(Des)Encontros.



A ida à Hogsmeade sempre semeava horas agradáveis por vir. Eis que, apesar dos acontecimentos graves, Hermione se sentia mais relaxa perante o tempo de descanso. Havia de admitir: as aulas eram extremamente rígidas, com exceção das divertidas horas ministradas pelo professor Slughorn e pelos agradáveis ensinamentos do professor Dumbledore - por quem ela sentia uma simpatia em especial, mesclada a uma admiração infindável.


Assim, os dias que se seguiram aos ocorridos da neve gélida daquele mês estonteante, deixaram a sonserina mais apta a observações. Seus sentidos aguçados agora andavam nítidos a Tom Riddle, a fazendo notar que o garoto estava cada vez mais inquieto. Eis que os dois acabavam por se encontrar - não intencionalmente, claro - pelos corredores e até mesmo na própria sala comunal sonserina, em meio à aulas ou horários de descanso. Era eventual, nesses casos, que Hermione lhe dedicasse palavras amistosas, recebendo apenas um olhar reprovador em troca. Mas ela era assim, buscava sempre ver um lado bom naquele garoto, e jamais deixaria de tentar.


Porém, era cada vez mais raro encontrá-lo a andar pelas áreas do imenso castelo, até mesmo nos dormitórios sonserinos. E isso, notavelmente, passara a instigar Hermione de um modo sutil. Aos poucos ela se via cada vez mais e mais ligada aos mistérios que aquela mente sagaz guardava em si. Precisava desvendá-la.


Fora por esse exato motivo que Hermione adentrara os corredores de pedra que levavam ao dormitório masculino. Sabia que poderia se meter em problemas se fosse pega ali pelos olhos errados, mas era um risco a correr. Eis que ela nunca havia ido até ali e eram inúmeras as portas, todas idênticas e igualmente fechadas em um silêncio até mesmo assustador. Por detrás de qual delas estariam os segredos de Tom Riddle?


 


— Hermione?



Ouvindo seu nome ser pronunciado, ela congelara no lugar. Havia sido pega, era o fim. Afinal, ela era uma garota estudiosa, disciplinada. Por que diabos estava se metendo tanto em problemas nas últimas semanas? Esquecendo-se de tudo isso por um momento, ela virou o corpo sob os calcanhares. Finalmente, ao avistar quem era ali, permitiu que o ar deixasse seus pulmões em harmonia. Era Joshua Prince.


 


— Você quase me matou de susto. — Ela disse, fingindo-se de despercebida. — Deveria ser mais sutil ao chamar garotas em corredores escuros e silenciosos, sabe?


— E você deveria ser mais sutil ao andar por esses corredores sozinha, principalmente quando eles fazem parte do dormitório masculino. — Ele dissera entre risos, fechando a porta do quarto atrás de si. — Mas me diga, o que faz por aqui? Não que eu vá te julgar ou algo tipo.


— Não é nada do que você está pensando. — Hermione respondeu, revirando os olhos enquanto sentia suas bochechas começarem a arder levemente. Por sorte, estaria escuro demais e ele não notaria isso.


— Pois então... — Ele se aproximou sugestivamente, encarando-a. — Adoraria ouvir sua versão dos fatos.


— Eu... — Ela parou por um momento, buscando qualquer desculpa esfarrapada que surgisse em sua mente. — Eu estava te procurando, mas não sabia qual era o seu quarto. Afinal, nunca vim até aqui.


— Interessante... Mas me diga, por que estava me procurando Hermione? — Joshua questionara, arqueando uma das sobrancelhas, o que o deixava com uma expressão engraçada.


— Eu queria perguntar se você sabe onde está Eileen, mas já vi que não. — Hermione deu de ombros, tentando transmitir naturalidade.
— Pra dizer a verdade, eu só a vejo durante as refeições. — Ele riu, achando graça de tal fato. — Se eu não te conhecesse, Hermione, diria até que você veio aqui para procurar o Riddle dar a ele seus ares de compaixão.


— Isso não é engraçado, Joshua. — Hermione o repreendera, transformando sua feição risonha em uma rígida.


— Ok, me desculpe. — O garoto erguera os braços em redenção. — Foi uma brincadeira, sabe. Riddle anda enfiado em livros no dormitório dele, só sai para as aulas e algumas refeições. É bem estranho.


— Eu tenho que procurar e Eileen, até mais tarde Josh. — Hermione dissera, afastando-se do corredor e sorrindo para o garoto.


 


Eis que encontrar Joshua havia sido de bom grado, visto que ele havia lhe dado uma excelente idéia de por onde começar. Assim, Hermione percorrera toda a extensão das masmorras até a biblioteca de Hogwarts, só parando quando finalmente se vira diante da imensa mesa da velha bruxa bibliotecária. Eis que aquela mulher tinha um certo tipo de afeto muito grande por Hermione, principalmente por ver naquela menina o mesmo afeto que ela possuía pelos tantos livros que jaziam ali.


 


— Senhora Pince, poderia me dizer quais livros estão com Tom Riddle?


— Mas é claro. — Respondera a mulher entre risinhos debochados. Hermione já sabia bem razão daquilo e achava completamente insano aquela mulher julgar que ele e Riddle compartilhavam algum tipo de sentimento. — Vejamos...


 


A sonserina apurou os olhos e avistou uma imensa lista mágica que, sozinha, se desenrolava sem parar. Haviam muitos nomes ali e então a lista parara especificamente no nome de um deles. Tom Marvolo Riddle. Marvolo, como o seu avô, Hermione considerara.


 


— Bem, ele está com muitos títulos em mãos, todos sobre artes das trevas. Seja lá o que o professor tenha lhe pedido, deve ser bem trabalhoso. — A bibliotecária dissera, anotando os nomes dos volumes em um pedaço de pergaminho. — Aqui estão, querida.


— Obrigada, Senhora Pince.


 


E então, deixando a biblioteca com o pergaminho em mãos, Hermione se viu completamente perdida. Ao contrário do que imaginava, aqueles títulos não haviam lhe dado nenhuma pista sobre o que Tom Riddle pudesse estar tramando. Eram títulos muito vagos e os mesmos já haviam passado pelos olhos ávidos de Hermione, mas o que exatamente ele estaria procurando neles? Não saberia responder. Não havia uma linha pronta de raciocínio a ser traçada e isso estava deixando aquela sonserina insana. Ela era Hermione Gaunt, a melhor aluna que Hogwarts já tivera! Por Merlin, como podia não conseguir decifrar um enigma daqueles?


Respirando pesadamente, Hermione soube naquele momento que, independente do que Tom estivesse procurando, era algo que o deixaria um passo mais próximo de tornar-se Voldemort.


 


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