O Brilho Eterno




_Eu gosto de te ver trabalhar, Harold.- Mary sorriu.
Imediatamente o clima da sala se tornou tenso. O Dr. Mierzwiack não respondeu ao comentário, apenas sorriu constrangido, voltando sua atenção para o monitor. Olhando de um para outro, Stan se levantou vestindo o sobretudo. Havia alguma coisa ali da qual não queria fazer parte.
_Eu vou, hum... tomar um pouco de ar.- falou.- Acho que ninguém se importa, tudo parece sob controle aqui.
_É, está bem.- Harold respondeu.
Stan concordou com a cabeça, lançando um olhar para Mary, mas ela não o olhou, encarava Harold. Stan então suspirou e saiu do apartamente=o.
_Você gosta de frases famosas, Harold?- Mary perguntou, assim que a porta se fechou atrás de Stan.
_Como assim?
_Eu as acho inspiradoras. E agora, eu me lembrei de algumas que achei que você gostaria de ouvir.
_Oh, sim. Eu... eu adoraria.- ele sorriu.
_Tem uma muito boa de Pope Alexander....
_Você quis dizer Alexander Pope?- ele a interrompeu.
_Oh, é!- Mary corou- Droga! Eu disse para mim mesma, não troque a ordem dos noms e pareça uma idiota! Mas, eu fiz assim mesmo.
_Oh, não tem problema! Você não é uma idiota.
_E você é um amor.- Mary replicou suspirando, o sorriso do Dr. Mierzwiack desapareceu e ele voltou sua atenção para o monitor, que procurava mais memórias de Luna. Mas, elas estavam se tornando tão raras! O que era bom, o dia estava quase nascendo e eles precisavam acabar o trabalho depressa.
_Na verdade, não é uma frase. É um poema que Pope escreveu para dois amantes antigos, Heloisa e Aberlado. E diz assim: 'Feliz é o inocente vestal; Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida. Brilho Eterno de uma Mente sem lembranças; Toda prece é ouvida, toda graça se alcança.'

XXX

A voz de Mary soava distante na cabeça de Harry, no meio das risadas da multidão. Ele reconheceu seu primeiro encontro oficial com Luna, como namorados. Estavam em um desfile do circo, nas ruas de Londres. Era uma noite estrelada, e a toda volta haviam pessoas assitindo o espetáculo, principalmente crianças com balões. Tudo parecia tão colorido e harmonico! Estavam se divertindo, rindo felizes, gostando da companhia um do outro. Principalmente ele que levava Luna nas costas, para que ela pudesse ver melhor por cima de algumas pessoas. Ela sorria feliz, apontando tudo.
_Eu queria ser um enorme, gigantesco elefante!- ela exclamou, sem conseguir deixar de rir, quando um deles parou no meio da rua, fazendo truques.- Com uma tromba enorme como essa, e essas orelhas engraçadas.
Luna desceu das costas de Harry, e com o casaco laranja fingiu ser um elefantes, uma das mangas sendo a tromba. Ele riu também, entrando debaixo do casaco.
_Se você é um elefante, Luna, eu também sou um. - ele sorriu, e a beijou pela primeira vez.
Ele sentiu uma sensação estranha de alegria e nervosismo se misturando dentro dele. Sua mão puxou-a para mais perto, abraçando-a embaixo do casaco, que servia de tenda para eles. Era tão diferente do que ele jamais sentira. Não tinha nada a ver com o nervosismo ao beijar Cho, ou o calor estranho que sentia ao beijar Gina. Era algo mais. Ele não conseguia explicar, mas sabia que daquele dia em diante, ele queria passar o resto da vida ao lado dela.
_Eu te amo, Luna.- ele sussurou.
_Que bom, porque eu também te amo.- a voz dela veio de longe.
E quando Harry abriu os olhos, Luna havia desaparecido.
_Loony?- ele chamou, olhando em volta desesperado.- Luna!

XXX

_Eu não conhecia essa.- Harold respondeu a Mary, no exato tempo em que mais uma memória era apagada.- É linda.
_Eu achei que seria apropriada.- Mary respondeu se levantando e se aproximando de Harold. E sem aviso, de repente, ela o beijou. Então, percebendo a gravidade do que fizera, se afastou.- Me desculpe! Eu te amo à tanto tempo, desde o primeiro dia que o vi. Droga, não devia ter dito isso!
Harold não disse nada, parecendo inconfortável, sem saber o que fazer.
_Eu vou embora.- Mary decidiu se levantando.
_Oh, não Mary.- ele falou finalmente.- Você é uma garota maravilhosa, mas sabe que tenho esposa e filhos. Você sabe...
Ela começou a chorar, e ele se aproximou dela secando suas lágrimas.
_Você sabe que não podermos. - ele falou tristemente a beijando novamente.
Do lado de fora, no frio, Stan via a cena se desenrolar, com um aperto no coração. Ele gostava de Mary, mas parecia que ela já gostava de outro. De repente ouviu um barulho de aparatação, e para sua surpresa viu a esposa do Dr. Mierzwiack parada ao seu lado. Ela olhava parada, pálida de cólera, seu marido beijando Mary. Frustada, foi até Stan e começou a bater nele com os punhos, o pobre rapaz tentando se defender com os braços.
_Acha que sou burra?- ela gritou.- Que eu não ia perceber? Eu devia te azarar por isso, Stan!
_Holly! Holly!- Harold, atraído pelos gritos, saiu correndo do prédio para segurar a esposa, impedindo-a de continuar a bater em Stan.
_Eu já sabia, Harold.- ela disse tristemente, abaixando as mãos.
_Não era para ser assim, Holly. Eu vim aqui realmente para trabalhar.- ele tentou se defender.
_Não brigue com ele!- Mary veio correndo.- Eu sou uma garota estúpida, que fez besteira ao se apaixonar. Por favor, não brigue com ele. Eu praticamente o forcei.
Nesse momento Holly se virou para ela, e para sua surpresa, Mary pena em seus olhos:
_Não seja um monstro, Harold.- ela disse.- Conte para ela.
_Me contar o quê?- Mary perguntou surpresa.
_Você pode tê-lo, aliás, já teve.- e com isso Holly desaparatou.
_O quê?- Mary se virou, tentando entender.- O que ela quis dizer com isso?
_Nós... tivemos um caso.- Harold explicou.- Me deculpe. Você queria o procedimento, para ajuda-la a superar. E nós fizemos. E...- ele parou, Mary se sentia chocada demais para falar.- eu tenho que terminar o trabalho, é um paciente muito importante, e já está quase de manhã. Então, conversamos mais tarde. Ok? Conversamos mais tarde.
E ele se virou de costas, indo em direção ao apartamento de Harry. Mary continuou ali, parada, surpresa demais para falar. Não sabia se fora por descobrir que haviam apagado parte de suas lembranças, parte de sua vida, ou se porque ele fora tão insensível, deixando-a sozinha para trabalhar, quando ela mais precisava da companhia dele.
_Ei.- Stan chamou docemente, se aproximando.- Deixe-me acompanha-la até em casa.
Mary não disse nada, não havia o que dizer. Simplesmente negou com a cabeça, murmurando um 'obrigada', e desaparatou. Ela tinha um certo trabalho para fazer, antes de ir para casa.

N/A- E aí está a importancia da Mary e desse rolo todo, vocês vão ver como é importante.Vocês devem estar se perguntando porque a infeliz se chama Mary como eu. Duas razões: primeira é o nome dela no filme, e segunda todas as Marys se apaixonam por idiotas, é uma certa tradição então o nome se tornou perfeito. Bem, eu sei que teve pouco H/L action, mas desse capítulo em diante vai ser praticamente tudo H/L. Terá acho que mais três capítulos só, para explicar algumas coisas e descobrirmos o que acontece com o Harry quando ele acorda na manhã seguinte ao 'apagamento'. Até próximo capítulo, comentem! Beijos para todos, especialmente para o meu beta que tem MUITA paciência comigo. Até, Mary.

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