Dia Perfeito
Capítulo 21
Dia Perfeito
'Remember now...'
O dia seguinte fora normal, assim como todos os outros. Tirando uma grande idéia que tive...
Depois do almoço desci para as estufas, para a aula de Herbologia. Amava aquela aula. Primeiro porque a Sonserina não fazia aula com a gente. E segundo porque... Ah deixa pra lá! Só de não precisar ver a cara de Melanie já era tudo.
Tinha de passar na biblioteca ainda, antes de fazer o que pretendia. Ajudar Madame Pince a reorganizar os livros em ordem correta não seria nada agradável.... Fora que eu tinha rinite. Estava realmente tudo perfeito. Depois da aula, tivemos treino de Quadribol. Foi meio chato, pois todo mundo parecia estar cansado, mas, tirando isso, fora produtivo. Cedrico fora me ver treinar, e acabou sendo expulso por Olívio Wood, por ser da Lufa-Lufa. Os dois quase se “pegaram”. Por fim, ele teve que deixar o campo, a fim de evitar novos desentendimentos.
Cedrico queria se encontrar comigo após o jantar. Marquei com ele, mas precisava fazer uma coisa antes disso. Falaria com Dumbledore.
Passei pela sala da Prof.ª McGonagall e pedi que ela falasse para Dumbledore que eu desejava falar com ele. A professora atendeu ao pedido com uma expressão preocupada.
Em menos de dois minutos, Minerva voltou e murmurou que Dumbledore me aguardava.
Cheguei até a gárgula de pedra e sussurrei a senha indicada pela professora de Transfiguração.
Entrei no mesmo escritório que antes visitara. Não parecia muito diferente.
- Professor será que eu poderia conversar com o Senhor um momento? – perguntei ao avistar um Dumbledore sorridente.
- Claro, sente-se!
- Bem... Eu tinha pensado em organizar uma festa para o Ministro da Magia, já que ouvi o Senhor comentar que ele virá daqui a alguns dias... Poderíamos organizar uma comemoração, é claro se o Senhor permitir, em nome de Hogwarts!
- Eu acho sim uma ótima idéia... Realmente daqui a três dias, o Ministro da Magia chegará a Hogwarts! Você acha que consegue organizar tudo isso em três dias? – perguntou Dumbledore.
- Se o Senhor quiser, eu posso tentar...
- Eu adoraria que você fizesse isso para mim! – Dumbledore sorriu.
- Sem problemas... Se o Senhor deseja, terá uma das melhores festas que já viu! – respondi.
Retirei-me do grande escritório e desci para o saguão de entrada, para encontrar Cedrico.
Este, já apresentava uma expressão preocupada. Mas, ao me ver, o rosto ficou lívido novamente, e abriu um sorriso, que o deixou definitivamente maravilhoso.
- Mel! Onde é que você estava? Esqueceu do nosso compromisso? – perguntou ele.
- Calma, Ced! Só me atrasei um pouquinho... Você é muito dramático! – ri e dei um beijo em Cedrico – Vem, antes de ficarmos realmente sozinhos, eu preciso falar com Harry, Rony e Hermione...
- Você já percebeu que você está sempre adiando nossos compromissos? – perguntou Cedrico.
Olhei feio para ele.
- Não me lembro de ter adiado nenhum... já que esse é o nosso primeiro encontro-oficial depois que nos beijamos! – sorri vitoriosa.
Ele pareceu não gostar muito da idéia.
- É rápido! – olhei implorando por piedade e me aproximei do ouvido dele – Prometo te recompensar depois
Como eu imaginara, ele se animara muito com o assunto, desejando ir logo.
- Ah, tudo bem... Eu faço isso por você!
Encontramos Harry, Rony e Hermione no salão principal, comendo sobremesa.
- Ei, pessoal! Preciso conversar uma coisa com vocês! – afirmei, sentando-me e colocado Cedrico ao meu lado. Ouve murmúrios de desaprovação na mesa da Grifinória. Apenas olhei-os incrédula e logo depois, indiferente.
- O que é Mel? – perguntou Harry parando repentinamente de comer.
- É o seguinte... Acabei de vir do escritório de Dumbledore e ele concordou em darmos uma festa em comemoração à chegada do Ministro da Magia. – ouviram-se gritinhos excitados vindos de Hermione – Só que eu preciso de ajuda e teremos menos de três dias para concluir nosso trabalho! – informei tomando fôlego.
- Ah, eu topo! – falou Hermione.
- Eu também... – afirmou Cedrico parecendo impaciente para que tudo terminasse logo.
- Mas o que você tinha pensado, Mel?
- Trajes a rigor! – a idéia passou a iluminar as feições de Hermione.
- Ah... Trajes a rigor, outra vez? Isso significa que eu terei de usar aquelas roupas da minha tia-avó Tessie? – perguntou Rony decepcionado.
- Claro que não... Não se preocupe Rony! Eu vou arrumar vestes a rigor para você! – informei dando uma piscadela para Hermione que acabou retribuiu-a.
Saí do salão, deixando Harry, Rony e Hermione conversando, e levava comigo um Cedrico impaciente. Fomos até o jardim, onde ficamos o resto da noite, até escurecer.
- Você não existe mesmo, não? – perguntou Cedrico acariciando meu rosto – Sempre nos surpreendendo com grandes idéias!
Apenas sorri.
- E então, compensei o seu precioso tempo, esta noite? – perguntei me afastando um pouco dele. Ele me puxou de volta.
- Não… creio que preciso de mais tempo! – ele respondeu pensativo.
- Oh! – fiz cara de surpresa – E eu poderia saber quanto tempo seria suficiente para compensar a minha falta?
- Hum... Não creio nem que a eternidade possa superar seu erro…
- Oh! – demonstrei surpresa, novamente – E o que eu poderia fazer para compensá-lo?
- Bem… agora você pode me dar um beijo… - ele estacou – Pra falar a verdade não acredito que um seja suficiente…
- Mas você é muito difícil de agradar! – sorri – Mas não me resta mais nada a não ser cumprir seus desejos!
Ele sorriu e me puxou para um beijo caloroso.
Após o céu começar a tingir-se de um negro perceptível, voltamos para o castelo e despedimo-nos.
Estava tudo formulado na minha cabeça. Só faltava pôr em prática... Isso se ninguém atrapalhasse. Tinha que ficar de olho em Melanie também. Qualquer movimento suspeito e teria de impedi-la.
Entrei no dormitório e encontrei uma Hermione pensativa.
- O que aconteceu, Mione? – perguntei sentando-se ao seu lado.
- Hã? – ela pareceu se surpreender – Ah... Pensando só, para variar...
- Pensando em que Srta. Granger? Por acaso não é no Sr. Potter, é?
- Na verdade... É sim... Não sei, Mel! Mas acho que o Harry não gosta mais de mim! – afirmou ela com os olhos cheios d’água.
- Ah, Mione! Que besteira é essa agora? O Harry é completamente apaixonado por você! Mas, por que você está achando isso?
- Ah, não sei... Ultimamente ele anda me evitando... Parece que não quer mais ficar comigo!
- Eu posso conversar com ele, se quiser! Tenho certeza que ele tem um motivo para justificar seu comportamento... – algumas idéias se formaram em minha mente – Mas, não fica pensando nisso! Talvez seja por causa dos deveres e os treinos de Quadribol... Mione, o Harry te ama! – afirmei.
- O.k... Vou tentar não pensar! – respondeu ela tentando se animar – Se você pudesse falar com ele…
- Não se preocupe!
Esperei um minuto e…
- Mas, o que você acha que nós podíamos fazer para a festa? – perguntei tentando descontrair.
- Ah... Não sei... Tinha pensado assim... – ela continuou a narrar o que imaginara.
Mesmo com ela narrando, não conseguia deixar de prestar atenção no que ela acabara de me dizer sobre Harry. Seria mesmo verdade que Harry não gostava mais dela, ou teria algum motivo a mais? Teria de tirar aquelas dúvidas ainda hoje.
Esperei Hermione dormir, e desci até o salão comunal, onde certamente Harry estaria.
Já não era a primeiro noite que encontrava Harry ali, sentado de frente para a lareira. O garoto estava largado sobre a poltrona e parecia pensativo.
- Harry?
O garoto olhou-me assustado.
- Aconteceu alguma coisa, Mel? – perguntou ele.
- Não... E com você?
- Eu, er… não aconteceu nada comigo! – afirmou Harry.
- Ah, mas dessa vez o Senhor não me engana! Vim aqui para conversar com você! – afirmei dando uma risadinha gostosa.
- Comigo?
- É... Com você!
- Por quê? O que é que eu fiz? – perguntou ele aflito.
- Você... Hum... É o seguinte Harry! A Mione me contou que você anda meio esquisito com ela... Está acontecendo alguma coisa? Porque ela está pensando que você não gosta mais dela... E se eu não soubesse da sua paixão por ela, nem estaria aqui! – despejei tudo sobre ele.
- Não, Mel... Está tudo bem…
- Hum... Não senti muita firmeza na sua resposta! Anda... Fala logo! – apressei-o.
- Ah que droga! Eu não consigo esconder nada de você! Eu não sei Mel! Estou com a impressão de que o “fim” se aproxima... Tenho medo de machucar a Mione... Não sei o que pode acontecer a ela! E se acontecer, certamente eu jamais vou me perdoar!
- Harry! O que eu já te falei? Você não pode ficar se preocupando com isso! Se alguma coisa realmente acontecer... Vai acontecer, e você não pode fazer nada sobre isso! Tenho certeza de que se o “fim” estiver perto, a Hermione vai estar lá, lutando ao seu lado! Assim como eu, o Rony e o Cedrico também estaremos!
- Ah, não sei, Mel! Voldemort pode fazer alguma coisa... E...
- Harry! Presta atenção! Se Voldemort fizer alguma coisa... Você vai defendê-la não vai? – eu sempre sei quando Harry me escondia algo.
- Ah, eu tenho medo de acontecer alguma coisa, mas com certeza eu a defenderia até a morte!
- Então... Esquece isso! Quando chegar a hora... Eu tenho certeza que você estará pronto!
- Vou tentar... Mas valeu Mel!
- Estou sempre aqui… você sabe…
Fiquei ali, sentada na poltrona, ao lado de Harry por mais algum tempo, depois voltei para o dormitório. Sentia-me cansada. Dormi um sono leve.
O dia seguinte não demorou a chegar. Já eram mais de 07h30min quando acordei com o sol batendo em meu rosto.
Desci rotineiramente para o café (quer dizer, acho que vocês já estão cansados de me ver “descer para o café”, mas creio que tudo isso é necessário). Mas, dessa vez, não encontrei com Cedrico no meio do caminho. Sentei-me mexendo, sem vontade, no mingau que acabara de surgir à minha frente.
Alguma coisa me dizia que aquele dia não seria um qualquer. Seria a visita a Hogsmeade. Cedrico me convidou para acompanhá-lo. Tinha ainda de pensar nos preparativos da festa. Estava tudo muito corrido aquela semana.
Sem pensar duas vezes, mirei meus olhos diretamente para o portal. Hermione acabara de entrar por este, e parecia não ter uma cara muito amigável.
- O que foi dessa vez? – perguntei fitando-a.
- Depois você vem me dizer que está tudo bem entre mim e o Harry? – perguntou Hermione asquerosamente.
- Ei, ei, ei... Peraí! O que aconteceu? E por qual motivo você está descontando tudo em mim?
- Ah, desculpe! Mas o Harry está passando dos limites! – respondeu ela – Acabou de passar por mim... E nem me notou! Como se eu fosse um simples pano de chão não notável!
- Espera um pouco! Talvez ele não tenha te visto! – respondi.
- Sabe qual é o problema? Você está sempre tentando defender o Harry!
- Mione! Senta aí agora! – ordenei – Você tem noção do que eu fiz por você ontem? NÃO. Não tem! Mas você quer realmente saber o que eu fui fazer quando você dormiu? Eu desci pra conversar com o Harry!
- Você...
- Não! Espera eu terminar antes de me criticar outra vez! – desta vez quem estava nervosa era eu – Fui falar com o Harry sobre vocês! Fui perguntar o que é que estava acontecendo... E sabe o que ele me respondeu?
- Não... – ela fez um esforço para responder.
- Que ele está sentindo que o fim está próximo e que tem medo que você se machuque!... Então, eu acho que como simples papel de namorada que você deveria aproveitar ao máximo o seu namorado, porque nunca se sabe o que pode acontecer amanhã! – e dizendo isso deixei a mesa, com uma cara nada amigável.
Hermione ficou me fitando até a saída do salão. Na porta de entrada, esbarrei em Cedrico. Ignorei-o completamente. Passei direto e subi para o dormitório. Não queria falar com ninguém.
Por que será que a culpa era sempre minha?
Tomei uma decisão naquele momento. Mas parei no meio do corredor. Iria deixar Cedrico? Teria essa coragem toda? Agora prova-se a coragem dos alunos da Grifinória. E Harry? Deixaria-o enfrentar tudo sozinho? Apesar das desconfianças de harry eu também sentia que o grande fim se aproximava. Talvez ele tivesse coragem e força para enfrentar tudo sozinho. Mas talvez não. Talvez Harry fracassasse. Não. Ele não seria digno disso. Harry enfrentaria Voldemort com todas as forças.
Mas, mais alguma coisa me fez lembrar daquele momento.
“Às vezes precisamos fazer coisas, não porque queremos, mas porque necessitamos...”.
Meu pai me dizia isso. Sempre que me deixava tomar pelo medo e pela aflição. Era isso. Não poderia deixar nem Cedrico e nem Harry agora. Talvez depois do duelo final. O fim, ninguém poderia imaginar.
Continuei andando, só que desta vez, os passos estavam mais lentos do que o normal. Uma fraqueza começou a tomar conta do meu corpo. Não era uma sensação estranha, mas já a havia sentido antes. Meu corpo todo agora doía. Aquilo machucava tanto quanto a Maldição Cruciatus. Não conseguia mais andar. Meu corpo pesava e cambaleava ao mesmo tempo. Aonde iria parar?
Sim. Aquilo estava acontecendo novamente. Tinha dado um tempo, suficiente para eu esquecer, mas agora voltara. E voltara pior. Me corroía por dentro. Seria pior que o fim?
Sentei-me no chão. A uns três ou quatro passos havia uma escada, que dava ao piso inferior. Fiz força para me levantar e continuar a caminhada.
O máximo que consegui foi levantar e me sustentar na parede.
- Ora, Ora... O que aconteceu com você hein, idiota? Perdeu as forças? Perdeu a vontade de viver? – era Melanie – Não seja por isso... Eu posso te ajudar...
Ela se aproximou lentamente de mim. Eu não tinha forças. Não podia deixar que ela me matasse ali, no meio do corredor. Se fosse para morrer, lutaria até o fim.
Melanie me segurou pelo braço e eu fiz o mesmo. Estava claro quem iria vencer aquela luta. Eu, sem as minhas forças, passando mal, e Melanie, intacta.
- Você está esperando o que pra se render? Você já sabe o fim dessa briga... Pra que sofrer mais hein? É mesmo uma pena... Uma menina tão bonita como você... Morrer assim... De uma maneira tão cruel... Você acha mesmo que eu estou falando a verdade? – ela deu uma gargalhada horrenda - Você não é bonita garota! Você é uma sangue-ruim, suja e sem pais! – Melanie agora agarrara meu cabelo, e puxava-o com tanta intensidade que poderia sentir os fios se desprendendo da minha cabeça.
- Não se refira a meus pais com essa boca imunda! – gritei com ela.
- Minha filha, eu falo de quem eu quiser a hora que eu quiser e como eu quiser! Você não manda em mim! Ah, vamos acabar logo com isto! Entregue-se.. Vai lhe poupar a dor e a humilhação…
- Você acha realmente que eu vou me entregar, assim, sem mais nem menos? Assim, sem demonstrar do que eu sou capaz? Mas deixa eu te refrescar a memória...
Agarrei os cabelos de Melanie e ela pareceu não gostar muito da atitude. Minha fraqueza estava voltando. Estava ficando pior outra vez. Melanie puxava meu cabelo com força.
Até que numa dessas, vacilei. Estava quase desmaiando. Ela me puxou pra perto da escada e me empurrou de lá. Era uma queda de aproximadamente quarenta degraus. A última coisa que vi foi o sorriso vitorioso no rosto de Melanie.
- Silêncio vocês!
- Cala essa sua boca! Já falei para fazer silêncio!
- Ah, pára você! Afinal de contas... Não é você quem está aí deitado numa cama de hospital...
- Chega de brigas vocês dois! Vocês vão acabar acordando-a...
- Acho que a Hermione está certa... Chega!
Um silêncio pareceu tomar conta do ambiente.
Abri os olhos lentamente e fechei-os. A claridade era muito forte. Fiz uma nova tentativa dessa vez com sucesso. A minha visão ainda era um pouco embaçada, mas consegui ver quem rodeava a minha cama. Cedrico, Harry, Rony e Hermione. Todos discutiam.
- Mel! – era Cedrico – Eu disse para esses dois fazerem silêncio, mas você acha que eu consigo alguma coisa?
- Certamente não. Harry e Rony são muito teimosos! – respondi fazendo os dois citados na conversa ficarem encabulados.
- Mas, como você está se sentindo? – perguntou uma Hermione que até agora não abrira a boca.
- Ah, minhas costas ainda doem um pouco e ainda tenho dor de cabeça... – meu ressentimento para com Hermione parece ter desaparecido.
- Não é para menos... Você teve uma bela queda! – afirmou Rony.
- Rony... Cala a boca! Já dissemos que não era para tocar nesse assunto...
- Não... Está tudo bem... Não se preocupem! Mas acho que devo uma explicação...
Nesse momento a porta da enfermaria se abriu e nela surgiram Dumbledore, Madame Pomfrey e Olho-Tonto Moody.
- Ah, você já acordou... Como se sente Melissa? – perguntou Dumbledore.
- Ah, muito... Dolorida. Mas, não pense que esqueci da minha promessa...
- Ah, ótimo... Ótimo...! Bom, Melissa... Vim aqui para saber realmente o que aconteceu!
- Estou preparada para lhe contar tudo...
- Muito bem... Então... Comece por favor! – pediu o diretor sentando-se num banquinho de três pernas.
- Eu tinha saído do Salão Principal... estava “perdida” no corredor... Aí, eu senti uma coisa que não sentia há muito tempo...
- E como era essa coisa? – perguntou o atencioso Moody.
- Bem... Doía muito... Parecia estar me corroendo por dentro... O tipo de dor que se sente quando se é atingido pela Maldição Cruciatus...
- Hum... Intrigante... Mas continue Srta...
- Bem... Eu estava me sentindo muito fraca e então caí no chão. – todos estavam atentos ao que contava e meus amigos pareciam ligeiramente assustados – Consegui me levantar e apoiei na parede... Foi aí que Melanie Addam apareceu.
- Melanie Addam? – perguntou Dumbledore.
- Melanie Addam.
- E o que aconteceu em seguida?
- Bem... Ela disse para eu me entregar porque ambas sabíamos como aquilo iria terminar. Mas eu não me entregaria assim, fácil. Mesmo sabendo que perderia aquilo, continuei até onde pude. Ela me agarrou pelos cabelos e eu fiz o mesmo com os dela – Rony abafou uma risadinha – Então, estávamos próximas a escada e ela me empurrou. Como não tinha forças, não consegui me segurar... Só me lembro do sorriso dela, antes de apagar por completo.
- Achei muito sensata a sua atitude de continuar até onde puder... Mas creio que esta não tenha sido uma solução...
- Mas professor! Ela me atacou... Se deixasse que continuasse sem impedi-la eu poderia ter morrido!
Nesse momento, a porta se abriu novamente e por ela entraram Snape seguido de Melanie.
- Trouxe a Srta. Addam como o senhor pediu diretor Dumbledore... – falou Snape, os olhos faíscando.
- Muito obrigado Severo, creio não precisar mais dos seus serviços...
Snape se retirou sem responder.
- Acho que não precisamos fazer tempestade em copo d’água Srta. Bittencourt... Creio que a Srta. Addam não seria capaz de matá-la! – afirmou Olho-Tonto Moody.
- Acho que não precisamos usar máscaras aqui! – afirmei. – Por que você não mostra ao professor Dumbledore a pessoa que você realmente é, Melanie?
- Sinto lhe informar, professor, mas esta garota está ficando louca... – defendeu-se Melanie.
- Como você pode ser tão... Sem escrúpulos? Por que você não se mostra do jeito que é? Tem medo de ser expulsa? Hã? Porque não assume a sua própria personalidade... Aquela que você é quando me encontra pelo corredor?
- Cala essa boca menina! Eu não te dei direito para falar de quem eu sou ou deixo de ser...
- Ah é? Então eu acho melhor você tomar cuidado... Porque se você deixar escapar qualquer coisinha na frente de Dumbledore, você estará definitivamente encrencada!
- Isso é uma ameaça?
- É o que vamos ver...
- Diretor! O Senhor vai permitir que ela me trate assim? – perguntou Melanie.
- Diretor! O senhor vai permitir que ela fique sem punição por ter me empurrado da escada? – perguntei.
Aquilo estava esquentando. Até Dumbledore estava percebendo tamanha força das duas à sua frente.
- Tudo bem, meninas! Srta Addam, não acho justo o que a srta fez para a srta Bittencourt! Então, ajudará o diretor da sua casa em alguns deveres... Depois conversaremos melhor sobre isso! Agora vá para a sua sala de aula... E me encontre às 20h com Severo no meu escritório.
Melanie saiu bufando.
- Você... – e apontou para mim, sussurrando por trás de Dumbledore – Já cansei de te avisar! A minha paciência com você se esgotou!
Para provocar apenas sorri para ela. Dumbledore não demorou a ir embora. Tinha tarefas a fazer.
No dia seguinte seria o passeio a Hogsmeade e a noite, a tão esperada festa de boas vindas ao Ministro da Magia.
Amanheceu um dia frio. Saí da enfermaria acompanhada por Cedrico.
- Então... Aonde você quer ir em Hogsmeade? – perguntou ele parecendo feliz.
- Ah, pode escolher, Ced... Eu nunca fui lá mesmo... – respondi.
- O que foi? Você não parece muito animada... – Cedrico me parara no meio do corredor.
- Ah, não é nada Ced...
- Quando é que você vai ter confiança suficiente em mim para me contar? – insistiu.
- Ah, eu confio em você o bastante para te contar!
- Então conta! Não gosto de te ver assim...
- Ah, tudo bem... Só uma coisa me preocupa neste momento... Lembra quando eu contei sobre o que eu senti antes de ser empurrada da escada?
- Lembro claro...
- Então... Faz muito tempo que não sinto isso!
- Muito tempo quanto?
- Bom, a última vez que senti algo tão forte assim... Foi antes da morte de meus pais! Então... O que me preocupa é... Isso só ocorre quando algo está prestes a acontecer!
- Mel presta atenção! Não fica se preocupando com isso! Poxa... Eu demorei tanto pra perceber que a garota que eu amava estava bem debaixo do meu nariz... Vamos aproveitar vai! Faz tempo que a gente não fica assim... Junto...
- Que eu me lembre faz apenas um dia... – sorri, beijando-lhe os lábios - Você tem razão... Vamos aproveitar esse dia!
Seguimos pelo corredor discutindo nada além do rotineiro QUADRIBOL.
Descemos para o pátio e esperamos, enquanto Filch, o zelador, cutucava cada aluno com o seu detector de objetos estranhos.
Depois de quarenta minutos de espera, finalmente saímos para Hogsmeade. Passamos pela Dedosdemel e compramos muitos doces. (Imagina que eu, euzinha aqui não ia comprar doces...). Depois seguimos para a Zonko’s e passamos finalmente pelo Madame Pudiffoot, onde paramos por algum tempo por causa do aumento da chuva.
- E aí, o que me diz? – perguntou Cedrico.
- Hum... – refleti por um momento e depois sorri – Estou adorando estar aqui!
- É... Hogsmeade é realmente fantástica...
- Estou adorando estar aqui principalmente porque você está comigo!
Cedrico sorriu. Era lindo vê-lo sorrir. Às vezes me ocupava passando horas observando-o e me perguntava se merecia ter Cedrico em minha vida.
- Ced... Por que você está comigo... E não com a Cho?
- Simplesmente porque eu amo você e não ela! – sorri pela sua resposta – E por que você está comigo e não com o Wood?
- Porque o Wood é um idiota e nem se compara a você... – hesitei por um segundo – E porque é você que eu amo!
Ele pareceu feliz com a resposta.
- Viu? Mas por que essas perguntas?
- Não sei... Às vezes fico me perguntando se mereço você... Se amo você tanto quando você me ama...
- Mas é claro que sim! Para as duas coisas! Se você não me merecesse pode ter certeza de que eu não estaria aqui hoje... E quanto ao tanto de amor... Não se preocupe... Você é melhor do que eu esperava...
- Sério? – corei.
- Sério... E olha... Se você gostasse nem que fosse um pouquinho só de mim... Já me faria o cara mais feliz do mundo...!
- Mas eu não te amo um pouquinho só... Eu te amo tanto que você jamais poderá imaginar o quanto é isso!
Cedrico ficou me fitando por um tempo. Depois sorriu. Passou os dedos acariciando o meu rosto e em seguida me deu um beijo de parar o bar, ponto de nos fazer parecer atrações turísticas.
Depois de nos fitarmos por um bom momento, entre sorrisos e carinhos, desviei meu olhar para fora a fim de ver se a chuva diminuíra. A resposta para essa pergunta era NÃO. Mas outra coisa me chamou a atenção. Harry e Hermione acabavam de entrar no local. E tinham expressões diferentes.
Atravessaram a casa de chás e se sentaram comigo e Cedrico.
- Atrapalhamos?
- Claro que não... – respondi.
- Fizemos as pazes... – falou Hermione.
- Hum... Não acha que demoraram um pouco? – sorri.
- Teríamos demorado mais se não fosse por você, acredite! – falou Hermione – Acho que te devo desculpas, Mel...
- Não se preocupe Mione... Não vamos falar de coisas passadas pra não estragar esse dia o.k.?
- Concordo... – ela respondeu rindo.
Ficamos ali, os quatro esperando a chuva passar. Rony apareceu todo molhado. Sentou-se junto ao demais.
- Mas que droga!... Acho que estou sobrando agora nesse grupo né? – falou ele parecendo irritado.
- Não está sobrando coisa nenhuma... É só você arranjar alguém... – falou Hermione dando um beijinho no rosto de Harry.
- Ah... Como se fosse fácil “arranjar alguém”... Acabei de levar um fora de uma garota aí...
- Fora? Como assim? – perguntou Harry, parecendo seriamente animado.
- Ah, você quer que eu mostre o que é levar um fora? – perguntou Rony.
- Ah, gente... É esse o motivo para tanto stress! – falou Hermione não contendo o riso.
- Stress? – Rony pareceu irritado – Com licença, mas quem era a Rainha do Stress há uns tempos atrás?
- Rony... Acalme-se... Você vai estragar o seu passeio por causa de um fora? Eu não faria isso se fosse você... E também há muitas outras garotas legais... – afirmei.
- Ah, quer saber? Eu vou dar o fora daqui... Porque eu não agüento essas coisas melosas de casais... – e dizendo isso se retirou pela chuva mesmo parecendo muito nervoso.
Nós nos fitamos por um momento tentando compreender a situação, mas ninguém conseguira tal façanha.
Não voltamos muito tarde da visita à Hogsmeade. Tínhamos uma festa ainda.
Hermione e eu organizamos tudo em silêncio. Os alunos tinham sido avisados da festa no café daquele dia. Desde que combinei com Dumbledore a festa, mandei uma carta para Maria pedindo-lhe que enviasse o meu vestido que havia ganhado de minha mãe e um terno para Rony. Ela enviou e eu já guardara o meu e entregara o de Rony, que parecia muito feliz.
Mais uma vez Cedrico me convidou tão formalmente que chegou a causar gritinhos de excitação em algumas garotas à nossa volta. Rimos da situação, mas sabia que elas morriam de inveja. Separamos-nos, e ele me esperaria às 20h ao pé da escada principal, como havíamos combinado.
Encontrei-me com Hermione no dormitório. Ela parecia bastante feliz. Apenas sorrimos uma para a outra, sem trocar qualquer palavra.
Era com certeza o dia perfeito. Tanto para mim, quanto para ela.
'There always be a place for us.'
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