A Conexão











CAPÍTULO VI







CAPÍTULO VI



A conexão





O domingo amanheceu com a promessa de um belo dia de sol, o que favorecia as condições para a partida daquela manhã: Grifinória versus Corvinal. Os dois times foram os primeiros a chegar ao salão principal, para o café da manhã, assim como os primeiros a saírem, indo preparar-se para a partida que daria início ao campeonato daquele ano.





"- E aí vem o time da Grifinória! - bradou Dino Thomas, que substituíra Lino Jordan na irradiação dos jogos - Potter, Bell, Weasley, Angelos, Santos, Martin e Weasley! - a massa vermelha e dourada nas arquibancadas se agitou, explodindo em aplausos quando o time entrou em campo, acenando para a torcida - É isso aí, pessoal! Sangue novo e experiência formam uma mistura promissora para a nova esquadra dos Leões!"





"E aí vem o time da Corvinal, liderado pela nova capitã, Chang.- foi a vez da torcida da Corvinal irromper em aplausos, e Harry viu, no meio da torcida, a águia encarrapitada na cabeça de Luna Lovegood. A garota aplaudia entusiasticamente a entrada do seu time, sem parecer se importar a mínima com os olhares e risadas que seu estranho chapéu provocava - Sem dúvida, uma ótima equipe, e uma prova de fogo para os iniciantes da Grifinória."





Cho Chang parou exatamente na frente de Harry, lançando-lhe um olhar desafiador.





- Potter, Chang, apertem-se as mãos. – disse Madame Hooch, eficiente, e Harry obedeceu, percebendo que a garota já não lhe provocava a mínima reação. Realmente, a paixonite que sentira por ela ficara para trás. - Montem suas vassouras... quando eu apitar... três, dois, um...





Harry deu impulso para subir, voando mais alto que qualquer um dos outros jogadores. Ele sobrevoou o estádio, espiando por todos os lados a procura do pomo, sendo seguido de perto pela apanhadora adversária.





"- Grifinória com a posse da goles, Gina Weasley voa em direção à baliza, desvia de Boot e Corner numa manobra fantástica e... ELA MARCA! DEZ A ZERO PARA GRIFINÓRIA!!!"





Gina comemorou com um vôo rasante sobre a arquibancada da Grifinória, a torcida aplaudindo com entusiasmo.





"- É isso aí, minha gente, essa menina é um arraso! Pena que me deu o fora!"





- Thomas!





"- Desculpe, professora, foi apenas um comentário..."





- Atenha-se a comentar o jogo!





"Ok, ok, Corvinal com a posse da bola, Goldstein avança com a goles, passa por Bell, se prepara para desviar de Angelos... ai, essa foi por pouco, hein? Que bomba arremessada por Santos! Goldstein quase cai da vassoura para desviar do balaço e Angelos se apodera da goles, partindo com tudo em direção à baliza, e como voa essa garota!"





Mesmo com sua atenção voltada para a busca ao pomo, Harry pôde ver que Dino tinha razão. Sammy conseguia um desempenho espetacular de sua Nimbus, deixando seus adversários para trás com facilidade impressionante.





"- E lá vai ela, minha gente, seguuuura que eu quero ver! - Dino se empolgava na narração, ao melhor estilo Gavião Bueno - Essa é uma garota com quem não se deve brincar, podem perguntar ao Draco Malfoy! - Até a torcida da Corvinal explodiu em risadas. A escola toda se deliciara ao saber do nocaute do sonserino.





O batedor da Corvinal lançara um balaço com fúria na direção de Sammy, tentando anular o ataque da garota. Todos esperaram que ela mudasse o rumo, para evitar a colisão, mas ela continuou firme, seguindo em alta velocidade em direção aos aros adversários. Todos prenderam o fôlego, aguardando o inevitável. Ela estava quase que cara-a-cara com o goleiro corvinal, mas ficou claro para todos que o balaço a atingiria antes que pudesse concluir a jogada, e isso estava prestes a acontecer quando...





"- Bela rebatida de Martin! - Dino berrou, eufórico, quando o batedor da Grifinória alcançara o balaço no último instante antes que ele atingisse Sammy, rebatendo-o com violência na direção Miguel Corner, que teve que dar uma cambalhota no ar para fugir do projétil. - E É GOL DA GRIFINÓRIA! VINTE A ZERO PARA OS LEÕES!!!"





Harry observou com satisfação enquanto o time comemorava o gol. Realmente, se mantivessem aquele nível, dependeria apenas dele a conquista do campeonato. Pensando nisso, voltou a esquadrinhar o campo, a procura do pomo. Estugou a Firebolt, acelerando rapidamente, tentando se livrar da marcação de Cho - a garota decidira seguir com a tática de marcá-lo, ao invés de procurar o pomo.





Enquanto Harry prosseguia em sua busca, Grifinória continuava progredindo no placar. Rony realmente deixara pra trás o tempo de frangos, e, literalmente, "fechara o gol". Ao mesmo tempo, as artilheiras davam um show no ataque, protegidas pelos talentosos rebatedores. Resultado: em pouco tempo, abriram uma vantagem de nove gols.





Foi então que Harry viu. Um lampejo de ouro, um dardejar de asinhas – o pomo pairava quase rente ao chão, próximo a baliza da Corvinal. Harry mergulhou no mesmo instante, atingindo rapidamente uma velocidade altíssima o vento fazendo seus cabelos voarem, e seus olhos arderem. Cho bem que tentou acompanhá-lo, mas, além de sua Comet não ser páreo para a Firebolt de Harry, ela teve seu caminho cortado por Sammy, que cruzou rapidamente à sua frente, forçando-a a desviar e mudar o rumo da vassoura.





Aquele pomo parecia realmente disposto a dar trabalho, pois assim que Harry se aproximou, ele saiu em disparada, voando como um louco em meio aos jogadores, forçando Harry a várias manobras arriscadas para continuar em seu rastro. Finalmente, depois de ser obrigado a fazer um loop para passar entre o goleiro da Corvinal e o aro central, Harry sentiu seus dedos envolvendo firmemente a bolinha dourada, as asinhas batendo loucamente.





Sobrevoou as arquibancadas, o braço erguido num gesto vitorioso. A torcida da Grifinória explodiu em gritos ensurdecedores, enquanto Dino Thomas berrava sem parar o placar do jogo: 240 a 0 para Grifinória, um feito realmente impressionante.





Harry desceu rapidamente, saltando da vassoura para o chão, ainda segurando o pomo. Mais adiante, Cho Chang também aterrizava, jogando com raiva a vassoura no chão, mas Harry não deu atenção a isso. Na verdade, logo ele não dava atenção a mais nada, pois Sammy, que viera rapidamente em sua direção, o agarrara pela frente das vestes, lhe dando o beijo mais fantástico com que jamais sonhara! Os lábios da garota acariciavam os seus com maestria, provocando reações que ele nunca sentira antes – nem mesmo com Cho.





Tão de repente como começara, o beijo terminou, e antes mesmo que Harry pudesse pensar em reagir, a garota já se afastava.





- Parabéns, Harry, você foi o máximo! - ela o cumprimentou, afastando-se em seguida.





Harry ainda a olhava aparvalhado, quando o restante do time chegou, todos fazendo festa a sua volta.





- Aí, hein, Harry! - provocou Alex - Ganhou um grande prêmio! Mas não se anime, não, viu? A Sammy sempre cumprimenta o apanhador dessa maneira. - ele fez uma cara engraçada - Eu bem que tentei fazê-la estender esse prêmio aos batedores, mas ela não aceitou. Uma pena, mesmo. - ele deu de ombros, voltando-se para Nicky, que estava ao seu lado - Você bem que podia se encarregar de me premiar, não é, Nicky? - a cara de cachorro pidão do rapaz era cômica. E mais cômico ainda foi ver a garota acertar sua cabeça com o bastão - Ai!!! Por que você fez isso?





- Você não queria que eu o premiasse? - ela respondeu, sorrindo ironicamente - Que espécie de prêmio esperava de uma batedora?





Resmungando, o rapaz seguiu com os outros para o castelo, onde os grifinórios preparavam-se para uma grande festa de comemoração. Harry o imitou, os pensamentos completamente confusos devido ao ataque inesperado aos seus sentidos. Como se ele precisasse de mais confusão em sua vida.





X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X





Aquela festa de comemoração foi diferente das outras, por um motivo: música. E música trouxa. Alex trouxera um micro-system adaptado para o uso mágico, e agora atacava de D.J. Os alunos vindos de família trouxa não perderam tempo em se entregar ao ritmo frenético, e logo os outros foram contagiados por sua animação, juntando-se a eles.





- Ei, - chamou Rony, jogando-se no sofá ao lado de Harry, entregando-lhe uma garrafa de cerveja amanteigada, que os dois haviam providenciado mais cedo através do túnel que levava ao porão da Dedos de Mel - o que foi aquilo com a Sammy, hein? Pensei que você estivesse de olho na Deveraux.





- E estava... quer dizer, estou! - Harry se atrapalhou com as palavras, para divertimento do amigo - Ah, Rony, não enche, você entendeu!





- Entendi? - Rony ergueu a sobrancelha, sarcástico - Olha, cara, tudo o que eu sei é que, numa hora você está enchendo meus ouvidos com "Rhea isso, Rhea aquilo...", todo meloso pra cima dela, e logo depois está aos beijos com outra garota, na frente da escola toda!





- Ela me agarrou! - defendeu-se Harry - Eu nem tive tempo de pensar em afastá-la!





- Como se eu fosse acreditar que você faria isso mesmo! - rebateu Rony, debochado.





Harry ia retrucar, mas olhando para Sammy, que dançava sensualmente ao som de "Die Another Day", ele desistiu. O amigo tinha razão. Se a garota não tivesse se afastado tão rápido, o mais provável era que ele a agarrasse, aprofundando o beijo.





Sem querer analisar o caos emocional em que se encontrava, Harry resolveu que era a vez dele perturbar um pouco o amigo. Estendeu as pernas sobre a mesinha a sua frente, bebendo um gole da cerveja amanteigada, antes de provocá-lo.





- Sabe, eu não fazia idéia que a Mione soubesse dançar tão bem. - usou a garrafa para indicar a amiga, que dançava animadamente com Alex, que, como sempre, não perdia a oportunidade de cantar uma garota. E ela parecia estar apreciando os galanteios, pois sorria de volta para o rapaz, com charme.





A reação de Rony não o decepcionou. O amigo amarrou a cara, lançando um olhar assassino na direção do casal.





- Você chama aquilo de dança? Sem-vergonhice, você quer dizer, não é? - retrucou o outro, tomando em seguida um grande gole de sua cerveja.





Harry disfarçou o riso, voltando-se para falar com Simas, que acabava de se aproximar comentando animado os lances da partida, enquanto Rony continuava vigiando atentamente a amiga.





X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X





Gina seguia irritada pelo corredor que levava às masmorras. Estava perdendo o que prometia ser uma das melhores festas da Grifinória. Tudo por culpa de um cretino metido a sedutor, e do idiota do Malfoy. Ela devia saber que ele usaria aquela oportunidade para estragar o seu dia!





Empurrou com raiva a porta da sala de Poções, parando bruscamente ao notar que não seria a única na detenção. Esparramado displicentemente em uma carteira à frente do monitor sonserino, olhando-o com ar irônico e arrogante, estava Wezen Deveraux.





- Está atrasada, Weasley. - a voz arrastada de Malfoy tirou-a da imobilidade gerada pela surpresa - Ande logo, que meu tempo é muito precioso para perder com ralé feito você.





Gina rangeu os dentes, se controlando para não mostrar ao canalha do que "ralé" como ela era capaz. Ao invés disso, sentou-se ao lado de Deveraux, aguardando as instruções de sua detenção.





- Agora, - começou Malfoy, sorrindo com maldade - como os dois foram pegos na mesma noite, cometendo a mesma falta, nada mais justo do que receberem o mesmo castigo, não acham?





Malfoy continuou falando sobre os detalhes da detenção, mas Gina deixara de ouvir. Mesma noite? Então foi ele quem o sonserino pegara pouco antes de encontrá-la. Gina olhou de soslaio para o belo rapaz ao seu lado. Será que...?





- Weasley, preste atenção! Será que esse seu cérebro de formiga não consegue realizar essa simples tarefa? - Draco riu debochado quando ela voltou os olhos furiosos em sua direção, conseguindo a custo conter uma resposta malcriada. - É lógico que eu não ficarei preso aqui enquanto vocês estiverem limpando todo o laboratório, sem mágica. Portanto, entreguem suas varinhas, vocês as terão de volta ao fim do castigo.





A contragosto eles obedeceram, e viram Malfoy trancar suas varinhas num pequeno armário do laboratório, antes de sair. Começaram a limpeza, e Gina procurava um jeito de puxar conversa, e tentar descobrir o que queria, sem dar muito na pinta, e quase deixou um frasco se espatifar no chão quando ele falou de repente, e ela notou que estava bem próximo.





- Acho que não preciso perguntar o que você estava fazendo fora da Torre ontem, não é? - a voz continha um toque de malícia.





Gina não entendeu o por que daquelas palavras, e olhou-o interrogativamente, ao que ele respondeu indicando seu pescoço com o frasco que limpava. Confusa, Gina foi até um espelho ali perto, soltando um palavrão ao ver a imagem refletida. Destacando-se em sua pele alva estava a marca que o cretino lhe deixara na noite anterior, e que ela havia disfarçado com um feitiço. Porque o feitiço deixara de fazer efeito, era uma incógnita.





- Sabe, você engana bem. - continuou o rapaz, a voz soando divertida - Não parece ser esse tipo de garota.





- Que tipo de garota? - perguntou com frieza.





- Do tipo que curte paixões arrebatadoras. - respondeu de pronto - Parece ser mais do tipo de namorar de mãozinha dada.





- Em primeiro lugar... - começou, entre dentes, os olhos chispando de irritação - você não me conhece, para definir o tipo a que pertenço. Em segundo lugar, isso não é, em absoluto, da sua conta!





A reação do rapaz ao discurso exaltado foi um dar de ombros, enquanto pegava outro frasco para limpar.





- Você tem razão. - ela o olhou desconfiada. Sentia que ele diria algo mais, algo para provocá-la - Mas podemos dar um jeito nisso. A gente se conhece melhor, e fazemos com que seja da minha conta, o que acha? - o tom sugestivo e malicioso, fora o olhar penetrante que lhe lançou, não deixava dúvidas sobre a que ele se referia. Era mesmo muito atrevimento!





- Vai sonhando! - retrucou, virando-lhe as costas e voltando a atenção para sua tarefa. Ele apenas riu, e passaram a trabalhar em silêncio durante o resto do tempo, apesar de Gina sentir o olhar dele sobre ela todo o tempo em que permaneceram ali.





X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X





Naquela noite, Kristyn contou a Ana a idéia que tivera, e não se surpreendeu com a reação da prima.





- De jeito nenhum, Kristyn!





- Mas Ana...





- Nada de "mas Ana..."! Não vou nem cogitar essa hipótese! Você enlouqueceu, foi?





- Não, eu não enlouqueci! - respondeu, irritada, enquanto andava de um lado para o outro de sua sala, encarando a prima no enorme espelho a sua frente - Esse é o jeito mais rápido para nós o encontrarmos!





- E o mais perigoso, também! - retrucou Ana, no mesmo tom - Onde já se viu, querer fazer uma Conexão com alguém que não se sabe nem em que dimensão está?! Os riscos são incalculáveis!





- Eu não me importo com os riscos!





- Mas eu, sim!





- Ana, eu já me decidi. - o tom pausado e decidido de Kristyn convenceu a prima de que ela falava sério - Com ou sem a sua ajuda, eu vou tentar. Seria mais fácil para mim se pudesse contar com você, mas não desistirei se você se negar.





Ana suspirou, cobrindo o rosto com as mãos, num gesto cansado.





- Kris, por favor, espere pelo menos a gente conversar com Sebastian a respeito disso. Ele pode nos dar uma orientação melhor sobre o assunto.





- Nós não sabemos quando ele vai poder nos contatar outra vez, Ana. - rejeitou Kris, impaciente - Você ouviu o que ele disse: é muito difícil se manifestar naquela doida, ele só conseguiu três vezes em dezessete anos!





- Então converse com Wezen. Ele pode nos dizer o que vê.





- Ora, faça-me o favor, Ana! - ela fez um gesto de descarte com a mão - Eu não vou ter meus passos guiados pelo meu próprio filho!





- Ele não é apenas seu filho, Kris. - replicou a prima, como se falasse com uma criança - É o Vidente da Tríade. É através dele que o Gaworn nos comunica em que podemos interferir.





- Eu sei disso tudo, mas mantenho minha posição; além disso, é sobre o pai dele que estamos falando, esqueceu? Ele não pode garantir sua imparcialidade sobre o assunto, e eu não quero envolver, nem a ele, nem a irmã dele nesse assunto.





- Você os trata como crianças. - comentou Ana, sorrindo - Nós tínhamos a mesma idade que eles têm agora, quando enfrentamos os Comensais pela primeira vez, lembra?





- Oh, eu me lembro! - retrucou, sarcástica - E lembro muito bem como quase terminou aquele episódio! É isso o que quer para Rhea? Sua filha pode ser diferente de você em muitos aspectos, mas não nesse, Ana. Ela teria a mesma atitude que você, e, talvez, não a mesma sorte. - concluiu, sombria.





A prima não teve resposta para aquilo. Lógico que não queria que a filha, ou os sobrinhos, corressem riscos desnecessários, mas sabia que não poderia evitar que isso acontecesse.





- Kristyn, nós abrimos mão de muitas coisas, por eles, e por nossas responsabilidades. – começou Ana, em tom muito sério - Quando descobrimos que estávamos grávidas, e não pudemos mais usar o Gaworn ou nossos dons, ficando presas na Ilha até Voldemort perder seu poder, nós sabíamos o que aconteceria. Sabíamos que levaria muito tempo até podermos reconquistar tudo o que perdemos.





- E esse tempo já passou, Ana. - interrompeu Kristyn - Chegou a hora de lutar por isso. Eu não vou ficar de braços cruzados, quando tenho a chance de encontrá-lo, e trazê-lo de volta.





- Tudo bem, Kris. - declarou Ana, em tom derrotado - Você venceu. Eu vou ajudá-la. Com uma condição: - o sorriso que já se formava no rosto de Kristyn se apagou, dando lugar a uma expressão interrogativa - vamos esperar duas semanas; esse é o tempo que eu preciso para encerrar as sessões de terapia, que exigem muito do meu poder. Quero estar completamente concentrada quando tentarmos a Conexão. E isso nos dará tempo para que Sebastian tente nos contatar.





- Ok, Ana, duas semanas, e nem um dia além. - concordou Kristyn, enfática.





Elas encerraram a conversa ali, enquanto do lado de fora da sala, no corredor que deveria estar deserto, Harry voltava-se para Hermione com um sorriso triunfante.





- Acaba de ter sua confirmação, Mione.





X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X





Harry tinha razão. Juntando tudo o que Hagrid lhes contara, e essa última conversa, Hermione não podia negar o óbvio: Wezen e Adhara eram filhos de Sirius com Kristyn, e Rhea filha de Remo com a outra Donovan, Ana.





- E não é só isso. - continuou Hermione, quando discutiam o assunto no dia seguinte - Vocês ouvira o que elas falaram: esses Deveraux são a Tríade atual, e o rapaz é um Vidente!





- Quer dizer, como a Trelawney? - perguntou Rony, confuso.





- A Trelawney não é uma Vidente, é uma charlatã! - retrucou Mione, irritada - Um Vidente tem o poder de ler mentes, criar sugestões mentais, além de prever fatos do futuro! Fatos importantes, não essas besteiras que a professora de Adivinhação fala.





- Se ele tem o poder de ler mentes, acho que vocês também vão ter que aprender Oclumência. - comentou Harry, rindo da cara espantada de Rony - Não vão querer ter seus segredos desvendados por aquele cara, vão?





- Mais essa agora... - resmungou Rony - Como se não bastasse todo o trabalho que a gente já tem!





- Bom, não é só isso. Elas vão tentar um método arriscado para encontrar o Sirius. - comentou Mione, parecendo muito impressionada com aquilo - Acho que estavam falando de uma Conexão Sensorial, eu li sobre isso há muito tempo. Se for isso mesmo, eu concordo com a tal Ana: é algo muito perigoso nessas circunstâncias!





- Então, a professora Donovan deve gostar mesmo do Sirius. - concluiu Rony - Quer dizer, ela parecia muito determinada...





- É verdade, Rony. - Harry virou-se para olhar a mesa dos professores, onde Kristyn ria de algo que Hagrid lhe contava. - E por isso nós vamos continuar vigiando-a. Quero estar por perto quando ela tentar essa Conexão.





X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X





A semana seguinte passou rapidamente, e eles continuaram em suas vigílias, sem, contudo, descobrir nenhum fato novo. A professora cumpria a palavra dada a sua prima, e esperava pacientemente – ou deveriam dizer impacientemente, dado o humor dela? – o fim do prazo para que fizessem a tentativa de Conexão.





Enquanto isso não acontecia, eles resolveram se dedicar a questões mais pessoais. Harry continuava em sua confusão emocional, e a atitude das garotas que provocaram isso não ajudava nem um pouco.





- Rony, eu acho que vou acabar pirando! - comentava com o amigo, no café da manhã de quinta-feira - Eu não entendo a Rhea: a noite, quando nos encontramos na Torre de Astronomia, ela é carinhosa, divertida, uma companhia fantástica. Mas quando nos encontramos pela escola, ela me trata com tanta frieza que parece até que vai congelar meus ossos!





- Bom, pense pelo lado positivo, cara: - Rony brincou - se não der certo, pelo menos você não vai ter que enfrentar o pai dela. Já imaginou, que beleza: ter um lobisomem como sogro?





- Há-há-há! Muito engraçado! - retrucou com ironia - Será que pode parar de gracinhas? E ainda tem a Sammy!





- O que tem ela? Voltou a te agarrar?





- Não, não é isso. É o jeito como ela me olha... - Harry estava meio encabulado de falar aquilo para o amigo - Sei lá. Parece que ela tem algum interesse em mim.





- E isso é ruim? - Rony parecia espantado - Cara, ela é uma gata! Do que você está reclamando? E não pense que não vi os olhares que você lança pra ela, viu? O interesse parece ser mútuo, se você quer a minha opinião. Você é que é muito complicado.





- Olha quem fala! - retrucou Harry, com ironia - A Mione também é uma gata!





- E o que tem isso? - Rony tentou desconversar.





- Bom, se você acha que não tem nada demais, tem gente que acha, viu? O Alex vive convidando ela para sair.





- Ele é um palhaço! - retrucou o amigo, subitamente irritado - A Mione nunca que ia querer algo com ele!





- Será? - Harry lançou a dúvida, só para irritar o amigo, rindo ao vê-lo encher a boca de mingau, evitando uma resposta.





X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X





Na sexta-feira a noite, Gina e Hermione seguiram Nicky e Sammy para fora da Torre, para a tal reunião. Hermione relutara em ir, afinal, era monitora, e estariam infringindo o toque de recolher, mas as outras acabaram convencendo-a. Seguiram sorrateiramente pelos corredores, cuidando para não encontrar Filch ou algum monitor fazendo a ronda. Estavam no quinto andar, quando uma figura andando lentamente pelo corredor assustou-as.





- O que ela está fazendo aqui? - perguntou Nicky, baixinho, ao se recuperar da surpresa.





Ela era Luna Lovegood, que usava um robe ao contrário, e tinha o olhar mais vago do que nunca. Gina aproximou-se lentamente da garota.





- Luna? - chamou baixinho. Nada. Gina então estendeu a mão em frente aos seus olhos, sacudindo-a, sem, no entanto, causar qualquer reação na garota.





- Sonâmbula. - concluiu Sammy.





- Por que será que eu não me surpreendo? - ironizou Hermione - O que faremos agora?





- Bom, não podemos deixá-la aqui, - declarou Nicky - se o Filch a pega, não vai entender. Vamos levá-la conosco.





E assim fizeram, guiando a garota até o sétimo andar, para ser mais exata, até a Sala Precisa. Hermione se surpreendeu que elas conhecessem aquela sala, mas não comentou nada.





- Então, o que fazemos agora? - perguntou Gina, quando já tinham se acomodado nas poltronas confortáveis colocadas em semicírculo em frente a lareira.





- Calma, ela já deve estar chegando. - respondeu Sammy, sorrindo ao ver a porta se abrindo - Não disse? Aí está ela!





Voltando-se para a porta, Gina e Hermione se surpreenderam ao deparar-se com ninguém menos que Kristyn Donovan.





- Mas o que...





- A professora Donovan é ótima nessas questões que nos afligem. - explicou Sammy, ante o ar aparvalhado das outras duas.





- É, nós costumávamos ter muitas dessas reuniões em nossa outra escola. - completou Nicky - Todos os meses ela se reunia com as alunas para a "Noite das Garotas". Apenas Rhea e Adhara nunca quiseram participar.





Hermione suspeitou que isso era proposital, quanto menos contato entre elas, menor a chance que descobrissem seu parentesco.





- E aí, meninas, - começou Kristyn, animada - quem vai ser a primeira?





- Hoje eu não tenho muito o que falar, Kristyn. - naquelas reuniões, era proibido o termo "professora" - Como você já sabe, meu alvo não está em Hogwarts.





- Você conhece as regras, Nicky: sem problemas, sem chocolate.





- Ora, você quer problema maior que esse: eu sequer tenho a chance de agir! - reclamou a garota, fazendo-a rir.





- Tudo bem, hoje passa, aqui está seu sorvete. - uma taça surgiu do nada, e ela a entregou à garota - E você, Sammy?





- Potter. - disse a garota, em tom desanimado - Ele é um caso difícil.





- Ei, eu notei que ele parece interessado em você.





- Eu também notei, mas ele não faz nada. Eu já o beijei, além de deixar bem claro o meu interesse, e nada! - ela concluiu, gesticulando de um modo frustrado. - Não sei se ele é muito tímido, ou se não sabe o que fazer.





- Nunca sonhei que ouviria isso a respeito do filho de Tiago Potter. - comentou, parecendo desapontada - Realmente, a semelhança com o pai termina no físico. Aqui, pegue seu sorvete, você merece. Quem é a próxima? - ela olhou para as outras três garotas. Hermione e Gina se encolheram ligeiramente, ao mesmo tempo em que Luna roncou alto, virando-se na poltrona para se acomodar melhor - Bom, parece óbvio que ela não tem problemas amorosos tirando-lhe o sono. - brincou a professora - E então?





- Bom, - começou Mione, timidamente - o meu problema é com Rony. Ele é um dos meus melhores amigos, e sempre houve algo mais entre nós. Porém, ele nunca admitiu isso. Apenas quando fica com ciúmes é que ele toma alguma atitude. - passou a contar os casos em que aquilo aconteceu.





- A cada vez melhora. - comentou Kristyn, ironicamente, estendendo outra taça de sorvete para Hermione, que sorriu constrangida ao aceitá-la - Francamente, essa escola decaiu muito. Na minha época, os rapazes ao menos tinham iniciativa! - voltou-se para Gina - Sua vez, querida.





Timidamente, ela começou a contar sobre os ataques que recebera, o rosto ficando praticamente da cor dos cabelos, o constrangimento a impedindo de entrar nos detalhes de cada encontro. Aparentemente, isso não impediu a professora de deduzir o resto.





- Graças a Merlin! - exclamou Kristyn, dramaticamente, estendendo as mãos para o alto - Ainda há salvação para Hogwarts! Pelo menos, algum rapaz aqui parece entender de sedução! Minha querida, você é uma garota de sorte! Aqui, depois do que me contou, acho que é a que mais precisa de chocolate. - entregou a taça para a garota, e apanhou uma para si própria - Agora, vamos por partes; você, Sammy, pelo visto, só tem uma saída: partir para o ataque. Sei que não é nenhuma garotinha tímida, portanto, vá a luta! O Potter pode ser tímido, mas parece ter apreciado e muito quando você o agarrou, então crie oportunidades para repetir a dose. Sugiro uma tática semelhante a você, Hermione. Qual o problema, você não gosta dele? - perguntou, ao notar o olhar espantado da garota - Mas o seu caso exige um diferencial: acostume-o com seus beijos, faça-o esperar por eles, e então, pare. Isso mesmo, pare, e comece a dar atenção a outros rapazes. O ciúme dele cuidará do resto, pode estar certa. - ela piscou marotamente para Hermione, que sorriu em retribuição. - Quanto a você, Gina, meu conselho é um só: - ela se inclinou para frente, olhando diretamente nos olhos de Gina - aproveite!





Gina se indignou. Só isso? Ela dava conselhos interessantes as outras para resolverem seus problemas, e para ela dizia aquilo?





- Estou vendo que isso não te contentou, não é? - ela riu da expressão frustrada da garota - Ok, eu disse o que faria em seu lugar, mas já que você não quer, vamos pensar em algo... - ela bateu levemente a colher no lábios, enquanto sua expressão ficava pensativa - O que você contou sobre a marca em seu pescoço é interessante. O feitiço que você lançou não deixaria de surtir efeito, sem que alguém o bloqueasse. E quem fez isso sabia sobre a marca, o que nos leva ao seu "Eros". E o que me faz deduzir que ele é possessivo, e queria mostrar aos outros que você tem dono. - ela riu novamente da cara indignada da garota - Vou lhe contar um segredo, minha querida: esses são os melhores, confie em mim. É só saber lidar com eles. Agora, voltando, você pode partir desse fato. É só escolher alguém para te ajudar a provocar o ciúme dele. Se ele é como aparenta ser, não ficará parado ao te ver com outro cara.





Aquilo fez sentido para Gina, e a animou. Elas ainda passaram um bom tempo conversando sobre as estratégias que poderiam usar, e as garotas riam dos termos que a professora usava. Parecia realmente que estavam em guerra. E Hermione entendeu como ela conseguira deixar Sirius de joelhos.





X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X





A semana seguinte passou rapidamente, e logo chegou a noite em que Kristyn tentaria a Conexão. Harry, Rony e Hermione tinham seguido a professora, e mais quatro pessoas encobertas em capas até a sala de Dumbledore, e ficaram no corredor escutando tudo o que se passava lá dentro.





- Kristyn, você tem certeza disso? - eles reconheceram a voz de Lupin - Ana disse que é muito arriscado.





- Eu conheço os riscos, Remo. – respondeu sem se alterar - E sim, tenho certeza do que estou fazendo.





- Não sei por que vocês ainda tentam. - disse uma voz feminina, que soava estranha, como se há muito tempo não fosse usada - A teimosia dela não mudou nada.





Os outros riram, desanuviando um pouco o ambiente.





- Pronta, Kristyn? - perguntou Ana, que havia espalhado seus cristais em volta da prima, e quando ela confirmou, começou a enviar ondas de sua energia para eles, que em contrapartida a enviavam para Kristyn. Logo, ela começava sua viagem.





"O vento açoitava o seu rosto, enquanto várias cenas passavam em velocidade impressionante por ela. Sabia que eram cenas das dimensões que percorria em busca de Sirius. Essas cenas eram de uma diversidade enorme, ora retratando momentos da mais pura harmonia e felicidade, ora mostrando horrores com que a maioria das pessoas jamais sonhou. Enquanto as cenas continuavam a passar, Kristyn pedia internamente que ele estivesse bem, e que ela o encontrasse logo, pois já sentia suas forças começarem a abandoná-la, devido ao esforço tremendo que fazia.





Quando achou que já não conseguiria continuar, de repente deixou de sentir o vento, e uma escuridão pesada caiu sobre ela, impedindo-a de ver qualquer coisa, enquanto respirava muito rápido, como se houvesse corrido uma distância muito grande em pouco tempo. Ao mesmo tempo em que tentava recuperar o fôlego, ela o sentiu. Sabia que ele estava próximo, mas não conseguia romper a barreira da escuridão para chegar até ele.





Foi então que ouviu o riso alto de uma mulher, um riso maldoso, que lhe dizia claramente que não a deixaria conseguir o que queria. Logo depois, foi o ruído de muitas asas a romper a escuridão, atirando-a para trás e expulsando-a daquele mundo, fazendo-a cair num precipício que parecia não ter fim, enquanto ouvia de muito longe o som de alguém chamando seu nome..."





- Kristyn, Kristyn!!!





Ela sentou-se num movimento brusco, o peito subindo e descendo num ritmo acelerado, tentando enviar ar suficiente aos seus pulmões. Olhou para prima ajoelhada ao seu lado, observando-a com evidente preocupação. Sabia que fora ela quem a chamara, e que sem ela, não teria conseguido retornar ao corpo. Ficaram um longo tempo se encarando, até que Dumbledore interrompeu o silêncio.





- Você está bem, minha cara? - perguntou suave, e Kristyn apenas acenou afirmativamente - Isso é muito bom. E então, conseguiu encontrá-lo?





- Consegui, professor. - uma onde de excitação percorreu os presentes, exceto por Ana, que conhecia bem a prima, e sabia, pela sua postura, que ela não tinha boas notícias a dar. Isso se confirmou quando ela a encarou, comunicando sombriamente - Ele está com Morrigan.





X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X-X





N/A: Gente, mais uma vez, muito obrigada pelos comentários! É muito bom pra mim saber o que estão achando da história, viu? Agora, quero agradecer novamente a Tonks, que foi quem me deu a idéia do sonambulismo da Luna, além de, como sempre, aturar minhas neuras. Obrigada mais uma vez, Tonks. Quero também avisar que no próximo capitulo vamos entrar em outra fase de "viagem na batatinha", como da explicação da Tríade, então, se preparem pra mais loucura, ok? O próximo capítulo só deve sair no outro fim-de-semana, porque eu viajo amanhã pra Maricá, e só volto segunda, quando vou começar a escrever, por isso, não me batam, por favor.



Acho que é só (?) isso. Bjaum para todos, e por favor, por favor, comentem!!!







Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.