Cicatrizes



CAPÍTULO 38- CICATRIZES



Harry sacudiu as cinzas das vestes enquanto saía rapidamente da lareira para dar espaço aos outros que chagavam.Fawkes e Hino o cumprimentaram alegremente,e o rapaz caminhou até o suporte onde as duas aves descansavam para acariciá-las,ao mesmo tempo em que observava Lux,Remo,e por fim Dumbledore surgirem na lareira um por um.Harry assistiu interessado o diretor voltar-se para as chamas e fazê-las mudar de cor com um aceno das mãos,selando qualquer passagem para Hogwarts,conforme Remo o explicara há algum tempo atrás.Harry agora sabia que as lareiras de Hogwarts possuíam um feitiço que as tornava impenetráveis,mesmo estando conectadas á rede de Flu.Era possível comunicar-se através do fogo do castelo,mas jamais passar pelo mesmo.Apenas Dumbledore e alguns professores sabiam como abrir passagens entre as chamas quando necessário,mas mesmo o diretor evitava fazê-lo com freqüência,em nome da segurança da escola.
Harry olhou agitado para o relógio,percebendo que já estava quase na hora que ele marcara com Rony,Hermione e Ginny para estudarem animagia.Dumbledore pareceu perceber a sua pressa,sorrindo levemente enquanto fitava o rapaz.
--Creio que você tenha outras coisas a fazer,Harry.Sugiro que aproveite o seu fim de semana e procure se divertir um pouco com os seus amigos.-Dumbledore se aproximou.--Vou pedir que deixe o caderno que encontrou em Gringotes comigo.Gostaria de estudá-lo a fundo,e tentar decobriri algo o mais rápido possível.Você se incomoda,Harry?-O garoto aquiesceu,procurando o caderno no bolso e estendendo a mão para o diretor,segurando cuidadosamente o livro envelhecido.
Foi tão rápido que Harry se perguntaria depois como Dumbledore pudera enxergar.Em um segundo,o velho bruxo segurava o caderno em suas próprias mãos,mas os olhos penetrantes permaneciam fixos nas costas da mão de Harry,o cenho ligeiramente franzido.
--Harry?O que é isso em sua mão?-Harry imediatamente recolheu o braço para trás,censurando-se pela sua falta de cuidado.Sabia muito bem a que Dumbledore se referia,porque ás vezes ainda sentia a pele arder no lugar onde fora por ocasiões seguidas gravado a frase "Não devo contar mentiras" durante as detenções de Umbridge.Não havia mais nenhuma ferida aberta,mas Harry suspeitava que as cicatrizes brancas e finas jamais sairiam por completo.
Remo e Lux se aproximaram,olhando curiosos de Harry para Dumbledore,que se encaravam em silêncio.O velho bruxo chegou mais perto,e Harry deu um passo pequeno para trás,permanecendo com a mão firmemente segura atrás de si.
--Harry...o que era aquilo em sua mão?-Dumbledore perguntou mais uma vez,os olhos muito azuis perscrutando os do rapaz.
--Nada.-Harry engoliu em seco.--Hum...eu tenho que ir...marquei de estudar com Rony,Hermione e Ginny...-Ele tentou se afastar,mas Remo rapidamente se interpôs entre ele e a porta,segurando os ombros do garoto suavemente.
--Harry,do que Alvo está falando?O que há de errado com sua mão?-Harry olhou para o chão,evitando assim encarar a expressão preocupada do padrinho.Atrás de si,ele podia sentir Lux e Dumbledore observando-os.Remo suspirou diante do silêncio de Harry.
--Harry,mostre-me sua mão.-Harry olhou mais firmemente para o chão,ao mesmo tempo em que cerrava a mão direita com força,escondendo-a no bolso.Remo insistiu,mortalmente sombrio.--Estou falando sério,Harry.Se você não o fizer por bem,darei um jeito de resolver a situação.-O rapaz percebeu pelo tom de voz do bruxo que ele não mentia.Lentamente,Harry retirou a mão do bolso,esticando-a na frente de remo.Ele fechou os olhos ao escutar a exclamação de choque do padrinho,sentindo-o agarrar sua mão firmemente enquanto praguejava furiosamente.Harry abriu os olhos,apenas para deparar-se com Lux e Dumbledore postados ao lado de Remo fitando fixamente as cicatrizes gravadas em sua pele.Lux levara uma das mãos á boca,parecendo horrorizada,enquanto com o outro braço apoiava-se em Remo.Dumbledore olhava sem piscar para a mão do garoto,e harry sentiu um calafrio ao perceber um brilho gelado nos olhos do diretor.Lux pareceu recuperar-se um pouco,passando os dedos delicadamente nos traços finos da pele do rapaz.
--Como...meu Deus,Harry.Isso foi coisa de uma pena de sangue,não foi?-Harry olhou para os dedos da prima,e percebeu que eles tremiam levemente.Lentamente,ele confirmou com a cabeça,sentindo Remo segurar com mais força a sua mão enquanto Lux soltava um gemido estrangulado.--Isso não...não pode.Penas de sangue são proibidas por lei,há anos.É um instrumento de tortura.Não podia...Quando,harry?Como?-Harry encarou a "irmã",percebendo nervoso que o olhar da moça ficava cada vez mais parecido com o do avô.Ele permaneceu calado,desejando por tudo não estar ali.
--Dolores Umbridge.-A voz de Dumbledore saiu calma,mas tão fria quanto um bloco de gelo.Harry nunca havia escutado o diretor usar aquele tom.Remo soltou um resmungo furioso ao escutar as palavras do velho bruxo.
--Eu devia ter imaginado.Essa mulher é doente.-Harry lembrou-se vagamente de ouvir Sirius dizendo que Remo odiava Umbridge.Ele olhou para o amigo de seus pais.Lupin estava lívido,e Harry pôde perceber uma veia pulsando perigosamente no pescoço do bruxo.--Ela merecia apodrecer em Azkaban.
--Não tenha dúvidas de que vou lutar por isso,Remo.-Dumbledore falou no mesmo tom glacial,os olhos sem jamais deixar as cicatrizes na mão de Harry.--Já existem acusações contra ela no Ministério a respeito de seus métodos de castigo contra nossos alunos.Vários pais de estudantes fizeram denúncias,devo testemunhar sobre isso em breve.-Dumbledore finalmente encontrou o olhar de Harry,estudando-o tristemente.--Mas ninguém falou nada a seu respeito,Harry.Por que não me contou?-Harry fitou o diretor,sem acreditar no que ouvia.O rapaz retirou a mão bruscamente do aperto de Remo,respirando fundo e respondendo a Dumbledore com voz contida.
--Bem,você não estava exatamente acessível durante o ano passado,não é?-Harry não pretendera fazer sua voz soar tão sarcástica,mas foi mais forte que ele.Dumbledore pareceu ter levado um choque,mas ainda assim continuou.
--Eu estaria perfeitamente acessível para algo assim,Harry.Nunca admiti qualquer forma de tortura ou agressão com qualquer dos meus alunos,ainda mais com você.-Harry deu um sorrisinho irônico.
--Bem,eu não poderia saber disso,não é?Não me senti muito bem-vindo,julgando pelo fato que você esperava eu dormir para aparecer em Grimmauld place e não se dignava sequer a me encarar quando estávamos no mesmo ambiente.
--Harry,eu já expliquei por que fiz isso...-Dumbledore suspirou,cansado.
--Eu sei,e agora eu entendo.mas na época eu não sabia,esqueceu?Eu presumi que você estivesse zangado comigo,ou algo do tipo.Então,por que deveria recorrer a você?
--Mas Harry...-O rapaz voltou-se para encarar o rosto triste de Remo,que falava pesadamente.--Você tinha a Sirius,então.Ou mesmo a mim,ainda que não fôssemos próximos naquela época.Você poderia ter dito a um de nós,se não queria contar a Alvo.-Mas Harry balançou a cabeça negativamente.
--É claro que eu não podia,Remo.O que você acha que Sirius teria feito se eu contasse algo desse tipo a ele?Do jeito que ele estava inquieto em Grimmauld place,Sirius teria saído no mesmo instante para invadir Hogwarts e esganar Umbridge com as próprias mãos.E quanto a você...bom,é como você mesmo disse.Nós não éramos próximos.Por que eu o incomodaria com uma bobagem dessas?
--Não é bobagem,Harry.E não é questão de incomodar.O que Umbridge fez é crime.Você poderia ao menos ter procurado Minerva,ela é a diretora de sua casa...-Dumbledore encarou o rapaz sombriamente,enquanto Harry fazia um gesto displicente com as mãos.
--Ah,claro...e o que a prof.Minerva poderia fazer?Ela já arrumou confusão suficientemente com Umbridge por minha causa no ano passado.Eu nunca iria tentar piorar a situação com meus problemas...esqueçam,vocês todos.Já passou,de qualquer forma.Não vale á pena perder tempo com isso.
--Harry,é claro que vale á pena.Umbridge precisa ser punida por isso.Não é perda de tempo escutar o que você tem a dizer.-Lux falou suavemente,mas Harry podia notar que ela estava tão furiosa quanto Remo e Dumbledore.O brilho nos olhos da moça exibia a mesma fieza que os do avô.
--Harry,você deveria ter me contado...ter contado a alguém...-Dumbledore insistiu,e Harry teve a impressão de identificar um leve tom de repreeensão na voz do bruxo.O rapaz ergueu as sobrancelahs friamente,voltando-se para encarar o diretr am mesmo tempo em que tentava se controlar.Ele sentiu que seu sangue pulsava cada vez mais rápidoem suas veias.
--ESQUEÇA.Esqueçam,vocês todos.Eu não quero falar sobre isso,está bem?Isso não é nada,o que Umbridge fez não foi nada...
--Harry,não minimize algo assim.Deve ter sido difícil para você,não precisa esconder isso.Não há nada de errado em admitri que foi ruim,Harry...-Dumbledore se aproximou do garoto,mas Harry se afastou bruscamente,fitando o diretor com raiva crescente.
--Você não está entendendo,está?Eu não esou brincando.ISSO NÃO FOI NADA.Essas cicatrizes são insignificantes.Já passei por coisas piores...tenho cicatrizes piores...
--Harry,você pode falar conosco a respeito disso...-Mas a voz de Dumbledore tornara-se subitamente distante para Harry.Ele chegara ao seu limite.Harry sentia-se estranho,como se não fosse ele mesmo que estivesse falando,mas ao mesmo tempo escutando a própria voz,num tom amargo.Era como se ele não tivesse mais nenhumcontrole sobre a sua língua e suas palavras.
--Ah,você quer falar sobre cicatrizes?A esta altura do campeonato?Está bem,vamos falar sobre cicatrizes.O que pode ser pior do que essa frase ridícula na minha mão?-Harry viu-se apontando um dedo firme para a própria testa,sentindo a cabeça começar a latejar.--O que você acha dessa cicatriz estúpida em forma de raio?Essa droga que todo mundo fica olhando como se eu fosse uma aberração,que faz com que todo mundo me julgue e aache que me conhece só porque um dia,há muito tempo atrás,Voldemort lançou uma maldição de morte depois de ter acabado com meus pais?Essa porcaria de pedaço de pele que faz com que minha cabeça praticamente se rache ao meio a cada vez que Voldemort tem vontade?Talvez você ache que ISSO pode ser pior do que uma detenção com aquela sapa velha.Ah,claro,tem ainda aquela cicatriz no meu braço,você sabe qual...no lugar onde Petigrew tirou meu sangue para dar um novo corpo a Voldemort.Por minha causa,ele pôde se reerguer.-Harry sabia que deveria parar ali,que já falara demais e tudo só iria se complicar se prosseguisse.mas algo deveria estar possuindo-lhe,porque sua boca simplesmente se movia com mais velocidade e mais raiva,enquanto ele percebia vagamente que Remo,Lux e Dumbledore o observavam chocados.--Mas sabe...essa cicatriz na testa...foi apenas a primeira...obviamente você não sabe disso,não é?O que você sabe da minha vida,afinal?O que você sabe dos anos que passei com os Dursley?Ah,claro,nada...você estava muito ocupado "me Protegendo" e me mantendo preso em Privet drive enquanto vivia sossegado em Hogwarts.Mas ninguém me protegeu da primeira vez em uqe tio Válter me deu uma boa surra,e olha que a única coisa que fiz foi quebrar um copo sem querer porque Duda me empurrou...mas bem,ERA um copo,certo?Se eu quebrei,merecia um castigo,mesmo que minhas costas tenham ficado roxas por um bom tempo depois disso...Voc~e está preocupado com essas cicatrizes em minhas mãos?Onde você estava para se preocupar com as cicatrizes no meu rosto,nos meus braços,quando Duda e seus "amiguinhos" me usavam como saco de pancadas?Você tem idéia de quantas vezes eu já voltei mancando pra casa depois de uma dessas sessões de pugilismo?Não,não tem,Ninguém se preocupou quando eu caí no parque e me cortei...você sabe o que é sutura?Em toda a sua tão falada sabedoria voc~e sabe o que os trouxas fazem com cortes do tamanho do que tinha em minha perna?Eles COSTURAM a ferida,e vários pontos.Você estava lá quando fiu sozinho ao hospital quando percebi que simplesmente não PARAVA de sangrar,e os Dursley apenas me olharam por cima e mandaram sair da sala porque estava sujando o tapete?-Harry nem mesmo percebera que chorava até sentir uma lágrima grossa rolar pela sua bochecha.Ele a limpou imediatamente,passando os olhos pelo rosto pálido de Remo.O rapaz olhou para Lux,percebendo que a prima tinha os olhos marejados.E subitamente,Harry percebeu que fora longe demais.Nenhuma daquelas informações deveria jamais ter sido dita.Ele simplesmente explodira,e agora mirava as faces horrorizadas do padrinho e da "irmã",ambos lívidos diante do seu relato.Muito lentamente,Harry voltou-se para Dumbledore,e por um minuto seu peito se contraiu ao encontrar os olhos do velho bruxo.Havia ali uma tristeza profunda,um desespero silencioso que Harry achou que poderia matá-lo.Mas rapidamente harry se recompôs,lembrando a si mesmo que Dumbledore não merecia sua pena.Ele era o culpado.Harry enxugou uma outra lágrima,que insistia em escorrer,e foi numa voz extremamente cansada que ele falou antes de sair pesadamente do escritório.--É muito tarde para se importatr.Eu só quero que me deixem em paz.-Ele abriu a porta e saiu sem olhar para trás,postando-se na escada em caracol e esperando que ela o levasse para baixo.E foi só quando já estava na metade do caminho para a sala comunal da grifinória que Harry percebeu que o seu corpo inteiro tremia.

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Remo achou que uma agulha caindo no chão poderia ser ouvida no escritório de Dumbledore após a saída de harry.O bruxo sabia que,como ele próprio,Lux e Alvo estavam por demais horrorizados para proferir qualquer som.Por um bom tempo,os três ficaram ali parados,de pé,cada um perdido em seus próprios pensamentos.Foi apenas quando Lux oscilou lentamente ao seu lado que Remo precebeu que a moça estava mortalmente pálida,e o bruxo rapidamente a segurou,enqauto Lux o encarava parecendo confusa.O movimento brusco pareceu arrancar Dumbledore do próprio devaneio,e o velho bruxo voltou-se a tempo de observar remo sentando Lux cuidadosamente numa poltrona.
--Você está bem?-Remo ajoelhou-se ao lado da moça,estudando-a atentamente.Dumbledore se aproximou da neta,observando preocupado enquanto a moça primeiro balançava a cabeça afirmativamente,para logo depois encher os olhos de lágrimas e negar,encolhendo-se na poltrona.
--Eu não sabia...eu nõ tinha idéia.Que Harry...-Lux parou numa voz estrangulada,escondendo o rosto no peito de Remo.Lupin acariciou os cabelos da garota,tentando acalmá-la,mas era um feito difícil quando ele próprio sentia-se da mesma forma.Ele sempre soubera que a vida de harry com os Dursley não havia sido exatamente um mar de rosas.Mas também nunca pensara que tivesse sido um inferno como o garoto descrevera.E Remo perguntou-se quantas coisas mais harry sofrera,quantos fatos o garoto jamais contara.
Dumbledore sentou-se numa poltrona ao lado da neta,e pareceu a remo,por um instante,que o velho bruxo estava tão cansado que poderia morrer ali mesmo.Dumbledore colocou o rosto entre as mãos,e Remo teve a ipressão de que o desespero do diretor era quase palpável.Alguma coisa em sua atitude deve ter mostrado a preocupação que sentia ao observar o velho professor,porque Lux imediatamente levantou a cabeça de seu peito e o encarou de amneira inquisidora,voltando depois o olhar para o local onde o avô se encontrava.Remo seguiu lUx quando ela se levantou,parando ao lado da garota enquanto ela sentava-se no braço da poltrona ocupada por Dumbledore e pousava uma dsa mãos muito delicadamente nas costas do avô.Fawkes abriu as asas suavemente,alçando vôo do suporte que dividia com hino e pousando nos joelhos de seu mestre.Ninguém mais falou enquanto as notas tristes entoadas pela fênix preencheram toda a sala.

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Harry atravessou a abertura do retrato da mulher-gorda,rezando para que seus olhos não estivessem vermelhos demais enquanto procurava os amigos no salão comunal.Felizmente ele conseguira contrloar melhor o tremor das próprias mãos,e a maioria dos estudanets ali reunidos não pareceu notar nada de errado com a sua aparência.mas isso não aconteceu quando harry finalmente localizou Rony,Ginny e hermione sentados a um canto do aposento barulhento.harry soube,mesmo antes de qualquer um deles emitir alguma palavra,que os amigos perceberam que algo não estava bem.O rapaz tentou sorrir,mas era como se seu rosto tivesse se transformado em pedra,e nenhum músculo conseguisse se mover ao seu desejo.Harry deu de ombros,aproximando-se cautelosamente dos três jovens que o fitavam de olhos arregalados.hermione abriu a boca,mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa,harry levantou uma mão,rápido.
--Aqui não.-Ele assustou-se ao perceber como a própria voz parecia cansada.--sala do requerimento.Vocês estão com os livros?-hermione fechou a boca,acenando afirmativamente com a cabeça enquanto Ginny e Rony mostravam em suas mochilas os livros de animagia e o caderno dos marotos.harry fez um gesto afirmativo,encaminhando-se rapidamente para a saída do salão comunal,seguido de perto pelos amigos.
A caminhada para a sala de requerimento foi feita num silêncio nervoso,e Harry percebia a todo momento os olhares especulativos que Rony,Mione e Ginny trocavam entre si.\o rapaz polhou para as suas mãos;elas ainda tremiam um pouco,mas ele não sabia se algum dos companheiros havia percebido.A resposta foi dada quando hermione postou-se ao seu lado e segurou uma de suas mãos delicadamente,soltando uma exclamação ao constatar como estava geladas.
Os quatro finalmente chegaram ao seu destino,entrando rapidamente pela porta que acabara de surgir.harry observou calado Rony trancá-la,guardando a chave no bolso,ao mesmo tempo em que todos voltaavam-se para harry e esperavam que ele falasse.harry respirou profundamente,tentando reunir as palavras.De repente havia uma avalanche de coisas que ele queria dizer,mas era tanto que ele sentiu-se perdido pelo fluxo de histórias que giravam em sua cabeça.Ele queria,queria contar da profecia,de Griffyndor,de seus pais,de Eve,de Dumbledore,se Lux...harry queria dizer tudo,de verdade.Mas a cada vez que abria a boca para falar,era como se uma grande pedra fosse colocada em sua garganta,entre o ar e seus pulmões,e o rapaz sentia-se mais e mais sufocado.harry nunca sentira nada parecido,mas não conseguia nem mesmo explicar aquela sensação.Ele olhou em pânico para os amigos,tentando mostrar que não podia,mesmo querendo.harry fechou os olhos por um momento,com raiva de si mesmo,mas os abriu ao sentir alguém lhe abraçando.
Hermione o apertava com força,e logo Rony e Ginny se juntavam aos dois,num abraço múltiplo e silencioso.harry tentou falar mais uma vez,mas Mione balançou a cabeça.
--Não precisa falar nada,Harry.Só achamos que você precisa disso.-Harry sentiu lentamente que a pedra em sua garganta começava a se dissolver,e o ar entrava aos poucos em seus pulmões,à medida que os braços dos amigos se intrincavam ao seu redor,como uma espécie de casulo protetor.Ele se concentrou apenas em respirar,sentindo o latejar de sua cabeça diminuir,à medida que as batidas de seu coração assumiam um ritmo normal.
Harry nunca soube quanto tempo os quatro haviam ficado abraçados.Só o que podia ter certeza era de que a partir daquele momento,algo se libertou dentro dele,fazendo com que se sentisse subitamente mais leve.Não que a tristeza e o cansaço o tivessem abandonado,não era aquilo.O rapaz ainda setia aquele aperto constante no peito,que se instalara há tanto tempo que el nem podia lembrar,e que só aumenteva `medida que os anos passavam e as descobertas vinham.o que o fazia sentir-se mais leve estava bem ali,cercando-o.Ele deu-se conta de que não importava quem ele fosse,se potter,Griffyndor,Dumbledore,Ginny,Mione e Ron ainda o tratariam como harry,e o ajudariam a levantar não importasse o tamanho da queda.Ele percebeu que não importava o que mudara ao seu redor,o que era acrescentado á sua própria história,seus amigos permaneceriam como algo estável em sua vida.Eles não iriam embora,independente de profecias,duelos e guerras.Harry aprendera muito cedo que pouquíssimas coisas eram permanentes na vida de um ser humano.Mas ele decidiu que ali estava algo que valia á pena brigar para permanecer com ele.E foi isso,acima de tudo,que o levou a afastar-se devagar dos amigos e pedir para tenatr olhar na bacia que mostraia a sua forma animaga.Porque agora ele sabia quem era,pelo menos em parte.Ele sabia o que queria e o que importava,e já era o suficiente para começar.
Harry observou hermione colocar a bacia cheia de água diante dele,sentando-se calmamente e fitando sem piscar a superfície límpida após proferir o feitço necessário.Era possível enxergar cada detalhe do seu rosto,como um verdadeiro espelho.O rapaz estudou cada traço,dedicando-se á tarefa de decifrar QUEM e O QUE havia por trás da imagem.Quem,na verdade,era Harry Potter?O que o caracterizava como único?Harry recordou-se da primeira vez em que fixara os olhos naquele espelho mágico,lembrando-se da confusão e frustração que sentira ao perceber que não conseguia definir o que o fazia ser quem era.E ele se perguntou como pudera ser tão estúpido,se a resposta estava diante do seu nariz.Ele sabia.Harry se deu conta que o que havia tornado tudo tão complicado da última vez fora o afto de acreditar que deveria simplesmente decidir um punhado de qualidades e classificá-las como definitivas de uma personalidade formada e imutável.Mas agora,ele entendia que esse não era o objetivo.Como poderia aos 16 anos decidir como era e como seria para sempre?Ninguém permanece o mesmo,não importa a idade ou a experiência.As circunstâncias mudam,e com elas o ser humano se adapta,como um camaleão.O que ficava,harry raciocinou,eram os sentimentos,aqueles que eram mais fortes e se escondiam em cantos obscuros,resistindo ás artimanhas do tempo." O limpo se torna sujo,o sujo se torna limpo.O que é mau se torna bom,o que é bom se torna mau."-ele lembrou-se dessa velha máxima que ouvira quando criança.significava que tudo era cíclico,que as coisas se transformavam.E as pessoas mudavam.Mas,pensou Harry,você pode se apegar ao que sente em relação ao que está ao seu redor e transformar isso em uma parte só sua,que o acompanhará ao longo dos anos.E Harry decidiu que havia dois sentimentos que o definiriam naquele espelho,algo que ele decididamente tinha certeza que o seguiria até que os seus cabelos ficassem brancos.E no exato momento em que as palavras "amizade" e "lealdade" surgiram em sua mente,Harry se viu fitando magníficos olhos avermelhados enquanto Rony,Hermione e Ginny soltavam uma exclamação assombrada.
Harry fitou sem palavras o ser fantástico que abria as asas no espelho de água,como se pronto a alçar vôo para longe.Ele sentia-se estranho,como se ele próprio também estivesse pronto para voar.Hermione chegou mais perto,olhando fixamente a fênix reflatida na bacia.
--Harry,isso é...-Ela respirou fundo antes de desviar o olhar para o do amigo,parecendo assustada.--É impossível.-Harry saiu da espécie de transe em que se encontrava,ancarando a garota suspreso.
--Como assim?-Hermione suspirou,parecendo confusa.
--Nenhum bruxo pode se transformar em animais mágicos.É impossível.Ninguém sabe exatamente por que,mas é a verdade.Acredita-se que é algo relacionado com a carga de magia que existe nesses seres.Não podemos copiá-la.É um mistério.mas o que se sabe,Harry,é que não dá.Não existe,nem jamais existiu qualquer registro de um animago que se transforme num ser mágico.-harry encarou hermione por muito tempo,sem piscra.O que queria dizer aquilo,então?Por que sua imagem mostrara uma fênix?Mione continuou,parecendo em profunda reflexão.--Talvez...talvez você deva tentar de novo.Pode ter sido alguma reação estranha ao feitiço.Tente novamente,Harry.Aposto que dessa vez vai dar certo.Quer dizer,o animal certo vai aparecer.-Hermione sorriu de modo encorajador,mas Harry olhou duvidosos para a bacia d'água.Talvez ele não conseguisse,então.Talvez houvesse algo errado com ele.Mione tinha razão,como ele poderia se transformar numa fênix?
Foi só depois da quinta vez consecutiva esperando pacientemente que o espelho mudasse de opinião e resolvesse encontrar uma solução plausível para substituir a fênix que insistia em aparecer que Harry começou a aceitar que talvez,como tudo em sua vida,a animagia também fosse diferente para ele.Ele nunca se adequara às regras e fatos de qualquer forma,pensou.E esse,aparentemente,também foi o raciocínio de Ginny,quando a garota deu um sorriso maroto e voltou-se para todos.
--parece que o primeiro registro de um animago de forma mágica vai finalmente aparecer.

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Harry fechou os olhos,deixando que o conforto da sua cama relaxasse sua tensão.Imediatamente,os acontecimentos do dia começaram a passar rapidamente em sua cabeça,como uma filmagem.Ele afastou da lembrança os momentos na sala de Dumbledore,concentrando-se em lugar disso na tarde de descobertas que passara ao lado dos amigos na sala de requerimento.Harry não pôde deixar de sorrir ao recordar-se do espanto de Ginny ao deparar-se com uma imponente leoa observando-a na água enfeitiçada.A irmã de Rony dera um pulo para trás antes de dar-se conta que encarava a si mesma em sua forma animaga e sorrir orgulhosa para os amigos.harry achou que combinava bem com Ginny,pensando divertido que a garota lembrava mesmo um felino feroz se provocada,exatamente como uma leoa protetora zelando por seus filhotes.Se havia algo que ele aprendera sobre a mais nova dos Weasley,era que ela não admitia que o que importava para ela fosse minimamente agredida.harry já vira Ginny partir em defesa dos irmãos ou dele próprio com a velocidade da luz.Além disso,havia algo de misterioso no modo como a garota ruiva olhava para tudo,um modo sutil de se mover,graciosa e discretamente.Como um gato.
Rony fora uma suspresa.Harry gastara várias horas de seu tempo tentando imaginar em que tipo de animal que o amigo poderia se trasformar,mas sem chagar a qualquer conclusão concreta.O problema era que Ron não era exatamente previsível.Claro,para um observador superficial,o garoto podeia logo ser classificado como alguém extremamente distraído,um pouco estourado e apaixonado por quadribol.E justiça fosse feita,era tudo verdade.Mas Harry conhecia Ron o suficiente para saber que o amigo podia reubir sinceridade e atenção quando necessário,e daria a vida por algo que julgasse certo.Sim,Rony ás vezes era imaturo.mas quem não era?-pensou.Mesmo hermione,sempre a mais racional e sensível,também tinha seus momentos de bobagens.E Harry sabia que não era esse o traço de personalidade que dominava Ron.O rapaz ruivo sempre se mostrara uma pessoa de valor quando fora necessário.
Harry quebrara a cabeça até o último minuto,quando finalmente a forma animaga de Rony surgira no espelho.Uma espécie de raposa os fitava,o porte pequeno demonstrando agilidade,enquanto olhos atentos piscavam repetidas vezes na direção dos quatro jovens.De início,Harry achou estranho.raposas não eram conhecidas por uma incrível capacidade de observação e perspicácia?Talvez não combinasse com Rony...mas então Harry vizualizou o rosto do amigo durante as várias partidas de xadrez que haviam compartilhado e das inúmerras derroatas que ele havia sofrido.O rapaz recordou-se de Rony em campo,como goleiro do time de quadribol,e da expressão concentrada do ruivo ao acompanhar cada movimento da goles e dos artilheiros.Foi quando Harry admitiu pela primeira vez que talvez Rony não fosse tão desligado quanto todos supunham.
Harry deu um suspiro cansado,recostandos-e melhor no travesseiro,consciente da irritante voz no fundo de sua cabeça que insistia em tentar trazer á tona sua explosão com Dumbledore.Na verdade,desde que ele saíra do escritório do diretor,tentara enterrar aquele assunto,mas quando menos esperava o rosto absolutamente chocado de Dumbledore brotava em sua mente,e Harry sentia um aperto esquisito no peito,uma sensação estranha e angustiante.Era quase como se ele estivesse sentindo...culpa.Culpa por fazer o velho bruxo colocar aquele expressão de imensa tristeza nos olhos.Mas harry balançou a cabeça,como se negando veemente mente tal fato para si mesmo.Por que ele deveria sentir qualquer culpa ou remorso por fazer Dumbledore sofrer?O diretor não se incomodara em deixá-lo por todo aquele tempo nas mãos dos Dursley.Se Harry sentia algum remorso,claro que era por ter feito Remo e Lux escutarem aquelas coisas,pensou.Eles não mereciam.mas Dumbledore era outra história.Mas então,a voz irritante prosseguiu,por que el se sentia tão mal?Por que o incomodava tanto o rosto triste de Dumbledore fitando-o? "--estou cansado,é só isso.Muito cansado."-Harry repetiu para si mesmo o que dissera aos amigos ao retornarem à sala comunal.Estava esgotado,por isso subiria ao dormitório para descansar.O rapaz observou pela janela o céu começar a se tingir de vermelho,indicando que o sol logo irira se por.Fechou os olhos novamente,apenas pensando.
Harry supunha que deveria ter cochilado por breves segundos,porque era a única maneira de não ter escutado passos na escada indicando que alguém se aproximava.mas foi apenas quando sentiu alguém sentando-se na sua própria cama que percebeu que nãoe stava sozinho e abriu os olhos espantado.Lux sentava-s eá sua frente,fitando-o tão intensamente que Harry se perguntou se a prima não estaria usando o "legillimens".Mas Harry não desviou o olhar,percebendo que Lux pareceia apenas triste e pensativa,nada mais.
--Como você entrou aqui?-Harry perguntou apenas para quebrar o silêncio,não se incomodando com a resposta.Lux deu de ombros.
--falei a senha á mulher gorda.Seus amigos me disseram que estava aqui.Subi a escada.-Ela continuou a encará-lo,parecendo hesitar.--Eles estão preocupados com você,sabe.Rony,Hermione e Ginny.-Foi avez de Harry dar de ombros,equanto limpava fervorosamente os óculos com as vestes.Era bom ter algo para fazer.Lux acompanhou sua evolução em silêncio por alguns momentos,até respirar fundo e falar novamente.--Podemos conversar,Harry?-Harry parou de limpar os óculos,colocando-os no rosto e fitando a prima.
--Não sei.Não sei se quero.-Ele respondeu sinceramente,e Lux balançou a cabeça indicando que entendia.
--Por que não tentamos?Se percebermos que não está dando certo,paramos na mesma hora.-harry ainda hesitou por alguns momentos,mas por fim cedeu.--Bom.Pode fazer bem a todoa nós.Venha,vamos sair daqui.Pode entrar alguém.-Lux levantou,esperando harry,que fez o mesmo.Por um momento os dosi apenas se encararam,até Lux dar um breve sorriso e bagunçar com os dedos os cabelos do rapaz,puxando-o emseguida pelo braço e seguindo para a escada.harry sorriu um pouco,sentindo um pouco da tensão que havia no ar se dissipar.
eles cruzaram em silêncio e rapidamente a sala comunal,e Harry pôde sentir os olhares de vários estudantes acompanhando seu trajeto.O rapaz decidiu ignorar,fixando o olhar à sua frente até chegar ao retrato da mulher gora,que se abriu imediatamente para que os dois passassem.Harry seguiu Lux em silêncio,sem se importar muito para onde estavam indo.Ele só percebeu que saíam do castelo quando cruzaram o salão de entrada,tal era a sua distração.
Harry observou Lux parar um momento e estremecer quando uma corrente de vento os cumprimentou do jardim.Ele olhou para a "irmã",percebendo como ela perecia frágil daquele jeito,como se o ar pudesse quebrá-la.Lux era alta,mas não tanto quanto Dumbledore ou Remo.Na verdade,e Harry reparou pela primeira vez,a garota era da sua altura,e ele surpreendeu-se ao perceber tal coisa,porque o fez lembrar-se que não era mais o garoto franzino que chegara em Hogwarts há cinco anos.Estivera tão ocupado com seus conflitos internos e Voldemort que não se dera conta das próprias mudanças que sofria enquanto o tempo voava.Harry balançou a cabeça,repreendendo-se silenciosamente.Não era hora para essas observações.Ele fitou Lux preocupado,porque a moça continuava parada,sem qualquer reação.
--Lux?-Harry chagou mais perto,e Lux finalmente o encarou.harry percebeu,horrorizado,que a prima parecia prestes a chorar.Isso não era bom,pensou.Ele realmente não sabia o que fazer quando se tratava de garotas em lágrimas,que o dissesse sua experiência com Cho Chang.Mas se Lux chorasse seria ainda pior.--Não...desculpe.Não chore.O que foi?-harry balbuciou desnorteado,mas Lux sacudiu a cabeça e recomeçou a andar muito rápido.O rapaz emparelhou-se com ela,percebendo que a moça se esforçava para se controlar.harry achou melhor ficar calado.Os dois começaram a contornar o lago da lula-gigante,e Lux por fim parou num canto mais isolado á beira da água,escondido por algumas árvores das janelas do castelo.Ela sentou-se,e harry a acompanhou,esperando.
--Desculpe.Não sei o que deu em mim.-Lux enfim falou,estudando o lago tranqüilo serenamente.--Foi um dia difícil,sabe.ÁS vezes eu fico fora de controle quando isso acontece.Me desconcentro,e tudo se reúne...mas geralmente consigo voltar ao normal a tempo.-Ela balançou a cabeça,tentando desanuviá-la.Mas isso é outro assunto,não vem ao caso agora.-Harry permaneceu calado,sem ter idéia do que a "irmã" falava.Lux continuou,parecendo subitamente angustiada.--Harry,eu não consigo...eu não consigo ficar entre vocês,entende?Você e vovô.-Lux retorcia os dedos,enquanto tentava explicar hesitante.--Eu não consigo encarar bem o fato de vocês brigarem.E não dá para tomar partido,simplesmente não dá.Eu sei que você tem seus motivos...eu sei que você sofreu,agora sei muito mais do que antes,depois de tudo que você falou.Reconheço que vovô errou de uma forma horrível a seu respeito,e que você tem todo direito de se zangar com ele.Mas eu não consigo...não consigo olhar para ele e també, ter raiva,também ter mágoa.Eu não consigo julgá-lo de forma neutra,você entende?Nunca vou poder olhá-lo de forma impassível e dizer que ele está colhendo o que plantou,que ele merece um pouco disso.Se eu estivesse sendo racional,talvez dissesse que ele merece,sim.mas quando se trata de vovô,Harry,eu sou totalmente parcial,e talvez seja um defeito meu,talvez eu esteja errada,mas não posso evitar.-Lux voltou-se para encarar Harry,os olhos cinzentos muito sérios.
--Eu amo você,Harry.Não importa que tenhamos nos conhecido há pouco tempo,eu amei você desde o momento em que soube da verdade.E isso não vai mudar.Me dói saber tudo que você passou,me dói saber que poderia ter sido diferente.E parte de mim gostaria de poder repreender vovô,e dizer-lhe como foi uma tolice deixar você para trás.Mas acontece que,do mesmo modo que amo você,tembém amo vovô,Harry.Amo tão profundamente que os erros dele se tornam pouco perto do que ele significa para mim.Eu sei que para você é difícil perdoar o que ele fez.Afinal,foram 15 anos longe dele,longe de tudo que pudesse estabelecer uma relação de confiança com ele.Mas para mim não é.Desde o momento em que eu nasci,eu estive com vovô.Mesmo antes de neus pais morrerem,ele era uma presença constante em minha vida.E depois de perder meus pais...só me restou vovô,Harry.A partir daí,fomos só nós dois,e foi vovô quem me ensinou tudo que sei,que me abraçou quando eu estava triste,que me acalmou quando eu tinha medo,que velou meu sono quando eu etava doente.Ele foi avô,pai e mãe para mim,e eu nunca tive nada a dizer senão coisas boas a respeito da minha vida,e isso é graças a vovô.Ele sempre fez de tudo para me manter feliz,e isso é um grande feito para alguém que sofreu tanto quanto ele.Vovô sobreviveu `perda de duas esposas,três filhos e uma neta.E não foi apenas a família que ele perdeu.Imagine a quantidade de amigos que se foram ao longo desses anos,no decorrer de tantas batalhas.Vovô presenciou tantas guerras,Harry,tantas coisas.Ele poderia ter se tornado uma pessoa bem amrga,a maioria das pessoas que passa pelo que el passou se transforma nisso.Mas vovô não permitiu que isso acontecesse.A cada golpe ele se levantou,e se esforçou para fazer o bem para as pessoas ao seu redor e a ele mesmo.-Lux tocou levemente o rosto de Harry,fitando-o com carinho.
--Você e vovô são mais parecidos do que imagina,Harry.E não me olhe assim,é verdade.Vocês têm tanto em comum,seja nos fatos que cercam suas vidas,seja nos traços do caráter.Como você,vovô sobreviveu a guerras que mais ninguém sobreviveria.Ele foi o centro de uma,há muitos anos atrás,contra Grindelwald.Assim como você será contra Voldemort.Como você,vovô perdeu,pouco a pouco,a maioria das pessoas que amava.E se tornou extremamente protetor com as que ainda lhe restam.Tão protetor,que ás vezes chega a ficar cego e cometer erros...você ralmente não se reconhece no que estou dizendo,harry?-Harry apenas encarou a prima,chocado.Jamais pensara por esse ângulo.--E quando você comete esses erros,harry...quando você magoa exatamente a pessoa que mais preza...como você se sente,harry?Como acha que se sentiria?-Harry sentiu o peito contrair-se.Era difícil ser magoado.Mas era mais difícil ainda magoar alguém que se ama profundamente,pensou.--Vovô sabe que machucou você de uma maneira horrível.E isso o mata por dentro,cada dia um pouco mais.E quer saber?Me mata também,e mata a você.Eu sinto meu coração parar a cada vez que vejo vovô se angustiar pelo mal que causou a você.Eu tenho medo...-A voz de Lux estremeceu,muito baixa.--Eu tenho medo que ele não agüente,ás vezes.-A moça olhou para o céu,que naquele momento já estava quase de todo escurecido.--Vovô é um bruxo extraordinário.Ainda é o mais poderoso,mas pode resistir a muitas coisas.Mas Harry,ele é humano,e embora eu não goste de lembrar disso,ele está velho.E às vezes,quando vovô se distrais e relaxa,você vê que ele parece tão cansado...como se o mundo inteiro pesasse em seus ombros,como se cada ano que ele viveu se manifestasse em seu rosto.E eu não sei...não sei o que fazer.Eu tenho verdaddeiro pavor de perder vovô,Harry.Sei que um dia isso vai acontecer,mas se eu puder adiar esse momento,eu o farei enquanto eu puder.Quero vovô aqui comigo,conosco.mas ele está ficando cansado,harry.E não é apenas a época em que vivemos,Voldemort.A maior parcela está nos sentimentos dele.Vovô ama tanto você,Harry.É insuportável para ele ver você sofrer,e saber que contribuiu para isso.-Lux encarou o rapaz com firmeza,mas com uma ternura que Harry pouco sentira em toda a sua vida.--Harry...rancor só traz mais atraso para nossas vidas.Você já perdeu tanto...por que insistir em perder mais,em desperdiçar mais tempo se consumindo em raiva?Nem você nem vovô podem mudar o passado,por mais que desejem.Mas o furuto não precisa ser ruim também.Vocês podem dar tanto um ao outro,podem aprender tanto.Harry...não sacrifique a oportunidade de construir uma família pela mágoa.Não desperdice o bisavô maravilhoso que você pode ter.Ninguém pode apagar o que já aconteceu,eu sei.Mas vovô está tentando se aproximar de você e fazer melhor do que antes,de verdade.Ele não pode recuperar o tempo perdido,mas realmente quer aproveitar o que resta.Ele está tentando,Harry.
Lux se calou,e Harry levou um longo momento para conseguir expressar o que desejava.Era muito difícil pensar com clareza e articular as milhares de emoções e idéias que rodavam em sua cabeça.
--Eu não...eu não sei por que eu reajo desse jeito às vezes,sabe...com essa raiva toda.É mais forte do que eu.É só que...Dumbledore se ausentou em minha vida inteira...e de repente,ele vem e conta que é meu bisavô,que quer participar da minha vida,quer tomar parte de tudo,ouvir o que tenho a dizer.Assim,num instante.Como se fosse fácil abrir espaço para alguém depois de tanto tempo e permitir essa invasão num segundo.Eu nunca aprendi a falar sobre o que sinto,sabe.Mesmo hoje,com Mione e Rony,que são meus melhores amigos,eu não consigo.Como é que Dumbledore pode esperar que eu o aceite num piscar de olhos e abra a minha vida e quem eu sou para ele?É como se eu mal o conhecesse...como é que eu posso confiar?-Harry sentiu como se algo muito ruim se despresdesse dele enquanto falava com Lux.Era a primeira ez que ele verbalizava a sua ansiedade em relação áquele assunto.Lux escutou atentamente,balançando a cabeça como se concordando.
--E por que você não diz essas coisas a vovô,Harry?-A moça passou um braço ao redor dos ombros de Harry,falando com paciência.--Ninguém está pedindo para você correr ao escritório de vovô com os braços abertos para abraçá-lo e dizer que está udo perdoado e esquecido.Perdoar nunca é fácil,e não se dá de uma hora para outra.Mas você também não pode esperar que vovê faça tudo sozinho e entenda quais são os seus sentimentos a respeito de tudo.Ele não é adivinho,Harry.Se você não disser o que o incomoda,ele não vai saber,logo não haverá como melhorar.Se você acha que está tudo indo rápido demais,então explique isso a ele.Em lugar de se zangar a cada vez que vovô tenta chegar perto,mostre qual é o seu ritmo.Converse com ele,devagar,quantas vezes forem necessárias.
Harry ouviu as palavras de Lux,sabendo que era o caminho certo a seguir.Mas também era justamente o caminho mais complicado.O rapaz não falou nada por muito tempo,estudando o lago em profunda reflexão.Ele escutou passos,voltando-se em direção ao som para encontrar Remo se aproximando lentamente.Harry percebeu que o bruxo o estudava cuidadosamente,e tentou sorrir para despreocupá-lo.Não deveria ter tido muito sucesso,porque Remo ergueu as sobrancelhas e o fitou mais firmemente.Mas Harry percebeu que,agora que refletira bem,sabia o que deveria fazer,e não estava mais tão confuso,Ele sorriu com um pouco mais de certeza,apesar de sentir-se ligeiramente nervoso,e se levantou devagar,pregando os olhos no velho amigo de seus pais.
--Eu preciso ir.Preciso resolver uma coisa.-O rapaz lançou um olhar significativo para Lux,que assentiu suavemente.Remo se aproximou,colocando uma mão no ombro de Harry.
--Sabe que podemos conversar quando quiser,não sabe?-Harry confirmou com a cabeça,ao mesmo tempo em que se afastava devagar e sorria para o padrinho.
--Eu sei.Vamos conversar depois...agora...agora vou tentar fazer algo certo.-Harry começou a andar lentamente,acenando para o casal que ficava para trás.Ele respirou fundo,pensando no que poderia dizer e prometendo a si mesmo que iria se controlar e não deixaria o rancor falar mais alto dessa vez.
Harry assistiu um pouco confuso harry se retirar,voltando-se para Lux como se pedisse explicações.Ela deu um sorriso fraco,estendendo a mão e convidando-o a sentar-se ao seu lado enqunto falava.
--Harry vai falar com vovô.Tentar colocar tudo em pratos limpos,sem brigas.-Remo reparou que Lux parecia nervosa,sentando-se ao lado da moça ligeiramente preocupado.Lux estava agitada,balançando os pés num tique nervoso e retorcendo deisfarçadamente as mãos.Esse tipo de reação nunca era um bom sinal quando se tratava da garota.
--Remo?-A voz de Lux saiu trêmula.--Você pode me abraçar?-Remo não esperou por um novo pedido,puxando a moça para si e envolvendo-a num abraço protetor.Lux agarrou-se a ele como uma criança assustada.
--O que foi?Está tudo bem?É uma crise?-Ele perguntou preocupado,observando Lux fechar os olhos e descansar a cabeça em seu peito,segurando-o com força.
--Tudo bem.Está passando.Só estou cansada.
--Você está com frio?Está gelada.-Mas Lux apenas aconchegou-se melhor contra ele,parecendo relaxar um pouco quando ele a beijou na testa.
--Não estou mais.Só quero ficar assim com você.Bem quietinha.-Remo assentiu,acariciando os cabelos de Lux ao mesmo tempo em que acompanhava a figura solitária de Harry desaparecer através das portas do castelo.

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Harry parou diante das gárgulas que guardavam a escada em caracol,respirando fundo e tentando evitar que sua coragem se esvaísse.De repente,tudo que pretendera dizer a Dumbledore fugia de sua mente.Ele balançou a cabeça,tentando esvaziá-la.Inspirando profunadamente mais uma vez,falou de maneira decidida:
--Mousse! -O rapaz observou a passagem se abrir,saltando nervosamente para a escada e esperando que a mesma o transportasse para cima.

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