Notícias Inesperadas







N/A: Pessoal do Floreios e Borrões, eu peço mil desculpas a vocês por demorar tanto a postar esse capitulo aqui, mas é q o sistema desse site é diferente do fanfiction



N/A: Pessoal do Floreios e Borrões, eu peço mil desculpas a vocês por demorar tanto a postar esse capitulo aqui, mas é q o sistema desse site é diferente do fanfiction.net, tem que ficar colocando os tags pra formatação, e como eu não sei fazer isso (anta!), usava o Word do serviço, que tem um esquema que faz. Só que eu tava a alguns meses sem poder fazer isso (o bicho tava pegando lá), e só agora deu pra voltar.



Bem, esse capitulo não tem tanto romance, ele tá mais focado em outras coisas, mas não se preocupem, no próximo vai ter romance pra tudo que é gosto, eu prometo. Aliás, faz mais de 5 meses que eu não posto nenhum cap novo, nem no ff.net, mas isso vai mudar. O cap. novo ta quase pronto (e é o maior que eu já escrevi, sem brincadeira, pra ter uma idéia esse tem 18 pgs e o novo já tem 31 e cada dia aumenta mais), deve ir ao ar ainda essa semana, estourando na próxima.



Mais uma vez, mil desculpas, e espero que gostem.



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CAPÍTULO XVIII



Notícias Inesperadas



Como ia sair dessa agora? Qualquer coisa que fizesse certamente atrairia a atenção dos Comensais, e isso seria mais perigoso do que a fera a sua frente.



"Lobinho bonitinho, fique calminho, calminho...", ela pensava desesperadamente, torcendo para o bicho se afastar. Ao contrário, ele arreganhou ainda mais os dentes, estranhamente parecendo sorrir. No instante seguinte ele saltava sobre ela, que mal teve tempo de se atirar para o lado. Já ia erguendo a varinha quando notou que não era ela o alvo do animal, e sim um dos encapuzados que tinha se aproximado, parecendo suspeitar de algo.



- Mas que m...! - o bruxo lutava para se livrar do lobo, que abocanhara seu braço, impedindo-o de usar a varinha para se defender.



Os dois debatiam-se furiosamente e o barulho atraiu os outros comensais, que pareceram se divertir com o apuro do companheiro.



- O que é isso, Mcnair... – a voz feminina soou repleta de deboche - O grande carrasco tendo problemas com um lobinho de nada? - Os outros comensais riram, enquanto Mcnair voltava a praguejar, continuando sua luta infrutífera para se livrar do lobo.



Bellatrix! Aquilo confirmava o que ela já sabia: Voldemort estava mesmo se infiltrando na floresta proibida. Agora tinham que descobrir o que ele pretendia com isso. Mas não agora. O animal oferecera a distração ideal para que ela pudesse se esgueirar para longe dali sem ser percebida, e era melhor não desperdiçar a oportunidade, já que os invasores pareciam já desconfiados de algo.



Ela se afastou sorrateiramente, mas pouco depois, ao se apoiar num tronco algo – provavelmente um gnomo – a mordeu, fazendo-a soltar uma exclamação abafada de dor.



- Quem está aí? - a voz dura de Bellatrix soou ameaçadora enquanto ela se aproximava rapidamente.



Porém, antes que pudesse alcançar seu esconderijo, a comensal foi derrubada pelo lobo, que para surpresa de todos soltara o braço de Mcnair e correra para saltar sobre ela, fazendo-a praguejar.



- Maldito animal! - ela tentava se livrar do lobo, mas este se apoiara em suas costas, prendendo-a contra o chão lamacento, e na queda ela tinha soltado a varinha, que agora estava fora de seu alcance. – Façam alguma coisa, imbecis!



A garota não ficou para ver se a ordem seria obedecida. Agradecendo mentalmente a ajuda do lobo, ela se afastou rapidamente, esgueirando-se por entre a densa vegetação. Estavam muito distante do castelo, e por mais que quisesse correr dali, sabia que não adiantaria, pois ficaria muito vulnerável. Ela ouvia as vozes dos comensais à pequena distância, e tentou conter a apreensão. Se fosse apanhada estaria perdida, pois suas chances contra um grupo daquele tamanho eram nulas.



De repente algo se chocou contra ela, fazendo-a se enfiar num pequeno nicho sob uma árvore. Com o susto ela quase gritou novamente, mas foi impedida pela mão que cobriu sua boca. Surpresa, ela ergueu os olhos e encarou o olhar mais azul e penetrante que já vira na vida.



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- Por favor, Mione...



- Eu já disse que não.



As súplicas continuaram, mas ela simplesmente ignorou os amigos, voltando sua atenção para o livro a sua frente. Estavam todos reunidos na sala comunal, fazendo seus deveres. Aliás, ela estava fazendo os deveres, os outros tentavam descobrir um meio de abrir o misterioso livro de Snape.



- Qual é, Mione, você já nos ajudou a duplicar o livro...



- Do que eu me arrependo muito. – ela cortou Rony, com frieza.



Era verdade, depois de muitos pedidos, e não querendo que os amigos fossem pegos por aquela transgressão, Hermione havia concordado em realizar um complexo feitiço, que faria uma cópia perfeita do livro, seja o que for que ele contivesse. Depois disso, Gina se encarregou de devolver o livro ao escritório do professor, antes que esse retornasse de usa viagem.



- Bem, você poderia ao menos ter copiado o livro sem essa droga de tranca, não é?



Hermione olhou-o com exasperação, e retrucou.



- Se acha assim tão fácil, por que você não fez o feitiço?



Rony ficou vermelho, enquanto Gina interrompia a discussão dos dois.



- Hermione tem razão, Rony, não havia como ela fazer o feitiço alterando algum detalhe do livro. Isso provocaria outras alterações também.



Hermione voltou a se concentrar nas lições, e Harry analisou novamente o livro, cuidando de manter as mãos afastadas do fecho, sentindo a frustração dominá-lo. Sabia, instintivamente, que aquele livro guardava muitos segredos a respeito de Snape, coisas que talvez o ajudassem a convencer Dumbledore de que ele não era, de maneira alguma, confiável.



- Oi, Harry. - Nicky se aproximou, sentando-se ao lado dele - Viu a Sammy por aí?



- Hã... o quê? - Harry desviou os pensamentos do livro, e encarou-a - Não, Nicky, ela saiu há umas duas horas, disse que tinha que tirar umas dúvidas com a professora Donovan.



- Ah, sei... - pela expressão estranha da garota, Harry suspeitou que havia mais coisa que ela sabia, mas ela logo desviou o assunto - Que livro estranho! - pegou o volume das mãos dele, observando-o com curiosidade - Sinistro, Harry, posso abrir? – não esperou por uma resposta, e antes que Harry pudesse impedi-la, seus dedos já tocavam o fecho, que reagiu prontamente, revelando seus dentes afiados, e atacando-a com ferocidade. – Ai! Essa coisa me mordeu! - ela segurou a mão, que por sorte, sofrera apenas um pequeno corte, olhando com indignação para o livro.



Enquanto todos perguntavam se ela estava bem, e ela resmungava contra livros assassinos, Harry olhava fixamente para o livro, sem acreditar no que via.



- Abriu! - ele exclamou, atraindo a atenção dos amigos - Está aberto!



Ali, no colo de Nicky, o livro, cuja tranca havia desaparecido, jazia aberto.



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"Fique quieta! Está querendo nos matar?"



Arregalou ainda mais os olhos ao ouvir nitidamente a voz dentro de sua cabeça. Muitas perguntas passavam por elas, e aparentemente ele ouviu todas, pois logo a voz voltou a soar.



"Basta saber que pretendo ajudá-la a sair dessa enrascada. Mas, por favor, tente não atrair mais atenção, ok?"



Ela se indignou. Quem aquele moleque pensava que era? O sorriso que surgiu no rosto dele indicou que ouvira isso também, e que se divertia com isso. Determinada, usou seus conhecimentos para fechar sua mente. Percebeu que tinha conseguido quando o sorriso foi substituído por um ar levemente aborrecido.



- Se queria provar sua capacidade, - ele sussurrou junto ao seu ouvido - ótimo, já conseguiu. Agora deixe disso, se não quiser que nos ouçam.



Sabendo que ele tinha razão, ela obedeceu, a contragosto.



"Assim está melhor. Agora, por mais que seja agradável ficar assim com você, acho que devemos voltar para o castelo."



Eles podiam ouvir os comensais vasculhando a área, e ela não conseguiu evitar a ironia. "É mesmo, Sr. Espertinho? E o que sugere? Vamos nos levantar, desejar boa noite a nossos amigos e seguir calmamente nosso caminho?"



Mais uma vez ele sorriu, demonstrando que, longe de aborrecê-lo, suas palavras o divertiam.



"Quase isso". Ele levou a mão ao cinto, tirando de lá um pequeno cilindro. "Se prepare".



Antes que tivesse tempo de perguntar para quê, uma luz saiu do cilindro, e surgiu ao lado deles uma imensa motocicleta. Sem lhe dar chance de hesitação, ele a puxou para cima dela, e logo o ronco do poderoso motor ecoava pela floresta, enquanto eles disparavam dali em alta velocidade. Infelizmente, os comensais tinham vassouras, e não tardaram a ir atrás deles, tentando impedir a fuga. Ela nunca tivera medo de motos antes, pelo contrário, gostava bastante delas. Mas estar sobre um monstro daqueles, percorrendo os caminhos estreitos por entre as árvores numa velocidade daquelas, enquanto eram perseguidos por comensais que lançavam feitiços que por pouco não os atingiam... bem, aquilo era muito diferente dos passeios a que estava acostumada.



Podiam ver por entre as árvores que dois comensais os ladeavam, e que os atacariam a qualquer momento. Estava pensando em soltar uma das mãos para tentar rechaçar seus feitiços – apesar de não gostar nem um pouco dessa idéia – quando ele voltou a "falar" com ela.



"Segure-se firme!". Ela não questionou a ordem, apenas agarrou-se mais a ele, o rosto pressionado firmemente contra suas costas, enquanto ele acelerava ainda mais. Logo à frente deles a floresta se abria numa pequena clareira, e assim que eles a atingiram a moto subiu vertiginosamente, no mesmo momento em que os comensais decidiram atacar, e acabaram derrubados por seus próprios feitiços.



Voando, em pouco tempo chegaram até os jardins da escola, onde pousaram sem problemas, já que seus perseguidores não se atreveriam a segui-los até ali. Pararam alguns metros depois, derrapando diante do lago.



- Graças a Merlin! - ela desceu rápido da moto, as pernas tão bambas que teve que se sentar na grama para não cair.



O rapaz apoiou os braços na moto, observando-a com ar divertido. Os cabelos negros caíam desalinhados sobre a testa, emoldurando o rosto atraente. Ela pensou, como da primeira vez que o vira, que nunca antes tinha visto um rapaz tão bonito.



- Você está bem? - ele perguntou com gentileza.



- Estou, obrigada. E obrigada por me ajudar. - ela se levantou e começou a andar em direção ao castelo.



- Ei, espere aí! - ele saltou da moto, e enquanto a seguia tirou novamente o cilindro do cinto, apontando-o para a moto, que logo depois desaparecia.



- Muito bom, esse seu cinto de utilidades, hein? - ela não conseguiu deixar de ironizar quando ele passou a caminhar ao seu lado - Realmente muito útil.



- É mesmo, não é? - ele fingiu não entender a provocação, guardando novamente o cilindro - Presente do meu avô.



- Parece que ele conhece bem o neto.



- Com certeza. - ele ficou sério ao prosseguir - Sabe, você não deveria ter se arriscado a ir lá sozinha. Imagine o que teria acontecido se eu não tivesse aparecido.



- Olhe, eu já agradeci pela ajuda, - ela se irritou - mas isso não significa que vou aceitar um sermão de um moleque que não sabe nada sobre meus assuntos.



- E quem disse que eu não sei? - ele retrucou, segurando seu braço e fazendo-a voltar-se para ele - Eu tenho vigiado você desde o primeiro dia de aula, e sei perfeitamente bem que não é o que finge ser, Anne Zwarts.



- Que bom que você sabe, espertinho, porque eu não faço idéia do que está falando. - ela puxou seu braço e voltou a se afastar rapidamente, amaldiçoando mentalmente aquela falha em seu esquema tão bem traçado.



Ele riu e voltou a emparelhar com ela, parecendo ainda mais divertido com sua irritação.



- Não fique tão irritada, você não tinha como evitar isso, e eu não teria me intrometido, se não soubesse que estava em perigo.



- Eu não estou irritada! - ela esbravejou, gesticulando e atraindo a atenção para o ferimento em sua mão.



- Ei, você está ferida! - ele voltou a segurar sua mão, examinando-a atentamente - Parecem marcas de dentes.



- Isso porque são marcas de dentes. Foi por isso que me descobriram, algum animal me mordeu quando eu estava saindo de lá.



- Deixe-me dar um jeito nisso. - ele tocou a varinha no ferimento, e logo depois este estava curado. Surpreendendo-a, ele levou a mão até os lábios, beijando o local onde estava a ferida. Ergueu os olhos insinuantes para ela - Para sarar melhor.



Ela girou os olhos, puxando novamente a mão. Era só o que faltava, um moleque metido a conquistador!



- Tá, tá, muito obrigada. Agora, é melhor a gente esquecer o que houve aqui, ok? Isso não é um assunto no qual você deva se meter.



Ele estreitou os olhos diante do tom condescendente dela.



- Engraçado, eu tive a impressão de que se não tivesse me intrometido, você estaria em grandes apuros a essa altura.



- Nada com o que eu não pudesse lidar. - ela descartou a preocupação com um gesto de desdém, e resolveu provocá-lo. Afinal, se ele sabia quem era e o que estava fazendo ali, não tinha nada a perder. - Eu estaria muito mais encrencada se sua mãe soubesse que se arriscou desse jeito por minha causa.



Foi recompensada pela carranca aborrecida do rapaz. Era óbvio que ele não gostava daquela superproteção, e menos ainda que os outros soubessem dela. Ele se recompôs rapidamente, voltando aos modos galanteadores, enquanto envolvia sua cintura com um braço, puxando-a para perto de si, para falar junto ao seu ouvido.



- Não precisa se preocupar com isso, afinal, eu não sou seu cavaleiro de armadura? Então! Eu a protegerei de qualquer perigo, minha linda...



Ele se inclinou sobre ela, sussurrando ao seu ouvido o que saberia que a irritaria. Ela puxou-o pela frente das vestes, seus olhos ficando no mesmo nível enquanto o encarava de modo ameaçador.



- Se repetir isso, nem sua mamãe vai conseguir salvá-lo, entendeu, moleque?



- Adoro mulheres geniosas...



- Vai trocar as fraldas, bebezinho. – ela retrucou, soltando-o e dando-lhe as costas - É melhor você voltar para sua Casa, já passou da hora de criança dormir. - sem esperar resposta, ela se afastou com passos determinados, desaparecendo logo depois pela entrada do castelo.



Ele ficou parado, observando-a partir. Ali estava uma mulher que valia a pena. Que importava se ela o considerava jovem demais? Aquilo só tornava o desafio mais interessante.



- Nós ainda não acabamos, minha cara... - ele estava determinado a continuar provocando-a - Vamos ver quem ganha essa parada.



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A empolgação durou pouco, até perceberem que o livro estava em branco, obviamente protegido por algum tipo de feitiço. Depois de várias tentativas frustradas, eles acharam melhor continuar outro dia, pois já estava muito tarde. Harry guardou o livro aberto, para evitar que a tranca voltasse ao seu lugar de guardiã. Ninguém estava animado com a idéia de pagar o tributo de sangue, que aparentemente era o preço para abri-la.



Todos já estavam dormindo quando Harry saiu da Torre, oculto pela sua capa de invisibilidade. Ia tentar novamente essa noite. Sabia que Sammy entenderia, ele precisava fazer aquilo.



Quando chegou à Torre de Astronomia, a viu sentada sobre o parapeito, como sempre a encontrava.



- O que está fazendo aqui, Harry? - a voz dela não continha a agressividade da ultima vez em que conversara, revelava apenas um pequeno traço de curiosidade.



- Queria conversar com você. - ele respondeu, sentando-se ao lado dela - Tenho vindo aqui todas as noites, mas parece que você mudou seus hábitos noturnos.



- Eu tenho visitado meu pai. Nós estamos nos conhecendo, você sabe. - ela afastou uma mecha do rosto, e encarou-o - Então?



- Rhea, você sabe que eu estou com a Sammy... - ela apenas assentiu, e indicou que ele prosseguisse - Ela me disse que vocês são amigas, então acredito que ela contou como nós nos acertamos.



- Sim, ela contou. E eu fiquei muito satisfeita em descobrir que você não era o covarde que eu pensei, Harry. Sem querer ofender. - ela se apressou a completar. Ele sorriu.



- Não ofendeu. Eu entendo o que você quer dizer. Rhea, eu gosto muito de você, e não gostaria de perder sua amizade.



- Amigos são um luxo para mim, Harry. – ela desviou o olhar para a paisagem a sua frente – Você vê como agimos na maior parte do tempo, mantemos todos afastados. Isso não é apenas para proteger nossos segredos, mas também as outras pessoas. Alguém ligado a Tríade é um alvo para nossos inimigos. Nós temos como nos proteger, mas não podemos proteger nossos amigos o tempo todo.



- Acho que vocês depositam pouca confiança em seus amigos. - Harry retrucou calmamente - Veja o exemplo de seus pais. A antiga Tríade tinha amigos, que lutavam lado a lado com eles.



- Você está certo nisso, mas existem outros fatores a se levar em consideração. Coisas que, infelizmente, eu não posso revelar agora. – ela completou antes que ele pudesse retrucar - Mas eu ficarei feliz em chamá-lo de amigo, Harry, se você entender que terei de continuar agindo como sempre.



- Bem, se eu podia entender antes, posso continuar entendendo agora. - Afinal, é pra isso que servem os amigos, não é? – ele sorriu, e mudou de assunto - Agora me conte, como vão as coisas com o velho Remo?



Eles passaram as horas seguintes conversando e rindo como dois velhos amigos que não se encontram há muito tempo.



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Na mesa da Sonserina, uma garota de cabelos e olhos castanhos e traços comuns estava sentada próxima ao grupinho de celebridades da casa. Qualquer um que olhasse veria apenas uma garota sem importância, tomando sozinha o seu café da manhã. Ninguém diria que essa mesma garota havia enfrentado comensais da morte na noite anterior, e que agora prestava atenção em cada palavra dos colegas, tentando extrair alguma informação útil.



"Bom dia, minha querida!".



Ela teve um pequeno sobressaltou quando a voz ecoou em sua cabeça. Disfarçadamente olhou na direção da mesa da Grifinória, onde olhos azuis zombeteiros a encaravam, e piscaram maliciosamente para ela.



"Quer parar com isso, moleque?", ela retrucou, irritada, baixando novamente a cabeça para o seu prato, "Vai acabar atraindo atenção para mim, e estragando tudo!".



"Ora, Anne, eu só quis cumprimentá-la! Afinal, depois de tudo o que nós passamos juntos, acho que podemos nos considerar... íntimos, não?".



"Não delira, garoto! E faça o favor de me deixar trabalhar em paz, ok?", com isso ela encerrou o assunto e seguiu o grupo de sonserinos para fora do salão, para a primeira aula do dia.



Na mesa da Grifinória, o rapaz sorriu divertido. Ela ficaria furiosa quando descobrisse a surpresinha que a esperava.



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- Ana, você não acha melhor...



- Não, Kris.



- Mas...



- Sem mas. Eu tenho que ir, não há outro jeito. - ela desviou os olhos, triste - Você sabe que há uma chance disso mudar, então não há necessidade de alarmar mais ninguém.



Finalmente a prima estava de volta. Kristyn estivera treinando em seu simulador, no final do dia, quando ela aparecera. Conversaram durante muito tempo, felizes em estarem juntas novamente. Porém, Kristyn não pôde evitar que a preocupação toldasse sua alegria ante as notícias que ela trazia.



- Sim, eu sei do que você está falando, é esse meu receio também. E não é justo que você passe sozinha por isso.



- Mas eu não estou sozinha. - ela sorriu fracamente para a prima - Eu tenho você, esqueceu?



- Sim, Ana, eu sempre vou estar ao seu lado. - ela abraçou a prima com carinho - Mas não é disso que eu estou falando.



- Eu sei, Kris, mas essa é a minha escolha. – ela hesitou um pouco, antes de continuar - Como... como ele está?



- Melhor do que eu gostaria.



- Kristyn!



- Que foi? Você sabe que não fiz nada com ele apenas porque você me proibiu. Agora o Sr. "oh, meu Deus, como eu sofro" passa os dias no quarto, esperando pela próxima missão, enquanto conhece um pouco mais da filha.



- Então eles estão se dando bem? - Ana perguntou, ansiosa.



- Sim, muito bem.



- Isso me deixa muito feliz. É o que eu sempre sonhei.



- Não foi exatamente isso que você sempre sonhou. - ela não pôde deixar de salientar.



- Uma parte de um sonho é melhor do que nada. - ela retrucou, sorrindo sem humor - E agora vem a pior parte: ficar perto deles, e ver de perto a família que eu poderia ter tido.



- Talvez ainda venha a ter.



- Dificilmente. Como eu já disse, nós não somos mais as pessoas por quem nos apaixonamos.



- E o que impede que essas novas pessoas se apaixonem?



- Seria lindo, mas nós não estamos num conto de fadas.



- Tudo bem, Ana, é você quem decide. - ela manteve o braço de forma protetora sobre os ombros da prima - Venha, vamos enfrentar a fera.



X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X



- Ana está de volta.



Remo olhou para Frank, que tinha acabado de entrar. Deixou de lado o álbum de fotografias que estivera observando e levantou-se da cama. O amigo parara no meio do quarto, os braços cruzados diante do peito, e parecia esperar uma reação dele.



- Isso significa que vamos partir em busca da segunda relíquia. - ele respondeu calmamente - Suponho que Alena também tenha voltado, não é?



- Sim, ela também voltou, e sim, nós partiremos em breve. Mas não é sobre isso que eu vim falar.



Durante aquelas semanas desde a discussão deles, os amigos tinham-no deixado em paz para conhecer a filha e curar as feridas. Agora, Frank achava que já era hora de conversarem.



- Os únicos assuntos que me ligam a Ana são os que dizem respeito a Rhea e a busca de Sirius.



- Ah, pelo menos admite que está ligado a ela por causa de sua filha.



- Unicamente por ela.



- Tem certeza disso, Remo? - Frank retrucou - Pode me dizer, sinceramente, que não sente mais nada por ela?



- Eu já disse isso. E digo de novo, se quiser.



- Então me diga o seguinte: consegue imaginá-la se envolvendo com outro homem, beijando esse outro e se casando com ele? - Remo desviou os olhos do olhar perspicaz do amigo, que sorriu - Não, você não consegue.



- Isso não quer dizer nada. - ele resmungou, contrariado.



- Quer dizer tudo. Você pode estar aborrecido...



- Aborrecido? Acha que estou apenas aborrecido?



- ... mas o amor que sentia por ela está aí, debaixo de todo esse rancor. - ele prosseguiu, ignorando o sarcasmo do outro. - E por mais que você não queira, uma hora ele vai vir à tona de novo. Só espero que então não seja tarde demais.



- Frank, sem querer ofender, eu dispenso esse tipo de comentário. Já tive o bastante com Dumbledore.



- Está bem, Remo, eu já disse o que tinha a dizer. Apenas se lembre que ainda tem amigos, não precisa mais enfrentar os problemas sozinho. - ele se dirigiu para porta, e antes de sair avisou - E voltando ao Sirius, vamos nos reunir dentro de meia hora no escritório de Dumbledore.



Depois que Frank se foi, Remo pegou novamente o álbum, que Rhea lhe dera e que continha fotos de todos os períodos de sua vida. Permaneceu fitando a mesma foto que estivera observando durante muito tempo. Nela, Rhea ainda não tinha nascido, e Ana estava sentada à beira de um lago, a cabeça inclinada, enquanto acariciava a barriga proeminente. Estava mais linda do que nunca, e sua expressão revelava amor e preocupação, igualmente intensos.



Remo fechou os olhos por um momento, e com um suspiro largou o álbum novamente.



"Tarde demais para pensar no que poderia ter sido..."



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Apenas Dumbledore e Alena pareciam alheios ao clima tenso no escritório. Remo e Ana fingiam ignorarem um ao outro, enquanto Kristyn vigiava os dois, parecendo pronta a pular em defesa da prima. Frank e Alice, constrangidos, observavam os três, sem saber bem como agir naquela estranha situação.



- Então, Alena, está tudo pronto para a próxima busca? - a voz de Dumbledore os trouxe de volta ao assunto que deviam discutir.



- Sim, Dumbledore. Enquanto estava na Ilha, entrei em contato com um clã de corsários que está ligado a Avalon por um juramento de fidelidade. Eles nos levarão pelo Estreito de Runfhort até a ilha de Arran.



- Mas Alena, você não tinha dito que era melhor esperarmos até o natal para tentar a travessia? - estranhou Alice.



- Realmente seria a época mais segura, Alice, mas até lá o navio já terá deixado o porto, e teríamos que conseguir outra embarcação. E isso seria muito, muito difícil. Ninguém se arriscaria em Runfhort, nós temos sorte do Tétis estar atracado em Gletna agora.



- Então nós partiremos amanhã?



- Isso mesmo, Frank, vocês devem tentar descansar esta noite, porque a jornada será muito mais árdua do que a última.



Decididos os últimos detalhes, cada um foi para seu quarto. Apenas Dumbledore e Kristyn, que não participariam da missão, permaneceram no escritório.



- O que a preocupa, minha cara?



Kristyn encarou o olhar calmo do diretor, e decidiu que apesar da vontade da prima, ela deveria contar a ele o que estava acontecendo.



- Dumbledore, essa viagem é muito perigosa para Ana. Ela corre um sério risco, bem maior que os outros, de perder a vida nela.



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- Ei, Neville, o que foi?



Ele continuou com o olhar perdido na planta a sua frente. Estava desse jeito já há algum tempo, e fora isso com certeza que atraíra a atenção da garota, sempre tão distraída.



- Meus pais partiram numa missão muito perigosa hoje cedo. - ele respondeu, quando já parecia que não ia fazê-lo - Eu não sei quanto tempo eles vão levar para voltar.



- Ah... - foi tudo o que Luna respondeu.



Era engraçado como as conseqüências daquela poção do amor não mudara em nada o relacionamento amigável dos dois. Tirando pelo rápido beijo que ela lhe dera naquela noite, tudo continuava exatamente como antes. Ela chegava, ficava observando-o trabalhar com suas plantas ou fazer alguma poção, enquanto conversavam sobre vários assuntos. A garota era tão solitária quanto ele, talvez por isso se dessem tão bem, apesar de serem tão diferentes um do outro.



- Estou preocupado com eles. – ele confessou.



Luna desceu da mesa onde estava sentada e caminhou até ele.



- Meu pai sempre diz... - ela começou, antes de envolvê-lo num abraço - ... que um abraço é melhor que palavras, quando se quer confortar alguém.



Apesar de constrangido, Neville retribuiu o abraço, e quando este terminou, ele realmente se sentia um pouco melhor. Sorriu agradecido ao se afastar.



- Obrigado, Luna.



- Não tem porque. - respondeu alegremente, voltando a se sentar na mesa - Amigos são para essas coisas.



Neville voltou a trabalhar, agora com um novo ânimo, enquanto a amiga tagarelava sobre as expedições que o pai dela estava fazendo para capturar um Bufador de Chifre Enrugado.



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Draco observava de longe o treino da Grifinória. Sua ruivinha estava linda, com os cabelos esvoaçando enquanto voava para marcar mais um gol. Desde o interlúdio no quarto secreto, que ele agora sabia ter sido causado por uma poção do amor, a garota fazia de tudo para evitá-lo, e estava tendo muito sucesso nisso, para seu desgosto. Sem a desculpa das detenções, ele não tinha como obrigá-la a encontrá-lo, e ela estava sempre cercada pelos amigos insuportáveis. Ou seja, não havia como arrastá-la novamente ao seu esconderijo.



"Eu preciso dar um jeito nisso.", ele pensou, vendo-a rir para o idiota do Martin, que estava lhe dizendo alguma gracinha. "E rápido!".



Foi quando estava indo para o salão principal, naquela noite, que a resposta apareceu. Não pôde evitar o sorriso satisfeito ao ler a lista fixada no quadro de avisos. Simplesmente perfeito! Quem poderia desejar um presente de natal melhor do que aquele?



X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X



O cenário era muito diferente do da última vez que atravessaram o portal da floresta proibida. No lugar do campo ensolarado de outrora, eles encaravam a paisagem sombria composta pela baía iluminada por raios e assolada por fortes ventos, que anunciavam a chegada de uma forte tempestade. Eles apertaram mais seus mantos em torno de si, e seguiram para o pequeno porto, guiados por Alena, que parecia alheia a fúria da natureza.



Uma única embarcação oscilava sobre as águas, junto ao atracadouro. Era um típico navio de tempos antigos, silhueta alongada e velas triangulares. Pararam a beira do cais, junto ao navio, e puderam perceber que este era armado com vários canhões. No alto do mastro central, a bandeira confirmava suas impressões: um navio pirata.



Ignorando a apreensão de seus companheiros, Alena gritou algo numa língua desconhecida para eles, e logo depois a rampa de embarque era baixada. Subiram a bordo, e foram recebidos por um homem baixo e muito velho, que usava um colete de couro sobre a camisa de mangas bufantes, um lenço vermelho amarrado na cabeça e uma argola dourada na orelha. Ele mancou até eles, e parou diante de Alena com uma reverência.



- Minha senhora! Não a esperávamos esta noite. O capitão...



- O capitão... – ela cortou com voz fria - ... sabia muito bem que estávamos chegando. Suponho que ele preferiu ignorar meu aviso e levou o resto da tripulação para uma noite de diversão na taberna de Gwen. Acertei?



O velho pareceu constrangido, sem saber como responder.



- Muito bem. - Alena continuou, sua voz neutra não revelando nada do aborrecimento que sentia. Ela pegou um pequeno saco de couro que trazia preso ao cinto, enfiou a mão ali, e de olhos fechados murmurou algumas palavras incompreensíveis. Em seguida, jogou no ar um pó brilhante, avermelhado, que rodopiou no vento, espalhando-se pelas velas do navio. Depois, como se nada tivesse acontecido, voltou-se novamente para o velho, que a encarava com evidente temor – Assim que ele retornar, diga-lhe para nos encontrar na cabine principal.



- Mas... minha senhora... - ele fez menção de argumentar, e Alena, que já se afastava, voltou o olhar duro em sua direção, fazendo-o gaguejar ainda mais - ...é que... bem... o capitão não costuma voltar antes de amanhecer...



- Garanto que ele estará de volta em breve, Gart. – ela disse, enigmática - Muito em breve.



Deixando o nervoso marujo para trás, ela os encaminhou para a cabine principal, que era enorme e muito confortável. Era, obviamente, a cabine do capitão. Todos se acomodaram para esperar por ele, exceto Alena, que preferiu ficar de pé. Depois de algum tempo, Frank decidiu quebrar o silêncio tenso que se instalara.



- Hum... Alena? O que está acontecendo? - ele perguntou o que todos queriam saber.



- Damian. - ela respondeu, demonstrando agora um pouco da irritação que sentia, enquanto andava pela cabine - Tentar atrasar nossa partida é uma atitude típica dele.



Antes que pudessem perguntar o que ela queria dizer com aquilo, a porta da cabine foi aberta num rompante, e um homem alto, muito bonito e claramente enfurecido entrou por ela.



- Que idéia foi essa de atear fogo ao meu navio! - ele vociferou, aproximando-se de Alena, que permaneceu parada, encarando-o com ar de superioridade.



- Como pode ver... - ela retrucou calmamente - ... seu navio está intacto.



- Mas não foi isso o que pareceu de onde eu estava! - ele apontou o dedo acusatoriamente em sua direção - E você sabia disso! Você fez de propósito.



- Claro que fiz. – ela pareceu um pouco menos calma, e sua voz soou dura ao continuar - Nós temos que partir o mais rápido possível, e se você não tivesse desobedecido minhas instruções, nós já estaríamos a caminho.



- Ora, ora... quer dizer então que a sacerdotisa ficou aborrecida comigo? - ele pareceu esquecer a zanga diante daquela possibilidade - Perdoe-me, minha senhora, não foi minha intenção. - ele fez uma reverência exagerada, e tudo nele desmentia suas palavras.



- Chega, Damian. Suas brincadeiras já nos atrasaram o bastante. Tome todas as providências para nossa partida imediata.



- Acalme-se, sacerdotisa. - ele imprimia grande ironia ao título dela - Meus homens já estão preparando tudo. Vê? - o navio começara a se mover - Não se preocupe, logo estaremos em alto mar. Por que não apresenta seus companheiros? - ainda aborrecida, ela os apresentou, enquanto Damian analisava um por um. Segurou a mão de Ana, levando-a aos lábios, enquanto falava em tom sedutor - Será sempre muito bem vinda na ponte de comando, minha cara.



Remo desviou os olhos. Por mais que afirmasse para si mesmo que não sentia mais nada por ela, não gostou nem um pouco de ver o pirata metido a Dom Juan se engraçar para cima dela. Para sua secreta satisfação, Alena interrompeu o flerte.



- Damian...



- Certo, certo, eu já estou indo. - os olhos negros brilharam divertidos ao se voltarem para Alena - É claro que eu conto com sua presença, como sempre. Até mais, minha querida.



Com um aceno para os outros, ele partiu, o humor muito diferente de quando chegara. Assim que ele saiu, Alena se voltou para Remo.



- A sarnseach está bem guardada, não é? - após a confirmação de Remo, ela continuou – Ótimo. Continue mantendo-a em segurança, e longe das vistas de qualquer um nesse navio.



- Mas, Alena, pensei que você tinha dito que eles eram fiéis a você. - estranhou Alice.



- O clã deles é obrigado por juramento a servir a Avalon, o que não quer dizer que gostem disso. Vocês viram a atitude de Damian, ele está furioso por ter que nos ajudar. Mas a verdade é que eu apenas os estou ajudando a resgatar seu amigo, essa não é uma missão de Avalon. Se ele souber disso, com certeza dará um jeito de se aproveitar da situação, e a sarnseach é um tesouro muito valioso.



- Entendo. - comentou Frank, pensativo - Nesse caso, é melhor que Alice e eu fiquemos de olho neles, enquanto vocês fazem o necessário para nos levar até essa ilha.



- Eu ia sugerir exatamente isso. - Alena se virou para Ana - Você deve descansar prima, porque logo você terá muito trabalho. Remo, você fica com ela. - ao perceber que nenhum dos dois pareceu satisfeito com a sugestão, ela continuou com certa rispidez - Já está na hora de deixarem seus problemas pessoais de lado, não acham? Ana tem que descansar, e o mais seguro para a Pedra é ficar perto dela, para que qualquer intenção maldosa seja percebida a tempo de evitar o pior. Portanto, parem de bancar as crianças mimadas. Eu tenho que servir de bússola para o capitão, e se eu posso aturar a presença de Damian, sob uma tempestade infernal, vocês também podem conviver pacificamente por algumas horas.



Aceitando a verdade de suas palavras, os dois concordaram com as ordens da sacerdotisa, sem argumentar. Pouco depois Alena subiu para o convés, seguida por Frank e Alice.



Um pesado silencio reinou na cabine, e nenhum dos dois parecia com disposição para quebrá-lo. Ana se levantou e foi até a janela, abrindo a vidraça e erguendo o rosto para o vento. Odiava viagens de barco. Respirou fundo tentando controlar a náusea que o balanço lhe causava. Aquela seria uma longa viagem.



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- Mandou me chamar, diretor? - ela perguntou, a cabeça enfiada no vão da porta.



- Sim, minha cara, entre por favor. - ele fez indicou que sentasse ao lado do rapaz que sorria, parecendo muito divertido - Creio que já conhece o jovem Wezen?



- Infelizmente já.



- Ela fica nervosa perto de mim, diretor. - ele deu de ombros - Não consegue se controlar, coitada.



- Me mira, mas me erra, moleque!



Dumbledore olhou de um para o outro, parecendo encantado com uma piada particular. Então, com uma tossidela, ele chamou a atenção dos dois.



- Estamos seguros aqui, pode ficar mais à vontade. - seguindo suas palavras, ela assumiu seu visual habitual, o rosto de coração emoldurado por cabelos rosa chiclete - Assim estamos melhor, não é?



- Eu estarei melhor quando você tirar esse garoto do meu pé, diretor. – ela exclamou, irritada - Ele está atrapalhando minha missão!



- Engraçado, pensei que eu tinha ajudado você.



Ela ignorou-o.



- Eu tenho que passar despercebida entre os sonserinos, e ter um dos galãs da Grifinória me observando o tempo todo não é o que eu chamaria de discrição. - ela continuou argumentando com o diretor.



- Nisso ela tem razão, Wezen.



- Eu sei diretor, pode ficar tranqüilo que eu não farei mais isso.



- Ótimo. Agora, Tonks, eu chamei vocês dois aqui porque quero que trabalhem juntos daqui por diante.



- O quê?!



- Eu sei que você preferia continuar sozinha, mas os poderes dele serão de grande utilidade, como já ficou provado no episódio da floresta.



- Mas, Dumbledore, se alguém nos vir juntos...



- Ora, Tonks, tenho certeza de que num caso desses vocês saberão disfarçar para que ninguém desconfie de nada. Afinal, existem coisas muito mais prováveis de dois jovens estarem fazendo do que espionando, não é mesmo? - Dumbledore piscou marotamente para ela.



Tentando se controlar, ela se voltou para o rapaz, que apesar de se manter calado, deixava clara sua satisfação com a irritação dela.



- Você está se divertindo muito com isso, não é?



- Eu? - ele pousou a mão dramaticamente sobre o peito - Minha querida, eu apenas tento ajudar a Ordem. Se isso significa representar o Romeu ao seu lado, o que eu posso fazer?



Bufando, ela voltou a se transformar em Anne Zwarts.



- Espero sinceramente que você não se arrependa disso, Dumbledore. - ela disse ao diretor, antes de sair do escritório - Porque eu, com certeza, me arrependerei.



Ela ainda ouviu a risada do rapaz enquanto descia as escadas.



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- Eu não acredito que você fez isso. - Damian resmungava, olhando para os paredões de rocha que cercavam a passagem - Sério, Alena, como foi capaz de nos trazer nessa viagem suicida, e ainda esconder o verdadeiro destino?



Alena não se virou para responder, permanecendo alguns passos à frente dele, concentrando-se para manter o brilhante rastro de luz verde que guiava o navio.



- Se eu tivesse dito a verdade, você arrumaria um jeito de escapar.



- Vocês, sacerdotisas, são os seres mais egoístas que eu já conheci! Pensam apenas naquilo que querem...



- Chega, Damian. Você já deixou bem claro o que pensa de nós, em várias ocasiões. Lembre-se que...



Naquele momento o navio deu um forte solavanco, atirando-a sobre Damian, q segurou-a enquanto tentava manter o controle do navio.



- Que diabos... – outro solavanco o fez soltar o timão, e escorregarem no assoalho molhado pela chuva para bater contra a parede à suas costas.



O motivo daquilo logo ficou claro, quando um gigantesco polvo emergiu ao lado do navio, seus tentáculos começando a enrolar-se ao seu redor. A tripulação corria de um lado para o outro, tentando livrar-se deles com golpes de espadas, em vão. A pele do animal parecia imune até aos feitiços lançados por Frank e Alice.



- Satisfeita, senhora? - Damian gritou, apontando para o monstro, que começava a arrastar o navio. - Pode me dizer como vamos sair dessa agora?



Naquele momento Remo e Ana apareceram correndo, suas vestes logo se encharcando sob a chuva forte. Remo parou surpreso ao se deparar com o polvo, mas Ana seguiu em passos resolutos até a amurada, por onde vários tentáculos surgiam, bem abaixo da cabeça do animal, que parecia hipnotizado, os olhos imensos presos na mulher que se aproximava cada vez mais.



Aliás, todos a bordo pareciam hipnotizados, enquanto Ana estendia as mãos, tocando os tentáculos, ao que o animal soltou um som gutural, assustador, para alguns momentos depois parecer se acalmar, os tentáculos deslizando rapidamente para fora do navio. Se fosse possível, diriam que o monstro estava sorrindo ao afundar novamente nas águas revoltas, deixando-os livres para seguirem viagem.



Assim que ele desapareceu, Ana cambaleou e foi amparada rapidamente por Remo.



- Você está bem? - ele se preocupou ao notar a imensa palidez em seu rosto.



- Eu... só preciso descansar um pouco... - ela respondeu com voz fraca, enquanto Remo a ajudava a chegar à escada que levava ao interior do navio - Preciso... descansar...



Ela não conseguiu completar a frase, tombando desacordada nos braços de Remo, que a ergueu no colo, sem saber o que fazer.



- Leve-a para baixo! - gritou Alena da ponte de comando - Ela está bem, apenas se esforçou demais. Cuide dela.



- E então, Alena, - Damian começou, assim que eles desceram para a cabine - Como espera que cheguemos a Arran agora?



Ele estava apontando um dos mastros que se partira e a parte de trás do navio, onde o monstro se apoiara, que estava em destroços.



- Frank e Alice cuidarão disso. - ela respondeu simplesmente, enquanto voltava à posição em que se encontrava antes do ataque.



Antes que o capitão pudesse perguntar como eles fariam isso, os dois bruxos já agitavam suas varinhas com movimentos fluídos e graciosos, deixando toda a tripulação de boca aberta enquanto o navio magicamente voltava ao que era antes. Damian voltou ao timão.



- Bruxos. Você trouxe bruxos para o meu navio. - ele resmungou - Sabia que isso dá um tremendo azar? - ela ignorou-o e com um bufo ele girou o timão para acompanhar a linha verde que voltara a brilhar - O que mais falta acontecer?



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Dois dias e três monstros depois, eles chegaram em Arran, a ilha que abrigava o castelo do deus Govannon, o Emhaim, e onde estava a segunda relíquia. Ana estava exausta, então ela e Alice permaneceram no navio, enquanto os outros seguiram para o Palácio, construído num penhasco a beira mar, nos mesmos moldes de Tara, porém não tão grandioso.



Daquela vez foi muito mais simples convencer o guardião da relíquia a entregá-la. Bastou que Remo mostrasse a sarnseach, para que a enorme estátua do deus Govannon fizesse surgir a sua frente uma caixa de prata, onde sete anéis, com pedras variadas, repousavam.



Voltaram rapidamente para o navio, ansiosos para saírem daquelas águas perigosas. Por mais duas vezes, no caminho de volta, Ana precisou usar seus poderes para livrá-los das criaturas que infestavam o estreito, e como conseqüência disso, quando chegaram ao porto de Gletna, ela estava muito mal. Alice cuidava dela, fazendo-a beber um tônico fortificante, mas sua aparência piorava cada vez mais.



- Até que não foi tão ruim assim, não é, Gart? - Damian perguntou ao imediato, enquanto observavam o grupo sumir pelo portal de Gletna.



- Não, senhor, a sensitiva é muito poderosa.



- É, e seus amigos bruxos não ficam muito atrás. É bom para nós que eles também sejam ingenuamente confiantes. Você os pegou?



- Sim, capitão, estão na sua cabine.



- Ótimo. - Damian foi para a cabine, e lá encontrou sobre a mesa, como Gart havia dito, os tesouros que lhe ordenara que roubasse: a Pedra e a caixa de prata. Acariciou a tampa da caixa, sorrindo consigo mesmo - Realmente, Alena, você foi muito ingênua em pensar que eu não saberia que essa não é uma missão de Avalon.



Muito distante dali, já na floresta proibida, Ana continuava desacordada, então Remo e Frank se revezavam para carregá-la.



- Frank, fez o que eu pedi? - perguntou Alena.



- Tudo como combinamos, Alena. - ele sorriu de forma marota - O capitão vai ter uma surpresa quando seus tesouros se revelarem apenas instrumentos de navegação.



Assim que eles chegaram ao castelo encontraram com Kristyn e Dumbledore, que preocupado com o aspecto de Ana, achou melhor levarem-na para a enfermaria.



- Madame Pomfrey é de confiança, e com certeza saberá como fazê-la se recuperar. - ele assegurou a Kristyn, que estava preocupada com a prima.



- Dumbledore, lembra que eu falei...



- Sim, Kristyn, eu me lembro. - o diretor a interrompeu, olhando significativamente para os outros - Como ela mesma disse, foi a decisão dela.



- Vocês estão nos escondendo alguma coisa. - comentou Alice, depois de já terem acomodado a amiga na enfermaria.



- Grande novidade, Alice. - Remo disse, irônico - Essas duas são especialistas em guardar segredos.



Kristyn virou-se para ele, os olhos brilhando de irritação.



- Faça-me o favor, Remo, de me poupar de seus comentários idiotas. Se você não percebeu, minha prima está lutando pela vida nesse momento, e o que ela menos precisa é de você atirando acusações em seu rosto!



- Venha, Remo, vamos dar uma volta. - Frank puxou o amigo, que estava sem reação diante do ataque de Kristyn.



Remo seguiu-o para fora da enfermaria, sentindo-se mal. O estado de Ana seria mesmo tão grave assim? E se fosse, o que ele faria?



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Na manhã seguinte Kristyn o procurou em seu quarto, dizendo que a prima estava melhor e queria que ele fosse até a enfermaria.



- Não sei se é uma boa idéia, Kristyn. - ele comentou, enquanto a seguia até a enfermaria - Nós não temos mais nada a conversar.



- Remo, eu gostaria muito de que isso fosse verdade. - ela retrucou - Você sabe o como eu me sinto sobre sua atitude nas ultimas semanas, mas infelizmente vocês têm, sim, um assunto muito sério a discutir. - Ela abriu a porta da enfermaria, indicando-lhe que entrasse - Apenas lembre: se machucá-la novamente, nada me impedirá de fazer algo muito drástico com você.



Ela fechou a porta atrás dele, deixando-o sozinho com Ana, que estava recostada contra os travesseiros, parecendo bem melhor. Ele se aproximou, sentando-se na cadeira ao lado de sua cama.



- Queria falar comigo? - ela acenou afirmativamente, e Remo aguardou. Como ela não se pronunciasse, ele a incentivou - Então...



- Eu não sei bem como dizer isso... - ela começou, hesitante.



- Se eu puder escolher, prefiro que seja direta. Quanto antes terminarmos essa conversa, melhor.



Ela endureceu o olhar diante de sua rispidez.



- Ok, se você prefere assim. - ela respirou fundo, antes de declarar - Eu estou grávida.



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N/A: E então, o que acharam? Por favor, me digam, eu preciso muito, muito mesmo saber. Ah, quem quiser saber noticias da fic enquanto eu não atualizo, entra no blog dela, o endereço é http://ninaweasley.flog.oi.com.br. Sempre que tiver alguma novidade, eu vou postar lá. Bjaum pra todos!






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