Capítulo 4 - A Audiência



Capítulo 4 - A Audiência


 


12 de Agosto de 1995


Amber andava de um lado para o outro no quarto.


— Você quer fazer o favor de se acalmar? — pediu Sarah sonolenta e impaciente.


— Meu irmão pode ser expulso de Hogwarts e você quer que eu me acalme? — retrucou Amber.


— Não vão expulsa-lo — disse Sarah.


— Eu já disse! O ministério quer uma desculpa para desacreditar Harry e Dumbledore!


— Tudo bem que Fudge não anda em seu estado natural, mas mandar dementors para Little Whinging?


— É isso que ele quer que as pessoas pensem!


— Se você diz... — retrucou Sarah nem um pouco convencida.


Harry tinha saído fazia menos de meia hora e Amber já estava com os nervos a flor da pele.


— Não tenho ideia do por que eles saíram tão cedo — resmungou Sarah — O horário da audiência é 9 da manhã.


— Precaução nunca é demais — retrucou Amber.


— Se você não parar de andar de um lado para o outro, eu vou te azarar — ameaçou Sarah.


Amber sentou-se na cama, impaciente.


— Ficar andando de um lado para o outro que nem uma louca não vai ajudar em nada — disse Sarah calmamente — Já que não vou conseguir voltar a dormir mesmo...


— Que raiva! — resmungou Amber — A primeira vez que perco a hora é justo o dia em que Harry mais precisava de mim...


— Vamos almoçar! Os outros já devem ter descido.


Sarah se levantou bruscamente da cama, cansada da ladainha da melhor amiga. Elas tinham passado o começo das férias na casa dos McKinnon, em seus quartos separados, mas logo Marlene voltou a se juntar a ordem e elas foram para a casa dos Black.


Amber olhou para a porta aberta enquanto Sarah saía.


— Você vem ou não? — perguntou Sarah.


Amber simplesmente se levantou da cama e a seguiu até a cozinha. Quando chegaram lá, todos já haviam descido e estavam almoçando.


— Meninas! — cumprimentou Marlene sorrindo.


— Sabe, temos nome — zombou Sarah, mas abraçando a mãe.


— Me surpreende que você tenha acordado tão tarde! — disse Marlene para Amber.


Amber iria responder algo como “a mim também” quando Sarah respondeu:


— Se você considera 9 horas da manhã tarde... — resmungou Sarah, sentando-se ao lado de Ginny.


— Eu não pude falar com Harry antes dele ir para a audiência — murmurou Amber.


— Oh! Não se preocupe! — disse Marlene — Ele ficará bem...


— Impossível não me preocupar — respondeu Amber.


Marlene sorriu compreensiva.


— Coma alguma coisa! — insistiu — Vocês nem desceram para tomar café!


— Ué! Nos liberaram da limpeza da casa? — Sarah perguntou baixo.


Marlene colocou o dedo na frente da boca em sinal de “silêncio”. Aparentemente a Srª Weasley, com a tensão da audiência de Harry, tinha se esquecido. Ou talvez tinha finalmente se convencido de que a casa não tinha jeito e que aquilo era o melhor que podiam fazer.


— Harry! — gritou Hermione, levantando-se da mesa.


Naquele momento, Harry entrava na cozinha com um sorriso enorme.


— Como é que foi? — perguntou Hermione.


— Precisa mesmo responder? — perguntou Rony retoricamente.


— Fui absolvido — respondeu Harry, desnecessariamente.


A tensão da sala se desfez. Fred, George e Ginny começaram a fazer uma dança estranha e a cantar. Rony socou o ar animado e Hermione ainda tremia um pouco. Sarah olhava para o trio (gêmeos e Ginny) de uma forma estranha.


Amber não conseguiu se aguentar por cinco minutos e foi abraçar Harry.


— Eu fiquei tão preocupada — murmurou — Desculpe não ter conseguido acordar cedo para me despedir de você...


— Não tem problema — cortou Harry.


Amber se separou meio sorrindo meio chorando.


— Não sei porque estão tão aliviados — disse Harry — Não tinham tanta certeza de que me daria bem?


— Mesmo assim dá um nervoso... — murmurou Amber.


— Harry poderia ter sido expulso há séculos por causa do que já aprontamos, mas não foi — disse Rony — Não seria agora...


— Nossa! Me tranquilizou muito... — ironizou Amber.


— Amber, você deveria já ter se acostumado — disse Sarah.


— Eu nunca vou me acostumar! — disse Amber, voltando a se sentar.


— Então vai morrer de preocupação antes dos 20 — disse Sarah.


— Por que não se juntou a dancinha deles?


Sarah fingiu não ter escutado a pergunta e Amber, para se vingar, deu um chutão nela, por baixo da mesa.


— Ai! Amber! — reclamou acariciando a canela.


— Depois a gente conversa — murmurou Amber, voltando a comer.


Depois do jantar, Sarah correu para o quarto tentando escapar da Amber, mas ela correu atrás dela.


— O que deu nelas? — perguntou Hermione, com o cenho franzido.


— Eu vou descobrir isso agora — disse Ginny, se levantando da mesa e indo atrás das duas.


— Cuidado para não acordar a velha! — disse Marlene.


Sarah fechou a porta rapidamente.


— Abre essa porta agora, Sarah! — disse Amber batendo na porta do quarto.


— Não grita ou a velha vai acordar! — disse Sarah com a voz abafada por causa da porta.


— Eu te juro que se não abrir essa porta agora eu grito o mais alto que eu conseguir — ameaçou Amber.


— O que deu em vocês? — perguntou Ginny, indo para o lado de Amber.


— Um... — contou Amber — Dois...


Amber abriu a boca para começar a gritar, quando a porta se abriu e ela e Ginny foram puxadas para dentro do quarto. Ginny olhou para as duas sem entender o que estava acontecendo enquanto Sarah trancava a porta do quarto.


— Comece a falar! — exigiu Amber.


— Não tenho ideia do que está falando — disse Sarah.


— Então por que fechou a porta? — insistiu Amber.


— Porque você começou a me olhar feito uma maluca!


— Eu não estou entendendo droga nenhuma — Ginny interrompeu.


— A Amber fica vendo coisa onde não existe! — disse Sarah.


— Confessa que gosta dele — disse Amber.


— Eu não gosto de ninguém, caramba!


— Você não vai conseguir esconder isso por muito mais tempo.


— Olhe só quem fala, Lily!


— Pelo menos eu admito o meu amor pelo Harry — disse Ginny, meio risonha, meio corada.


Sarah e Amber olharam chocadas para Ginny. Não por causa do que ela disse sobre Harry, mas sobre o que ela insinuou.


— Vocês são duas cegas que não percebem o que está na sua frente — finalizou Ginny, saindo do quarto.


Amber e Sarah se olharam ainda chocadas. Amber fez um sinal para Sarah que a olhou sem entender.


— Você está com a boca escancarada — esclareceu Amber.


Sarah fechou a boca constrangida.


— Engraçadinha — resmungou Sarah.


***


No dia 31 de Agosto, chegou a lista de materiais e a carta de Hogwarts.


— Só quando recebemos nossa carta pela primeira vez eles nos dão tempo para nos organizarmos? — perguntou Sarah, entrando no quarto com Rony.


Crack.


Fred e George aparataram no quarto de Harry e Rony.


— É o que eu ia dizer agora mesmo! — disse Fred — Parece que eles esqueceram.


— Vai ver eles demoraram para nos mandar as cartas por causa da dificuldade para encontrar um professor de DADA — disse Amber e Hermione concordou com a cabeça.


— Por que temos menos livros nesse período? — perguntou Harry.


— Porque apartir de agora começaremos a aprender na prática e não apenas na teoria — disse Amber.


— Existe alguma pergunta que você e Hermione possam não responder automaticamente? — ironizou Fred ao que Amber corou.


— Imagino o trabalho que deve ter sido arrumar um novo professor de DADA — disse George.


— Um expulso, um morto, um com a memória apagada e um trancado num malão por nove meses — disse Harry, contando-os nos dedos.


— Vocês nunca me contaram por que Remus se demitiu — disse Sarah.


— Snape “soltou” que ele era um lobisomem na frente da escola inteira — disse George.


— Maldito! — rosnou Sarah.


— Se vocês perceberem bem ela tem uma risada bem canina também — disse Amber rindo.


George e Harry riram, mas Fred olhou para Rony com o cenho franzido.


— O que há com você, Rony? — perguntou.


George, Harry, Amber e Sarah olharam para Rony que estava com a boca aberta, olhando sua carta de Hogwarts.


— O que é? — perguntou Fred, impaciente, indo para trás de Rony para olhar por cima de seu ombro o que estava escrito no pergaminho.


O queixo de Fred também caiu.


— Monitor? — perguntou, olhando incrédulo para a carta — Monitor?


George correu e pegou o envelope da mão do irmão e o virou de cabeça para baixo. Caiu algo vermelho e dourado na palma da mão de George.


— Não mesmo! — disse George agitado.


Amber ignorou o resto da conversa que eles tiveram, pois já desconfiava da confusão que os gêmeos fariam.


— Eu nunca pensei que viveria para ver isso! — ela escutou Sarah dizer, antes que Hermione irrompesse pela porta do quarto com lágrimas.


Houve uma confusão menor quando Hermione pensou que Harry tinha sido monitor.


— Eu acho realmente ótimo que Rony tenha sido nomeado monitor junto com a Hermione — sussurrou Sarah olhando insinuante.


Amber colocou as mãos sobre a boca para conter uma gargalhada, enquanto a Srª Weasley comemorava.


— Eu não sabia que vocês eram filhos de vizinho — zombou Sarah.


— Nós também não — responderam Fred e George aparentemente indignados.


— Nunca monitores com muito orgulho? — perguntou Sarah.


— Sempre!


Amber balançou a cabeça divertida.


— Bem, vamos deixa-los comemorando essa desgraça — brincou Sarah, quando os gêmeos aparataram — Vamos, Amber.


Amber pegou a carta e saiu do quarto.


— Espera, Amber! Voc... — começou Sarah.


Amber olhou para trás e viu Sarah olhando-a desacreditada.


— Será que vocês Potter não podem ser um pouquinho normais? — perguntou Sarah.


— Sarah? — perguntou Hermione hesitante.


Sarah olhou para Amber olhou para o chão e pegou uma insígnia. Amber abriu a carta, confusa, e viu um pergaminho a mais que o normal com a letra da professora McGonagall.


— Isso não deve estar certo — disse Hermione tão confusa quanto Amber — Só existem dois monitores em cada casa.


— Monitores - chefes não precisam ter sido monitores para serem escolhidos — disse Sarah.


— Mas monitores - chefes só são escolhidos no 7º ano


— Por isso que eu digo que nenhum Potter é normal... Harry foi apanhador mais jovem do século e a Amber a monitora - chefe mais jovem do século.


— A McGonagall só disse que “conversaremos melhor em 1º de Setembro” — disse Amber, colocando as folhas de volta no envelope.


— Sério? — perguntou Sarah — Só isso?


— Ela deve ter feito uma excessão para que nós duas pudéssemos ser monitoras — disse Hermione, começando a sorrir.


Sarah revirou os olhos e saiu do quarto. Harry voltou a guardar algumas coisas no malão e Hermione foi despachar Edwiges para seus pais.


— Está tudo bem, Harry? — perguntou Amber sem graça.


— Sim, claro... — respondeu Harry vagamente.


— Eu vou procurar a Sarah.


Amber saiu do quarto, andando pelo corredor até encontrar o que ela compartilhava com Sarah.


— O que houve? — perguntou Sarah, jogando algumas roupas dentro da mala.


— Eu não sei... — disse Amber, puxando a mala para cima da cama — O Harry está agindo meio estranho...


— Como assim?


— Acho que ficou um pouco decepcionado por não ter sido escolhido como monitor...


— Eu achei ele completamente normal.


— É... Eu posso estar imaginando.


Amber balançou a cabeça, abriu a porta do armário e começou a tirar as roupas para dobra-las e coloca-las dentro da mala.


— Por que se dá ao trabalho de dobra-las? — perguntou Sarah — Você vai usa-las uma hora ou outra.


— Eu gosto das coisas organizadas, ao contrário de você — retrucou Amber.


— Faz para mim? — pediu Sarah.


— Não — Amber disse automaticamente.


— Por favor!


— Não!


— Eu te dou 5 galeões.


— Não.


— 10?


— Não.


— 20?


— Não vou fazer a sua mala!


Sarah gemeu olhando para a mala e voltou a jogar as roupas dentro da mala.


— Depois não reclame da minha organização — Amber ouviu Sarah resmungar e revirou os olhos para a infantilidade da amiga.


Sarah deu um sorriso maroto olhando para a amiga.


— O que é? — perguntou Amber com um pouco de medo.


— Eu que te pergunto — disse Sarah, pegando um pedaço de pergaminho de cima da mesa — Uma carta do “Oliver”?


— Ai, cala a boca, garota!


Sarah começou a rir e Amber pegou a carta da mão dela escondendo.


— Se você não sente absolutamente nada por ele, por que fica toda corada quando eu falo dele? — perguntou Sarah.


Amber não respondeu. Ela não gostava de Oliver desse jeito, mas ficava envergonhada quando a amiga insinuava o contrário. Sarah continuou sorrindo vitoriosamente, enquanto Amber ignorava, colocando as coisas dentro da mala.


 


Notas da Autora:


Digam nos comentários o que acharam sobre Amber ser “monitora - chefe” com 15 anos de idade. Eu tive essa ideia de repente para que tanto Amber quanto Hermione fossem monitoras, afinal para ser monitora - chefe não precisa ser monitora.

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