Cap. 8



PS - No próximo capítulo, prometo pegar na Margareth, na Lily, no James, no Sirius e nos outros personagens...

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A noite ia longa, já, e as estrelas, quase ocultas pelas luzes da cidade, não deixavam que Remus usufruísse plenamente daquela fase tão inofensiva da lua. A lua nova. A lua de Mary.
Lembrou os dias que se seguiram àquele começo de namoro tão intenso e tão estranho, ao mesmo tempo.

Mary não tinha muitas recordações do que acontecera naquela noite e as que tinha se encontravam em imagens distorcidas pelo seu estado vampírico e se misturavam com outras, igualmente disformes, nos momentos seguintes, e com os pesadelos daquela noite agitada.
Esquecera por inteiro o envolvimento dos Marotos naquilo tudo. Esquecera que eles sabiam do seu segredo e Lupin não sabia como lhe contar que o havia revelado. Na verdade, só recordava o começo do namoro com Remus porque o próprio a lembrara com um beijo no dia seguinte. Um beijo que trouxe à tona quase todas as memórias daqueles momentos tão lindos... pelo menos os mais importantes.
O mais difícil - lembrava Lupin - havia sido tentar convencer Mary a assumir o amor dos dois.
- Por favor, Lupin... quer dizer, Remus... -- Ela pediu, corando ao pronunciar o primeiro nome dele. Ainda não se acostumara direito com isso. - Ninguém pode ficar sabendo de nós.
Ele olhou-a nos olhos por uns momentos tentando, em vão, desvendar seus pensamentos e achar um motivo válido que pudesse levar uma garota tão sedenta de companhia a querer esconder um namorado. Teria medo dele e por isso poreferia não se comprometer? Não. Claro que não. Mary não era assim. Ela sofria de um problema semelhante. Então...
Os seus lábios secos exprimiram alto o seu pensamento:
- Porquê?
Mary fechou os olhos e respirou fundo. O que se preparava para dizer era algo que ela temia que fosse magoá-lo... e isso era a última coisa que ela queria na vida. Iria tocar num dos seus pontos mais fracos: os Marotos. Socorrendo-se do seu tom de voz mais doce, começou:
- Remus, eu... eu tenho medo...
A palavra "medo", porém, levou o rapaz para longe, para um outro contexto bem diferente daquilo que ela queria dizer. Os seus olhos asumiram o tom cinzento do mar em dia de tempestade. Então, ela tinha mesmo medo...
- Você tem medo de mim?
A garota o fitou, com ar confuso:
- De você?! Porquê eu haveria de... - Interrompeu a si mesma. Só então entendeu ao que ele se referia e os seus olhos se abriram num misto de surpresa com medo de continuar sendo mal-interpretada. Levou os dedos à boca dele, no intuito de silenciá-lo e acalmá-lo. - Shhh! Medo de você? Nunca! Que nunca mais passe pela sua cabeça um absurdo desses!
- Então...
Mais uma vez, ela respirou fundo antes de recomeçar a sua explicação:
- Você sabe o que os seus amigos sentem em relação a mim. Eles não vão com a minha cara, não podem me ver nem pintada com as cores da Grifinória da cabeça aos pés! Eu não quero que eles se virem contra você por minha causa.
Lupin soltou um suspiro de alívio, seguido de uma gargalhada. Então era isso. Era para defendê-lo! Realmente, ela não lembrava de nada daquela noite... a não ser o que ele a fizera recordar. Melhor assim. Ao vê-la franzir a sobrancelha, em reação à sua gargalhada, falou, com carinho:
- Então é isso? Você tem medo que eles me coloquem de lado por sua causa?
Ela anuiu com a cabeça:
- Claro. Pelo menos, de risinhos e piadinhas, duvido que você se livrasse.
Remus não teve uma resposta imediata. Era verdadede. Temia que os amigos o colocassem de parte por namorar uma garota que eles sempre haviam desprezado e que havia lhes garantido a pior detenção de sempre em Hogwarts. Mesmo que parte dele lhe dissesse que ele estava sendo tonto, que os amigos já sabiam que ele se tinha aproximado de Mary e que já tinham lhe dado provas mais do que suficientes de uma amizade verdadeira e a toda a prova, numa coisa a vampirinha estava certa: dos risos e piadinhas ele jamais se livraria... Foi então que se lembrou: eles haviam ficado chocados ao saber da verdade sobre a menina. Com certeza não ririam mais dela, agora que estavam cientes do seu problema... e jamais fariam piadinhas por ele ter escolhido namorar uma garota que sofria de uma maldição semelhante à sua.
O olhar dele se iluminou e Remus abriu a boca para falar... mas fechou-a logo em seguida: como poderia contar à namorada que havia revelado o seu segredo para os amigos? Ela não se lembrava, o que era ótimo, poupava explicações, mas agora, iria acabar tendo que contar? Ela jamais o perdoaria.
Preferiu ocultar o fato da jovem vampira. Todavia, sentia, com grande constrangimento, que omitir fatos importantes não era exatamente a melhor forma de iniciar uma relação.

Enquanto olhava o céu, o Lupin adulto, perdido em pensamentos, deixou escapar um triste:
- Eu devia ter contado...

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