Eterniuns



Os rapazes já tinham encontrado várias pistas. Agora era traçar um plano, para conseguir vasculhar o castelo e depois sair para encontrar os outros horcruxes. Mione já tinha saído da enfermaria e agora eles estavam no Salão Comunal, discutindo onde procurariam primeiro.
_ A gente pode voltar a toca do Basilisco. Foi o último lugar que Voldemort esteve aqui no castelo, não é mesmo? – sugeriu Rony.
_ Eu não quero voltar lá. De jeito nenhum! – exclamou Gina – Tenho péssimas lembranças daquele lugar!
_ Eu também não vou voltar lá. Mesmo porque não acredito que Tom seja estúpido de guardar alguma coisa num lugar tão óbvio. O outro horcruxe, o que já está destruído, foi muito difícil de achar – falou Harry.
Todos concordaram. Eles sabiam que Harry só destruiu o diário porque usou a presa do basilisco. O anel de Servolo estava amaldiçoado e o medalhão de Slytherin foi guardado com os piores feitiços que um bruxo pode imaginar.
_ Vamos repassar o que Dumbledore explicou a você, Harry. – pediu Hermione – Todos os horcruxes que nós conhecemos tem alguma importância na vida dele. O diário, o anel e o medalhão. O que mais?
_ Dumbledore deixou subentendido que Voldemort queria um objeto de cada casa, como prova de que ele seria mais forte que todos. Mas eu sei que o único objeto de Griffindor era a espada, e ela Voldemort não conseguiu pegar.
_ Então nos sobra apenas Lufa-Lufa e Corvinal. A Taça de Huffleepuff, que ele conseguiu com aquela velhinha afetada, e um objeto que pertenceu a Rowena Ravenclaw.
_ Que nós não sabemos o que é nem onde pode estar. O jeito é voltar até a sala de Dumbledore e procurar mais alguma anotação ou um resto de memória pra usarmos na Penseira – sugeriu Harry.
Eles passaram a noite na sala do diretor, mas não conseguiram encontrar nada. Nem uma anotação sequer.
_ Esquece Harry, não tem nada aqui – falou Gina cansada.
_ Droga – gritou o garoto dando um chute na mesa que deixou abrir uma portinhola embaixo do tampo de onde caíram alguns pergaminhos.
Harry se abaixou e reuniu todos eles. Pareciam cartas escritas há pouco tempo. Mas estavam todas lacradas. Parecia que o diretor não tivera tempo de ler.
Ele olhou para os amigos, esperando ver um olhar de aprovação. Hermione se adiantou e disse:
_ Vai, abre! Ele deixou a sala para você com tudo o que tem dentro. Isso inclui a correspondência.
_ Mas eu não sabia de compartimentos secretos – justificou-se Harry.
_ Acho que ainda vamos descobrir muita coisa nesta sala que nunca imaginamos – respondeu-lhe a amiga.
Harry desenrolou a primeira carta. Era de Abefort, irmão de Dumbledore. Não dizia muita coisa.

Meu irmão,
Você sabe que nunca fui tão brilhante quanto você. Mas isso é necessário. Saiba que pode contar comigo, pra tudo. Tudo mesmo! Basta dizer o dia e o local, que, independente do que for, eu estarei lá.

Abefort

Ele releu o bilhete e passou para os outros. Enquanto os amigos se revezavam para ler, Harry abriu outro pergaminho, desta vez um pouco maior e com letra feminina.

Querido Alvo,
Você sabe que eu não consigo resistir a um pedido seu. Ainda considero seus óculos de meia-lua um charme.
Só não entendi por que preciso me desfazer dela, Dumby. Era uma bela herança de família, a única, pra ser sincera. Você sabe o quanto minha ancestral era desapegada de coisas materiais.
Ela só tinha luxo por essa varinha. Acho que escondia alguma paixão secreta. Você deve saber melhor que eu.
Só quero que saiba que já foi feito. Agora espero que cumpra sua palavra e venha jantar comigo na próxima semana.

Com carinho,
Elisa Ravenclaw

Harry ficou pálido. Será que aquela mulher falava sobre a varinha de Rowena Ravenclaw? Ele mostrou a carta aos amigos. Todos pensaram a mesma coisa.
_ Bom – disse Mione quebrando o silêncio – então já sabemos qual era o objeto da Corvinal. E sabemos também que Voldemort não conseguiu esse tesouro para sua coleção. Agora é sair do castelo e investigar os outros lugares.
Eles combinaram de sair do castelo no dia seguinte. Enquanto todos estivessem na festa de Dia das Bruxas ninguém repararia neles.
_ Seria melhor se fizéssemos uma coisa antes. – sugeriu Gina – Por que não deixamos tudo preparado para sair do castelo? Podemos preparar as mochilas, as vassouras, alguns mantimentos... Pra quando surgir a oportunidade de sair daqui a gente não perder tempo.
A idéia da garota foi imediatamente aprovada pelos amigos e eles correram para arrumar as mochilas.
Por mais perigosa que fosse a missão deles, a expectativa de viajarem sozinhos, juntos, os quatro, era muito excitante. Rony e Harry estavam no dormitório separando o que deveriam levar.
Harry colocou em sua mochila uma calça jeans, algumas meias e cuecas, duas camisas e um blusão de moletom. Levaria dinheiro se precisasse comprar roupas. Colocou também a capa da invisibilidade, a caixa com a Andriax, o livro de família e o mapa do maroto.
Os dois amigos concordaram que se saíssem com as mochilas ao mesmo tempo, poderiam chamar atenção. Então Harry sairia primeiro e 15 minutos depois, Rony iria encontrar com ele na sala do diretor.
Mal eles chegaram, e Gina e Hermione chegaram atrás. Só Mione não tinha vassoura, pois Gina ficou com a antiga de Rony. Eles dariam um jeito nisso, nem que precisassem roubar uma da Madame Hoock.
Não havia mais nada a fazer e Harry decidiu ler o resto dos pergaminhos. Para agilizar a leitura, o rapaz dividiu as cartas com os outros três e disse para procurarem alguma informação importante.
Foi Rony quem achou a informação, mas num pergaminho escrito pelo próprio Dumbledore. Eram anotações desconexas, nomes riscados, desenhos e símbolos rúnicos. Com a ajuda de Hermione eles conseguiram entender o que dizia o papel.
Eram anotações de um jeito muito antigo de se repartir a alma ou de transferir a alma inteira para o corpo de algum animal.
_ Não é um horcruxe – refletiu Mione – porque não requer a morte de ninguém.
_ Mais ou menos como Morgan fez na história da minha família – disse Harry.
_ Exatamente – disse Mione – mas como se faz aqui não explica direito. É preciso uma situação específica, mas não consigo entender o resto, parece que é preciso uma entrega, entrega total ou perigo total, não dá pra saber – concluiu confusa.
_ Eu sei de alguém que pode nos ajudar – falou Harry.
Eles foram atrás da Professora Goldrisch. Quando soube do assunto ela suspirou e falou:
_ Sim, foi essa a magia que seu antepassado usou, Harry. Mas é preciso um coração muito generoso para realizá-la. Enquanto um horcruxe é feito através da escuridão de uma alma, um eterniuns é feito com um coração livre de maldade. E mesmo assim, as conseqüências são muito duras de agüentar.
_ Conseqüências? Nas anotações de Dumbledore não havia nada sobre conseqüências – falou Hermione.
_ Ele não deve ter tido tempo de estudar tudo, Srta Granger. Mas existem conseqüências. Para fazer um eterniuns é preciso que ambas as partes estejam de acordo. Porque quando você der um pedaço de sua alma para outra pessoa guardar, ela também vai dar um pedaço da dela para você. E você passa a ser responsável pelas alegrias e sofrimentos dela. Vocês se tornam um só. Como num casamento.
_ E, quando tentam matar alguém, tipo, funciona do mesmo jeito que um horcruxe? – quis saber Rony.
_ Não – disse a professora – mas mantém você vivo o tempo suficiente para terminar o que começou. Se for uma batalha, você só morrerá assim que ela terminar.
Os rapazes ficaram em silêncio, sem coragem de olhar para a professora. Até que Harry perguntou:
_ E o que é preciso para se fazer isso? Tem alguma palavra mágica, um feitiço, um gesto com varinha?
A professora analisou bem o rosto do garoto como se entendesse onde ele queria chegar com a pergunta, e respondeu:
_ Não, e esse é o maior segredo do eterniuns. Não há um feitiço, pois ele usa a magia natural, a magia intuitiva.
Eles saíram da sala da professora e foram jantar. O dia tinha sido muito confuso, até mesmo para Hermione.
Ninguém falou nada enquanto comiam. O teto enfeitiçado do salão exibia uma noite extremamente bela, com uma brilhante Lua Minguante e várias estrelas desenhando a Via Láctea.
Quando acabaram de jantar, Rony espreguiçou na cadeira e olhou para o alto. Ele já havia esquecido que os astros falavam com ele. Mas alguma coisa estava acontecendo de diferente. Ele havia se agachado com as mãos protegendo os ouvidos e fazia caretas de dor.
Ninguém havia tomado nenhuma iniciativa, quando a porta da frente se abriu e Hagrid entrou. Levantou o rapaz do chão e saiu com ele da sala, seguido de perto pelo professor Firenze.
Harry, Gina e Hermione correram atrás, mas logo perceberam que não precisariam ir até a enfermaria. Rony parou de gemer quando saíram do salão. Hagrid o deixou sentado em uma escada.
_ Você também ouviu, não foi? – perguntou o centauro ao rapaz.
Rony só afirmou com um aceno de cabeça, a expressão entre pavor e cansaço no rosto.
_ Hagrid – chamou Harry – onde você estava? Todos ficaram preocupados.
_ Ah, bem – começou o meio-gigante – eu estava buscando remédios. Sabe, o Grope foi ferido. Não sei por quem, mas ele ficou muito mal, e eu estava cuidando dele até agora. Estava voltando quando vi os centauros inquietos e quando entrei no castelo ouvi o Weasley aqui berrar de dor.
_ Que bom que voltou! E como está o Rony? – perguntou Mione dirigindo-se ao professor de Adivinhação.
_ Está melhor, hoje os astros estão nervosos, Srta Granger. Por favor, não deixe que Rony saia ou veja o céu em momento algum, está bem?
Ela concordou com a cabeça e os professores voltaram para o salão para tranqüilizar o resto dos habitantes do castelo.
_ Nossa – suspirou Rony – achei que só o Gui é que teria problemas com a lua.
Eles começaram a rir.
_ Pelo visto você já está bem melhor, né? Já está até fazendo piadinhas – se divertiu Gina.
_ Estou melhor sim, mas posso pedir um favor? Eu preciso falar a sós com o Harry.
Ninguém entendeu muito bem, afinal aquele era um grupo que não tinha mais segredos. Mesmo assim ninguém questionou o pedido. Gina e Hermione voltaram para o salão. Iam pegar alguns doces de sobremesa para os meninos.
_ Olha, cara, aquilo lá dentro, lá no salão... – começou Rony.
_ Ta tudo bem, Ron – disse Harry para acalmar o amigo.
_ Não, não é isso. É que eu queria contar pra você o que eu ouvi. Vem uma tempestade feia por aí, Harry. E a história vai ser diferente do que todo mundo pensa.
Harry olhava sério para o amigo. Uma previsão daquelas não era algo animador.
_ E tem mais!
_ Mais ?! – assustou-se Harry.
_ É. Eu sei o que você quer fazer.
_ Sabe?
_ Sei, e não se preocupe. Não vou tentar te impedir, apesar dessa ser a minha vontade. Mas se você acha que isso realmente é válido, tem que ser feito essa noite. Não pode esperar mais.
Harry agradeceu o amigo e saiu correndo em direção ao salão. Chamou Hermione para fazer companhia a Rony e foi procurar a professora Goldrisch.
Encontrou-a em sua sala, relendo alguns trabalhos. Bateu à porta e pediu licença para entrar.
_ Eu sabia que você ia voltar. Costumo deitar cedo, mas resolvi esperar por você – disse a mulher enquanto guardava os trabalho em uma gaveta sob a mesa.
_ Ada, o que você disse hoje pra gente...
_ É isso mesmo que você entendeu, Harry. Agora me diga, você acha que está preparado para isso? É uma responsabilidade e tanto.
Harry deu um sorriso amargo e respondeu:
_ Ada, desde que eu nasci lido com a responsabilidade de ser “o menino que sobreviveu”, cresci e virei “aquele que pode destruir Voldemort”. Essa vai ser a melhor responsabilidade da minha vida.
A professora sorriu compreensiva.
_ Imaginei mesmo... Então, acho que posso te contar um segredo, para facilitar as coisas.
_ Que segredo?
_ Pelas tradições de magia antiga um bruxo atinge a maioridade aos 15 anos, e não aos 17 como todos dizem. Essa história de 17 é só para garantir que vocês terminem a escola – finalizou a professora.
Harry agora sabia o que fazer. E sabia que não estaria quebrando nenhuma regra. Saiu de lá e correu até a sala de Dumbledore. Pegou tudo o que precisava e foi atrás dos amigos. Encontrou todos no Salão Comunal da Grifinória.
Ele estava eufórico e todos perceberam.
_ Aconteceu alguma coisa? – quis saber Hermione.
_ Não, só que tive que correr para escapar de Filch – mentiu o garoto.
Ele sentiu o quanto era estranho mentir para aqueles que sempre confiaram nele. Mas aquele assunto era pessoal demais para ser dividido.
Rony percebeu o que estava acontecendo e resolveu ajudar. Era difícil, porém ele sabia que era necessário. Então convidou Mione para uma partida de xadrez.
Harry aproveitou a deixa do amigo e chamou Gina a um canto:
_ Preciso da sua ajuda hoje à noite – falou baixinho.
_ Para quê?
_ Ainda não posso te contar, mas se encontre aqui comigo, à meia-noite. Pode ser?
A garota confirmou com a cabeça. Estava curiosa, mas faltava pouco menos de duas horas para o encontro marcado.
O tempo passou rápido e logo os alunos começaram a ir para suas camas. Com o clima pesado que estava na escola desde o seqüestro de Neville, era difícil alguém ter animo para ficar acordado até mais tarde.
Hermione também sentiu sono e chamou Gina para irem para o quarto. A namorada de Harry deu uma desculpa qualquer e disse que subia em seguida. Rony foi para o quarto e ela pode finalmente perguntar a Harry:
_ E então, precisa da minha ajuda para quê?
_ Já vou te mostrar, venha aqui – respondeu enquanto tirava a capa da invisibilidade de trás de uma almofada.
_ Onde nós vamos, Harry? – perguntou intrigada.
_ Calma, você já vai saber.
Eles andaram um bom tempo, sempre com cuidado para a capa não cair. Logo chegaram a um lugar que logo Gina reconheceu como sendo o corredor do sétimo andar. O mesmo corredor em que ficava a Sala Precisa.
Eles pararam, Harry tirou a capa de cima dos dois e perguntou, com voz firme:
_ Eu preciso saber a verdade, Gina.
_ Que verdade? – disse a garota sem entender.
_ Você me ama mesmo?
A pergunta pegou-a desprevenida e ela ficou vermelha.
_ É sério, Gina. Isso é muito importante.
_ Harry, eu amo você desde a primeira que lhe vi, meio perdido na estação, há exatamente 7 anos.
O rapaz suspirou aliviado. Afastou-se da namorada um pouco e passou três vezes diante do local onde ficava a sala, enquanto pensava “preciso de um lugar para fazer o que precisa ser feito”. Uma porta grande, de madeira escura, apareceu na parede.
Harry se virou, pegou a namorada pela mão e a levou para dentro da sala.
Era uma sala redonda, toda branca, tinha cortinas, tapetes, almofadas. Tudo do mais puro branco que eles já tinham visto. Algumas peças eram bordadas com fios dourados.
Gina não estava entendendo nada. Até que reparou no centro da sala, uma almofada quase do tamanho de um colchão onde estava bordado H&G.
_ Harry, isto é... é o que eu estou pensando?
Harry assentiu com a cabeça e esperou que ela saísse correndo ou gritasse que ele era louco. Mas ela não fez nada. Olhou para ele e perguntou:
_ E agora? O que a gente faz?
_ Isso significa que você aceita?
_ Aceito, aceito sim!
Harry tirou um pequeno pedaço de pano do bolso e o entregou a namorada. Quando ela desenrolou, teve uma surpresa maior ainda.
_ É a Andriax, Harry. Eu não posso ficar com ela. É uma jóia de família.
_ Agora você é a minha família, Gina. Aceite, por favor!
Ele tirou o colar das mãos da jovem e o colocou em seu pescoço. A pequena fada na ponta do pingente acordou e se agitou muito, como se estivesse feliz. Um brilho muito forte saiu do pingente em forma de estrela no pescoço de Gina e envolveu os dois completamente.

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