Duelo



Capítulo 23
Duelo

'Eu não encontrei a ocasião
Para dar um beijo de despedida na sua mão.'

Fiquei refletindo sobre o que Harry acabara de me contar. Fitei Melanie por um instante. De repente, um estalo. Como não descobrira isso antes? Levantei da mesa num salto. Aquilo era a coisa mais óbvia que existia. Cedrico não se encontrava na mesa da Lufa-Lufa. Lembrei-me do treino que citara no dia anterior.
Desci ao campo de Quadribol. O treino já chegara ao fim. Entrei que nem desesperada no vestiário. Cedrico se encontrava sozinho e sem camisa. (dispenso comentários... se você que estiver lendo se atrever a imaginar esta cena... você está definitivamente encrencado/a!).
A reação dele não foi diferente da que eu esperava.
- Mel? O que foi? – perguntou ele vestindo a camisa lentamente.
- É... – tomei fôlego, afinal não é todo dia que se vê um físico desses! – Descobri uma coisa óbvia!
- Ah... Já sei... Que você me ama! – chutou Cedrico, me abraçando.
- A Ced... Isso eu já descobri faz tempo... Pára de gracinhas...
- O.k... Senta aqui então... – ele apontou o banco no vestiário.
- A Melanie é Comensal da Morte!
- Ta, Mel.... Não precisa viajar tanto também né?
- Não estou viajando Ced... Olha só... Você já reparou na tatuagem que ela tem no pescoço?
- Claro que eu já vi... Ela não faz questão nenhuma de esconder...
- Então... Aquilo é a marca dos Comensais!
- Mel... A marca dos Comensais é no braço...
- Mas a dela é diferente e eu vou descobrir o porquê! Ced... Se você não acreditar em mim... Quem vai?
- O.k. Mel... Eu acredito em você... Só que é tudo muito estranho...
- Estranho até eu te provar que tudo pode acontecer em Hogwarts...
Saímos do vestiário e fomos direto para o salão principal. Sem saber que aquela descoberta, mudaria os nossos destinos.
- Ora, ora, ora... Vejam quem resolveu aparecer! – era Malfoy.
- Eu faria melhor uso da sua inteligência se eu fosse você... Como por exemplo, para descobrir quem são as verdadeiras pessoas ao seu lado! – respondi secamente.
- E o que você quer dizer com isso? – perguntou Malfoy.
- Preste atenção... Se a carapuça serviu... Então vista-a!
- Ah, cala essa sua boca sua nojenta, sangue-ruim...
- Eu se fosse você pensaria duas vezes antes de dizer alguma coisa...
- Não dirija a palavra a mim, Bittencourt! Não falo com ralés... Sangues-ruins...
- Eu dirijo a palavra a quem eu quiser... E não será você quem irá me impedir! Saia da minha frente, Malfoy... Tenho mais o que fazer! E também acho que você está perdendo tempo aqui... Você não tem que ser bonzinho pra com a sua dona? Como é mesmo o nome dela? Hum... – pensei um momento – É Melanie Addam não é?
- Cala essa sua boca, sangue-sujo!
- Opa... Ouvi meu nome? – era Melanie quem acabara de chegar – Se eu fosse você Melissa. Não usaria o nome de quem você não conhece em vão!
- E quem disse que eu não conheço? Muito pelo contrário... Conheço meus inimigos como a palma da minha própria mão! – indaguei.
- Hum... Será mesmo que você conhece? É o que iremos ver daqui a alguns dias... – vi seu olhar faiscar.
E dizendo isso Melanie se retirou com ar de superioridade. Fiquei fitando-a enquanto ela saía. Tinha alguma coisa errada ali. “Daqui a alguns dias?”, o que ela queria dizer com aquilo?
Melanie estava aprontando de novo. Mas dessa vez, eu iria atrapalhá-la. De qualquer maneira.
Dois tempos de poções. Era o que eu esperava. Estava bom demais para ser verdade.
- Estou com o resultado do Grêmio Estudantil aqui... Dumbledore pediu que eu lhes comunicasse a vencedora! – Snape parecia mais frio e calculista do que a última vez que foi visto.
- Então o Grêmio acabou e eu nem fiquei sabendo? – perguntei a Hermione baixinho.
- Bom... O Grêmio fora cancelado devido a alguns acontecimentos recentes...
- E pode me dizer em quê eles se basearam, exatamente? – perguntei, surpresa.
- Então, professor... Diga-nos quem é a vencedora! – era Melanie e parecia já comemorar a sua vitória com um largo sorriso no rosto.
- Bem... A vencedora do Grêmio Estudantil é... A srta – Snape pareceu esperar um pouco – Melanie Addam!
- O QUÊ? – era Harry – Isso é impossível!
Pareci me conformar. Aquilo não era hora de se pensar em Grêmio. Mas, com a vitória, Melanie estaria cada vez pior. Levantei-me para protestar com o resultado, mas desisti, sentei-me novamente.
- Mel... O que está acontecendo? Você vai deixar essa injustiça acontecer? – aquelas palavras ditas por Harry ecoavam em minha cabeça.
- Eu... Não posso fazer nada, Harry!
- Claro que pode! Vamos brigar para que justiça seja feita!
- ISSO É UMA FRAUDE! VOCÊ ROUBOU PARA ELA, SNAPE! – era Rony quem protestava dessa vez.
- Cala essa sua boca, Weasley! Não permiti que me dirigisse a palavra! – Snape falava seus lábios crispando a cada palavra dita.
- Espera um pouco, professor! O Senhor não deu ordem para protestar... Mas os alunos têm direitos aqui dentro! Não é porque o Senhor é professor que pode tirar os direitos dos alunos! – falei.
- E quem é a Srta. para falar alguma coisa? Quem é a Srta. para me explicar quais são os direitos aqui dentro?
Fitei Snape friamente. Não piscava. A classe estava totalmente em silêncio.
- Eu acho que não seria tola de me mudar pra uma escola antes de consultar as suas regras! E outra! Vim de Beauxbatons... Ou você acha realmente que os direitos daqui são diferentes de lá? – tinha levantado e falava em alto e bom tom.
- Com licença, Severo! O que está acontecendo aqui? – era Dumbledore quem perguntava.
- Acontece que a aluna Melissa Bittencourt está desacatando a ordem aqui! – explicou Snape.
- Espera um pouco... Será que ouvi direito? Não estou desacatando a ordem nenhuma! Estou APENAS exigindo meus direitos!
- GOSTARIA DE SABER QUAIS SÃO OS DIREITOS AOS QUAIS A SRTA. SE REFERE.... – Snape gritava.
- Acho que baixar a voz seria prudente, Severo... – Dumbledore pedia.
- O direito de manifestar sobre a injustiça que foi feita nesse Grêmio! Ou você acha realmente que eu não estive presente em todas as reuniões e não sei que Melanie perdeu muitos pontos?
- Eu acho que a srta deveria fechar um pouco a boca e...
- NÃO ME PEÇA PARA FECHAR A BOCA! – gritei fazendo todos me olharem com uma expressão de desaprovação – Não me peça porque não vou fazê-lo! Gostaria de saber qual é o problema do Senhor comigo, professor! Afinal... Desde que cheguei, notei as intenções do senhor! Vive querendo me encrencar... Vive querendo me dar nota baixa... Vive tentando quebrar o vidro de poção que eu fiz, só porque ela era suficiente para provar o quanto eu era boa!...
- Isso que a aluna está dizendo é verdade, Severo? – perguntou Dumbledore.
- Claro que não... Não pode acreditar numa simples menina de desesseis anos... – falou Snape.
- Você é falso! Todos pensam que você é uma coisa que não é! E eu vou te desmascarar na frente de todos aqui...
- Isso é uma ameaça, mocinha?
- Seja o que você quiser! Não se finja de indiferente! Não para mim! Eu posso ter cara de idiota, mas não sou nada disto!
- Ah, mas idiota você não é mesmo... Porque assim não saberia conjurar as três...
- Severo... Já chega! – interrompeu Dumbledore que parecia muito irritado.
- A Srta. tem uma detenção comigo na próxima Quarta! – falou Snape.
- Não se preocupe... Se eu estiver viva até lá... Eu comparecerei! – falei com sarcasmo.
- O que a srta. quer dizer com isso Melissa? – perguntou Dumbledore.
- O que quiserem entender... Afinal... Não é todo mundo que perde os pais, avós e empregados no mesmo ano! Então... Não ficaria surpresa se amanhã eu aparecesse morta...
- Por favor, srta... Não diga uma coisa dessas! – pediu Dumbledore.
- Só estou dizendo a verdade professor... Agora, se me permite... Vou me retirar dessa aula! – informei.
- Não fará falta alguma... – era Melanie.
- Já chega srta. Addam! – Dumbledore se retirou atrás de mim.
Dumbledore preferiu me deixar quieta por enquanto. Uma raiva não sentida há muito tempo, tomava conta de mim.
- Srta... Sei que prefere não conversar agora, mas chegou uma carta endereçada a você... – Dumbledore entregou-me um pequeno envelope azul.
Em seguida, retirou-se. Quem me mandaria um envelope, se estava sozinha agora? Aquele tipo de envelope só poderia ser de um lugar: Beauxbatons.

Mel...
Como você está? Espero que esteja tudo bem aí... Fiquei sabendo da morte dos seus avós... Fiquei muito triste com isso...
Mas, você irá superar tudo isso, eu sei.
Estou aqui, não para falar sobre esse assunto... Mas... Madame Maxime exige a sua volta imediata para Beauxbatons!
Precisamos imensamente da sua força de vontade. Só você poderá resolver o problema.
Por favor, nos envie a resposta até hoje.
Obrigada
Saudades...
Natalie Landgraff

Uma carta de Beauxbatons. Um pedido. Natalie era a minha melhor amiga lá. Sentia sua falta. Mas qual seria esse problema sério? Fiquei mais uma vez perdida em meus pensamentos.
Desci até o salão principal a fim de escrever a resposta.
- Você está certa do que vai fazer? – era Dumbledore.
- O senhor sabe... Hum... Do que se trata? – perguntei.
- Eu realmente sei o que eu está havendo em Beauxbatons...
- Então... Diga-me o que é, antes que eu possa responder...
- Não posso, Melissa! Esse é um assunto de Beauxbatons... Só você poderá descobrir!
- Mas, por que eu? Por que só eu posso resolver esse problema? – perguntei.
- Porque você é a única aluna de Beauxbatons que tem aprendizagem suficiente para resolvê-lo...!
- Mas, como, se eu cresci junto com todas elas e aprendi as mesmas coisas?
- É aí que Madame Maxime errou com você...
- Não estou entendendo professor...
- Quando você tinha cinco anos, Melissa... – o diretor sentou-se ao meu lado – Você foi estudar em uma escola antiga de Magia e Bruxaria... Só que não era Beauxbatons. Você foi estudar na melhor escola de Magia do mundo naquela época. Seus pais a mandaram para lá quando souberam do seu Dom. Só que você aprendia naquela escola por uma maneira “um pouco” forçada...
- O senhor quer dizer que ou você aprendia por bem ou aprendia por mal? – estava em choque.
- É exatamente isso... E aquela escola foi fechada pelo Ministério da Magia quando você ainda estudava lá. E então, o ministro daquela época instruiu que todos os alunos se mudassem para Beauxbatons, Durmstrang ou Hogwarts. E por achar mais perto, seus pais resolveram te mandar para Beauxbatons. Só que algumas coisas “estranhas” foram sendo percebidas de acordo com os anos que se passaram...
- Não estou entendendo aonde o senhor quer chegar, professor...
- Esses pressentimentos que você tem... Os sonhos... Não são por acaso! Você aprendeu coisa que não deveria naquela escola! – aquela conversa me deixara cada vez mais confusa – Por isso tem um dom que ninguém mais tem...
- Então... Esses pressentimentos e sonhos vão acontecer? – a resposta para a pergunta mais temida estava ali.
- É aí que está... Isso não significa que todos os pressentimentos possam acontecer... Mas, também não pode significar que não aconteçam... – Dumbledore estava com medo da minha reação – Mas eu peço que você se mantenha tranqüila... E não se preocupe com isso!
- Isso que o senhor está me pedindo... Para não me preocupar... É meio impossível... Mas, eu só espero que nenhum desses sonhos aconteça... Porque são com as pessoas que mais amo... – tinha a voz trêmula – Senhor... Será que posso ir à Beauxbatons neste fim de semana para resolver isso?
- Não lhe prometo nada... Estamos em tempos difíceis, Melissa... O dia de amanhã pode não existir...
- Tudo bem, professor... Mas acho que estará tudo bem por aqui, até o fim de semana... – resmunguei.
Dumbledore não respondeu. Ficou me fitando por um tempo e depois ergueu os olhos para o teto iluminado pela clara luz do dia. Tinha uma expressão de que sabia que algo aconteceria em breve. Mas, de algum modo, ele não era o único a ter aquela certeza..

Natalie...
Apesar dos acontecidos, estou bem...
Já sei de toda a história que Madame Maxime deveria ter me contado... Não me sinto muito bem quanto à isso.... Mas, tentarei aparecer aí no fim de semana...
Não é certeza... Ultimamente não podemos dar certeza de nada...
Saudades
Melissa Bittencourt

Pedi a coruja de Harry emprestada para enviar a carta até a França. Dumbledore previa algo. E era algo sério. Acho que todo mundo imagina uma coisa algum dia. Todos param pra pensar como será o seu verdadeiro fim. Será que, a pessoa que você ama de verdade, é a pessoa certa?
Sentada ali, na mesa da Grifinória, dei uma olhada geral. O Salão Principal era algo temeroso, principalmente nos dias chuvosos.
- Mel! Te achei.... Finalmente! – era Harry quem chegava juntamente com Cedrico.
- Oi... O que aconteceu? – perguntei fitando os dois que sentavam na minha frente.
- Um bilhete...
- Que bilhete?
- Olha... Lê... – Harry entregou-me um pedaço de pergaminho escrito em vermelho.

Harry Potter, Melissa Bittencourt e Cedrico Diggory,
Espero os senhores, sem a presença furtiva de Alvo Dumbledore, as 20h00min do dia de amanhã, na floresta proibida.
Não furem. Do contrário, nem imaginem o que acontecerá.
Lord Voldemort
PS: compareçam sozinhos... Se tiverem coragem...

- Então ele acha que não temos coragem o suficiente? – perguntei.
- Mel... Isso é sério! – afirmou Harry – A Hermione vai me matar quando souber disso!
- Ela não vai te matar, Harry... Ela vai compreender... – afirmei.
- Só porque estava tudo muito bom pro meu lado... Estava feliz com Hermione... – Harry fez uma cara de tristeza.
Olhei Cedrico. Ele sabia o que estaria para acontecer. Não aprecia muito feliz com isso.
- Harry, você sabe que não pode fugir desse duelo... Uma hora ou outra isso iria acontecer! Mas, quem disse que a gente vai perder? Nós temos condições sim de vencer essa luta! – falei.
- Nós não... Porque você não vai... – afirmou Cedrico.
- O quê? Como assim eu não vou? É claro que eu vou... Eu preciso!
- Eu não vou te deixar ir assim...
- Ced, você sabe que preciso ir... E outra... Eu posso sentir a nossa vitória! – não sentia nada, mas... - Ced, nada vai acontecer o.k.? Nós destruiremos Voldemort e voltaremos a ter a vida que temos!
- Concordo com a Srta. Bittercourt! – Dumbledore atravessava o portal – Vocês não vão dar pra trás agora, vão?
- Claro que não – responderam Cedrico e Harry juntos.
- Então está decidido! Lutaremos até a morte contra Voldemort... E logo voltaremos... – afirmei com certeza.
Harry saiu com Dumbledore, a fim de encontrar Hermione. Fitei Cedrico na minha frente. Ele parecia triste.


'Eu gostaria de poder vê-lo novamente
Eu sei que não posso.'

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