A Vingança do Sonserino

Hermione Granger aparatou com um suave "pop" no jardim mal cuidado da Toca. Em um gesto quase inconsciente , passou a mão pelo seu cabelo desobediente , pondo alguns cachos atrás da orelha.



Ela se virou para olhar a estranha casa , um pequeno sorriso em seus lábios. Ela sempre amou aquele lugar , aquela casa , e todos os seus excêntricos moradores.



Começou a andar pelo jardim em direção à porta , devagar , enquanto refletia sobre os esquisitos e adoráveis Weasleys.



Pelos últimos anos , ela os considerava como sua segunda familia. A ironia disso , era que por muito tempo, ela sonhara em realmente fazer parte da familia , não apenas por consideração. Agora isso parecia bem longe de acontecer , e em vez de estar ligada à eles por amor , estava ligada pela tristeza. Pela dor de suas perdas.



Perder Harry para um feitiço de memória poucas horas depois de Voldemort ser derrotado havia sido insuportável. Mas perder Rony também... Hermione mordeu o lábio e piscou, para impedir que as lágrimas começassem a cair.



Por Merlin , já fazia 2 anos , e ainda assim ela não conseguia lutar contra essa dor debilitante. "Por que? Por que ele nos deixou? Por que ele me abandonou?"



Ela desejava poder se lembrar mais claramente do dia em que Voldemort atacou. Talvez então tudo faria mais sentido. Mas , tudo que Hermione conseguia se lembrar era da confusão , do pânico... e Harry , parado no meio disso tudo , seus olhos brilhando com determinação.



Ela havia aberto a boca , querendo dizer à ele para se mover , querendo mandar que ele fugisse como todos estavam fazendo. Mas as palavras não viriam. E Hermione sabia que ele nem prestaria atenção no que ela estivesse falando. E , olhando para seu rosto , sabia o que Harry estava planejando fazer.



Hermione não havia percebido que Rony estava do seu lado até que ele falou , sua voz firme; "Ele não pode fazer isso sozinho."



Ela se virou e olhou para ele. "O que nós podemos fazer?" Sussurrou.



A expressão do rosto de Rony não mudou quando ele olhou para baixo e encontrou o olhar dela. "Nó faremos o que sempre fizemos," ele disse , confiante. "Ficaremos juntos. Ficaremos do lado dele para o que der e vier."



Hermione não podia se lembrar de ter amado tanto alguém da mesma maneira que ela havia amado Rony naquele momento. Sem conseguir falar , ela escorregou sua mão para a dele , e apertou.



Ele pareceu entender.



O corredores de Hogwarts ficaram desertos ,apenas os três sobraram . E ficaram ali , esperando no silêncio angonizante , o que estivesse para acontecer.



Harry nem ao menos pareceu perceber que eles estavam ali com ele. Ele estava completamente concentrado na porta do Hall em que se encontravam.



De repente deu um gemido de dor , e levou uma mão à testa , pressionando sua cicatriz. Com a outra mão , ergueu sua varinha.



Algo maligno estava por vir.



Hermione agarrou sua varinha e apertou sua mão contra a de Rony. O medo de saber que provavelmente iria morrer quase a dominou. Mas em algum lugar lá no fundo , ela sabia que estava exatamente no lugar onde estava predestinada a estar. Nunca poderia ter saído correndo para se esconder , sabendo que Harry estava enfrentando isso sozinho. Rony estava certo . Eles tinham que estar lá um para outro.



Agora e sempre.


Naquele momento a porta foi aberta violentamente , e Rony e Hermione pularam , assustados. Harry nem ao menos piscou.



Três pessoas vestindo robes pretos entraram pelo Hall.



Um deles era Voldemort, O lorde das trevas. Outro era Lúcio Malfoy , já usando uma expressão de triunfo em seu rosto , a medida que os encarava. E o terceiro era Severo Snape , seu rosto não expressando nenhum sentimento.



Depois disso , as lembranças de Hermione eram fragmentadas , confusas. Houve uma pequena conversa , e então gritaria. Houve flashes de luz, de diferente cores e intensidade, feitiços sendo bloqueados por outros feitiços , e então uma estranha luz prateada , que paracia sair da ponta da varinha de Harry. De repente o ar estava cheio de.....animais. Formas fantasmagóricas de animais . Hermione não entendeu. Ela estava lançando feitiços , a medida que também tentava se defender dos feitiços que vinham de todos os lados em sua direção.



Um feitiço passou de raspão do lado de sua cabeça , e ela perdeu o equilibrio. Lembrava de ter ouvido Rony gritando seu nome. E depois , não havia nada , a não ser escuridão.



Quando Hermione abriu os olhos , o lugar estava quieto , e ela ainda continuava deitada chão frio. O rosto de Rony , que estava contorcido de medo , pairava sobre sua cabeça. Quando ele viu que ela acordara , uma expressão aliviada tomou conta de sua face.



"Harry está- ?"



"Ele está bem." Rony disse suavementre , tocando com uma das mãos a bochecha dela , um gesto de carinho nada característico do garoto. "Tudo está bem agora."



Hermione , depois de muito esforço , conseguiu se sentar , sua cabeça pulsando a medida que a virava para olhar o lugar. Duas figuras estavam caídas , longe deles , sem se mover. Uma terceira forma no chão parecia uma pilha de robes chamuscados - Voldemort havia sumido completamente.



"O professor Snape.. ele está..?"



Rony assentiu com a cabeça , seu rosto refletindo confusão. "Sim , ele está morto. Mas não fomos nós. Quando a luta começou , ele mirou seus feitiços em Voldemort e Malfoy. Ele lutou no nosso lado. Malfoy percebeu e... o matou. Eu não entendo. Eu nunca pensei que Snape iria... que ele estava.."



Uma onda de triste arrependimento passou sobre Hermione. "Dumbledore estava certo em realmente confiar nele , então." Ela disse suavemente. "Nós fomos tolos em não perceber no quanto o julgamento de Dumbledor valia a pena."



Ela virou a cabeça para olhar para Harry . Ele estava encolhido contra a parede , sua cabeça abaixada e seu cabelo negro caindo em seu rosto. Ela não pôde decifrar o que ele sentia.



Querendo ir até ele , Hermione se forçou a levantar. Rony segurou seu braço e a ajudou. Ela lançou à ele um pequeno sorriso de agradecimento.



E foi nesse momento que a porta do Hall foi aberta violentamente pela segunda vez , e alguém entrou.



Era Draco Malfoy.



Mas este não era o Draco que eles estavam acostumados a ver. Este Draco não era frio , mimado , Sonserino orgulhoso e esnobe. Seus robes estavam amassados e sua respiração era ofegante , como se ele tivesse corrido por muito tempo. Seu rosto estava coberto do sangue que vinha de um corte acima de seus olhos , e seu braço direito se encontrava em um angulo estranho , com certeza estava quebrado. Seus olhos estavam selvagens , com um brilho totalmente diferente que o normal.



Ele parou bruscamente , seu corpo tremendo de exaustão e excitação. Ele olhou para eles , então olhou para seu pai , caído sem vida no chão , e então tornou a olhá-los.



"Vocês o mataram ! " Ele acusou , quase sem ar e completamente chocado. Então , soltou uma estranha e aguda risada. "Vocês o mataram. Agora, terei que matar vocês. " Disse , erguendo sua varinha com sua mão esquerda.



"Não seja tolo , Malfoy" Rony disse com desdém. "Olha para o seu estado. Você não conseguirá reunir forças para proferir uma maldição imperdoável."



Draco hesitou , e então , surpreendentemente , pressionou os olhos e assentiu com a cabeça. "Não. Você está certo. Eu perdi muito sangue."



Mas um pequeno , maníaco sorriso começou a se formar em seus lábios. " Mas há coisas piores que a morte , você não acha Weasley ? Se eu não posso matar os três, então eu opto por tornar a vida de vocês um maldito inferno... Isso talvez seja até melhor , hun ?"



Os olhos de Draco foram de lado a lado , e pararam em Harry , que havia erguido a cabeça para encarar Malfoy , em seu rosto uma expressão de completo desprezo.



O rosto de Draco de repente se iluminou maliciosamente , como se ele tivesse tido uma idéia. "Como você e Weasley iriam coperar , Potter," Ele indagou calmamente, "Se eu transformasse essa sangue-ruim, que vocês tem como animal de estimação, em uma completa lunática? Um bom feitiço de memória o faria , você sabe. Ela nunca mais reconheceria nenhum dos dois. A pequena , inteligente Hermione Granger com sua mente completamente em branco. Uhn , essa idéia parece boa para mim. Como você viveria consigo mesmo , Potter? Sabendo que a insanidade de sua amiga foi o custo por conhecer você? E você , Weasley , se eu fizer isso com a sua namora - "



Então tudo aconteceu rapidamente. Rony erguendo sua varinha e gritando "Expeliarmus" interrompeu a frase de Draco. Mas ele pareceu antecipar o movimento , e desviou quase ao mesmo tempo em que gritava ; " Obliviate Totalus !"



O feitiço saiu da ponta de sua varinha , e Hermione via o flash de luz roxa voar em sua direção , como se estivesse em camera lenta. Ela não sabia um contra-feitiço. Ela estava morta , ou como morta , e nunca nem ao menos havia dito à Rony que ela o -



Mas então outra coisa apareceu em seu campo de visão , a forma de alguém , que que se jogou tão rapidamente entre ela e o feitiço que para Hermione pareceu ser apenas um borrão de robes pretos.



Um momento depois , Harry estava caído no chão. Draco sorria que nem um maníaco , Rony não parava de lançar furiosos feitiços de desarmamento , e alguém chorava-



Hermione queria que a pessoa que chorava calasse a boca , será que não sabia que agora não era hora para histerias? Ela se jogou do lado de Harry , e o virou . Ele olhava diretamente para ela.



Olhos verdes piscaram para Hermione. O óculos dele estava quebrado ,e pendurado por uma só orelha. Ele não pareceu notar.



"Harry - Harry- você está bem ?Você sabe quem eu sou? Harry?" Hermione percebeu que era ela a pessoa que chorava. Sua voz mal saia devido ao soluços que a dominavam.



Harry fez um leve sinal negativo com a cabeça , e continuou a encará-la como se estivesse vendo-a pela primeira vez na vida.



"Harry?"



Mas o garoto que sobreviveu respondeu.



Ele não sabia seu próprio nome.



Ele havia partido.

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