Capitulo 10



Capitulo 10

                                              XXX--XXX


Harry dirigiu ao longo da Ocean Boulevard de modo que pudessem avançar lentamente no trânsito repleto de turistas e frequentadores de praia. Rádios de carros estavam ligados em alto volume, as janelas abertas. Havia música e risadas em todos os lugares. As luzes vermelhas e azuis de uma roda-gigante brilhavam a distância. Pessoas estavam sentadas em suas varandas de hotel, com toalhas de praia coloridas sobre parapeitos, enquanto assistiam ao fluxo preguiçoso de carros e pedestres. A esquer­da, havia vislumbres do mar entre prédios.


 


Relaxada e contente depois de pizza e vinho, Hermione se aconchegou mais ao as­sento macio de couro.


 


— As coisas vão se aquietar depois deste fim de semana — comentou ela. — Até o Memorial Day.


 


— Você alguma vez já se sentiu como se estivesse sendo invadida? — perguntou Harry com um gesto para o trânsito quase parado.


 


— Gosto de multidões — disse ela imediatamente, então riu. — E gosto do inverno quando as praias estão desertas. Suponho que haja algo nessa agitação que me atrai, especialmente uma vez que sei que terei alguns meses de isolamento no inverno.


 


— Esse é seu tempo — murmurou Harry, fitando-a. — O tempo que você se dá para esculpir.


 


Ela deu de ombros, um pouco desconfortável com o olhar intenso.


 


— Faço algumas peças no verão tam­bém... quando posso. Tempo foi algo que esqueci quando Jessica falava sobre a exposição e fazia todos aqueles planos... — Hermione parou, franzindo o cenho. — Não sei como serei capaz de aprontar tudo.


 


— Não vai voltar atrás, vai?


 


— Não, mas... — A expressão nos olhos dele a fez engolir as desculpas. — Não — falou com mais firmeza. — Não voltarei atrás.


 


— No que está trabalhando agora?


 


— Eu, hã... — Hermione olhou fixamente para fora da janela, pensando na escultura quase-pronta da cabeça de Harry. — É apenas... — Dando de ombros, começou a mexer no botão do rádio. — É apenas uma escultura na madeira.


 


— Do quê?


 


Hermione emitiu alguns murmúrios inarticulados até que Harry se virou para lhe sorrir.


 


— Um pirata — decidiu ela enquanto a luz de um poste de rua batia no rosto dele, formando planos e sombras. — É a cabeça um pirata.


 


Ele arqueou as sobrancelhas pela maneira subitamente concentrada como ela o estava estudando.


 


— Eu gostaria de ver.


 


— Não está pronta — disse ela rapida­mente. — Ainda nem acabei o modelo na argila. De qualquer forma, talvez eu tenha de adiar esse trabalho se organizarei o resto de minhas peças para sua irmã.


 


— Mione, por que você não para de se preocupar e apenas aproveita isso?


 


Confusa, ela meneou a cabeça e o olhou.


 


— Aproveitar?


 


— A exposição — disse ele, bagunçando lhe os cabelos.


 


— Oh, sim. — Hermione lutou para co­locar algum tipo de ordem em seus pensamentos. — Farei isso... depois que acabar — acrescentou com um sorriso. Você acha que estará em Nova York na época?


 


Quando o ritmo do trânsito acelerou, ele mudou para a terceira marcha.


 


— Estou pensando sobre isso.


 


— Gostaria que você estivesse lá, se possível. — Quando Harry riu, meneando a cabeça, ela continuou: — Precisarei de todos os rostos amigáveis que puder reunir.


 


— Não precisará de nada, exceto de suas esculturas — corrigiu Harry, mas a expres­são de divertimento ainda estava em seus olhos. — Acha que não quero estar por per­to na noite de sua abertura, de modo que possa me gabar por ter descoberto você?


 


— Apenas esperaremos que nenhum de nós viva para se arrepender disso — murmurou Hermione, mas ele apenas riu de novo.


 


— Você simplesmente não pode conside­rar a possibilidade de que talvez tenha co­metido um erro — acusou ela em tom de provocação.


 


— Você não pode considerar a possibilidade de que talvez seja bem-sucedida — devolveu ele.


 


Hermione abriu a boca, então voltou a fechá-la.


 


— Bem — disse ela após um momen­to —, nós dois estamos certos. — Esperando até que estivessem parados no trânsito novamente, tocou-lhe o ombro.


 


— Harry?


 


— Hmm?


 


— Por que construiu um hospital na África Central?


 


Ele virou a cabeça e franziu o cenho le­vemente.


 


— Era necessário — respondeu sim­plesmente.


 


— Apenas assim? — persistiu ela, embora pudesse ver que ele não estava satis­feito com a pergunta. — Quero dizer, Jes­sica falou que você foi aconselhado contra isso, e...


 


— Por acaso, tenho uma boa quanti­dade de dinheiro. — Ele a interrompeu com um movimento irritado do ombro.


 


— Faço o que escolho com ele. — Vendo a expressão de Hermione, Harry meneou a ca­beça. — Há coisas que quero fazer, isso é tudo. Não me canonize, Mione.


 


Ela relaxou novamente e se descobriu alisando os cachinhos sobre a orelha dele.


 


— Eu não sonharia com isso. — Harry preferia ser considerado excêntrico a benevolente, pensou ela. E como era mais simples amá-lo, sabendo desse pequeno segredo. — É muito mais fácil gostar de você do que pensei que seria quando me importunou no mercado.


 


— Tentei lhe dizer — apontou ele. — Estava muito ocupada fingindo não estar interessada.


 


— Eu não estava nem um pouco interessada — insistiu Hermione. Ele se virou para lhe sorrir, e ela se pegou rindo. — Bem, não muito, de qualquer forma. — Quan­do Harry virou o carro em uma rua lateral, ela o olhou com expressão interrogativa. — O que você está fazendo?


 


— Vamos sair para o calçadão. — Com habilidade, ele estacionou o Porsche numa vaga. — Talvez eu lhe compre um suvenir. — Harry já estava fora do carro... preparando, impaciente.


 


— Oh, eu adoro promessas impulsivas — murmurou Hermione quando se juntou a ele.


 


— Eu disse talvez.


 


— Não ouvi esta parte. E — acrescen­tou ela enquanto entrelaçava os dedos nos dele — quero algo extravagante.


 


— Como o quê? — Eles atravessaram a rua, manobrando ao redor dos carros parados.


 


— Saberei quando encontrar o que quero.


 


O calçadão estava congestionado, reple­to de pessoas, luzes e barulho. A brisa do mar carregava o aroma de sal para competir com o aroma de carne grelhada das barracas de rua. Em vez de ir para uma das pequenas lojas, Harry a conduziu para uma barraca de videogames.


 


— Muita conversa sobre presentes e nenhum presente — disse Hermione em desgosto quando Harry trocou notas por moedas.


 


— É cedo ainda. Aqui. — Ele colocou algumas moedas na mão dela. — Por que não tenta sua sorte salvando a galáxia de invasores?


 


Com um sorriso afetado, Hermione esco­lheu uma máquina, então pôs duas moe­das no compartimento.


 


— Eu vou primeiro. — Apertando o botão "iniciar", ela pegou o controle na mão e sistematicamente começou a vaporizar o inimigo. Com as sobrancelhas franzidas em concentração, manobrou sua nave para a direita e para a esquerda, en­quanto a máquina explodia com cores e barulhos cada vez que um alvo era atingi­do. Divertido, Harry enfiou as mãos nos bolsos e observou-lhe a expressão. Era uma vista mais interessante do que os gráficos sofisticados.


 


Ela mordiscava o lábio inferior enquan­to manobrava em posição, estreitando os olhos quando uma explosão de laser vinha em sua direção. A respiração era audível e irregular. Mas durante o tempo todo, seu rosto mantinha a expressão composta e quase séria que lhe era tão peculiar. Lutan­do para evitar explodir no fogo cruzado, a nave de Hermione finalmente sucumbiu.


 


— Bem — murmurou Harry, olhando para a pontuação quando ela secou as mãos suadas na calça jeans. — Você é boa.


 


— Você precisa ser, quando é a última esperança do planeta — respondeu ela seriamente.


 


Com uma risada, ele a tirou de frente da máquina e assumiu o controle.


 


Hermione reconheceu a habilidade dele quando Harry começou a explodir os in­vasores com a mesma regularidade que ela havia feito, e de forma um pouco mais ar­rojada. Ele gostava de riscos, pensou quando o viu conseguir evitar ser explodido por um tiro a laser, a fim de destruir três naves em rápida sucessão. Enquanto os pontos aumentavam, Hermione se aproximou mais para observar a técnica dele.


 


Quando roçou seu braço contra o de Harry, notou uma quebra quase imper­ceptível no ritmo dele. Aquilo era interes­sante, refletiu. Sentindo-se travessa e não se culpando por isso, aproximou-se ainda mais. Houve uma outra breve flutuação no ritmo. Suavemente, tocou os lábios no ombro largo, então sorriu-lhe. Hermione ou­viu, não vendo, a explosão que marcava o fim da nave de Harry.


 


Ele também não estava olhando para a tela, mas para Hermione. Ela viu algo brilhar nos olhos acinzentados... algo ardente, antes que a mão forte liberasse o controle para mergulhar nos cabelos dela.


 


— Trapaça — murmurou Harry.


 


Por um momento, Hermione esqueceu a cacofonia de sons, esqueceu a multidão de pessoas que os cercavam. Estava perdida naqueles olhos acinzentados e em seu pró­prio senso de poder.


 


— Trapaça? — repetiu ela, e seus lábios permaneceram entreabertos. — Não sei o que você quer dizer.


 


A mão em seus cabelos ficou tensa. Ele estava travando uma luta interna, perce­beu ela, surpresa e excitada.


 


— Acho que sabe — disse Harry bai­xinho. — E acho que terei de ser muito cuidadoso agora que você sabe o que pode fazer comigo.


 


— Harry. — O olhar de Hermione baixou para a boca dele quando o desejo aumentou. — Talvez eu não queira mais que você seja cuidadoso.


 


Lentamente, ele tirou a mão de seus ca­belos, deslizou-a sobre o rosto de Hermione, então a baixou.


 


— Mais uma razão para que eu precise ser — murmurou ele. — Vamos. — Pegando-lhe o braço, conduziu-a para longe da máquina. — Vamos jogar alguma outra coisa.


 


Hermione o acompanhou de bom humor, contente apenas por estar do seu lado. Eles colocaram moedas em máquinas de jogos e competiram fervorosamente — tanto en­tre si quanto com os computadores. Ela se sentia alegre e relaxada, da mesma maneira como havia se sentido na noite do parque de diversões. Passar tempo com Harry era como uma viagem pelos brinquedos emo­cionantes do parque. Curvas rápidas, incli­nações ligeiras, inesperados inícios e paradas. Ninguém gostava mais do poder excitante de uma montanha-russa do que Hermione.


 


Com as mãos nos quadris, ela deu um passo atrás enquanto Harry ganhava cupons consistentemente em Skee Ball, um jogo parecido com boliche. Observou uma outra pontuação no placar já alto quando ele jogou a bola bem no buraco central.


 


— Você nunca perde? — perguntou ela.


 


Harry jogou a próxima bola para ganhar mais 40 pontos.


 


— Tento não fazer disso um hábito. Quer jogar as duas últimas?


 


— Não. — Ela tirou fios imaginários de sua blusa. — Exibir-se está tão divertido para você.


 


Com uma risada, Harry jogou as duas últimas bolas para conseguir mais 90 pontos, então se inclinou para pegar sua pilha de cupons que saía da máquina.


 


— Apenas por isso, talvez eu não troque os cupons pelo seu souvenir.


 


— Trocar os cupons? — Hermione arqueou as sobrancelhas. — Você disse que ia me comprar um souvenir.


 


— E comprei. — Ele sorriu, enrolando os cupons. — Indiretamente. — Passando um dos braços ao redor dos ombros dela, andou para o balcão central, onde os prêmios estavam à mostra. — Vamos ver... eu tenho duas dúzias. Que tal um daqueles canivetes com seis funções?


 


— Para quem é o souvenir? — perguntou Hermione secamente enquanto estudava as prateleiras. — Eu gosto daquela pequena rosa de seda. — Ela bateu no balcão de vidro para indicar um pequeno broche. — Tenho todas as ferramentas de que necessito — acrescentou com sorriso travesso.


 


— Certo. — Harry gesticulou para a mulher atrás do balcão, destacou os cupons, exceto por quatro que sobraram.


 


— Ficamos com estes. Ah... — Com uma rápida olhada para as prateleiras, apontou.


 


— Aquele.


 


Pensativamente, Hermione estudou a mi­núscula figura em concha que a mulher ergueu. Parecia ser uma mistura entre um pato e um pingüim.


 


— O que fará com isso?


 


— Dar para você. — Harry entregou o resto dos cupons. — Sou um homem mui­to generoso.


 


— Estou impressionada — murmurou ela. Então virou a peça na palma da mão enquanto ele colocava o broche de rosa na gola de sua blusa. — Mas o que é isso?


 


— É um tipo de pato. — Passando o braço sobre os ombros delgados novamen­te, ele a conduziu para fora da barraca. — Estou surpreso com sua atitude. Pensei que, como artista, você reconheceria o valor estético desta peça.


 


— Hmm. — Hermione estudou o pequeno pato mais uma vez, então o guardou no bol­so. — Bem, reconheço certo charme. E — acrescentou, se colocando na ponta dos pés para lhe beijar o rosto —, foi gentileza de sua parte gastar tudo que ganhou comigo.


 


Sorrindo, Harry lhe acariciou o nariz com a ponta do dedo.


 


— Um beijo no rosto é o melhor que você pode fazer?


 


— Por um pingüim feito de concha, sim.


 


— É um pato — ele a relembrou.


 


— Tanto faz. — Rindo, Hermione passou um braço ao redor da cintura de Harry enquanto eles atravessavam o calçadão e iam em direção à praia.


 


A lua era apenas uma fatia fina prateada, mas as estrelas estavam brilhantes e espelhadas na água. Havia o leve sussurro das ondas batendo na areia. Namora­dos passeavam aqui e ali, de braços dados, conversando baixinho ou não falando nada. Crianças brincavam, cavando a areia à procura de tesouros.


 


Abaixando-se, Hermione tirou os sapatos e dobrou a barra da calça jeans. Em concordância silenciosa, Harry fez o mesmo. A água fria lhes tocava os tornozelos enquan­to começavam a caminhar em direção ao norte, até que as risadas e músicas do calçadão fossem apenas um eco de fundo.


 


— Sua irmã é adorável — comentou Hermione após um tempo. — Exatamente como você disse.


 


— Jessica sempre foi bonita — concor­dou ele, distraído. — Um pouco teimosa, mas sempre bonita.


 


— Vi suas sobrinhas no parque. — Hermione levantou a cabeça de modo que a brisa do oceano tocasse seus cabelos. — Elas ti­nham chocolate nos rostos.


 


— Típico. — Ele riu, deslizando a mão numa carícia ao longo do braço dela en­quanto andavam. Megan sentiu o sangue começar a vibrar sob sua pele. — Antes de saírem esta noite, elas estavam procurando minhocas embaixo da terra. Fui intimado a levá-las para pescar amanhã.


 


— Você gosta de crianças.


 


Ele virou a cabeça para olhá-la, mas Hermione estava admirando o mar.


 


— Sim. Elas são uma aventura constante, não são?


 


— Vejo tantas crianças no parque todos os verões, entretanto elas nunca deixam de me encantar. — Ela se virou então, um sorriso lento pairando nos lábios. — E vejo um bom número de pais que molestam os filhos ou os fazem sofrer continuamente.


 


— Quando você perdeu os seus pais? Ele viu o brilho de surpresa nos olhos dela antes que Hermione baixasse a cabeça novamente, olhando a longa extensão da praia.


 


— Eu tinha 5 anos.


 


— É difícil para você se lembrar deles.


 


— Sim. Tenho algumas lembranças va­gas... impressões, na verdade, suponho. Pop tem fotografias, é claro. Quando os vejo, sempre me surpreendo como eram jovens.


 


— Deve ter sido difícil para você — murmurou Harry. — Crescer sem seus pais.


 


A gentileza na voz dele a fez fitá-lo. Eles andaram uma longa distância, de modo que a única luz agora vinha das estrelas. Os olhos de Harry tinham o brilho do reflexo enquanto prendiam os seus.


 


— Seria — disse Hermione —, sem Pop. Ele fez muito mais do que substituir meus pais. — Ela parou e deu um passo para mais perto do mar. A água espumou e borbulhou sobre sua pele. — Uma de minhas melhores lembranças é de vovô tentando passar um vestido de festa de organdi. Eu tinha 8 ou 9 anos, acho. — Com um meneio da cabeça, Hermione riu e chutou a água. — Ainda posso vê-lo.


 


Os braços de Harry enlaçaram sua cin­tura, puxando-a contra si.


 


— Posso imaginar a cena.


 


— Ele estava parado ali, lutando com frisos e babados... e praguejando como um marinheiro porque não sabia que eu esta­va lá. Ainda o amo por isso — murmurou ela. — Apenas por isso.


 


Harry roçou os lábios no topo dos ca­belos dela.


 


— E imagino que você tenha dito ao seu avô, não muito tempo depois, que não se importava muito com vestidos de festa.


 


Surpresa, Hermione se virou.


 


— Como sabe disso?


 


— Conheço você. — Lentamente, ele lhe percorreu o formato do rosto com a ponta do dedo.


 


Franzindo o cenho, Hermione olhou além do ombro de Harry.


 


— Sou tão simples assim?


 


— Não. — Com a ponta do dedo ainda no maxilar delicado, Harry virou o rosto para o seu. — Pode-se dizer que fiz um estudo a seu respeito.


 


Ela sentiu o sangue começar a pulsar.


 


— Por quê?


 


Harry meneou a cabeça e entrelaçou os dedos nos cabelos dela.


 


— Sem perguntas esta noite — dis­se ele baixinho. — Ainda não tenho as respostas.


 


— Sem perguntas — concordou ela, então se colocou na ponta dos pés para lhe encontrar a boca.


 


Foi um beijo suave e de reconhecimen­to — um beijo de renovação. Hermione pôde sentir o gosto da gentileza. Por um momento, ele pareceu apreciá-la, achando-a preciosa e rara. Abraçava-a de leve, como se Hermione fosse se quebrar com a menor pressão. Ela entreabriu os lábios e aprofundou o beijo, provocando-o com sua língua. O gemido de prazer que Harry emitiu a aqueceu. A água se movia, suave e fria nos calcanhares de ambos.


 


Hermione deslizou as mãos pelas costas lar­gas, deixando seus dedos fortes de artista traçarem sob os cabelos para lhe acariciar a nuca. Havia tensão ali, e ela murmurou contra os lábios dele como se para aliviá-la. Sentiu tanto resistência quanto a pressão dos dedos de Harry contra sua pele. Aconchegou-se mais ao corpo forte.


 


Paixão começou a arder rapidamente. Hermione sabia que estava extraindo aquilo de Harry sem o seu completo consentimento. O milagre de seu próprio poder a atingiu com força total. Ele estava se contendo, deixando-a estabelecer o ritmo, mas ela podia sentir o desejo de Harry quase bei­rando a violência. Aquilo a tentava. Que­ria minar-lhe o controle, como ele havia minado o seu. Queria fazê-lo desejar tão cegamente quanto ela desejara. Era impos­sível fazer Harry amá-la, mas podia fazer com que a desejasse com desespero. Se isso era tudo que podia obter de Harry, então se satisfaria com o desejo dele.


 


Hermione sentiu o controle de Harry se es­vaindo. Os braços fortes se apertaram ao seu redor, puxando-a para si de modo que a silhueta era a de uma única pessoa. O beijo se tornou mais ardente, mais urgente. Ele ergueu uma das mãos para seus cabe­los, inclinando-lhe a cabeça para trás como se fosse assumir o comando. Havia fogo agora, deixando os corpos de ambos em chamas. Hermione capturou-lhe o lábio infe­rior entre os dentes e ouviu o gemido baixo dele. Abruptamente, Harry se afastou.


 


— Mione.


 


Ela esperou, não tendo ideia do que queria que ele dissesse. Sua cabeça estava inclinada para trás, a expressão facial aberta, os cabelos soltos na brisa. Sentia-se incrivelmente forte. Os olhos de Harry estavam quase pretos, estudando-lhe o rosto com intensidade. Ela podia sentir a respi­ração dele, quente e irregular, contra seus lábios.


 


— Mione — repetiu ele, levando as mãos de volta aos ombros dela lentamente. — Tenho de ir agora.


 


Ousando mais do que teria acreditado possível, Hermione pressionou os lábios con­tra os de Harry novamente. Os seus esta­vam suaves e sedentos, e provocaram uma resposta imediata.


 


— É isso que quer? — murmurou ela. — Quer me deixar agora?


 


Dedos fortes se apertaram nos braços de Hermione convulsivamente, então ele a afas­tou mais uma vez.


 


— Você sabe a resposta para isso — dis­se com voz rouca. — O que está tentando fazer, me enlouquecer?


 


— Talvez. — O desejo ainda a envolvia. Ardia em seus olhos quando encontrou os dele. — Talvez esteja.


 


Harry a puxou contra si, abraçando-a apertado. Hermione podia sentir as batidas furiosas do coração dele contra o seu. O controle de Harry, ela sabia, estava por um fio. Os lábios de ambos estavam separados apenas por um sussurro.


 


— Haverá um momento — disse ele suavemente —, eu juro, quando será apenas você e eu. Da próxima vez. Com certeza, da próxima vez, Mione. Lembre-se disso.


 


Não foi necessário nenhum esforço para Hermione sustentar o olhar intenso que rece­beu. O poder ainda fluía pelo seu ser.


 


— Isso é um aviso?


 


— Sim — confirmou ele. — É exatamente um aviso.


 
                                              XXX--XXX

                       
                                      ATENÇAO!!! LEIAM


Esse é o penúltimo cap, vai haver um epilogo nao se preocupem. kkkkkkk 

Alguem ai gostaria de uma NOVA FI UA HHR? Porque tem alguns livros que eu acho a a adaptaçao ficaria otima.

RESPONDAM-ME  POR FAVOR, um simples SIM é o suficiente!!!!!!!

Obrigado por lerem essa fic, adoro vcs..

Obrigada  Dark Moon por seu comentario, que bom que vc esta gostando.

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Comentários (3)

  • Laauras

    Já vai acabar? Oh meu Deus! Continuo amando a história e com certeza quero outra história! Bjão!

    2013-09-22
  • Pacoalina

    SIMMMMM CLARO QUE QUEREMOS!!!!!

    2013-09-21
  • r.ad

    SIM! 

    2013-09-20
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