Idéias e Tentativas



Harry estava no meio de um bosque perto de Londres, onde gostava de passear com Luna, para procurarem Bufadores de Chifre-Enrugado. Era outono e embora o sol brilhasse forte havia uma brisa fria, derrubando as folhas amareladas e laranja das árvores. Era um cenário muito bonito, o chão coberto de folhas, parecendo um manto. Mas, ele não tinha tempo para admirar a beleza do lugar, tinha que encontrar uma maneira de salvar a mulher, que descobrira ainda amar, do esquecimento certo. Antes que ela desaparecesse completamente para ele, como ele desaparecera para ela.

- Luna!- ele chamou, olhando em volta. - Luna, cadê você? Será que não entende que eles estão te apagando?

- Estou aqui! - ela surgiu debaixo de um amontoado de folhas, rindo do susto dele.

- Luna, vamos focar, está certo? - ele pediu, se sentando em um tronco caído.

- Está certo. - ela concordou, sentando-se ao lado dele. - Mas, acalme-se Harry. Aproveite o cenário, o outono é tão bonito!

- Eu preciso arranjar um jeito de para-los, antes que não te conheça mais. - ele lamentou.

- Então, apenas diga a eles que desistiu. - ela respondeu, mortalmente séria.

- Não posso, estou dormindo!- ele respondeu frustrado.

- Então se acorde!

- Me acordar? - ele perguntou em dúvida, mas ela o olhava tão séria que ele resolveu tentar. - Você quer que eu me acorde? Boa. Grande idéia, eu vou tentar! - e deitou no chão, fechando os olhos, como se dormisse, e os tentando abrir de verdade.

O Harry na cama abriu os olhos, e se viu encarando o teto. Ao longe, vozes riam e uma música alta tocava, enquanto pessoas pareciam pular em seu apartamento. Sacudiu a cabeça. Estava de volta no bosque com Luna.

- Isso funcionou! - ele exclamou surpreso. - Por um segundo, mas funcionou!

- Viu?- ela sorriu feliz.

- Mas, eu não podia me mexer. Nada, nem minha mão.- ele se sentou, de volta no tronco.

- Hum, não sei então. - Luna murmurou pensativa, era uma das poucas vezes que a via concentrada em algo, e a achou linda daquele jeito. - Não tenho mais nenhuma idéia.- ela lamentou.

- Você me apagou.- Harry a acusou, magoado. - É por isso que estou aqui, para começar. Por isso comecei com essa coisa de te apagar.

- Me desculpe, Harry.- ela pediu, tristemente.

- Você. - ele tentou acusa-la, sem conseguir ser muito convincente.

- Você sabe que eu sou meio... maluca. - ela abaixou a cabeça, triste.- Você sabe disso mais do que ninguém, você me conhece.

Ele a olhou ali, tão frágil e arrependida, que toda a mágoa pareceu sumir.

- E é por isso que te amo. - ele murmurou, beijando-a enquanto mais folhas amareladas e laranjas, caíam por cima deles.

Então, estavam de volta ao apartamento de Harry, em casa, sentados na cama de casal. Era um dia de chuva, cinzento e triste. Ele, por alguma razão, lembrava bem dessa tarde.

- Harry.- Luna o chamou.

- Hum? - ele perguntou distraído, olhando as bonitas pernas de Luna, esticadas na cama. Era muito difícil, mas ele adorava quando ela usava uma saia.

- Eu tive outra idéia para resolver nosso problema.

- Certo. - ele respondeu, estava tão confortável ali, com ela, todo o frio parecia trancado do lado de fora da casa.

- Essa é uma lembrança sobre mim, daquele dia em que você ficou olhando minhas pernas.

- Ah.- Harry resmungou, corando. Como ela podia saber daquilo?

- Então, aquelas pessoas, os apagadores-humanos, irão vir para cá, atrás de mim. Por que você não me leva para outro lugar? Um lugar em que eu nunca estive, e que por isso não pode estar no mapa que eles fizeram, com suas lembranças sobre mim? Lá a gente pode se esconder até amanhecer. O que acha? - ela sugeriu, ansiosa.

Harry parou para pensar, Luna podia ter idéias estranhas, mas de todas elas, aquela era a melhor! Ela estava certa, era tão óbvio, tão brilhante! Como alguém podia dizer que ela era louca? Fechou os olhos, tentando se concentrar em algum pensamento em que ela nunca estivera antes.

- Oh, Merlin. - Harry resmungou, frustrado, segundos depois.- Eu não consigo me lembrar de nada que não tenha você.

- Oh, isso é muito fofo, - ela sorriu - mas tente se lembrar, Harry. Qualquer coisa.

- Ok. - concordou, então subitamente, uma música começou a tocar em uma voz muito conhecida, a sua própria voz - "A dona aranha subiu pela parede..." - ele começou a cantar, uma música que não cantava desde a infância.

- Eu conheço essa! - Luna exclamou feliz, começando a cantar junto, fazendo movimentos com a mão para fingir ser a aranha - "Veio a chuva forte e a derrubou"

De repente, enquanto cantavam, gotas grossas de chuva começaram a cair do teto. A chuva era igual a que caia do lado de fora, e igual a da memória do pequeno Harry de oito anos, que olhava pela janela da Rua dos Alfeneiros número 4, a chuva caindo do lado de fora.

- Está funcionando!- Luna exclamou, parecendo surpresa também, se cobrindo com uma das edições do Pasquim, que estava em sua mesa de cabeceira. - Está funcionando!

Harry, sem saber bem porquê, correu para debaixo da escrivaninha do quarto para se proteger da chuva, exatamente como fizera quando tinha oito anos, e saiu para brincar no quintal, para o terror de Tia Petúnia.

- Harry?- Luna chamou, ao vê-lo desaparecer - Harry? Para onde você foi? Era para eu ir também!

Harry, de repente, se viu brincando com um iô-iô, embaixo da mesa da cozinha impecável de Tia Petúnia. Tudo parecia muito grande e alto, e ele apenas podia ver as pernas da Tia, e a de uma outra pessoa, por debaixo da mesa.

- Eu e o Duda vamos dar uma volta. - a voz estridente da Tia Petúnia falou. - Ele está doido para ir ao parque de diversões. Voltaremos em algumas horas. E obrigada por ficar de olho nele.

- Não se preocupe. - essa pessoa dizia, em uma voz estranhamente familiar.

- Vamos, Dudinha. Mamãe e você, vamos nos divertir muito hoje!

- Luna? - Harry chamou, lembrando-se de que ela deveria estar ali com ele.

- Morgana! Olha isso. - Luna falou, olhando para o Harry de três anos debaixo da mesa. Eram delas as pernas que ele vira, conversando com Tia Petúnia. - Olhe que roupa linda! Você viu Harry? - ela apontou para si mesma, com um longo vestido florido, e chinelos de pano velho, grandes e confortáveis, que cheiravam a gato. - Atchim! Pena que os chinelos me dêem um pouco de alergia. A minha idéia deu certo! Oh, queria poder te levar desse jeito comigo, está tão bonitinho! Ei, quem sou?

- A Sra. Figg. - a vozinha de Harry respondeu, enquanto este largava o iô-iô.

- Ah, a Sra. Figg. - Luna concordou, olhando em volta sonhadora. - Eu só não gosto muito dessa cozinha, é muito branca. Precisava de um pouco de cor, pena que não estou com minha varinha, aquela mulher loira iria me agradecer.

- A Tia Petúnia nunca sai comigo. - Harry choramingou - É só o Duda que passeia e ganha presentes e balas!

- Oh, bebê Harry. - Luna falou com pena, se agachando no chão para entrar debaixo da mesa com ele - Por favor, não chore! Olha, se você parar de chorar, podemos ir ver Bufadores de Chifre-Enrugados. Não é legal?

- É mesmo?- os olhinhos dele piscaram, ele parando de chorar.

- É sim.- Luna sorriu.

- E o que é um Chifre-Bufador Enrolado? - perguntou confuso.

- É um bicho bem legal. Muito raro, nunca vi um até hoje, mas você pode vir procurar comigo.

- Ah. - Harry fez, então correu para a porta da geladeira - Sorvete?

- Você quer sorvete? - Luna perguntou surpresa - Acho... acho que não pode. Você tem que jantar, ou algo assim, primeiro.

- Ah! - ele emburrou - Você é igual à Tia Petúnia.

Mas se arrependeu por ter dito aquilo, porque os enormes olhos dela, pareceram, subitamente, ficar tristes. Ela, certamente, já o ouvira falar de Tia Petúnia antes.

- Oh, Luna, desculpe! - o pequeno Harry chorou - Não vá embora, por favor! Eu estou com medo! Não quero que você vá, como a minha mãe!

- Não chore, bebê Harry. Eu também estou com medo e também não tenho minha mãe, mas eu estou aqui e você também! Um pouco pequeno, na verdade, mas é por pouco tempo. Está tudo bem, eu não vou embora. Está funcionando, eles já pararam de me apagar.

N/A- E aih povo? Estão gostando. Mais ação Harry e Luna! No próximo capítulo vai ter um pouco menos, a história tá ficando um pouco mais complicada para escrever. Mas, eu chego lá. Obrigada, Matheus por betar essa capítulo, mesmo doente e escrevendo uma fic suspense! Por favor comentem, nem para dizer que eu sou louca por estar escrevendo algo assim. Beijos, Mary Campbol

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