Nada É Para Sempre



Capítulo 6
Nada É Para Sempre


Estava caminhando por uma rua escura e sem asfalto. Avistei um vulto a minha frente. Na verdade eram duas pessoas, que pareciam estar duelando.
- Mate-o! – ordenou uma voz fria que vinha de muito longe.
O vulto que parecia ser mais baixo que o outro, caminhou em direção a este. Neste momento a luz de um poste reluziu fracamente no vulto mais alto e eu pude reconhecer quem era. Cedrico Diggory.
- AVADA KEDAVRA! – gritou o mais baixo.
Cedrico caiu duro no chão.
- NÃOOOOOOOOOOOO! – gritei.

- Calma, Mel! O que aconteceu? – perguntou Hermione parecendo assustada.
- Tive um pesadelo horrível! – respondi ainda arfando.
Estava suando. Respirava rapidamente. Antes, os pressentimentos, agora, os sonhos. O que estaria prestes a acontecer? Estava começando a ficar preocupada.
Deixei Hermione dormindo e desci para a sala comunal da Grifinória. Eram 02h40minh da manhã, tinha certeza de que não conseguiria mais dormir. Acomodei-me na poltrona frente à lareira, e recomecei a pensar. Por que eu tinha que ficar preocupada logo agora que estava vivendo o momento mais feliz de minha vida? Afinal estava com Olívio Wood!
Mas tudo aquilo tinha um significado. Ninguém poderia penetrar em minha mente, afinal aprendi Oclumência em Beauxbatons. Precisava pensar. Estava muito preocupada. Mas por que o sonho seria justamente com o Ced? Não tinha sentido.
- Mel? O que você está fazendo acordada à esta hora? – perguntou Harry que descia as escadas lentamente.
- Hã? Ah... Nada... Só perdi o sono... – respondi – E você?
- Ah... O mesmo motivo...
- Sabe Harry? Lembra quando eu te contei sobre os pressentimentos?
- Lembro claro! O que aconteceu? Pressentimentos outra vez? – perguntou Harry.
- Não... Desta vez foi um sonho... Um sonho horrível! – eu não era a única preocupada agora.
- Que sonho? O que aconteceu?
- Foi assim... Eu estava andando por uma rua escura... Aí eu vi dois vultos, e uma voz disse para alguém matar um dos dois... Aí quando a luz refletiu no rosto do que acabara de morrer, eu vi que era o Cedrico... – narrei exatamente como havia sonhado – Harry, você acha que alguma coisa pode acontecer?
- Não sei, Mel... Isso só o tempo poderá nos dizer! Mas não fica pensando nisso não, O.k.? Curte o momento... Você não está com o Olívio? Então... Mas não comenta sobre isso com ninguém OK? – Harry não deixou de demonstrar preocupação.
- Não... Pode deixar... Não vou falar com ninguém sobre isso!
Passamos alguns minutos em silêncio até que Harry resolveu quebrá-lo.
- Mel! Você sabe como anda o namoro da Hermione com o Rony?
- Ah, pelo que eu saiba, eles estão bem sim... Mas por quê? – perguntei.
- Ah não nada... Ah deixa pra lá! Ela não me conta mais nada! – falou Harry com uma expressão de tristeza.
- É normal, Harry! Afinal ela está curtindo ficar com o Rony e... Mas você também precisa arrumar uma namorada, não Harry?
- Pra quê? Quem eu-quero-não-me-quer...
- O quê? – perguntei, confusa.
- Deixa pra lá!
Tinha certeza de que ouvira certo. Mas quem seria a garota que Harry gostava? Bom, como imaginava, nem eu, nem Harry conseguimos dormir. Ficamos jogando xadrez de bruxo até o amanhecer, depois descemos para o Salão Principal, onde Rony e Hermione não se desgrudavam mais.
- E aí, Mel? Fiquei sabendo que você está dando ‘uns pegas’ no Olívio! – afirmou Fred não deixando de expressar uma das suas singelas risadinhas – Vocês já se encontraram?
- Não... – respondi sinceramente.
Reparei que algumas garotas no café da manhã, ao passarem por mim, cochichavam algo e faziam cara feia.
Observei Olívio sentar-se na mesa com os colegas. Tinha alguma coisa errada ali. Resolvi esquecer, porque conheço bem os homens!
Terminei o café e rumei sozinha para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. O professor Moody era um cara esquisito. Sentei-me sozinha e fitei o professor. O sonho não saía de minha cabeça, mas outra coisa que também ocupava espaço nela era alguém chamado Olívio Wood. Por que será que ele nem me procurara naquela manhã?
- Bom, hoje irei falar com vocês sobre as três Maldições Imperdoáveis! – começou o professor Moody – Quem poderia me dar uma explicação básica sobre as três?
O professor nem acabara de perguntar e a mão de Hermione já estava no ar. Mas ela não foi a única que levantou a mão, eu também havia feito isso.
- Muito bem, Srta. Granger, vamos deixar a Srta. Bittencourt hoje, OK? – falou o professor.
Hermione parecia não ter gostado muito da idéia.
- Bom, dentre as três Maldições Imperdoáveis temos a Maldição Imperius. – comecei utilizar as minhas aprendizagens de Beauxbatons – Esta maldição é usada para controlar pessoas e as mandarem fazer coisas, digamos, não muito amigáveis! Isto é, a pessoa não tem consciência do que está fazendo, pois está dominada pela maldição. A Segunda é a Maldição Cruciatus. Esta é a maldição da tortura. Faz com que as pessoas sofram da pior maneira. E a terceira e última é a Maldição Avada Kedavra. – ao citar o nome ouve alguns murmúrios na classe – É a maldição da morte. Uma maneira rápida e indolor, porém é totalmente ilegal!
- Muito bem Srta. Bittencourt, não poderia ter explicação melhor! 25 pontos a mais para a Grifinória! Analisou muito bem, e admiro o seu ponto de vista sobre a última maldição! Você tem razão, qualquer uma das três é totalmente ilegal! – analisou Moody com um largo sorriso no rosto.
Hermione pareceu não ter gostado muito da idéia de não ser a única a saber a resposta. Mas depois esqueceu.
Segunda aula: Poções.
- Não admito conversas nesta aula, quero todos trabalhando e tenho uma surpresinha para vocês! Prova agora! – falou secamente Severo Snape – Quero que preparem uma poção para me entregar no fim da aula! E sem conversas, Weasley! – Rony acabara de perguntar a Hermione os ingredientes de cada poção.
Ninguém deu um pio na aula, apenas pegamos os nossos caldeirões e esperamos para começar.
- Não quero saber de mais nada! Quero que preparem Amortentia, coloquem em um frasco e me entreguem até o final desta aula! Sem mais perguntas, comecem! – ordenou Snape.
Amortentia? Ele queria que preparássemos Amortentia? Sorte que lembrava todos os ingredientes. Rony parecia preocupadissímo em colar de Hermione.
45 minutos após, eu já havia terminado, e graças a Deus a poção atingira a coloração pedida. Snape estava de olho em mim desde o começo da aula. Peguei dois frascos e coloquei-os sobre a bancada. Enchi os dois com a poção. Coloquei um no bolso e outro levei na mão para Snape. Ele havia feito o que pensava. Derrubou “acidentalmente” o frasquinho que eu lhe entregara com a poção no chão, e na mesma hora esvaziou o meu caldeirão. Dessa vez foi você quem perdeu Snape.
- Ah, mas que problema, não Srta.? Não terá mais tempo para fazer outra! – afirmou Snape.
- Ah, não tem problema, professor! Ainda bem que eu me preveni e trouxe outro junto! – mostrei o outro frasquinho que acabara de tirar do bolso.
Coloquei-o sobre a mesa, e encarei Severo Snape por algum momento. Ele tinha ficado com a cara no chão. Definitivamente furioso com a minha audácia e genialidade.
- Opa! Não vai derrubar de novo, não é? – segurei o frasquinho quando ele tentou outra vez derrubá-lo da mesa.
Tinha certeza de que se Severo Snape já me odiava antes, agora, ele não teria nenhuma pena. Tinha que estar atenta.
Saí da sala. O resto do dia não tinha sido muito favorável, mas...
- Oi, Mel! – falou Cedrico ao se encontrar comigo no corredor.
- Oi, Ced!
- Ah, Mel… será que eu posso falar com você depois? – perguntou Cedrico.
- Claro... Pode ser depois do jantar?
- Ótimo... Te encontro no saguão depois do jantar.. Tenho que te contar uma coisa que aconteceu! - Cedrico não parecia muito feliz com a tal conversa. O que será que aconteceu?
Fui jantar ainda com minhas dúvidas. Outra coisa que não parava de pensar era em Wood. Por que será que ele não viera me procurar? Talvez seja porque está meio ocupado. É... Deve ser isso.
- Mel? Mel? MEL! – chamou Harry.
- Hã?
- Que você tem?
- Hã? Ah nada!
- Eu te conheço! Alguma coisa aconteceu!
- Não... Sério! Eu estou bem...
- Ow... O que aconteceu com o Cedrico?
- Por quê?
- Ele disse pra mim que tem que te conta uma coisa muito séria! E ele não tira os olhos de você desde que chegamos aqui!... Parece meio... Triste. – olhei para a mesa da Lufa-Lufa, onde meus olhos logo encontraram os de Cedrico. Tentei entender o que se passava, mas ele quebrou a ligação com os meus olhos rapidamente.
- Sério? Será alguma coisa com a Cho? – perguntei, voltando-me para Harry – Ele disse que quer conversar comigo depois do jantar! Será que aconteceu alguma coisa?
- Se aconteceu... Pela cara dele, não espere que seja alguma coisa boa! Não com a Cho não é... Porque hoje à tarde os dois estavam no maior clima...
- Ah... Então eu vou saber quando ele for contar né? Vamos ver...
- É...
Terminei de jantar e segui para o saguão. Parei no portal. Cedrico ao meu lado. Lágrimas vieram a meus olhos enquanto eu observava a cena. Olívio Wood beijando Alicia Spinnet no meio do saguão de entrada.
- Olívio – minha voz falhou.
Ao meu lado a respiração de Cedrico parecia parada. Certifiquei-me que continuava vivo.
Olívio me encarou, parecendo preocupado.
- Eu... Não é nada... – tentou argumentar.
Suspirei. Meus olhos fecharam automaticamente como se esperassem fugir de qualquer realidade.
Em seguida me virei e desci para o jardim. Já escurecia.
Sentei-me no chão. As lágrimas rolando pelo meu rosto. Cedrico apareceu após algum tempo, mas posso jurar que ele estava esperando, apenas me observando. Ele parecia preocupado.
- Não se preocupe, Ced.
- Não posso não me preocupar!
- Eu estou bem.
Não dissemos mais nenhuma palavra. Apenas silêncio.
- Era isso que queria conversar? – perguntei depois de algum tempo.
- Era.
- Obrigada, Ced.
- Pelo quê?
- Por não esconder de mim.
Ele não pareceu nem um pouco contente.
- Você gostava muito dele não é?
- Acho que sim...! – deixei uma lágrima rolar e ele fez uma tentativa de me abraçar, mas eu o empurrei – Eu... Ced, eu agradeço por isso, mas eu preciso ficar sozinha! A gente se vê...
- Mel! Mel! MEL! Espera!
Cedrico chamou em vão. Como ele poderia ter feito isso comigo? Realmente, eu não conhecia nada sobre homens! Entrei no castelo correndo. Passei rápido por Hermione, Rony e Olívio. O desgraçado estava lá ainda. Não conseguia expressar a minha raiva, só conseguia chorar. Não falei com ninguém, apenas subi direto para o dormitório. Não podia ficar na sala comunal, afinal, a qualquer hora apareceria um intrometido perguntando o que acontecera. Deitei na cama e comecei a chorar.
Estava explicado o porquê de Olívio não me procurar. Mas por que ele havia feito isso comigo? Justo agora que as coisas pareciam melhorar! Não sei o que é pior. Eu tinha pensado que seria para sempre. Ilusão. Afinal, nada dura para sempre. Afundei meu rosto no travesseiro e o fluxo de choro pareceu aumentar gradativamente.

'Não compre as promessas
Porque eu não as cumpro.
...e minha reflexão me incomoda.'

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