Fim De Algumas Vidas
Capítulo 22
Fim de Algumas Vidas
'Don't let this magic dies
The answer's there
Just look in her eyes.'
Peguei o vestido que estava guardado, escondido do olhar de todos. Era de tom vermelho-sangue e continha algumas pedras que ofuscavam ao brilho de luz. Lembrava exatamente daquele vestido. Havia ganhado de minha avó no começo do ano. Até parece que ela previra o futuro. Na noite em que me dera o lindo vestido disse-me: “Você usará esse vestido numa ocasião especial...”. No fundo, acho que ela sabia de tudo. Sabia da morte de meus pais. Sabia da minha mudança. Às vezes acho que ela sabe que sou bruxa. Olha-me de um jeito que parece ver além do que pode. Acho que ela sabe de tudo sobre mim, mesmo estando distante de mim. Ela e vovô já tinham bastante idade. Mesmo assim, o dia que os dois se foram, sabia que não seria fácil. Eram como meus pais. Lembrar da minha avó era bom. Trazia-me paz interior, mas não poderia deixar que algumas lembranças me entristecerem.
Coloquei o vestido e a alta sandália da cor das pedras que ofuscavam. Tinha que, mais uma vez, dar graças a Deus por Cedrico ser alto.
Coloquei o típico colar de brilhantes que havia pertencido a minha mãe e encontrei com Hermione quando ia sair do quarto.
- Você... Sempre me surpreendendo a cada festa hein? – falou Hermione me olhando de cima a baixo.
- Ah, esse vestido é bem simples... Ganhei da minha avó no começo do ano... – respondi olhando para mim mesma.
- Bem simples? – Hermione parecia horrorizada – Você está simplesmente LINDA!
- Obrigada... Mas, não é pra tanto... Você é quem me surpreende a cada baile! Você está perfeita! – falei ao olhar o traje de Hermione.
Hermione estava com um vestido lilás. Não tinha bordado nenhum, era liso.
Encontramos Harry antes do patamar da escada. Ele elogiou Hermione baixinho e a beijou ternamente.
- Espera pra ver a cara do Cedrico quando te ver assim.... – afirmou Harry quando me viu – Mal posso esperar para ver! Vai cair duro!
- Ah, não exagera... – ri – Sua namorada está maravilhosa... Já reparou?
- Claro... Você acha que eu não iria reparar? Desculpe Mel, mas Hermione com certeza será a mais bonita desse baile!
- Quanto a isso não posso discordar, porque eu também acho! – ri do rosto corado de Hermione.
- Ah, isso não é verdade Harry! Olha só pra Mel... Com certeza ela será eleita a mais bonita desse baile... Nunca vi alguém se vestir tão bem assim... - falou Hermione.
- Não exagera também né? Já chega de comentários sobre mim! – falei – Terei de abandoná-los neste momento, pois temo que meu cavalheiro me aguarde... – Harry não pode deixar de rir das palavras formais.
Segui, deixando-os aos carinhos.
Cedrico se encontrava parado, ansioso, cumprimentando vez ou outra algum conhecido. E lançava olhares rápidos e impacientes à escada.
Ele precisou voltar os olhos duas vezes em minha direção para se certificar do que via realmente. Sorri.
Não pude notar os músculos enrijecidos e delineados sob o smoking. Ele se encontrava paralisado e com uma expressão assustada.
- Ced... O que foi? – perguntei ao me juntar a ele.
- Eu... Eu...
- Ced! Não gagueja! – bati de leve em suas costas - O que aconteceu? – perguntei novamente.
- Ah... Nunca mais faça isso comigo! – falou ele, suspirando como se precisasse de ar.
Imediatamente, meus olhos percorreram todo o meu corpo.
- Afinal, o que há de errado? – perguntei assustada.
- Jamais ouse estar mais linda do que esta noite porque meu coração pode não ser tão resistente quanto meu físico da próxima vez!
Não consegui dizer absolutamente nada. Apenas sorri. Cedrico estava muito elegante, mas parecia ter um brilho diferente no olhar. Descemos e logo nos encontramos com ninguém menos do que Melanie Addam.
Estava muito bonita, mas preciso admitir que aquela cara de maldade não combinava nadinha com a ocasião. Estava com um vestido preto e trazia uma sandália alta nos pés, que combinava com este.
- Ah, então foi você quem produziu essa porcaria aqui? – perguntou ela me encarando.
- Com licença... Você está se comunicando comigo? – perguntei, fazendo pouco caso.
- Estou sim querida... Por quê?
- Não... Só achei que você não se misturasse... Ah... E para a sua opinião fui eu sim que ajudei a organizar essa festa... – respondi secamente.
- Ah... Então Draco... Descobrimos porque está essa porcaria... Tinha que ter sido organizado por ralé, para variar... E eu não me misturo com esse tipo de gente... – respondeu ela.
- Ah, então, você está fazendo o que aqui, tentando se comunicar comigo? Se você não está satisfeita, vá embora, com certeza a festa parecerá mais colorida... Sem a sua presença!
Melanie pareceu não encontrar respostas, e saiu resmungando algo para Malfoy. Ela não iria estragar minha alegria.
- Ah... Melissa! Você e a srta Granger realmente acertaram nessa festa! – era Cornélio Fudge – Dumbledore me falou muito sobre a srta... Soube que tem uma vida parecida com a do sr. Potter....
- Ah, sim... – realmente não queria falar sobre aquilo.
- Ah... Mas seus pais eram trouxas se não me falha a memória...?
- Sim... Eles eram trouxas...
- A Srta., por acaso, estaria interessada em vender a casa de Paris?
- O quê? – eu estava ouvindo certo?
Mas antes que o Ministro se pronunciasse, Cedrico fez as honras.
- Com licença, Ministro, mas não acredito que negócios façam parte desta festa... E se me permite, mas, receio que esta noite, a Senhorita Bittencourt será digna apenas das minhas atenções.
Cedrico me conduziu para longe dele e eu pareci imensamente feliz e animada com as suas últimas palavras.
- E quem te disse isso? – perguntei, deixando-o triste, mas completei – Sou digna das suas atenções sempre!
Fomos andando pela festa. Encontramos Hagrid umas duas ou três vezes. Olhava-me com ternura, parecendo que desejava me contar algo. Tentei desvendar isso encarando-o, mas ele fixou os olhos em outra coisa. Parecendo fugir de mim.
- Poderíamos conversar daqui a pouco Srta. Bittencourt? – era a voz inconfundível de Dumbledore.
- Claro professor... Mas, aconteceu alguma coisa? – perguntei, observando sua expressão.
- Conversaremos daqui a pouco, Srta...
Dumbledore seguiu até onde se encontravam os funcionários do ministério. Refleti um momento. Alguma coisa acontecera e eu sabia o que. Só não queria acreditar. Fitei Cedrico nos olhos. De repente um baque. Olhei para o teto e uma forte chuva agora caía. Baixei os olhos, fitando Cedrico novamente. Ele se perguntava “o que está acontecendo?”. Ele parecia ler meus pensamentos, mas resolveu me distrair quanto a isso.
- Vem, Mel... Quero que conheça meu pai! – Cedrico me puxou para um aglomerado de pessoas.
Paramos. Esperamos um homem alto parar de conversar. O pai de Cedrico, Amos Diggory, trabalhava há muito tempo no ministério.
- Pai quero que conheça alguém.... Essa é Melissa... Minha namorada! – Cedrico apressou-se em apresentar-nos.
- Ah, sim... Ouvi muito sobre a srta. nas férias... Muito prazer, srta! Os seus pais trabalham aonde? – falou o Sr. Diggory.
- Pai, por favor...
- Eu preciso saber de quem ela é filha, Ced! Pelo que sei é dona de uma mansão em Paris, estou certo ou se enganaram ao me contar? – perguntou Amos.
- Não... O Senhor não está errado! E os meus pais não trabalham... – respondi.
Retirei-me antes que aquilo tudo acabasse em coisa errada.
- Como assim os pais não trabalham? Ced, você já deu uma boa olhada nela? – ainda podia ouvir o que conversavam – Aposto que ela só tem aquela casa... Os pais não ganham dinheiro e ela não deve ter um tostão! É uma pena mesmo! Uma menina tão bonitinha....
- Pai! Chega! – pediu Cedrico.
Parei para ouvir a discussão.
- O senhor não tem direito de ofendê-la assim! É minha namorada! – gritou Cedrico, chamando um pouco a atenção – Se fosse menos mesquinho e olhasse para o que os outros têm de melhor! Mas não! Eu não a amo pelo dinheiro, e sim pelo o que ela é! Mas se saber onde os pais dela trabalham importa tanto para o seu ego, saiba que eles não trabalham porque estão mortos! – Cedrico fez menção de sair, mas parou e virou-se para o pai – Você deveria se envergonhar!
Amos Diggory pareceu um tanto chocado. Nunca vira uma atitude dessas antes. Ced, do contrário, olhou feio para o pai.
Dumbledore fez sinal para mim e eu puxei Cedrico pela mão. Este, não entendia nada. Fomos até o escritório de Dumbledore que não disse nada sobre Cedrico ficar ali.
- Aconteceu alguma coisa na França, não foi? – perguntei antes que Dumbledore sentasse.
- Melissa... Sente-se, por favor...
- Aconteceu alguma coisa na França, não aconteceu? – tornei a perguntar, um pouco alterada. Os olhos preparados para chorar.
- Sim... Recebi a informação de um ataque à Paris hoje à noite... Hum... A sua casa...
- Mataram todos, não é?
- Melissa...
- Mataram todos, não é? Diga-me, diretor! Eu preciso saber! – as lágrimas querendo saltar pelos meus olhos.
Cedrico parecia apreensivo e forçou-me a sentar, mas resisti.
- Sim... As pessoas que trabalhavam para você... estão mortas!
Não consegui expressar meus sentimentos. Tudo aquilo eu já sabia há muito tempo. Só não queria acreditar... Agora, estava sozinha, de verdade. Qual seria a sua sensação se finalmente percebesse que não tem mais ninguém?
Fiquei em choque. Sentia que poderia ter um colapso nervoso a qualquer minuto... Cedrico me abraçou junto dele. Tinha uma imensa vontade de chorar. Mas não o fiz. Continuei intacta, e após alguns minutos me manifestei, com a voz pouco auditível.
- Já imaginava... As coisas perfeitas demoram tanto para acontecer, mas levam segundos para serem destruídas... – desabafei.
- Melissa... Sei que não está sendo um ano fácil pra você... – Dumbledore tentou argumentar.
- Por favor, Diretor... Não se importe mais comigo. Posso estar parecendo louca, professor, mas alguma coisa está fazendo essas coisas acontecerem... E eu vou descobrir! – olhei perversamente para Dumbledore.
- Talvez você esteja certa, mas talvez a melhor saída não seja usar a raiva que está presente no seu corpo... Poderá machucar alguns inocentes por aqui...
- Sei reconhecer os inocentes nessa história, professor! Assim como farei a máscara de alguns caírem... O senhor pode me pedir qualquer coisa, só não me peça para esquecer esse assunto... Agora, se me dão licença... Preciso ficar sozinha! – me retirei do escritório, deixando um Dumbledore atônito e um Cedrico preocupado.
Ficar sozinha era o que mais desejava naquele momento. A chuva ainda não cessara. Meu corpo pedia apenas um lugar. Desci para o jardim, a fim de ficar horas lá. Encharcada ou não, ficaria ali de qualquer maneira.
Sentei-me sobre o mesmo lugar: a pedra que dava visão ampla do lago. Aos poucos pude começar a sentir a chuva escorrendo pelo meu rosto. Pensar era a palavra. Precisava pensar. Refletir sobre aquilo tudo. Mas, porque tudo isso me impedia de pensar? Só tinha uma vontade naquele momento: chorar. Aos poucos, a dor que senti na hora do impacto voltou. Aquilo era óbvio. Qualquer pessoa sentiria aquilo. Afinal, uma parte de mim (mais uma) estava se perdendo. Aquilo me feria de tal forma que conseguira apagar o dia perfeito que tivera.
Lá dentro, uma festa ainda acontecia. Sem mim, mas acontecia.
- Tem certeza de que quer ficar na chuva? – era Moody.
- Tenho professor...
- Ah, por favor... Sem reverências... Aqui somos Moody e Melissa! E por que quer ficar na chuva?
- Eu gosto... Ela me faz bem... Faz esquecer que o mundo não é o que parece... E nem muito menos o que a gente espera...
- Ah, sim... Mas, a chuva não vem todos os dias para que possamos fazer do mundo o que a gente espera... – Moody me fitou.
- Para isso servem os dias chuvosos... Por isso são raros... E quando eles chegam não devemos desperdiçá-lo... Devemos sim, aproveitar até a última gota de chuva caída... Como se fosse a última sentida em sua vida....
- Admiro o seu pensamento... E está coberta de razão... Mas, por que a Srta. não está lá... Aproveitando a festa que você mesma programou?
- Meus amigos morreram hoje...
- Hum... E você prefere ficar aqui pensando se a morte deles foi dolorosa ou não, ao invés de ir lá, arrasar e curtir com seus amigos e seu namorado? Acredito que o Diggory seja seu namorado não?
- Sim... Não prefiro ficar pensando sobre a morte deles, mas preciso de um momento de paz para colocar meus pensamentos em ordem...
- Ah, sim... De vez em quando é bom fazermos isso... – o professor se molhava inteiro para uma simples conversa – Mas, não passa pela sua cabeça que pode estar perdendo uma bela oportunidade ficando aqui?
- Que oportunidade...?
- De encontrar a sua felicidade e de provar a inocência de alguns que estão lá dentro nesse momento...
- Às vezes eu acho que todas as minhas atitudes são erradas... E que estou culpando quem não deveria...
- Mas, e se você estiver no caminho certo? Isso só você irá descobrir com o tempo... Mas, e se você estivesse certa?... Ficaria aqui... Parada?
- Não... Mas necessito desse momento...
- O.k... Eu apóio a sua decisão... Mas lembre-se que enquanto você está aqui... as pessoas agem normalmente.. Sem interferências...
- O que o Senhor quer dizer com isso? – perguntei.
- Isso só você poderá descobrir... Com o tempo... Mas lembre-se do que Dumbledore falou: tempos difíceis estão por vir...
E dizendo isso, Olho-Tonto Moody se retirou, ainda mancando pelos gramados encharcados.
O que ele estava querendo dizer? Talvez se referisse a Melanie. Talvez não. Talvez eu estivesse certa, como o professor mencionara. Talvez eu tivesse realmente errada e estivesse julgando pessoas de algum modo errado.
Virei-me na pedra. Parecia incomodada. Mexi-me de um modo que me fez perceber que não era a única ali. Um vulto se encontrava a alguns metros de mim. Mas, quem seria? A silhueta não era irreconhecível, mas estava difícil para enxergar. Ficamos ali, nos fitando. O vulto deu mais alguns passos e assim, pude reconhecer. Cedrico estava meio engraçadinho com o cabelo todo molhado. Tinha a expressão séria e continuava a me fitar enquanto caminhava em minha direção. Sabia que ele não iria dizer nada se eu não me manifestasse. O bom de ter Cedrico era que quando você precisava de silêncio ele respeitava, mas não me privava de sua presença.
Ficamos ali, quietos, um fitando o outro. Sentia alguma coisa estranha dentro de mim. Baixei os olhos. E no momento, Cedrico pareceu entender o que precisava. Aproximou-se e me abraçou forte.
Ficamos ali um bom tempo. A chuva escorrendo pelos rostos, abafados pelo calor vindo do corpo de cada um.
- Mel... Não quer tentar se divertir um pouco? – perguntou ele, atencioso como sempre.
- Você acha realmente que eu tenho condições de voltar àquela festa nesse estado? – perguntei me olhando de cima a baixo.
- Bom... Para mim você continua sendo a garota mais linda daquela festa...
- Ah... Como você é bobo, Ced...
- Então... O que eu você acha de sair um pouco dessa chuva? Você vai acabar ficando doente... E eu não quero te ver doente!
- Ah... tudo bem, posso fazer isso por você! – Mas antes de nos levantarmos, segurei-o pelo braço – Obrigada por me defender…
Ele pareceu não entender.
- Eu ouvi você discutindo com seu pai…
- Ah. Não posso me desculpar por ele, Mel! Sinto muito!
- Obrigada. – Limitei-me a assentir.
Adentramos o castelo, atento aos olhares de todos. Ao passar ouviam-se alguns murmúrios sobre o acontecido.
Preferi ir direto a sala comunal da Grifinória, onde infelizmente Cedrico não poderia mais me fazer companhia. Despedi-me dele beijando-o carinhosamente e, assim, nos separamos.
Fora uma noite turbulenta. Vendo os acontecimentos no dia seguinte.
- Vou matar todos vocês! Mas quero você primeiro Melissa... Vai morrer como seus pais trouxas! Ou você realmente continua acreditando naquela história ridícula que te contaram? Você acha que seus pais morreram num acidente? Não... Não foi bem assim... Mas vou te contar toda a história antes de ver a luz perder-se de seus olhos...
- Droga! Por que tinha que acordar bem na hora da verdade? – desci para o salão que era encoberto por um ar misterioso.
Um murmurinho pairava sobre as mesas de cada casa. No canto da mesa da Sonserina, Melanie tinha um sorriso vitorioso.
Foi quando cheguei à mesa da Grifinória que a verdade veio à tona...
- Você realmente não sabe da última! – avisou Harry.
- Não mesmo... O que houve? – perguntei.
- Mortes... É isso o que houve!
Sentei-me pasma na mesa. Empurrei o cálice de suco de abóbora para o lado, a fim de saber mais detalhes.
- Então você quer dizer que não fora apenas uma... – afirmei atenta.
- Não... Na verdade foram cinco!
- O quê? – engasguei com o golinho de suco que acabara de tomar.
- Pois é... Cinco mortes pelo mesmo motivo! Não identificado, assim como Crabbe e Goyle!
- Mas, quem são as vítimas?
- Bem... Marieta, Alicia Spinnet, Penélope Clearwater - a ex. namorada do Percy Weasley - Marcos Flint - o capitão da Sonserina - E por fim.... Neville Longbottom...
- Não acredito Harry! Nem o Neville escapou dessa?
- Não...
- Ou seja... Quem está fazendo isso não está poupando ninguém não é?
- Nisso você está certa...
- Agora... Só nos resta descobrir quem é.... – embora meu pensamento só procurou um par de olhos.
'So dance your final dance
'Cause this is
Your final chance.'
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