A revelação



Harry andou tranqüilamente até a casa da vizinha. Reparou como a vida naquela rua era completamente tediosa. Dava a impressão de que o tempo tinha parado. A cor das casas nunca mudava, as plantas eram sempre as mesmas e os carros brilhantes e bem limpos estacionados nos mesmos lugares. O garoto imaginou se algum bruxo não tivesse lançado um feitiço de chatice naquelas pessoas.
Logo que chegou à casa da vizinha, Harry reparou que as luzes estavam apagadas. Estranho – pensou o garoto – sua tia não costumava mentir. Se não havia ninguém em casa, onde estaria Tia Petúnia? Ela teria avisado em casa. Ou será que a Srª Figg piorou e precisou ser levada a um hospital? Mesmo assim tia Petúnia chamaria tio Valter para levá-las de carro.
Sem perceber o que estava fazendo, Harry atravessou o pequeno portão de madeira branca da entrada e se dirigiu aos fundos da casa. Viu então que uma das luzes da cozinha estava acesa.
Aproximou-se de uma janela pequena a um canto da parede e a cena o deixou estarrecido. A Srª Figg estava realmente muito mal, com o rosto cheio de feridas abertas e o peito enfaixado por uma série de ataduras de cores engraçadas. Mas Harry já vira ferimentos mais graves que aqueles. O que o surpreendeu foi observar sua tia preparar uma poção com bubotúberas e aplicar nas feridas da doente. Depois de um tempo fazendo isso, ela se prontificou a trocar aquelas ataduras coloridas.
_ Tem certeza de que não prefere ir ao hospital, Arabella? – perguntou Petúnia.
_ Tenho, você sabe muito bem que esses ferimentos não põem ser tratados com medicina trouxa!
_ Tudo bem, mas pelo menos coloque umas gazes e ataduras mais normais – pediu Petúnia com paciência.
_ Ah Pet – respondeu a outra com uma intimidade que Harry nunca vira – você sabe que as cores me fazem bem. E eu não consegui me adaptar ao mundo trouxa tão bem quanto você.
Harry ouvia cada palavra com o máximo de atenção. O que aquela senhora queria dizer com adaptar-se como sua tia? Sem que ele esperasse ou pudesse desviar o olhar, Petúnia já havia tirado as ataduras da Srª Figg e Harry teve a bizarra experiência de ver uma bruxa abortada, idosa, semi-nua. Seria algo para rir com Rony se ele não tivesse reparado no formato do ferimento. Aquilo era definitivamente um Sectumsempra.
O ódio por Snape veio a tona e Harry quase arrombou a porta da cozinha para saber como aquilo tinha acontecido. Fez um esforço enorme, mas se controlou. O que a vizinha falara sobre sua tia ainda o perturbava e ele queria saber até onde aquela conversa ia dar.
Mas não conseguiu mais nenhuma informação importante. Logo sua tia começou a se despedir e Harry saiu apressado, em direção a sua casa. Chegou na porta da cozinha, espiou pra ver onde estava o tio (que continuava na frente da TV) e entrou sem fazer ruído. Foi direto para o quarto e assim que fechou a porta escutou a tia entrando pela porta da frente.
Harry ouviu um começo de conversa, mas como estava deitado, tentando acalmar os nervos e parecer sonolento, não conseguiu distinguir o que falavam. Mas pelo som de passos adivinhou que falavam dele. Logo a tia entrou em seu quarto (sem bater), seguida de perto pelo marido.
_ Muito bem, explique-se. Por que não veio naquele trem horroroso em que vem todos os anos. E por que não veio no dia combinado? – disse ela, quase como se imitasse a reação de Tio Valter.
Harry queria interrogar sua tia sobre tudo o que ouviu na casa da vizinha, mas aquele não era o momento. Sentiu que se discutisse com ela colocaria tudo a perder. Então, limitou-se a responder:
_ Bem, o trem estragou pouco antes da viagem. Então, o único meio de nos mandarem pra casa foi através de uma magia específica. E vocês não precisam se preocupar, nenhum vizinho me viu chegando.
_ Ótimo, menos mal. Mas você ainda não respondeu por que veio antes do dia previsto? – voltou a perguntar a tia sem disfarçar o mal estar que a presença do menino lhe causava.
Harry não queria contar sobre Dumbledore. Não àquela hora. Procurou na mente alguma coisa que pudesse usar como desculpa. Então a imagem da Senhora Weasley arrancando fadas mordentes das cortinas veio a mente de Harry e ele falou, quase aliviado:
_ Dedetização. É, a escola foi infestada de pragas como fadas mordentes e explosivins e não tinha como as aulas continuarem. Aí nos mandaram pra casa.
Harry teve a impressão de ler a palavra mentiroso nos olhos de sua tia. Mas essa sensação sumiu quando ela deu de ombros e disse, seca:
_ Então faça de conta que ainda não chegou. Não somos obrigados a aturar sua presença insuportável por causa de problemas na sua escola de aberrações.
Ela virou as costas e saiu, acompanhada por Tio Valter que olhava com ares de triunfo para Harry.
O pedido de sua tia não o ofendeu. Ele o atenderia inteiramente. Não conversaria com ninguém, nem comeria junto com eles. Faria de tudo para não perceberem que ele estava ali. E muito menos que estava interessado na doença da Srª Figg e nas conversas que ela tinha com sua tia.
Durante duas noites Petúnia nem mencionou o nome da coitada da Srª Figg. Harry sabia o quanto aquele machucado deveria doer. E sabia que só a Madame Pomfrey, ou os medibruxos do Hospital St. Mungus dariam um jeito rápido naquilo.
No 4° dia após sua volta, Harry viu o tio saindo pra comprar alguma coisa a pedido da esposa. Assim que ele virou a esquina, Petúnia entrou em casa e correu ao telefone. A conversa foi rápida, ela apenas pediu desculpas e disse que esta noite voltaria para ajudá-la.
Então era isso. Tia Petúnia que nunca foi o tipo de vizinha prestativa, não podia demonstrar grande solidariedade. Mas Harry estava decidido. Seguiria a tia. A qualquer custo. Ele ainda não era maior, faltavam muitos dias para seu aniversário. Mas a capa da invisibilidade era um artefato mágico e não uma magia praticada por ele.
O dia transcorreu normalmente. Às 5 da tarde, Harry fez um lanche rápido (mal conseguia engolir, tamanha era sua ansiedade), pegou a capa, escondeu dentro da camisa e saiu de casa, sem falar com ninguém.
Foi para a garagem e lá vestiu a capa. Quando se certificou de que tudo estava perfeito, saiu da garagem e foi lentamente até a casa da vizinha. Sentou ao lado da porta e ficou esperando.
Pouco depois sua tia apareceu e tocou a campainha. A srª Figg logo atendeu e mandou que entrasse. Sorrateiramente, Harry entrou junto, da mesma maneira que sempre fazia em Hogwarts.
Petúnia pareceu bem à vontade na casa esquisita daquela velha. Logo acomodou suas coisas, colocou o bolo que levava na cozinha e se largou no sofá, como uma adolescente.
Harry estranhou os hábitos da tia, mas decidiu não interferir para obter o máximo de informações possíveis. Logo escreveria para Hermione, pelo correio trouxa e ela avisaria Rony.
_ Então vejo que nossa pomada está funcionando – disse Petúnia – algumas feridas já cicatrizaram.
_ É, ainda bem que guardei os livros dos meus pais. São meio antiquados, mas estão quebrando o galho – respondeu a outra.
_ Só que seu estoque de bubotúberas está quase no fim. É bom escrever para sua amiga e pedir mais. Você sabe que seus ferimentos ainda vão levar pelo menos umas 3 semanas para melhorar.
A conversa das duas girou em torno dos livros e dos ingredientes para as poções que precisavam fazer para curar as feridas. Petúnia demonstrava muito conhecimento de substâncias mágicas e Harry ficou espantado quando ela acendeu a lareira e colocou um caldeirão com água para ferver.
_ Vou fazer um revigorante para você. Parece meio pálida hoje. – e saiu da sala voltando em seguida com várias ervas e outras substâncias que Harry conhecia das aulas de herbologia e poções.
Será que a vizinha ensinara essas coisas a sua tia para ter alguma ajuda? A resposta a essa pergunta viria logo em seguida.
_ Como vai o pequeno Harry, Pet?
_ Ah, ele não está mais tão pequeno assim – respondeu tia Petúnia e Harry, pela primeira vez, sentiu alguma ternura em sua voz ao se referir a ele. – Agora está quase homem, sabe? Mais umas 3 semanas e vai embora de nossa casa.
_ Então ele vai fazer 17, já? Como o tempo passa... Sinto saudade da época em que vocês o deixavam aqui, comigo.
As duas ficaram em silêncio por um bom tempo, observando o caldeirão ferver. Até que a Srª Figg, em voz baixa, perguntou:
_ Pet, você ainda tem raiva dele?
Petúnia não respondeu, fixou os olhos nas chamas da lareira e apenas movimentou a cabeça, num gesto que poderia significar tanto sim, quanto não.
_Mas já faz tanto tempo, minha querida. Veja o meu caso, eu também não pude ir pra lá.
_ Só que com você foi diferente. Você não pode ir. Eu F-U-I. Fui e tive que sair. Por causa de uma brincadeira de criança. Você acredita que eu tive que sair por uma brincadeira de criança? – respondeu a tia de Harry com uma voz cheia de angústia, raiva e desolação.
Harry ouvia cada palavra atento, precisava saber que lugar era aquele. Ele já desconfiava, mas era improvável demais.
_ Pet, ele só fez o que mandaram que ele fizesse. Você sabe disso...
_ Sei, mas não precisava ter gritado comigo, na frente de toda minha família, na hora de um almoço tão importante! Eu ia receber aquela jóia, Bella. Eu ia ter a jóia da família, ter os poderes da jóia se ele não tivesse gritado comigo! Foi uma vergonha – falava a tia agora entre soluços.
_ Até hoje eu não entendi o que aconteceu de verdade. Num dia você estava bem, ia receber a jóia, a festa estava pronta. No outro estava chorando, seus pais recebendo cartas de muitos amigos e você fazendo as malas para ir para um internato.
_ Você quer realmente saber o que aconteceu?
O coração de Harry disparou. Ele também ia saber. Exatamente o que ele não fazia idéia. Mas sentia que era algo muito importante.
_ Eu já estava no terceiro ano. Era a melhor aluna em tudo, exceto em vôos, mas nas outras matérias ninguém me superava. Durante os intervalos eu estudava tanto que consegui efetuar um feitiço digno de um NIEM. Minerva viu e logo contou ao diretor.
Então sua tia realmente esteve em Hogwarts, pensou Harry. Mas por que aquela aversão ao mundo mágico? Por que o chamava de aberração?
_ Dumbledore veio logo, junto com outros professores. Eu repeti o feitiço e ele disse que aquilo era digno de uma medalha de Inteligência Privilegiada. Coisas de Dumbledore, você sabe! Todos em casa estavam felizes com a notícia. Assim que chegassem as férias, eu receberia a Jóia de Andriax, que estava na família a gerações.
_ Só que as coisas não saíram como planejado. Assim que eu cheguei com a minha medalha começaram os preparativos para a festa. Minha mãe mandou fazer um belo vestido para mim, nossos elfos tinham limpado a prataria e preparado os pratos que eu mais gostava. Mas no fim da tarde uma correspondência chegou. Uma correspondência destinada à Lílian.
Ao ouvir o nome de sua mãe, Harry quase se denunciou. Ele chegou a dar um passo atrás e esbarrou na mesinha de canto, fazendo um vaso balançar. Mas sua tia estava tão absorta em suas lembranças, como se tivesse se livrando de um peso enorme, que nem percebeu e continuou seu relato.
_ Lílian havia sido aceita em Hogwarts. Ela ficou eufórica e derrubou um frasco de tinta no meu vestido de festa. Eu fiquei irritadíssima, mas minha mãe limpou o vestido e ele voltou a ficar perfeito. Mas minha irritação não havia sumido. Lílian era muito estabanada. Eu temia que ela estragasse a minha festa. Quando meu pai soube que ela havia sido aceita, decidiu que a festa seria para comemorar as duas coisas. Eu estava perdendo o brilho. Não seria mais a atração principal.
_ Então uma idéia passou pela minha cabeça. Eu chamei a Lílian com a desculpa de mostrar a ela uma coisa que ela usaria em Hogwarts e a levei para o closed de nosso quarto. Lá eu me certifiquei que não teria ninguém olhando, peguei minha varinha e fiz minha irmã ser suspensa no ar e ficar lá amarrada e amordaçada. Eu queria brilhar sozinha!
_ Só me esqueci da lei de restrições do uso da magia por menores. Na hora do jantar, minha mãe estranhou a ausência de Lílian, mas não se preocupou muito afinal ela sempre foi bem independente.
_ Na hora que minha avó me entregaria a Andriax, uma enorme coruja apareceu e me entregou um berrador. Até hoje eu escuto os gritos me chamando de egoísta e vaidosa, que aquilo que eu fiz era muito perigoso e que eu seria processada.
_ Nunca imaginei que o que eu tinha feito era tão grave. Então saí correndo da mesa, meus pais atrás de mim, e quando cheguei no meu quarto quase morri de susto. Lílian estava flutuando fora do closed, quase roxa, por causa da mordaça.
_ Ela ficou duas semanas no St. Mungus para se recuperar e eu fui processada pelo Ministério da Magia. A sentença foi me expulsarem de Hogwarts e quebrarem a minha varinha.
Petúnia parou nesse momento. Uma nuvem de tristeza passou pelo seu olhar, ainda perdido nas chamas que ardiam na lareira.
As duas ficaram em silêncio. O coração de Harry batia descompassado. Sua tia quase matara a própria irmã, mãe de Harry, e por isso tinha sido expulsa de Hogwarts. Ele não conseguia se mexer, e se conseguisse, não saberia o que fazer.
O silêncio durou pelo menos 10 minutos. Até que a Srª Figg falou:
_ Minha querida, acho que quem está precisando de um revigorante é você. Beba um pouco, ou seu marido vai perceber que não está bem.
Automaticamente ela pegou o copo que a mulher lhe oferecia e bebeu. Numa fração de segundos seus olhos desincharam, os cabelos que haviam ficado levemente desgrenhados estavam impecáveis de novo.
_ Pet, é bom você ir pra casa. Outro dia continuamos nossa conversa. Agora você precisa dormir e pensar em tudo o que aconteceu. Você não é mais adolescente. É uma mulher adulta e sabe que precisa consertar algumas coisas.
Harry não sabe bem como aconteceu, apenas viu a tia se despedindo da mulher e saindo na sala. Ele não foi rápido o bastante e acabou preso naquela sala. A Srª Figg apagou as luzes, trancou portas e janelas e foi se deitar.
Quando pode respirar aliviado, Harry percebeu que estava trancado naquela casa. A Srª Figg levou as chaves para o quarto e Harry achou arriscado demais ir atrás. Ele estava sem a varinha, e mesmo que estivesse, ainda não havia completado os 17 anos. O rapaz agora pensava em contar com a sorte dos tios não o procurarem. Foi até a cozinha ver se conseguiria sair pela porta dos fundos.
Realmente, a porta dos fundos era mais fácil de abrir e Harry logo alcançou a rua. Mas seus pensamentos giravam de tal maneira que ele não teve vontade de voltar a casa daquela criatura que quase matou sua mãe.
Aproveitando que estava sob a capa da invisibilidade, Harry vagou durante umas duas horas e só então voltou a Rua dos Alfeneiros, n° 4. Durante esse tempo ele havia decidido. Quando completasse 17 anos pegaria suas coisas, iria até o Largo Grimmauld e de lá escreveria para os amigos. Chamaria Rony e Hermione para viverem com ele enquanto trabalhavam no enigma dos Horcruxes.
Harry entrou pela porta da cozinha e foi para seu quarto. No meio do caminho um barulho chamou sua atenção. Vinha de baixo da escada, daquele mesmo cômodo que lhe serviu de quarto durante anos.
O rapaz desceu as escadas e colou o ouvido à porta. Alguém chorava ali. E mais, o barulho não era só de choro, parecia pena escrevendo sobre um pergaminho. Aquela poderia ser a hora da verdade.
Harry descobriu a capa, respirou fundo e, com um movimento rápido e decidido, abriu a porta. A cena era justamente a que ele havia imaginado, sua tia estava escondida ali, chorando e escrevendo uma carta para alguém.
Ela olhou aterrorizada para Harry imaginando que poderia ser seu marido. Quando identificou a imagem do garoto a sua frente, saiu do armário lívida, pronta para gritar com ele.
Antes que ela dissesse alguma coisa, Harry comentou:
_ Eu já sei da sua história.
O rosto de Petúnia empalideceu e ela quase desmaiou. Encostou-se na parede e, tentando disfarçar o medo, disse:
_ Não sei do que você está falando seu anormal.
Harry não se deu por vencido. Olhou a tia dos pés a cabeça e ameaçou:
_ É hora de parar com as mentiras. Sei que estudou em Hogwarts, sei que foi expulsa por quase matar a minha mãe. Agora você me deve muitas explicações. Ou vai preferir que eu chame Tio Valter e mostre que sua perfeita e normal mulher esta trancada embaixo de uma escada escrevendo uma carta com pena e pergaminho, exatamente como fazem os bruxos?
Petúnia ficou lívida. Estava decidida a contar a verdade ao sobrinho, mas não daquela maneira. Percebendo que não tinha outra saída, perguntou:
_ O que você já sabe?
O rapaz lhe contou sobre o eu ouvira na casa da Srª Figg, mas ocultou a informação sobre a capa da invisibilidade.
_ Bom – refletiu a tia – você já sabe quase tudo, Harry.
_ Não, não sei. Você esconde coisas demais. Onde está o resto da minha família? Que raio de Jóia de Andriax é essa? E como você se tornou essa pessoa chata, normal e sem nenhuma aptidão mágica? – perguntou irritado o garoto.
_ Acho melhor irmos com calma. O resto da sua família, meus pais, morreram. Foram assassinados por bruxos das trevas. Eles nem chegaram a conhecer você. Eu sou o que sou hoje por uma decisão dos meus pais, eles me destituíram de toda habilidade mágica, através de um ritual de magia antiga que existia dentro da nossa família. E me mandaram estudar em um colégio para moças, na Suíça. Lá eu aprendi tudo o que sei sobre os trouxas. Era uma espécie de reformatório e eu era forçada a limpar tudo, cuidar de mim mesma, das minhas roupas, da minha comida.
_ Sabe, Harry, eu aprendi que podia me virar sem mágica, que eu não precisava de ninguém que não gostasse de mim. Assim, quando completei 18 anos e saí do internato, não voltei para casa. Vim para Londres e procurei um emprego. Consegui em uma loja de departamentos e foi lá que conheci Valter.
_ Meus avós nunca procuraram por você? – indagou o rapaz.
_ Ah, procuraram sim, mas eu estava muito aborrecida com eles para retomar nosso relacionamento. Eu conheci Valter, e o seu horror quanto às coisas mágicas era tão grande que eu percebi que tínhamos algo em comum. Logo nos casamos. Uns quatro meses após nosso casamento recebi a notícia da morte de meus pais. Estranho como não fiquei entristecida. Não fui ao velório nem ao funeral. Apenas retornei a casa de meus pais na ocasião da leitura do testamento.
_ Eles haviam deixado uma boa fortuna em propriedades no mundo mágico, ouro em Gringotes e objetos antigos de valor. Assim como Lílian, eu tinha direito a uma parte de tudo, mas recusei-me a receber qualquer coisa. Então, aconteceu o que eu não havia planejado. Meus pais premeditaram que essa seria minha reação, e para que eu não pudesse voltar atrás depois, deixaram instruções para que seus nomes fossem apagados do mundo bruxo e ninguém, além da família e dos amigos mais íntimos lembrassem que eles eram bruxos, e da mais nobre família.
_ É por isso que sempre chamaram minha mãe de... de “sangue ruim”!
_ Exatamente – respondeu a tia com amargura – nós perdemos o sobrenome que carregamos por muito tempo. Eu já havia deixado o meu de lado quando me casei com Valter.
_ Que sobrenome é esse? Será que eu conheço?
_ Não moleque, você não conhece. Aliás, nem vai conhecer, porque eu fui proibida de pronunciar o nome da família. Agora já chega!
_ Espere, você ainda não me explicou o que é essa Andriax.
_ Você vai saber logo, garoto. No dia de seu aniversário! Agora vá dormir e me deixa terminar o que preciso fazer.
_ Para quem é a carta?
_ Para alguém a quem devo desculpas...
_ Bom, para falar com a minha mãe você vai precisar de um médium e não de um pergaminho e uma pena – zombou o rapaz.
_ Não, seu idiota – falou Petúnia exasperada – não devo desculpas a sua mãe. Ela já me perdoou. Se você quer saber, depois que saiu do hospital, sua mãe até riu do que eu fiz e disse que me entendia. Essa carta é pra... Dumbledore.
Harry ficou mudo, ouvir o nome de Dumbledore, ali, naquele momento de revelações fez seu coração apertar ainda mais. Virou as costas para subir pro seu quarto e falou, sem olhar para a tia:
_ De qualquer maneira é bom chamar um médium. Dumbledore foi assassinado há uma semana.

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