempo e só paramos quando Harry entrou no quarto.
- Harry? O que você tá fazendo aqui?! – perguntei.
- Nada não... Só queria conversar com alguém! – ele riu sozinho.
Olhei para Hermione com uma expressão engraçada e ela deu risada de Harry.
- Ei, em quem vocês votaram? – perguntou ele.
Olhei novamente para Hermione e as duas caíram na risada.
- Escuta! O que vocês têm hoje? Por acaso tem alguma coisa de errado comigo? – perguntou Harry examinando seu corpo.
- Desculpe Harry! – respondi – Mas é que agora a pouco estávamos falando sobre você!
Hermione me fuzilou com o olhar. Harry corou.
- Sobre mim? – ele pareceu temer o que ouviria em seguida – O quê, exatamente?
Após um minuto de silêncio, fitando os presentes, falei:
- Você realmente acredita que vamos te contar? – tinha um tom de malícia na minha voz, mas Hermione pareceu aliviada.
- Hum... sim. – ele respondeu mirando Hermione como se quisesse arrancar algo dela, visto que era impossível obter sucesso quanto a mim.
- Ah, então pode esquecer, Harry! – sorri.
Ele não pareceu tão feliz com a resposta, ma ignorou os olhares entre as duas.
- Então, será que alguma das duas vai responder a minha pergunta? – perguntou Harry.
- Nossa, que bravo! – afirmei rindo – Eu vou responder a sua pergunta, Harry! Eu votei na Mione...
- E eu votei na Mel! – afirmou Hermione – E você Harry?
- Ah... Eu... Mione não fica brava não... Mas eu votei na Mel! – respondeu Harry um pouco corado.
- Ah, sem problemas Harry! E também nem estava a fim de participar deste grêmio!
- Mas isso não significa que você perdeu! – respondi.
Harry pareceu mais feliz com a minha resposta.
Continuamos a discussão até Harry resolver ir embora, por que as meninas já iam subindo para o dormitório e se o pegassem lá, ia tudo por água abaixo.
Aquele não tinha sido um dia ruim, apesar de tudo. Descobrira que Hermione gosta de Harry e convenhamos que, isso é um segredo nosso, mas acho que Harry também gosta dela. Mas isso é segredo absoluto.
Acordei cedo no dia seguinte, e para minha surpresa Hermione também acordou junto comigo.
Troquei de roupa e fui até o espelho, arrumar meu cabelo.
- Ah, Mel! Seu cabelo é tão lindo! Sabe? É enrolado, em um tom louro com mechas douradas... Parece que é impossível existir um igual! É perfeito! – disse Hermione mexendo no meu cabelo.
- Ah, não exagera, Mione! O seu também é...
- Não é! O meu é rebelde! – ela riu.
- Não é isso... O seu cabelo é diferente do meu, cada um tem uma característica e sendo assim, cada um tem o seu charme! – respondi – Por isso, seu cabelo é bonito do jeito que é!
- Ah, obrigada! – respondeu ela corando.
Hermione parecia mais feliz em poder me animar. Ficamos horas nos fitando no espelho enquanto eu fazia um rabo alto, e ela se preparava para trançar os longos fios.
Assim, descemos até o salão para tomar café. Cruzei o portal ao lado de Melanie. Também tinha os cabelos presos num rabo, deixando a tatuagem à mostra. Quando a olhei de perto, me surpreendi ao imaginar já ter visto aquela tatuagem em algum lugar. Ela me olhou com desprezo e eu, sustentei o olhar. Sentei-me ao lado de Harry. Rony e Hermione já pareciam estar normais para o alívio de Harry. Tomamos café conversando sobre as notícias do jornal. Entre elas, a terrível morte de meus avós, o que evitaram comentar.
Olívio resolvera marcar treino de Quadribol à tarde, já que tínhamos um tempo livre. Fora muito bom. Estava com saudades do Quadribol já. A única diferença foi que treinei normal e voltei a conversar com Olívio Wood. Para meu alívio, ele parecera mudar suas atitudes e reconhecera que não tinha sido muito educado em nossa última conversa. Era uma boa pessoa acima de tudo.
Fiz dez dos quinze gols. O resto deixei para Angelina e Cátia Bell. Tínhamos que treinar bastante, afinal, o nosso próximo jogo seria contra a Sonserina. Não poderíamos perder. O jogo estava longe, mas não economizamos nos treinos.
Sentei-me no salão, e jantei normal. Dumbledore já se levantara após o término do jantar e parecia trazer as novidades do grêmio. Tinha uma aparência misteriosa.
- Bem, como todos sabem... Tivemos a votação ontem e por incrível que pareça, tivemos apenas três concorrentes mais votados. Dentre estes, dois da Grifinória, que houve um empate e iremos escolher agora, e um da Sonserina!
Houve um murmúrio inquietante nas mesas.
“Bem, como resultado, temos um empate, e decidiremos agora pelos jurados! As duas concorrentes da Grifinória foram a Srta. Parvati Patil – houve uma vaia ao soar o nome - e a Srta. Melissa Bittencourt – houve vários aplausos e algumas vaias da parte dos alunos da Sonserina”.
A minha reação não fora a que eu esperava. Como poderia ter sido eu? Harry me abraçou e me deu os parabéns seguidos por Hermione e Rony.
“Bem, antes de anunciar o concorrente da Sonserina, vou anunciar o que os jurados decidiram e vocês me dirão se concordam ou não! Gostaria que as Srtas. se apresentassem aqui à frente.”
Levantei-me e segui para frente com Parvati que não parecia nada feliz em saber que tinha uma concorrente.
- Os jurados decidiram que a aluna que corresponde mais as características exigidas para o cargo, é a Srta. Bittencourt!
Os alunos da Grifinória levantaram e aplaudiram. Parvati parecia sinceramente irritada com o resultado.
Permaneci intacta na frente. Não podia acreditar. Olhei para Dumbledore e este me retribuiu com um sorriso seguido por uma piscadela.
- Bem, creio que a Srta. poderá comemorar mais tarde, agora anunciarei a próxima concorrente que coincidentemente também é uma menina! – continuou Dumbledore – A concorrente da Sonserina é a Srta. Melanie Addam.
Houve um surto na mesa da Sonserina. Todos gritavam e batiam nas mesas.
Era assim? Minha concorrente seria ninguém menos do que Melanie Addam? Ela me encarou com um sorriso triunfante no rosto. Não sei se aquela notícia me chocara ou coisa e tal. Mas sendo assim, poderia enfrentar Melanie. Teria uma justificativa para investigá-la.
- Agora, peço que as duas, uma de cada vez, escolha quatro pessoas para ajudá-las! Queira nos dar a honra, Srta. Bittencourt! – pediu Dumbledore.
- Bem, eu escolho... Hermione Granger, Harry Potter, Rony Weasley e Cedrico Diggory! – respondi observando Dumbledore. Este pareceu ligeiramente animado com as escolhas. Se olhasse atentamente, perceberia que os quatro pareceram um pouco chocados.
Melanie cochichou baixinho:
- Isso é tudo o que você pode oferecer? Que pena, pois se prepare para perder, porque com essas pessoas... Hum...
- Algum problema Srta. Addam? – perguntou Dumbledore, percebendo a conversa.
- Não, não senhor!
- Então é a sua vez de escolher!
Melanie convidou a sua “gangue”, que incluía Malfoy. Dumbledore deu as últimas instruções e todos deixaram o salão principal.

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