Mary



A campainha tocou e Patrick se levantou para atender. Ao abrir a porta viu Mary, esperando encostada no batente. Ela o olhou de cima abaixo, sem sorrir de volta.
_Ah, é você. Oi, Patrick.
_Oi, Mary, como vai?- ele perguntou, mas ela entrou sem responder, indo até Stan e beijando-o. Então, se virou e viu Harry deitado na cama.- Pobre, Harry Potter. E eu achava que ele não tinha problemas, sendo tão famoso e tudo o mais.
_Você aceita?- Stan perguntou, oferecendo uma garrafa de cerveja-amantegada.
_Hum, vocês não tem alguma coisa de verdade para beber? - ela perguntou.
_Eu não sei, ainda não checamos.- Stan respondeu.
_Eu posso ir lá ver.- Patrick se ofereceu, mas Mary não o escutou, indo para a cozinha.
Quando a viu pelas costas, Patrick sussurrou para Stan.
_Mary me odeia! Eu nunca tive jeito com as mulheres.
_Talvez se você parasse de roubar as calcinhas delas.- sugeriu Stan, sem tirar os olhos do monitor.
Mary entrou na sala, com uma garrafa e dois copos na mão.
_Vocês falam muito alto, para quem cochicha.- ela riu, estendendo um copo de Uísque de Fogo para Stan, e ficando com o outro.- Oh, Patrick. Me desculpe, não peguei para você. Mas, você não queria mesmo, não é?
_Não, está tudo bem.- Patrick respondeu tentando parecer simpático.
Mary então ergueu o copo, brindando:
_"Abençoados os que esquecem, porque aproveitam até mesmo seus equívocos."- ela recitou, de cor.
E ela e Stan viraram os copos, de uma só vez. Foi o bastante para fazer seus olhos se encherem de lágrimas, e eles tossirem em busca de ar.
_Bom uísque.- Mary riu.- Li uma frase muito boa sobre isso no Bartlett´s, mas não me lembro qual agora.
_O que é o Bartlett´s?- Patrick perguntou curioso.
_É um livro de frases famosas, Patrick.- Stan respondeu, voltando a atenção para o computador.
_Eu acho que o Harold vai estar lá um dia.- Mary comentou, afundando em uma poltrona, bebendo outro gole do Uísque de Fogo.
_É claro que vai.- Patrick concordou- Harold é puro Bartlett´s.
Stan desviou os olhos para Patrick, e sem querer derubou algumas garrafas de cerveja amantegada, que estavam em cima da mesa. Elas caíram fazendo o maior barulho, enquanto patrick e Mary riam:
_Tem como ele acordar?- Mary perguntou preocupada, apontando para Harry.
_Você não pode acorda-lo. - Patrick riu- De jeito nenhum.

Era uma manhã de sábado chuvosa, e Harry estava deitado na cama, de olhos fechados, se sentindo muito sonolento. Luna, estava sentada a seu lado, segurando uma xícara com a foto dos dois, cheia do chocolate quente que ela aprendera fazer com a avó, e o qual ele gostava tanto. Ela deu um beijo na bochecha dele, passando a mão por seus cabelos.
_Hum...- ele riu, sem abrir os olhos. Era tão bom ficar assim com ela.
_Você não me conta mais nada, Harry.- Luna lamentou, deitando e encostando seu rosto contra o dele- Eu sou um livro aberto. Te conto tudo. Cada coisa maluca e embaraçosa! Coisas que não poderia contar nem a meu pai. E você não confia mais em mim.
_Claro que confio.- ele murmurou, não querendo se mexer. Estava tão bom ali.
_Então, por que não conversa mais comigo?
_É que... não tem o que falar, nos passamos tanto tempo juntos, que não há mais nada a dizer.
Ela se sentou, e ele se virou para ela, vendo que ela estava triste.
_Esse é o problema, Harry. Antes você me falava de tudo, coisas chatas e interressantes, só para falar comigo. E eu adorava ouvir, só porque era você falando. Agora, você não diz mais nada. Você mudou.
_Me desculpe, Luna.- ele falou, sem saber o que dizer, a abraçando.
_Eu queria saber tanto o que você está pensando.- ela sorriu, mas era um sorriso triste.- Só para saber se ainda me ama.
_É claro que amo!- ele respondeu tentando acalma-la.
Mas, ela se levantou e saiu do quarto. Ele voltou a se deitar, fechando os olhos. Antes, quando a via triste, ele também se sentia triste, agora ficava aborrecido. Por que ela chorava tanto, nos últimos tempos, quando o assunto era eles. Por que eles não podiam mais ser o que eram, no começo do namoro?
De repente, Harry estava sentado em um restaurante, Luna sentada do outro lado da mesa. Ele sabia que era a terceira vez que almoçavam ali, na semana. E ficavam em siêncio, sem assunto ou trocas de olhar. Apenas ali, cada um pensando em uma coisa. Ele sentia falta do tempo em que riam juntos. Riam das mesas, das pessoas, do restaurante. Qualquer coisa era um desculpa para se divertirem. Agora, e Harry olhou em volta, eram apenas mais um daqueles casais em volta, pareciam mortos. 'Eu não posso agüentar isso' ele pensou triste 'Não eu e a Luna'.

No apartamento de Harry, para sua alegria, Patrick descobriu uma linha de telefone. Escondido, ele tirou da mochila o aparelho que costumava ficar naquela linha. Quando Stan não estava olhando, ele roubara algumas das coisas de Harry, das que iam para o lixo, para tentar conquistar Luna mais rápido com as coisas que ela compartilhara com o ex-namorado. E no meio de todas as coisas que haviam retirado da casa de Luna, e da casa de Harry, ele havia notado um telefone. O que não era muito comum no mundo bruxo. Por isso, dera o telefone de Luna, de presente, de volta para ela e carregava aquele aparelho de Harry sempre com ele. Aqueles eram telefones especiais, sabia, que apenas faziam ligação um com o outro. Por isso, ao por o fone no guancho, ouviu a chamada ser feita direto.
_Patrick, vamos terminar com isso.- Stan pediu da sala, ainda sentado no computador.- Patrick!

_Alô, Loony?
Harry ergueu a cabeça, estava ouvindo as vozes de novo. Todos a sua volta, no restaurante, permaneciam impertubáveis, como se não pudessem ouvir nada. E não podiam mesmo, as vozes estavam fora de sua cabeça. Ele então, ouviu a voz de Luan responder, mas a Luna na sua frente apenas bebia água, a boca ocupada demais para falar.
_Oh, Patrick!- Luna exclamou chorosa- É você. Eu estou me sentindo tão mal!
_Por quê? O que aconteceu?- a voz de Patrick, preocupada, soou.
Harry se levantou, tentando ouvir a voz mais de perto, então viu que o restaurante havia se transformado na edição do pasquim. Ele via a mesa de papéis onde Luna estava sentada, e se viu parado em frente a ela, com um presente na mão.
_Eu não sei. Estou tão confusa.- Luna falou, de longe.
_Por que está confusa? Está tudo bem.- patrick a assegurou.
Ainda segurando os talheres, Harry se aproximou da mesa de Luna, e se viu indo embora arrasado. elmbrou-se imediatamente da razão, o novo namorado, o com voz conhecida, estava lá. Luna olhava para suas costas, surpresa, então se virou para o outro novo namorado, que da onde estava, Harry não podia ver.
_Estou com medo.- a outra Luna, a real, falou.
_Medo de quê?- Patrick perguntou.
Harry foi até o rapaz, queria ver quem ele era, da onde o conhecia. E se pudesse, daria uma surra nele, estava cego de ciúme, sem perceber. Mas, assim que olhou para trás da pilha de papéis, não pode ver nada. 'O quê?', pensou, e deu a volta na mesa de Luna, procurando-o. Luna porém, continuava conversando com o namorado, e se não fosse pelos murmurios de resposta que o outro dava, ele acreditaria que Luna estava apenas conversando com a pilha de papéis. Ah, se ele ao menos o tivesse visto aquele dia, poderia ter brigado com ele, tomado Luna de volta, qualquer coisa.
_Eu não sei.- a voz de Luna parecia chorar.- Você me ama?
_É claro que amo!- Patrick respondeu.
Foi quando percebeu porque não podia ver o namorado de Luna. Ele estava em uma lembrança, se não vira o cara na vida real, não poderia vê-lo em sua memória.
_Oh, onde está a justiça do mundo?- Harry se perguntou frustado, ainda dando voltas na mesa.
_Você me acha feia?- Luna perguntou.
Harry não resistiu e olhou para a Luna na mesa, e sorriu, pensando no quanto a achava bonita, mesmo que ninguém mais notasse isso. Ela era delicada, e frágil. O oposto de Gina, mas tão corajosa e inteligente quanto. Com algumas idéias diferentes, verdade, mas isso não a tornava menos perfeita.
_Não, você é linda!- Patrick respondeu, acordando Harry.
Ele estava de volta ao restaurante, mas ele estava vazio. Havia apenas sua mesa e sua cadeira. Ele estava com a estranha sensação de que faltava algo, algo muito importante, mesmo que ele não conseguisse pensar na garota de cabelos loiros e cumpridos, e enormes olhos.

_Talvez eu devesse ir até aí.- Patrick disse.
_Não, não. Eu estou uma bagunça, Patrick.- a voz de Luna soou repentinamente mais calma.
_Me deixe ir. Eu posso te alegrar.- ele pediu.
_Ok. - Luna respondeu, meio exitante.
_Até daqui a pouco, então, Loony.
Patrick então desligou, e desconectou o aparelho, guardando-o na mochila com o resto das coisas. E voltou para a sala, onde Mary cantarolava na poltrona, e Stan permanecia concentrado no monitor.
_Stan, posso sair por um tempo? Minha namorada não está muito bem.
_Mas, estamos no meio do processo de Harry Potter!
_Não, não Stan.- Mary interrompeu, se levantando da poltrona e indo para a cozinha.- Deixe ele ir, eu te ajudo.
_Viu?- Patrick sussurrou- Mary me odeia. Quer que eu vá embora.
_Então, vá embora.- Stan pediu.

Harry ouviu os passos dela e baixou o jornal que estava lendo. Ela engatinhou na cama, até chegar ao lado dele.
_Como foi o dia?- Harry sorriu, recebendo um beijo.
_Olhe o que eu comprei.- Luna sorriu, tirando uma corrente do pescoço. Ali havia um pingente púrpura, em forma de Lua.
_Lua! - ela exclamou feliz- É o que significa meu nome em espanhol. Além do mais, eles vão ficar perfeitos com os brincos que você me deu.
_Demorei para acahr, mas comprei igualzinhos ao que você perdeu em Hogwarts.
_Obrigada, Harry! - ela o abraçou.- Ei! Olha o que mais eu aprendi. -ela correu para trás da cortina do quarto, e ele pode ver que o sol se punha do lado de fora. Dali, ele podia ver a sombra dela, atrás da cortina vermelha - Você consegue ver um pato? Quac-Quac?
_Hahahaha.- Harry riu, sombras, fazia muito tempo que não brincava disso. Desde que era criança. Era tão bobo, mas ao mesmo tem po tão divertido. - Eu amo a Lua Loony!- ele riu, dando uma campalhota na cama, achava que podia morrer de felicidade só por tê-la ali.- Ouviu isso? Eu te amo, Loony!
Então, parou de sorrir. Loony...
_Como ele podia saber que eu te chamava de Loony?- Harry perguntou, lembrando-se da conversa entre Patrick e Luna, que ouvira a pouco.
_Ele quem?- Luna perguntou, pouco curiosa- Olhe, agora é um Dragão cuspindo fogo em um carneiro. Que legal, inventei uma sombra nova! Grrr, grrr, grrr....
Harry reparou que a voz dela começava a desaparecer, como se fosse fiacando distante.
_Mas, se você olhar pelo outro angulo.- Luna continuou.- Parece você sendo perseguido pela dragão, na sua vassoura, naquele Torneio que teve em Hogwarts, lembra? Foi antes de nos conhecermos, mas eu já te achava bem legal. O rabo do carneiro parece a causa da sua vassoura, pegando fogo... - e a voz dela sumiu.
_Loony?- Harry chamou, a procurando atrás da cortina, mas ela não estava ali.- Luna?

Completamente bêbados, Stan e Mary estavam deitados aos pés da cama de Harry. As pernas do próprio Harry no meio, Mary ajustou a mão dele, como um travesseiro.
_Então, eles se chamaram 'As Esquisitonas'.- Stan dizia empolgado, adorava falar sobre sua banda favorita.- A única banda que realmente importa. Como um grito por uma reforma social, um grito por justiça e igualdade, esse nome! 'As Esquisitonas', tem que ser muito homem para se pôr esse nome em uma banda masculina.- falou com lágrimas nos olhos.
_Não é incrível?- Mary perguntou.
_É! É uma coisa totalmente incrível!- Stan concordou, empolgado.
_O que o Harold faz pelo mundo!- Mary continuou pensativa.- É mesmo, incrível.
_É...- Stan concordou, percebendo que ela não prestara a menos atenção nele, pensando em Harold. Estava chateado, mas Mary não percebeu, e continuou falando.
_Ele dá uma nova chance para as pessoas, é lindo! Você vê um bebê, e é tão puro... tão livre, tão limpo! E os adultos são essa confusão de medos, tristesas, incertezas! E o Harold os ajuda a esquecer isso. Ele é mesmo incrível!

N/A- Aih está, mais um capítulo Espero que não esteja confuso, porque a história original é bem confusa, e eu estou tentando dar uma facilitada. Tipo, eu só entendi essa coisa de memória na última meia hora de filme, daí vocês imaginam. Nesse capítulo tem um pouco mais de romance Harry e Luna, de como eles costumavam se juntos. Talvez esteja um pouco viajado, mas nunca consegui entender a Luna mesmo. Espero que estejam gostando! Obrigada pelos comentários, beijos a todos, Mary.

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