Capítulo 7 - A Odiamos




2 de Setembro de 1995.



Ginny já estava ponderando como acordar Sarah, quando Amber (lê-se: sua salvadora) entrou no dormitório.


— Pensei que você acordasse ela sempre — sussurrou Amber.


— Depois dela ter levado a maior bronca da McGonagall ela se acostumou ao despertador — sussurrou Ginny, de volta — Mas parece que ela ainda pensa que estamos de férias.


— Viramos o colchão ou jogamos água?


— Qual é mais emocionante?


— Tem um balde?


— Embaixo da pia.


Amber entrou no banheiro e murmurou “Aguamenti” até o balde ficar completamente cheio, ela levou ele para dentro do quarto com ajuda de Ginny.


— Um — Ginny contou silenciosamente, balançando o balde para trás.


— Dois — contou Amber, balançando o balde para a frente.


— Três — contaram juntas, lançando a água do balde.


Sarah, imediatamente, pulou na cama.


Ginny jogou o balde para um canto do quarto e saiu correndo com Amber, pela porta aberta.


— GINEVRA! — gritou Sarah, a plenos pulmões — AMBROSE!


***


— Tem razão! Assim é muito mais emocionante! — disse Ginny gargalhando, enquanto as duas se sentavam na mesa da Gryffindor.


Lavender entrou no Salão Principal fuzilando Amber com o olhar, ao lado de Parvati Patil. Ginny franziu o cenho para Amber como em uma pergunta muda, mas ela apenas continuou o assunto anterior:


— Não faça isso todo dia ou Sarah vai acabar se acostumando.


— Então o que eu faço? — perguntou Ginny.


— Vire o colchão.


As duas voltaram a rir, chamando um pouco de atenção. Nesse momento, Hermione entrou no Salão Principal com Harry e Rony.


— Pretende ficar quanto tempo fugindo de mim? — sibilou Hermione.


— Não estou fugindo de você — retrucou Amber, revirando os olhos.


— Então chama isso de que?


— De dar um tempo até que você desista de me dar sermões.


— Ok, o que aconteceu? — perguntou Ginny.


— Brown — respondeu Amber, bebendo um gole do seu suco de abóbora.


— Obviamente, opina igual a Seamus Finnigan — disse Hermione para Harry — Então, a Amber resolveu azara-la.


— As coisas não aconteceram desse modo...


— Poxa, Mione! Eu e a Sarah tinhamos esperanças de que pelo menos você conseguisse controla-la — disse Ginny, surpresa.


— Ela parece bem... — disse Rony.


— Claro! Foi para a enfermaria — disse Hermione.


— Olha, Amber. Eu agradeço muito por isso, mas eu não quero que você se meta em problemas por minha causa — disse Harry.


— Se fosse comigo, você faria o mesmo.


— Mas eu pararia se você pedisse.


— Mentira.


Então, Sarah entrou no Salão Principal e fosse diretamente até eles.


— Vocês me pagam — rosnou.


— Cara feia para mim é fome — provocou Ginny.


— É, eu estou com fome mesmo.


— Então come e cala a boca — retrucou Amber.


— Tudo bem. O que é de vocês está guardado!


O trio se entreolhou surpresos, mas Amber agia como se essas ameaças fossem algo cotidiano.


— Te evitei ter que receber outra bronca da professora McGonagall — revidou Amber.


Sarah ia retrucar, quando Angelina Johnson se aproximou.


— Oi, Angelina! — cumprimentaram.


— Oi — respondeu, parecendo animada — Teve um bom verão? Escuta, eu fui eleita capitã do time de quidditch.


— Legal — disse Harry, sorrindo.


— Você merece! — disse Sarah, dando uma batidinha nas costas dela.


— Obrigada. É, bem, nós precisamos de um novo goleiro agora que Oliver foi embora. Os testes são na sexta-feira às 5 horas e eu quero o time todo lá, certo? Aí vamos ver se o escolhido vai se entrosar.


— Ok — concordou Harry.


— Avise os gêmeos para mim, Sarah. Eu ainda não os encontrei — disse Angelina, sorrindo e se afastou.


— Ginny, avise “aos gêmeos” — disse Sarah, imediatamente.


— Por que eu? — perguntou Ginny.


— Você é a irmã deles!


— Ok, argumento válido... Mas por que não vai você?


— Porque eu não tô afim.


— Eu tinha esquecido que Oliver foi embora — disse Hermione vagamente.


— Mentira! — disse Ginny, segurando o riso — Sarah não deixou ninguém esquecer.


Amber fuzilou Ginny com o olhar, Rony, Ginny e Hermione mantinham um sorrisinho no rosto, Sarah sorria marotamente para Amber e Harry estava por fora da situação.


— Eu perdi alguma coisa? — perguntou.


— Não — disse Amber, rapidamente.


— Sim — retrucaram Ginny, Hermione e Sarah ao mesmo tempo.


— Não liga não. Idiotice dessas três.


— Se é idiotice então porque você está corada? — sussurrou Sarah.


Amber ignorou e, com isso, a Sarah continuou o assunto anterior, só para provoca-la.


— É, ele era um bom goleiro... — disse — Imagino que vai ser difícil substitui-lo.


— Pelo menos um pouco de sangue novo... — comentou Rony.


As três não prestaram atenção no resto da conversa do trio, já que tinha chegado a hora do correio da coruja. Rustie jogou uma carta para o colo de Amber e ela se levantou e afastou-se imediatamente com a carta na mão.


— Eu, hein! — disse Ginny.


— O que deu nela? — perguntou Rony.


Hermione se escondeu atrás do Daily Prophet para que não vissem sua risada, mas Sarah estava ocupada demais percebendo a presença de “alguéns” por perto.


— Ai, eu mereço — resmungou.


— O que houve? — perguntou Ginny.


— Nada, Ginny. Nada. Deveria me conhecer bem o suficiente para saber que eu resmungo por qualquer merda.


Hermione chutou Sarah por debaixo da mesa. No mesmo momento, a professora McGonagall andou entre as mesas, distribuindo os horários.


— Onde está a senhorita Potter? — perguntou a professora.


— Foi no banheiro — mentiu Sarah — Eu entrego para ela, não se preocupe.


A professora entregou os horários e seguiu pela mesa da Gryffindor.


— É impressão minha ou ela entrega os horários de todas as mesas? — perguntou Sarah.


— Acho que sim, ela é a vice-diretora — disse Ginny, dando de ombros.


— Eu não entregaria os horários para os Slytherin nem se eu recebesse aumento de salário.


— Você não faria qualquer coisa com ou para os Slytherin.


— Você tem noção de que essa frase saiu um pouco...?


Sarah não finalizou a pergunta, por causa do olhar mortal da Ginny e porque Amber estava voltando.


— Seu horário — disse Sarah, levantando-o.


— Valeu — disse Amber, pegando o pedaço de pergaminho.


— Só isso?


— Boa garota?


Ginny e Rony seguraram o riso.


— Você saiu tão rápido sem nem dar explicações — disse Sarah.


— Não tenho que dar explicações da minha vida a você — retrucou Amber — Fui falar com Alicia.


— Diz que não deve satisfação e dá elas mesmo assim. Vai entender...


Amber deu um tapa no braço da Sarah.


— Eu não entendo porque você ainda recebe isso — Amber disse para Hermione, o que fez ela e Harry olharem para ela estranho.


— Vão ficar se repetindo agora? — perguntou Hermione — Harry fez a mesma pergunta, é melhor estar um passo a frente dos Slytherin.


— Ah, fala sério! — gemeu Rony — History of Magic, dois tempos de Potions, Divination e DADA. Dupla... Binns, Snape, Trelawney e a tal professora Umbridge, tudo em um dia! Eu queria que Fred e George andassem rápido com aqueles Skiving Snackboxes.


Então, Sarah percebeu que Fred e George estavam atrás do Rony escutando tudo e se levantou apressada, saiu pisando forte sob o olhar atento de Fred.


— Eu não sabia que aulas teriam hoje, então... — disse Amber — Vou pegar o meu material.


— Você pode...? — começou Rony.


— Não.


Amber pegou uma torrada e se preparava para sair, antes de dar um passo para trás e se dirigir a Hermione.


— Eu sei que vai reclamar sobre o cartaz no mural de avisos do salão comunal da Gryffindor — começou Amber — O ideal seria mesmo só colocar anúncios sobre algo a ver com o colégio, mas não chega a ser proibido.


Amber voltou a andar, diante do olhar indignado de Hermione.


— De que lado você está? — perguntou Hermione, um pouco alto para ela escutar de onde estava.


— Da justiça — respondeu Amber.


— Pois então que fosse selecionada para a Hufflepuff e não para a Gryffindor.


— Que você fosse selecionada para a Ravenclaw, então.


Hermione não retrucou porque, como a distância aumentava, a voz delas também aumentou e isso chamou a atenção das pessoas em volta, fazendo Amber deixar o salão depressa e Hermione corar.


— Se algum dia nos metermos em alguma encrenca, vou chamar a Amber para ser nossa advogada — disse George, surpreso.


— Não daria certo. Vocês não tem salvação — brincou Ginny.


***


Amber entrou apressada no salão comunal da Gryffindor. Estava tão distraída que acabou esbarrando em Katie Bell.


— Me desculpe, Katie. Estava distraída — se desculpou.


— Sem problemas — murmurou Katie, saindo logo em seguida.


Amber percebeu que ela havia sorrido muito forçadamente para ela, não que elas já tivessem conversado muito antes, mas Katie estava estranha. Resolveu deixar isso para lá e correu para o dormitório pegar os livros didáticos essenciais para a aula. Antes da sair, a caixa do óculos lhe chamou a atenção e ela mordeu o lábio indecisa.


— Se eu não conseguir ver muito bem, eu uso — decidiu, pegando a caixa e escondendo no fundo da mochila.


Então, ela desceu apressadamente para ir na aula de History of Magic.


— Confesse logo de uma vez — disse Sarah, aparecendo do além.


— Porra, Sarah! — gritou Amber, com a mão no peito — Que susto que você me deu!


— Consegui te assustar e de brinde você ainda falou palavrão.


— Imbecil!


— Também te amo!


— Confessar o que?


— Você só banca a rebelde quando a Hermione está perto porque não quer ser comparada a ela.


— Nada a ver! Mas existem situações nas quais não concordamos. Eu apoio isso dos elfos domésticos, mas para uma pessoa ser ajudada ela precisa querer, não dá para força-los.


Sarah virou o corredor, já que a primeira aula dela seria de Transfiguration.


— Tia Minnie me ama! — gritou Sarah, antes de sumir.


Amber balançou a cabeça divertida.


***


— Você não pode simplesmente tirar minha autoridade de monitora na frente deles! — disse Hermione, frustrada.


— Não tirei sua autoridade, mas meu dever como monitora-chefe é ser justa com todos — disse Amber, se sentando debaixo da árvore, pousando a mochila ao lado e pegando um livro para ler — Você não reclama da rivalidade entre casas?


— Isso é uma coisa completamente diferente!


— ...Mesma coisa que Snape valorizar mais a Slytherin, sem nem esconder.


Rony e Harry se entreolharam assombrados.


— Como você consegue ficar acordada nas aulas de History of Magic? — interviu Rony, tentando mudar de assunto.


— Eu gosto da matéria... Se não forem prestar atenção na aula, pelo menos leiam o capítulo correspondente ao assunto da aula antes da aula acontecer — disse Amber, procurando um elástico na mochila.


— Boa sorte com isso... — murmurou Hermione — Está prendendo o cabelo nesse frio?


— Eu não acho que fico boa com óculos e cabelo solto ao mesmo tempo... Sei lá!


— Eu acho que você está ótima — disse Harry, sorrindo para a irmã.


— Obrigada, Harry. Mas sua opinião não conta nesse assunto, você é meu irmão.


Amber terminou de fazer o seu coque e, enquanto o trio conversava, ela puxou um livro didático da mochila.


— Olá, Harry!


Amber não precisou levantar a vista do seu livro para perceber que a voz era da paixonite de Harry.


— Oi — disse Harry, corado.


“Agradeça por não ser ruivo, maninho” pensou Amber, já não conseguindo se concentrar na leitura.


— Você conseguiu se livrar daquilo então? — perguntou Cho.


Amber mordeu a língua e agradeceu mentalmente por estar com o livro tampando o seu rosto, naquele momento.


“Não, sua anta. Ele ainda está com a gosma, não percebe?” pensou irônica e logo depois parou “Okay, tenho que parar de andar com a Sarah”.


— Eh, e então você teve... Um... Bom verão? — perguntou Harry, tímido.


Amber olhou cética para Harry que parecia ter se arrependido de perguntar. Ela podia não gostar de Chang, mas isso não era pergunta que se fazia.


“Harry está andando tempo demais com Rony também” pensou.


— Oh, foi tudo bem, você sabe...


— Esse é um distintivo dos Tornados? — perguntou Rony, subitamente — Você não torce por eles, torce?


— Não, Rony. Ela está usando de decoração, não está vendo? — interviu Amber, sem conseguir evitar e para deixar claro de que ela estava ali.


— Se liga, Amber. Os Tornados são tendência agora que estão ganhando no campeonato, sempre aparece um dizendo que torce, mas só torce por causa disso.


— Eu torço para eles desde que eu tinha seis anos — respondeu Cho, friamente — Te vejo depois, Harry.


Então ela se afastou. Hermione esperou ela sumir de vista para atacar Rony e Amber se levantou subitamente com o rosto escondido no livro.


— Onde você vai? — perguntou Harry, desconfiado.


— Eu tenho que falar com a Sarah — disse Amber, segurando o riso da cena anterior.


— E porque está escondendo o rosto no livro?


— Porque é um livro muito interessante. Você deveria ler!


— O livro está de cabeça para baixo.


Amber corou, mas não iria se entregar tão facilmente. “Pensa numa desculpa”.


— Estou querendo conferir se não tem Nargles. É um dos modos mais efetivos — inventou, afastando o livro do rosto, agora que já conseguia se controlar melhor.


— Você conhece a Luna? — perguntou Harry.


— Mas é claro! Ela é amiga da Ginny...


“Sou muito mais a Ginny do que a Chang” pensou.


O sinal tocou no momento em que as vozes do “casalzinho” aumentou.


— Está na hora da aula, gente!/É o sinal — disse Amber/Harry ao mesmo tempo.


A única diferença foi que Rony e Hermione começaram a andar, fora isso continuavam discutindo.


***


— Chuva ou neve? — perguntou Sarah, no salão principal.


— Chuva — respondeu Amber.


— Neve — respondeu Ginny.


— Ah, calem a boca, vocês dois — elas ouviram Harry dizer raivosamente para Rony e Hermione, que pareceram chocados — Vocês não podem dar um tempo? Vocês estão sempre discutindo sobre algo, isso tá me deixando louco.


Então, ele se levantou, abandonando o resto da comida do prato, e saiu.


— Ele está certo, vocês sabem... — disse Ginny, timidamente.


Para a sua surpresa, Rony não a respondeu grosseiramente como costumava fazer.


— Sabem, isso é amor reprimido — brincou Sarah, só Ginny e Amber escutaram.


Então Amber se lembrou de alguns pensamentos antigos que ela já chegou a ter. Hermione e Rony brigando toda hora era de enlouquecer qualquer um, ainda mais tendo o temperamento Potter - Evans... Mas será que isso não tinha outro motivo também?


A conexão aparente que Voldemort tinha com Harry era muito estranha. Também se refletia a sentimentos? Amber balançou a cabeça. Não, ele só tinha se irritado. Então, ela voltou para o mesmo pensamento que chegou a ter no ano passado. Ela e Harry poderiam ter uma conexão? Pelo que Hermione lhe disse, existia sim um espelho de Erised e ele esteve em Hogwarts, mas... Isso significava que aquele sonho era real? Não poderia ser, afinal ela estava na casa da madrinha no Natal e não em Hogwarts. Não tinha como estar em dois lugares ao mesmo tempo.


Então, ela se lembrou que não tinha respondido a carta de Oliver, que não dizia muita coisa, apenas que não iria enviar cartas por um tempo por causa do treinamento puxado (sim, mais puxado do que ele fazia com o pobre time da Gryffindor).


O sinal tocou e ela pegou a sua mochila, desanimada. Quanto tempo ele ficaria “fora de contato”?


***


— ... Vocês vão achar sobre as mesas, cópias de O Oráculo dos Sonhos, de Inigo Imago.


— Ainda bem que eu não tive que pagar por isso... — murmurou Amber.


— Como se dinheiro fosse problema... — respondeu Harry, um pouco mais baixo, pois ele não queria que Rony ouvisse — Aliás, você pegava o dinheiro do cofre?


— Não, sempre peguei o dinheiro da minha madrinha. Os McKinnon são uma família puro-sangue muito antiga, assim como os Black.


— ...Se você tem o terceiro olho, certificados e notas importam muito pouco... — continuava a professora Trelawney.


— Então porque ela não escolhe a dedo quem tem o olho interior? — murmurou Amber.


— Só pode ser terceiro olho? — perguntou Rony — Porque se fossem quatro, vocês dois já teriam passado.


Amber pegou o Oráculo dos Sonhos e bateu nele com o livro, recebendo um olhar atravessado da professora Trelawney.


— A matéria até parece interessante... — murmurou Amber.


Rony olhou para Amber descrente.


— O que ainda está fazendo aqui? — perguntou Rony.


Amber corou um pouco e Harry deu um olhar repreensor para Rony.


— Eu não conheço direito os outros alunos, sem contar que a classe está ímpar, já que não tem a Hermione — murmurou Amber.


— Não tem problema — Harry se apressou a dizer.


— Nunca me lembro dos meus sonhos — disse Rony, com o cenho franzido.


— Você deve se lembrar de algum... — disse Harry, impaciente.


— Tem que ser recente? — perguntou Amber.


— E eu sei lá! — respondeu Rony — Qualquer um serve. Fala algum!


— Eu não sonho.


— Como assim? Todo mundo sonha!


— Bem, então não me lembro. Se for sonhos recentes...


— Pega qualquer um!


— Eu estava na casa da minha madrinha, nas férias natalinas de Beauxbatons — começou Amber e Harry continuou folheando o livro — E eu sonhei que estava aqui em Hogwarts, mas de um jeito estranho. Eu não sei explicar. Estava dentro de um espelho...


— Espelho de Erised! — exclamou Harry, desviando a atenção do livro — Mas é claro! Eu sabia que te reconhecia de algum lugar, no ano passado. Mas, bem, se passaram 3 anos como eu poderia...?


— Espera aí um pouquinho! Não foi sonho? Porque eu me lembro de ter deitado na cama e fechar os olhos.


Rony olhou para os dois meio perdido.


— Bem, vamos usar isso mesmo. Significa que você iria me conhecer — brincou Harry.


— Eu acho que tem que ser sonho recente...


— Ela não especificou.


Para a sorte deles, o sinal tocou.


— Okay, mudei de ideia. A matéria não é legal — disse Amber, quando a professora passou o dever de casa.


— Bem que os gêmeos disseram que esse ano ia ser o pior — disse Rony.


— Não, esse ano não é o pior. O 7º ano é o pior...


— Tem noção de quanto dever nós temos no 1º dia de aula? Quarenta e oito centímetros sobre a Guerra dos Gigantes, trinta sobre os usos da pedra-da-lua e agora temos que manter um mês de diário para a Trelawney! Tomara que essa Umbridge não nos dê nenhum dever...


— Vai nessa...


— Custa ser um pouquinho mais otimista? — murmurou Harry, enquanto entravam na sala de DADA.


Os quatro se calaram ao perceberem que a professora Umbridge já estava em sala, sentada em sua mesa. Eles mal sabiam como essa aula seria...


***


Amber bateu a porta da sala de aula com força e saiu pisando forte.


— Enlouqueceu? — sibilou Harry — Quer levar mais tempo de detenção com a Umbridge?


— Essa mulher é insuportável! — murmurou Amber, andando quase correndo — Viu como falou de Lupin? Esse preconceito contra lobisomens é pior do que o dos nascidos trouxas. Gente ignorante!


— Eu também estou muito revoltado, mas...


— Você não pode falar nada! Você quem começou a falar aquelas coisas para a professora, eu só te defendi.


— Eu não xinguei a professora, pelo menos.


— Eu também não.


— Mas estava a ponto de fazer.


Amber bufou.


— Eu vou te dizer... — continuou Harry — Você é bem calminha, mas quando se irrita...


— O QUE VOCÊ QUER DIZER COM ISSO?


— ESQUECE!


A porta atrás deles se abriu bruscamente, o que foi uma sorte, já que Amber avistou Peeves no final do corredor.


— Por que essa gritaria toda? — perguntou a professora McGonagall, parecendo perturbada — Por que não estão na sala de aula?


— Fomos mandados para vê-la — disse Harry, ainda um pouco irritado, mas sem deixar isso transparecer na voz.


— Mandados? O que quer dizer com mandados?


Harry estendeu a nota para a professora McGonagall. Assim que ela terminou de ler, com os olhos estreitos e o cenho franzido, não parecendo gostar nem um pouco do que leu, disse:


— Venham aqui comigo.


Ela entrou na sala, com os dois atrás dela, assim que todos passaram, a porta se fechou automaticamente, como se fosse uma daquelas portas automáticas de shopping trouxa.


Amber se sentou em uma das cadeiras, em frente a professora, e Harry ficou do lado em pé.


— Então é verdade? — perguntou a professora.


— O que é verdade? — perguntou Harry, agressivo, mas então continuou com um tom de voz mais contido — Professora?


— Que vocês gritaram com a professora Umbridge?


— Eu não gritei com ela — começou Amber.


— Não, imagina...


— Eu só estava te defen...


— Senhores — a professora interrompeu.


— Sim — responderam os dois, ao mesmo tempo.


— A chamaram de mentirosa?


— Sim — disse apenas Harry, Amber não havia a chamado de mentirosa explicitamente, então ficou calada.


— Disseram que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado está de volta?


“Até a senhora, professora?” pensou Amber, desesperada.


— Sim.


A professora, finalmente, se sentou em frente a Amber (atrás de sua mesa) e olhou para Harry, indicando para ele se sentar, o que ele fez logo em seguida.


— Peguem um biscoito.


— O quê? — Amber e Harry perguntaram juntos.


— Peguem um biscoito — repetiu, impaciente.


Amber continuou olhando a professora um pouco ceticamente, enquanto Harry pegou dois biscoitos da lata que estava em cima dos papéis e estendeu um deles para a irmã, que aceitou um pouco reticente.


— Vocês precisam ser cautelosos.


Harry engoliu o biscoito audivelmente, enquanto Amber ainda olhava um pouco estranho para a professora e dava uma pequena mordida no biscoito.


— Mal comportamento na aula de Dolores Umbridge pode custar muito mais do que pontos da casa...


— O quê? — perguntou Harry, confuso.


— Potter, use a cabeça — rebateu a professora.


— Harry, ela trabalha para o Ministério, se lembra? — disse Amber.


— Exatamente. Você deve saber a quem ela está se reportando.


O sinal do final da aula, tocou do lado de fora e Amber conteve o seu reflexo de levantar da cadeira.


— Aqui diz que a professora Umbridge os colocou em detenção por toda a semana, começando amanhã — disse a professora, olhando para o pergaminho que Harry lhe entregou.


— Toda tarde essa semana! — protestou Harry — Professora, a senhora não poderia...?


— Não, não posso.


— Mas...


— Ela é sua professora e tem todo direito de te dar detenção. Você vai ao escritório dela amanhã às cinco horas para a primeira. Apenas lembre: tenha cuidado com Dolores Umbridge.


— Mas eu estava falando a verdade! — disse Harry ofendido — Voldemort está de volta, a senhora sabe que está; o professor Dumbledore sabe que ele está...


— Tudo bem, Harry. Já entendemos — cortou Amber — A questão é que o Ministério não quer que as pessoas saibam disso para não criar um caos no sistema deles. Fudge disse isso ano passado, se esqueceu?


— Você realmente pensa que isso é sobre verdades e mentiras? Isso é sobre manter sua cabeça fria e seu temperamento sob controle! — completou a professora ajeitando seus óculos, que balançaram ao ouvir o nome de Voldemort.


“Falar isso para um Potter... Até parece que nunca conheceu nossos pais” pensou Amber.


Harry e a professora McGonagall se levantaram irritados.


— Pegue outro biscoito Potter.


— Não, obrigado — disse Harry friamente.


— Não seja ridículo.


Amber não sabia se ria ou se preocupava-se com a saúde mental da professora e do seu irmão.


— Obrigado — disse Harry mal humorado, ao menos ele era educado, mesmo de mal humor.


— Você não ouviu o discurso de Umbridge no banquete de início do ano, Potter?


— É — disse Harry — Ouvi... Ela disse... Que o progresso ia ser proibido ou... Bem, quer dizer... Que o Ministério está interferindo em Hogwarts.


A professora McGonagall o olhou atentamente por um momento, então fungou, deu a volta na sua mesa e segurou a porta aberta.


— Bem, fico feliz que você escute Hermione Granger em qualquer medida — disse ela, indicando a porta a ele.


Amber segurou o riso. É, McGonagall conhecia bem o seu irmão.


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