O dia seguinte e outros dias +



Harry levantou particularmente cedo. Não viu quando os amigos subiram para dormir nem os esperou para o café. Ainda não queria discutir o assunto sobre Snape, nem dizer a eles que Sirius fora embora.
Ele parou próximo a uma janela no corredor que levava ao Salão Principal e percebeu que não havia mais neve. O céu estava azul claro e a grama verde estava toda pontilhada de pequenas flores ainda em botão.
Era a primavera chegando, como se sentisse que agora não havia mais perigo.
Harry desceu e sentou-se em uma das pequenas mesas que ocupavam o salão. Logo seu café apareceu: torradas com geléia, ovos e bacon. Ele comeu com vontade e resolveu que esperaria os amigos.
Quando todos estavam novamente reunidos, Harry contou o que seu padrinho decidira. Ninguém comentou nada. Não havia mais nada para ser comentado. Até que Gina perguntou:
_ E agora? Como vai ser?
_ Não sei – respondeu Harry.
_ Espero que reabram a escola. Preciso tirar o meu diploma. – falou Mione.
Todos riram.
_ Mione – disse Neville – depois de tudo o que você fez, acho mais fácil lhe darem o lugar de professora.
Ela corou com o elogio.
_ Ei Luna – chamou Rony – onde você aprendeu a fazer todos aqueles feitiços?
_ Ah, eu não aprendi em lugar nenhum. Pra falar a verdade eu nunca consegui acertar nada na aula de Trasnfiguração. Sempre fazia estrago. Então lembrei que a professora McGonagal me dizia sempre que isso era um perigo.
_ Ela tinha razão – concordou Rony.
_ Sabem de uma coisa? Eu queria que reabrissem a escola. Também quero o meu diploma de Hogwarts. E queria ter a chance de jogar quadribol e ganhar a Taça das Casas mais uma vez – falou Harry.
_ Você não vai ter chances, Potter – zombou Malfoy.
_ Acho que a Sonserina é que não tem chance alguma, Draco – duas vozes falaram ao mesmo tempo atrás do menino.
Eram Fred e George que chegavam animados.
_ Do que estão falando? – perguntou o jovem.
_ Eu não tenho muita certeza, não é Fred?
_ É, George, mas nós dois achamos que beijar uma professora pode dar detenção e fazer você perder uns 500 pontos de uma única vez.
Os dois caíram na risada. Draco ficou vermelho de vergonha e não conseguiu se explicar.
_ O que aconteceu – explicou os gêmeos Weasley – é que nós vimos o Draco aqui aos beijos com a aquela professora nova.
_ Ada? Você beijou Ada? Não acredito que você beijou a minha prima? – falou Harry fingindo estar escandalizado.
Draco não sabia o que dizer. Estava sem graça, assustado. Olhava para todos os lados procurando uma saída.
_ Olha aqui, Malfoy – disse Harry ainda fingindo uma raiva que não sentia – se você fizer qualquer coisa de ruim para a minha prima, eu mando a Luna transfigurar você.
Todos desataram a rir e até Draco se divertiu com a brincadeira.
Para alegria deles, a escola foi reaberta e eles voltaram para terminar os estudos. Gina e Luna ainda ficariam um ano a mais na escola.
A maioria das famílias mandou seus filhos de volta a Hogwarts. Assim o Campeonato das Casas aconteceu como sempre, mas tanto Harry quanto Draco tiveram que engolir a vitória da Corvinal. No quadribol, nenhuma grande surpresa. A vitória da Grifinória foi apertada. Uma diferença minúscula de apenas 20 pontos contra Sonserina.
O maior problema aconteceu quando a família de Gina descobriu o que ela tinha feito. Assim que o Ministério da Magia voltou a funcionar, tendo a frente o comando de Arthur Weasley, assessorado diretamente por seu filho Percy, o casamento escondido da única menina da família com Harry Potter foi logo noticiado.
_ Vocês são loucos? Como puderam fazer uma coisa dessas? Gina, logo você, tão ajuizada. E você, rapaz, não podia ter vindo aqui e falado conosco? – berrava a Srª Weasley o mais alto que podia enquanto apontava o cabo de uma colher de pau para os dois.
Demorou muito até que eles se acalmassem e achassem que a notícia era algo para se comemorar.
Harry descobriu que mesmo escondido, os casamentos entre bruxos são reportados ao Ministério imediatamente. Foi uma decisão tomada há 20 anos, para diminuir os custos e as filas que se formavam em frente ao Departamento de União Familiar Mágica, um dos setores mais caros e bagunçados que existia no Ministério.
Assim que saíram de Hogwarts as vidas de cada um tomaram rumos diferentes do que eles imaginavam.
Mione entrou para o Departamento de Aurores. Graças a suas habilidades no NIEM, que foram avaliadas em mais de 500%, ela pode ingressar sem fazer o curso específico. Apenas fez algumas adaptações, e logo ocupava o cargo de instrutora de novos aurores.
Rony recebeu um convite irrecusável. Ele passou dois anos morando com os centauros e estudando tudo sobre astrologia e sobre profecias estelares com eles. Quando saiu de lá foi indicado por Firenze para ocupar o cargo de professor de Adivinhação, já que o centauro havia sido perdoado por seus companheiros.
Os dois amigos continuaram juntos. Eram um casal incrível, e que Mione ficava muito orgulhosa de dizer que namorava um “professor”. Com certeza eles se casaram alguns anos depois é bem provável que tenham tido filhos ruivos como todos os Weasley.
Por falar em filhos, Gui e Fleur tiveram duas meninas. Eram lindas como Fleur, mas tinham os cabelos vermelhos característicos.
_ Essa cor de cabelo é contagiosa, querida! – falou a Sr° Weasley quando as meninas nasceram.
Como costume do mundo bruxo, meninas tinham apenas madrinhas, enquanto os meninos tinham apenas padrinhos. Gui chamou Gina para madrinha da pequena Adrissa, enquanto Fleur chamou sua irmã para ser madrinha de Claire.
As duas cresceram cercadas de muito carinho e para toda a família eram como anjos que chegaram para anunciar tempos de paz.
Foi só quando elas atingiram a idade de cinco anos que Fred e George notaram o talento para pregar peças que as duas tinham. E trataram de passar todo o conhecimento que possuíam para as duas.
Neville não se tornou professor de Herbologia como todos, inclusive sua avó, imaginaram. Ele conseguiu um resultado surpreendente do NIEM e como conseqüência teve garantido o ingresso numa escola superior. Em breve ele seria conhecido como o medibruxo mais brilhante do Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos.
Seu namoro com Luna não durou muito. Ele trabalhava demais e não conseguia acompanhar Luna em suas viagens. Ela cuidava agora da revista do pai e, nas horas vagas, escrevia histórias sobre animais que só ela conhecia.
Seguindo sugestão de Mione, ela reuniu todas as histórias e lançou um livro. Logo era um dos mais vendidos e ela era sempre convidada para palestras, noites de autógrafos e feiras de livros.
Luna e Neville ainda continuaram amigos e sempre se correspondiam.
Lucius Malfoy voltou a trabalhar no Ministério da Magia, atendendo a um pedido de Arthur Weasley, que precisava de alguém com conhecimento para administrar o Departamento de Busca e Apreensão a Artefatos de Magia Negra.
Draco foi trabalhar com o pai, mas não gostou muito da vida dentro do Ministério. Sentia falta de Hogwarts. Assim como Harry, era lá que ele se sentia em casa. Depois de alguns testes, ele assumiu o lugar de Madame Hooch quando ela se aposentou.
Além disso, tinha outro motivo para gostar de Hogwarts. Ada ainda ensinava História da Magia Avançada.
Os dois estavam muito bem, apesar do escândalo que foi quando decidiram se casar. Não era comum que um ex-aluno se casasse com uma professora, ainda mais tendo uma diferença de idade como a deles. Ada era quase oito anos mais velha que o rapaz.
Eles não se importaram muito com a falação e logo todos esqueceram. Menos o Profeta Diário, que depois de ser comprado por Rita Skeeter, foi aos poucos perdendo o prestígio, até se transformar numa mera revistinha de fofocas.
Draco ganhou do pai uma casa em Hogsmeade, para poder viver com a esposa. Era muito pequena se comparada a sua antiga casa, mas ele estava feliz ali. E agradecia todo dia por ter mudado de lado a tempo.
Hagrid abandonou Hogwarts pouco depois. Ele foi ajudar Madame Máxime a cuidar de Beauxbatons. Os dois formavam, literalmente, um grande casal.
Minerva McGonagal dirigiu Hogwarts muito bem, até seu último dia de vida. Quando os filhos de Harry e Gina e de Mione e Rony já estavam lá pelo 5° ou 6° ano.
Severo Snape desapareceu. Ninguém teve notícias dele. Há quem diga que ele enlouqueceu depois que Voldemort foi destruído. Mas nem Harry ou qualquer um de seus amigos acreditava nessa história. Certa vez, alguém disse que o avistou próximo a Hogsmeade, perto do Cabeça de Javali. Talvez tenha ido se certificar que o irmão de Dumbledore estava bem.
Assim que saiu de Hogwarts, Harry procurou os advobruxos que cuidaram da herança de seus pais. Passou uma tarde inteira conversando com eles. Quando voltou para A Toca, chamou a Srª Weasley e falou:
_ Tenho uma proposta para a senhora.
Os dois conversaram durante muito tempo. Quando resolveram tudo, voltaram para a cozinha e na hora do jantar, Molly weasley exibia um impecável vestido social, os cabelos arrumados e estava maquiada.
_ Para que toda essa produção, mãe? – perguntou Rony.
_ Porque de agora em diante eu sou a diretora do Instituto Alvo Dumbledore para Bruxos Menores. – respondeu a mulher cheia de orgulho.
Ela e Harry explicaram o que havia acontecido. O rapaz transformou a casa no Largo Grimmauld em uma espécie de orfanato para crianças bruxas. E convidou a pessoa que ele achava entender melhor de crianças em todo mundo, para cuidar de tudo.
O Instituto Alvo Dumbledore era mantido com os juros das contas de Harry no Gringotes, mas logo chamou atenção de outros bruxos famosos, donos de grandes lojas e empresas.
Entre eles, Vitor Krum, que havia abandonado o disfarce de falso comensal e se refugiara em uma montanha no norte da Rússia. Agora, ele voltara a ser o apanhador oficial do time da Bulgária e todo mês, parte de seu salário, era depositado na conta do instituto.
Depois disso tudo arranjado, Harry fez o que todos imaginavam que ele iria fazer. Usou as boas notas do NIEM e entrou, junto com Mione, para o Departamento de Auror. Mas ao contrário da amiga, ele teve que fazer o curso inteiro e quando saiu, descobriu que a amiga seria sua chefe.
Ele achava graça nisso tudo, porque Mione sempre tinha um jeito especial de mandar nele.
_ Já disse que não precisa me tratar diferente – resmungava ele.
_ Mas você derrotou ele não é mesmo? É você quem deveria ser chefe aqui – retrucava ela.
_ Mione, cala a boca e seja chefe de uma vez. Você sabe que é a bruxa mais brilhante de todo o mundo mágico. Então aproveita, ta?
Harry e Gina compraram uma casa perto da de Gui e Fleur. E sempre que podiam iam almoçar com os pais da garota.
O famoso “garoto que sobreviveu” agora era um bruxo de respeito. No dia de sua formatura no curso de auror, ele mandou um convite para sua Tia Petúnia. Com ele imaginara ela não pode ir, mas mandou-lhe um cartão, desejando sorte.
A vida seguia tranqüila. Nada de felicidade eterna, porque isso não existe nem para os trouxas nem para os bruxos.
Algum tempo depois, Harry acordou assustado. Olhava para os lados. Gina, ao seu lado também acordou.
_ O que foi? – perguntou preocupada, afinal os pesadelos de Harry sempre eram mau sinal.
_ Um sonho esquisito. Lembrei de uma coisa que jurei fazer e não fiz. E acho que agora é um bom momento.
Sem dar nenhuma explicação, Harry levantou e foi até a janela.
_ Ótimo, já está amanhecendo! Levanta, Giny. Quero que você venha comigo.
Ele trocou de roupa e enquanto ela se vestia, ele foi até o quarto ao lado. Era um quarto de crianças. Com cuidado para não acordar o bebê, que tinha cabelos bem pretos e desgrenhados como o dele, tirou-o do berço, enrolou-o numa coberta de lã, tricotada pela Sr° Weasley e foi para a cozinha esperar Gina.
_ Harry, onde vamos? – perguntou Gina.
_ Para Godric’s Hollow.
Eles aparataram na cidade que os pais de Harry viveram. Ele fez algumas perguntas aos moradores e logo descobriu o que queria.
Quando chegaram em frente a um grande portão de ferro é que Gina entendeu que eles estavam indo ao cemitério, visitar o túmulo dos pais de Harry.
O cemitério era bem diferente do que Harry conhecera no mundo dos trouxas. Não era triste, escuro e nem exibia horrendas figuras de caveiras ou anjos do apocalipse. Os túmulos eram coloridos e exibiam figuras que lembravam a vida de cada bruxo.
Harry perguntou ao zelador onde estavam enterrados Lílian e Tiago Potter. Ele indicou o lugar e eles foram até lá.
Um túmulo simples, sem muitos adornos. Harry sorriu quando identificou o desenho em alto-relevo feito no mármore branco: um cervo. Aquilo servia tanto para sua mãe, devido ao seu brasão, quando ao seu pai, um animago ilegal. Embaixo do cervo os dizeres: Lílian e Tiago – existem coisas que são para sempre!
_ Desculpem a demora – disse Harry emocionado. – Eu sei que devia ter vindo antes. Mas sei que vocês entendem.
Gina olhava a cena quieta, segurando a criança que brincava com uma mecha dos cabelos ruivos dela.
Ele ficou ali ainda um bom tempo, conversando. Depois virou-se para a Gina e pediu que ela se aproximasse.
_ Pai, mãe – falou ele – essa é a Giny. E esse aqui é o pequeno Tiago. Agora eu tenho uma família de novo.
De todos os destinos, o que teve maiores mudanças foi o da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
Depois que Harry reconquistou a magia que estava presa do Portal do Véu, nenhum bruxo precisava mais de varinha. A magia voltou a ser natural e muitos trouxas descobriram, depois de adultos até, que tinham habilidades mágicas.
Hogwarts precisou de uma grande reforma para acolher o número de alunos que dobrou depois das mudanças. O castelo ganhou novas salas e os dormitórios foram ampliados. Do lado de fora nenhuma mudança aparente.
Grope assumiu a função de guarda-caça e protetor do castelo.
Mas a novidade maior e mais excitante de todas estava reservada para os alunos a partir do sexto ano. Além dos fins de semana em Hogsmeade, eles recebiam uma nova autorização a ser devidamente assinada pelo pai ou guardião, para poder visitar, acompanhado da professora de História da Magia Avançada, o vilarejo de Aurillan.
Foram bons tempos de paz aqueles, mas toda noite Harry se deitava tenso. Sentia que não estava em segurança. Talvez porque muitos seguidores de Voldemort não acreditassem em sua destruição e insistissem em atacar trouxas, mestiços ou criar confusões em vários lugares.
Como ele já tinha lido no livro de sua família, a semente do mau fora lançada há muito tempo. E ainda ia dar muitos frutos.
Todas as noites, depois de colocar o pequeno Tiago na cama e dar um beijo em Giny, Harry respirava aliviado por não ter voltado a sentir aquela costumeira e signficiativa dor na cicatriz.

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