Descobertas











CAPÍTULO III







CAPÍTULO III



Descobertas





Londres





Ana acabara de sair do banho quando alguém tocou a campainha do apartamento que ocupava, no centro de Londres. Amarrando o cinto do robe, foi até a porta, abrindo-a despreocupadamente. Sabia quem estava ali.





- Boa noite, Ana.





- Olá, Remo. Entre.





Ele seguiu-a para a sala, tentando ignorar a reação que a visão dos contornos daquele corpo sob a seda negra provocava nele. Sentou-se no sofá, de frente para a poltrona que ela ocupou. Desde o dia em que tiveram aquela conversa, na sala do arco, tentava manter o relacionamento num nível cordial, para não prejudicar sua missão.





- Você chegou cedo. - comentou, analisando-o atentamente.





- Não poderemos ir ao Ministério hoje. Eles estarão fazendo uma pesquisa no arco. - o trejeito na boca deixava claro o que Remo pensava sobre o assunto.





- É uma pena. Nós temos muito o que fazer.





- Eles poderiam ter feito essa pesquisa nos últimos dias, já que não poderíamos mesmo trabalhar. - referiu-se ao seu período de lobo, do qual acabara de sair. - Mas enfim, Cornélio Fudge continua sendo o ministro, portanto devemos nos acostumar a essas trapalhadas. - com um dar de ombros, decidiu mudar de assunto. Acenou a cabeça em direção ao corredor que levava aos quartos - Como eles estão?





- Progredindo num ritmo impressionante. Estão dormindo agora, a sessão foi exaustiva.





- Já perguntaram por ele?





- Ainda não chegamos a esse estágio, mas deve acontecer logo. Aliás, queria te pedir que acompanhasse as sessões daqui pra frente, pois o conhece melhor, e poderá responder suas questões.





- Sem problemas. - ele pousou a cabeça no encosto do sofá. Parecia exausto.





- Período difícil, não é? Por que não descansa um pouco? Vou preparar um chá para nós. - sem esperar pela confirmação, seguiu para cozinha. Como Remo estava cansado demais para protestar, apenas seguiu a sugestão.





Quando Ana voltou com o chá, Remo estava estirado no sofá, dormindo profundamente. Ela pousou a bandeja na mesinha de cabeceira, e sentou-se ao lado dele, afastando carinhosamente uma mecha dos cabelos claros, que caíra sobre sua testa. Como o amava! E como sentira sua falta.





Cedendo ao impulso do momento, deitou-se ao seu lado, abraçando-o. Ele poderia enxotá-la quando acordasse, tudo o que queria era voltar a sentir o calor do seu corpo junto ao dela. Com um suspiro satisfeito, apoiou a cabeça em seu peito, adormecendo logo depois.





Remo acordou sentindo-se estranhamente bem, e logo entendeu o porquê. Virou-se lentamente, fazendo com que Ana ficasse de costas sobre o sofá, e apoiou-se no cotovelo, observando-a. Estava mais linda do que nunca. Acariciou suavemente seu rosto, e sem resistir, inclinou-se para beijar aqueles lábios que sempre o fascinaram. Quando afastou-se, deparou com os olhos que habitaram seus sonhos por todos aqueles anos, e a emoção que brilhava neles o atingiu profundamente.





- Eu te amo. - ela sussurrou, acariciando sua nuca e trazendo-o para outro beijo - Sempre te amei.





- Isso não vai mudar o que houve, Ana. - disse ofegante, quando seus lábios separaram-se outra vez - Eu não posso esquecer o que você fez.





- Não importa. - retrucou, os olhos presos aos dele enquanto começava a desabotoar sua camisa - Não vou pedir o que não está preparado para dar, Remo. Só quero o hoje. Por enquanto, isso me basta.





Estimulado por suas palavras, e pelas mãos suaves que percorriam seu peito em carícias abrasadoras, ele deixou toda reserva de lado, e os problemas para o dia seguinte. Beijou-a ardentemente, ao mesmo tempo em que desfazia o nó da faixa do seu robe, abrindo-o e fazendo deslizar para o chão, expondo toda sua beleza. Levantando-se, ele ergueu-a em seu colo, carregando-a para o quarto, onde deitou-a na cama, juntando-se a ela logo depois, as roupas jogadas pelo chão. Se amaram com uma paixão sem limites, com a fome de mais de dezesseis anos de espera, e já amanhecia quando finalmente adormeceram, felizes e saciados, nos braços um do outro.





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Hogwarts





Os primeiros dias de aula foram realmente diferentes dos anos anteriores. Por começar com as matérias. A partir daquele ano, eles deixariam algumas disciplinas, passando a se dedicar mais intensivamente àquelas que determinariam suas carreiras futuras. Exceto Hermione, é claro, que obtivera doze N.O.M.s, e como ainda não decidira qual carreira seguir, estava matriculada em todas as turmas de N.I.E.M.s.





- Hermione, como você vai conseguir dar conta disso tudo? - perguntou Rony, espantado, analisando o horário da garota - Pegou o vira-tempo de novo, foi?





- Claro que não! Não tem nenhuma disciplina trepada em meu horário. - respondeu calmamente, enquanto lia o Profeta Diário.





Rony olhou para Harry, como quem diz "ela é louca!". Harry apenas sorriu, dando de ombros. Tinha coisas mais importantes com que se preocupar. Conseguira notas suficientes em todas as matérias que deveria cursar para se tornar um Auror, até mesmo, inacreditavelmente, em Poções, o que significava que teria que suportar o Snape por mais dois anos, além das aulas de Oclumência, que recomeçariam naquela semana.





- Eu realmente não acredito nisso. - resmungava Rony, enquanto se encaminhavam para as masmorras, para a primeira aula do dia - Não acredito que conseguimos essas notas nos N.O.M.s, e não acredito que vamos continuar, por livre e espontânea vontade, a aturar o Snape. Deviam mandar examinar nossas cabeças!





- Pare de reclamar, Rony, que chatice! - exclamou Hermione, impaciente - Você quer ser um Auror, não é? Então conforme-se!





Os dois foram discutindo até a sala de aula, enquanto Harry observava os outros alunos. Viu os Deveraux seguindo mais adiante, como sempre, afastados dos outros alunos. Eles pareciam ter uma estranha aura ao seu redor, que afastava os outros, apesar da aparência atraente dos três. Harry tinha certeza de que havia algo de errado ali, e a reação de bichento ao trio só confirmava essa impressão. O gato, que já se revelara um ótimo juiz, não se conformava com eles, tendo sempre uma reação agressiva quando estavam por perto.





Uma risada alta tirou-o do devaneio, fazendo-o virar na direção do som, não se surpreendendo ao ver Alex Martin rodeado de garotas. Ao contrário dos Deveraux, Alex, Nicky e Sammy rapidamente se enturmaram, fazendo vários amigos, não só na Grifinória, como também nas outras casas – com exceção, é lógico, da Sonserina. Eram muito extrovertidos e brincalhões, e o loiro, além disso, era um tremendo galanteador, o que logo lhe rendeu a atenção das garotas de Hogwarts.





Quando estava prestes a entrar na sala, ele ouviu alguém chamando-o e virou-se, vendo Colin Creevey correndo em sua direção. Esperava que não fosse outro pedido de autógrafo.





- Harry, a professora McGonagall pediu pra você ir até o escritório dela!





- Sortudo! - comentou Rony - Vai poder fugir do Snape!





- Rony, deixe de criancice, se a professora está chamando o Harry, deve ser algo sério! - repreendeu Mione, aflita.





Despedindo-se dos amigos, Harry seguiu para o escritório da McGonagall, sem querer admitir para Hermione que estava aliviado por aquilo.





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- Então era isso? Ela não precisava ter te tirado da aula por isso, qualquer um saberia que você seria o novo capitão da Grifinória, você é o mais experiente do time!





Hermione estava inconformada. Passara a aula preocupada com o que poderia ter acontecido, e era uma questão idiota como aquela!





- Ela queria me informar dos deveres de um capitão, Mione. - explicou Harry, calmamente - Tenho que formar um novo time, por enquanto somos só eu, Rony, Gina e Katie.





- O que aconteceu com Kirke e Sloper?





- Desistiram. - foi Rony quem respondeu, servindo-se de mais pudim - Disseram que não levam jeito pra coisa.





- Então a seleção para as vagas vai ser na próxima sexta, eu tenho que falar com o restante do time. É bom que todos estejam lá, para podermos decidir juntos os melhores candidatos.





Assim que terminaram o almoço, eles seguiram para sua segunda aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.





- Aquela mulher é louca! - resmungou Rony, a caminho da sala - Espero que hoje ela dê uma aula decente.





- Eu achei a aula bem proveitosa.





- O que, Mione?! Que absurdo é esse? - Rony estava perplexo.





- Rony, você tem que aprender a ver a sutileza das coisas. - explicou Mione, com ar de quem fala a uma criança. Harry esforçava-se para não rir da cara abobalhada do amigo.





- Harry, a Mione enlouqueceu!





- Eu concordo com ela, Rony.





- Então são dois malucos!





Eles encontraram a professora na entrada da sala.





- Preparados? - perguntou ela, com um sorriso estonteante.





- Outra sessão de "Voldemort é um babaca"? - perguntou Rony, com voz debochada. Ela estreitou os olhos perigosamente em sua direção.





- Você não me parece estar tendo problemas em dizer o nome da lady, portanto podemos passar para outra etapa. Vamos.





Seguiram-na para dentro da sala, onde já estavam todos os alunos, as expressões meio entediadas. Tiveram muitas expectativas para a primeira aula – principalmente os rapazes, encantados com a aparência da nova professora – mas decepcionaram-se profundamente ao serem obrigados a passar a aula repetindo frases sobre Voldemort.





- Muito bem, turma. Agora é pra valer. - anunciou Kristyn, sentando-se sobre a mesa e cruzando as longas pernas. - Pude constatar que todos já pararam com essa idiotice de "Você-Sabe-Quem", então vamos começar nosso trabalho. - ela inclinou-se para trás, pegando um pergaminho na gaveta da escrivaninha. - Eu tenho aqui uma relação que o diretor me entregou, sobre uma tal "A.D.". Todos vocês fazem parte dela, exceto meus antigos alunos. - ela indicou os Deveraux, e o trio que fizera a viagem no expresso com Harry, sentados no fundo da sala. Tinham descoberto que ela dava aulas na escola que eles freqüentavam anteriormente - Parabéns. Mostra que têm coragem de lutar pelo que acham certo. E também lhes deu bastante conhecimento nessa disciplina, o que facilita e muito o meu trabalho. Deixem os livros nas carteiras e sigam-me.





Ela levantou-se, dirigindo-se para uma porta lateral, na parede atrás da mesa. Curiosos, os alunos a seguiram, entrando numa sala enorme, aparentemente vazia. Numa das laterais, uma escada conduzia a uma sacada, de onde podia-se observar todo o ambiente. Sobre o parapeito, várias ampulhetas alinhavam-se.





Kristyn virou-se para os alunos..





- Daqui para frente, nossas aulas serão aqui. Vamos começar o treinamento de vocês.





- Quer dizer que vamos duelar, professora? - perguntou Dino, animado.





- Exatamente, Dino. Mas não uns contra os outros.





- Contra quem, então? - perguntou Hermione, intrigada.





- Vocês verão. Meus antigos alunos já estão acostumados com o sistema, podem demonstrá-lo a vocês. Venham comigo. - ela dirigiu-se para a sacada, seguida pela turma, exceto os que fariam a tal demonstração. Quando estavam todos em seus lugares, ela sacou a varinha, usando-a nas ampulhetas, que passaram a brilhar intensamente, cada uma com uma cor diferente.





A sala mergulhou na escuridão, e, perplexos, eles viram a sala abaixo deles mudar de cenário, tomando o aspecto de um bosque numa noite escura. Vultos encapuzados corriam por entre as árvores, enquanto os seis alunos começavam a percorrer o caminho cautelosamente. Logo, inimigos apresentavam-se a sua frente, e vários duelos iniciaram-se, com jatos de luz verde e vermelha cruzando o ar com espantosa rapidez. Ninguém sequer piscava, com medo de perder qualquer detalhe daquela cena. Harry espantou-se com a habilidade que os seis demonstravam, duelando de forma espetacular.





De repente, o cenário paralisou-se, e os inimigos deixaram de atacar. Ofegantes, os combatentes permaneceram em guarda, atentos. Kristyn desceu as escadas, seguida pelo resto da turma.





- Os trouxas têm uma coisa chamada "simulador". Eu achei a idéia interessante, e alguns anos atrás adaptei-a para o uso mágico. O resultado, vocês acabam de presenciar. - ela parou ao lado de um dos vultos encapuzados, que revelou tratar-se de um Comensal da Morte. Parvati e Lilá soltaram um gritinho espantado, fazendo com que a professora rolasse os olhos em direção ao teto - Pelo amor de Deus, eu acabei de dizer que isso é uma simulação!





- Professora, - começou Hermione, timidamente - eu já vi um desses simuladores dos trouxas, e as imagens geradas não são reais e sólidas como essas.





- Isso porque, minha cara Hermione, nós usamos mágica, e não tecnologia trouxa. - respondeu, piscando o olho marotamente para a garota - Mas o fundamento é o mesmo. Nós temos todos os tipos de adversário programados, desde bichos-papões até a grande lady.





- Voldemort?! - vários alunos exclamaram, espantados.





- E quem mais? Vocês têm que estar preparados para combatê-lo. Temos também vários Comensais, cujas identidades são de domínio público. Mas não iremos enfrentá-los hoje. - um suspiro aliviado ecoou pela sala - Começaremos com Dementadores. - o alívio rapidamente se foi, substituído pela apreensão. - Qual é, gente, sei que são capazes. Posicionem-se, vamos começar a aula.





Ela voltou para a sacada, acionando um novo cenário de treinamento, e dando início àquela fase do aprendizado, à qual os alunos se atiraram com afinco.





Quando a professora parou o simulador, anunciando o final da aula, foi com exclamações de desaponto que eles voltaram a primeira sala, pegando o material e preparando-se para sair.





- Harry, Neville, fiquem por favor. Quero conversar com vocês.





Neville trocou um olhar intrigado com Harry. Se fosse em outros tempos, teria sido um olhar assustado, mas o garoto mudara muito no último ano, e se tornara um dos melhores membros da A.D.. Quando se reencontraram no início da semana, Harry tentara falar com ele sobre a morte de seus pais, mas o amigo não quisera discutir o assunto, e ele respeitou sua vontade. Sabia que ele devia ainda estar sofrendo muito sua perda.





- Rapazes, eu nunca fui muito boa em rodeios, por isso vou direto ao ponto: - ela começou com voz fria e decidida - Bellatrix Lestrange.





Harry sentiu uma raiva quente começar a correr pelo seu corpo, e não notou que a seu lado Neville empalidecia, fechando os punhos como que tentando controlar sua reação. Mas Kristyn notou. Notou a reação dos dois.





- Isso mesmo. Vocês têm motivos de sobra para odiá-la, e posso ver o que a simples menção do nome dessa mulher é capaz de provocar nos dois. Acontece que lá dentro - ela indicou a sala de treinamento com a cabeça - vocês não vão apenas ouvir o seu nome. Vão enfrentá-la. Cara a cara. Eu poderia modificar o programa, mas não vou. Por isso, estejam preparados para a próxima aula. - ela voltou-se para a mesa, começando a arrumá-la - Podem ir agora.





Eles obedeceram, cada um imerso nos próprios pensamentos, e nas lembranças que gostariam de esquecer.





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Naquela mesma noite, Harry teria que enfrentar outro problema. Oclumência. Sua primeira aula com Snape depois do que vira na penseira, no último semestre. Seguiu temeroso até as masmorras, parando antes de entrar na sala ao ouvir vozes vindo lá de dentro.





- E por que você está aqui? - sibilou Snape.





- Primeiro porque Dumbledore acha que nós dois, juntos, poderemos ensinar melhor ao garoto. - Harry reconheceu a voz da professora Donovan, e franziu o cenho, intrigado - Segundo, porque temos negócios a tratar.





- Estava demorando! - debochou o mestre de Poções - E então, do que se trata?





- Do nosso antigo acordo...





- Nós temos um trato! - Snape agora parecia realmente nervoso - Eu nunca quebrei minha promessa!





- Calma, Snape... - o tom de voz dela era divertido, como se estivesse apreciando muito o descontrole do colega - Eu apenas queria saber se o acordo continua de pé: o seu segredo pelo nosso.





- Continua, sim. - era claro o esforço que ele fazia para controlar a raiva.





- Ótimo. Podemos relaxar agora e fazer nosso trabalho.





Harry chegou a conclusão de que não revelariam mais nada, por isso, entrou na sala, aliviado porque não enfrentaria Snape a sós.





- Potter. - sibilou Snape - Finalmente nos dá o ar de sua graça.





- Deixe de gentilezas, Snape, e vamos ao que interessa. - cortou Kristyn, piscando disfarçadamente para Harry.





Aquela aula foi bem mais proveitosa para Harry, porque Kristyn ensinou-o métodos eficientes para controlar as emoções e fechar a mente, enquanto Snape executava os ataques mentais. Depois de mais de uma hora, pela primeira vez, Harry conseguiu bloquear o professor.





- Eu consegui! - comemorou, espantado. Kristyn riu da sua alegria, enquanto Snape fechava a cara.





- Muito bem, Potter. Um pequeno avanço, mas já é algo. - falou com um esgar - Nos veremos de novo na segunda-feira. Pode ir.





Despedindo-se da professora, ele seguiu para a Torre. Começava a entender porque Sirius se envolvera com ela. Porque tinha certeza que só poderia ser ela a tal Donovan que tivera um romance com o padrinho.





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Os testes de Quadribol na sexta-feira correram melhor do que Harry esperava. Os novos alunos realmente jogavam muito bem, e foi por unanimidade que o time escolheu Alex, Nicky e Sammy para as posições que faltavam. Harry se surpreendeu com Nicky. Nunca imaginara uma garota como batedora, mas ela era páreo duro para os gêmeos Weasley.





- Então já têm um novo time? - perguntou Mione, espiando enquanto Harry fixava a lista no quadro de avisos do salão comunal. Ela torceu o nariz ao ler os nomes - Quer dizer que a tal Angelos entrou, foi?





- Hermione, deixe de implicar com a garota. - reclamou Rony, jogando-se num sofá.





- Eu não implico nada!





- Implica sim! - retrucou Harry, rindo enquanto juntava-se ao amigo no sofá.





- Foi ela quem começou!





- Mione, só porque ela não concorda com você, não quer dizer que têm que ser inimigas, qual é!





A amiga fungou, cruzando os braços e virando o rosto, num gesto de teimosia. Aquela animosidade começara quando Hermione tentara convencer a novata a aderir ao F.A.L.E.. Rony gargalhava só de lembrar da cara da amiga.





- Não, obrigada. - respondera a outra ao ser abordada por Mione. Quando esta começara um dos seus intermináveis discursos sobre liberdade, Sammy logo a cortou - Sinto muito, Hermione, mas acho que você não tem a menor noção do que significa liberdade. Isso mesmo! - insistiu, ao ver a expressão chocada da garota - Você desrespeita completamente a vontade dos elfos, tentando enganá-los para levá-los onde você acha que deveriam estar, sem ligar a mínima para o que realmente eles querem. Os elfos de Hogwarts são bem tratados, e estão felizes aqui. Pelo que eu soube, Dumbledore já lhes ofereceu a libertação, e eles recusaram. Ao invés de tentar impor sua vontade, ouça os caras. Não fique bradando aos quatro ventos o que você acha certo.





Ela dissera tudo aquilo no salão comunal, em frente a quase toda Grifinória – que particularmente, concordava com a garota. Isso, somado ao fato de que era tão inteligente quanto Hermione, rivalizando com ela para responder as perguntas dos professores, conduziu ao atual estado na relação das duas.





- Deixe isso de lado, Mione. - sugeriu Harry, mudando de assunto - Vamos falar sobre os Deveraux. E então, conseguiu descobrir algo? - a amiga ficara de tentar se aproximar do trio.





- Fora o fato de que Wezen Deveraux é lindo, inteligente, charmoso e atraente? Não, nada. - respondeu com displicência. Rony pareceu perder o bom-humor ante essa resposta.





- "Lindo, inteligente, charmoso e atraente"? - perguntou ele, um tom estranhamente perigoso na voz.





- Bom, já que você não descobriu nada, acho que vou dar uma volta, antes do toque de recolher. - Harry saltou do sofá, indo em direção a saída. Conhecia bem os amigos, e não queria estar na linha de fogo quando a briga começasse. - Até mais tarde. - saiu rapidamente, antes que qualquer um deles pudesse dizer algo.





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Gina voltava da Torre de Astronomia, completamente irritada. Os rapazes eram mesmo muito idiotas. Acabara de terminar o namoro com Dino Thomas porque ele reclamara de sua "falta de atenção" para com ele. Era ano de N.O.M.s, por Merlin! O idiota realmente achava que ela tinha tempo para ficar paparicando-o? Cheia de ouvir suas reclamações, ela o mandara passear, mas ainda estava irritada com a falta de sensibilidade do ex-namorado. E quando Gina se irritava, literalmente via tudo vermelho.





Talvez por isso tenha sido pega de surpresa. Num momento marchava pelo corredor em direção a Torre da Grifinória, no momento seguinte estava dentro de uma sala imersa na escuridão, sem enxergar absolutamente nada, enquanto era prensada contra a parede.





- O que... - sua exclamação surpresa foi contida pela boca que cobriu a sua. A língua que invadiu seus lábios era habilidosa, explorando sua boca com uma sensualidade que impossibilitava qualquer reação, a não ser a retribuição do beijo ardente.





Mãos quentes, de dedos longos, percorriam seu corpo, deixando uma trilha de fogo por onde passavam: primeiro pelas pernas, subindo e passando pelos quadris, depois pela barriga por baixo da blusa, até que chegaram aos seios, que acariciaram com particular volúpia. Um suspiro de prazer escapou dos seus lábios ao sentir essas carícias, enquanto seu atacante seguia beijando seu pescoço, com sofreguidão.





Gina caiu em si. Seu "atacante". Ela estava sendo atacada, oras, devia se comportar como tal! Conseguiu pegar sua varinha, e estava prestes a iluminar o ambiente quando se viu de repente sozinha. Ele tinha ido embora. Correu para fora, para o corredor, mas este estava deserto.





- Que diabos foi isso? - murmurou, perplexa, enquanto guardava novamente a varinha no bolso da capa. Seus dedos tocaram um pergaminho que antes não estava lá. Pegou-o, lendo o bilhete numa letra desconhecida.





"Amanhã, mesma hora, mesmo lugar. Eros."





Seguiu de volta para Torre, tentando em vão desvendar aquele mistério.





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Estavam discutindo desde que Harry deixara a torre, algum tempo atrás. Rony não conseguia controlar a raiva que o invadia. Era muito descaramento da parte de Hermione. E disse isso a ela. Aos berros.





- O que você tem a ver com isso? - retrucou a amiga. Os dois estavam sozinhos no salão, de pé um de frente para o outro, a poucos metros de distância, vermelhos de irritação - O que faço ou deixo de fazer é apenas da minha conta! Você não tem o direito de se intrometer!





- Você está dando bola para aquele Deveraux!!!





- Eu repito: não é da sua conta! - a mesma medida que a garota aumentava a voz, a irritação de Rony crescia, seus ouvidos zumbiam, e o que ele mais queria era fazê-la calar. De repente, pensou no melhor jeito de conseguir isso - Daqui por diante, meta-se com a sua... Rony!





Ele a agarrou de repente, sem lhe dar chance de reagir, beijando-a com fúria. Sem oferecer qualquer resistência, Mione logo o estava abraçando, colando ainda mais o corpo ao dele, enquanto o beijo aprofundava-se cada vez mais, lançando-os num redemoinho de sensações.





Depois do que pareceu muito tempo, Rony interrompeu o beijo, olhando-a com evidente satisfação.





- Isso é pra você aprender. - comentou arrogante, beijando-a mais uma vez, antes de ir para seu dormitório, parecendo muito satisfeito consigo mesmo.





Mione permaneceu parada no mesmo lugar, os dedos tocando os lábios, como que para confirmar o que tinha acontecido. Pouco depois, começou a rir, incrédula.





- Funcionou!





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Deitada no sofá de sua sala, Kristyn contemplava o grande espelho na parede a sua frente. Mas não era para seu reflexo que olhava.





- Eu já dei minha opinião, Ana.





- Não é simples assim, Kris, e você sabe disso. - a imagem de Ana ia de um lado para outro no espelho, ela estava mesmo nervosa - Eu não posso contar nada a ele. Nós temos responsabilidades. Conhecemos o preço...





- Preço, preço! Estou cansada disso, Ana! - ela explodiu, levantando-se e imitando a prima, começando a andar de um lado para o outro - Quanto nós já perdemos por causa disso? Quanto ainda teremos de perder?





- Você está nervosa.





- Pode ser. - ela suspirou, jogando-se novamente no sofá - Mas você devia ter o direito de contar tudo ao Remo. Quanto mais tempo demorar a contar, mais difícil vai ser ele te perdoar. E diga o que quiser, assim que encontrarmos o Sirius, eu contarei tudo a ele.





- Você sempre foi a mais teimosa. - comentou Ana, com um sorriso cansado. - Só mesmo Sebastian conseguia te convencer de alguma coisa sensata. Ele bem que podia estar conosco agora, não é?





- Seria bom demais. - respondeu, tristonha, a lembrança do adorado primo dançando em sua mente.





Naquele momento soaram batidas na porta. Verificou as horas: passava das dez. Intrigada com quem poderia estar procurando-a naquele horário, ela foi atender, deparando-se com uma figura magra, envolta num xale diáfano, salpicado de lantejoulas, imensos óculos aumentando inúmeras vezes os olhos arregalados. Parecia um inseto gigante.





- Olá, minha querida. - cumprimentou a professora Trelawney, entrando com ar meio perdido. Olhando em volta da sala, ela virou-se para Kristyn com um sorriso confuso - Poderia, por favor, me dizer por que estou aqui?





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- O que funcionou, Mione? - perguntou Harry, que entrava naquele instante pelo retrato.





- Ah, nada de importante, Harry. - desconversou, sentando-se novamente na poltrona onde estivera fazendo os gorros para os elfos - E então, onde esteve?





- Ah, por aí. - foi a vez dele desconversar, e Hermione notou que ele escondia algo. Como ela também agia assim, decidiu deixar pra lá.





Antes que continuassem a conversa, outra pessoa entrou pelo retrato. Era o tal Deveraux. Quando os viu, cumprimentou Mione com um sorriso charmoso, dirigindo a Harry um olhar arrogante, antes de seguir para o dormitório.





- Eu esqueci de completar minha descrição: ele também é muiiiiito arrogante e metido. - comentou Hermione, com um olhar de censura para o rapaz, antes de virar-se para Harry, que olhava embasbacado na direção do outro - O que foi, Harry?





- Eu sou um imbecil! Não sei como não percebi antes! - exclamou, dando um tapa na própria testa.





- Harry, será que dava pra falar a minha língua, por favor?





- Espere aqui, você já vai entender.





Ele correu para o seu dormitório, voltando pouco depois com um álbum nas mãos, seguido por Rony.





- O que tá acontecendo, Mione?





- Rony, eu não faço a menor idéia! O Harry pirou de repente!





- Eu não pirei! Acabo de descobrir porque o tal Deveraux me parece tão familiar.





- E então? - incentivou Rony, curioso.





Harry folheou o álbum até encontrar o que procurava, estendendo-o para os amigos, que o observaram a princípio com curiosidade, que foi logo substituída pela perplexidade.





- Isso mesmo. - confirmou Harry, triunfante - Ele é filho do Sirius!





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N/A: Finalmente consegui iniciar alguns romances (ainda tem vários outros casais nessa minha novela, mas pra começar, acho que está bom, né?). Desculpem a demora para atualizar, mas é que eu tive vários problemas, e só pude sentar para escrever hoje (esse cap. saiu por osmose). Bem, espero que gostem, não deixem de comentar, ok? Bjaum para todos.







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