Uma Grande Mentira



 


CAPÍTULO 3 – UMA GRANDE MENTIRA



Todo o caminho de volta para o castelo foi feito em silêncio. Ginny sentia-se exposta, apesar de ter em Harry a personificação da segurança. Confiara a ele seu segredo, mas o que ele faria agora? Ele guardaria segredo? E se ele contasse para Hermione? Com certeza ela iria atormentá-la a cada minuto para tentar convencê-la de que era errado e impossível. Hermione tentaria usar a voz da razão e Ginny não poderia questionar, por isso escolhera Harry. Era mais fácil, era mais simples, ele não criaria argumentos fortes o suficiente para construir uma defesa, sem que Ginny os quebrasse facilmente. No fim das contas era isso e ela sabia. Queria apenas fugir da realidade e tentar se contentar com a possibilidade de viver em paz.

“Ginny”, Harry finalmente falou alguma coisa quando já caminhavam pelos jardins de Hogwarts. “Não precisa se preocupar”, e isso foi tudo.

Não disse mais nada, nem ao menos olhou para ela. Apenas continuaram andando em silêncio até o castelo e, ao chegarem, rumaram para o Salão Principal. Estavam famintos, pois não haviam tomado café da manhã.

Rumaram para o Salão Principal e não notaram nada estranho de imediato, mas antes mesmo de conseguirem se sentar à mesa, Ron passou por eles como um furacão, segurando Ginny pelo braço.

“Vem comigo”, falou com a voz esganiçada “Você também, Harry”, foi tudo o que disse.

Apesar das poucas palavras, Ron continuou arrastando Ginny até saírem do Salão, subirem a escadaria principal e chegarem a uma das salas de aula do primeiro andar. Harry correu atrás, confuso. Hermione os seguiu, tentando alcançar os passos rápidos do grupo, mas sua expressão era leve, como se estivesse muito feliz. O que diabos estava acontecendo afinal?

“Então foi por isso, não é?”, Ron perguntou quando finalmente parou, em um corredor deserto.

“Por isso o quê?”, Ginny estava confusa.

“Onde vocês estavam?”, Ron estava com as orelhas vermelhas. Falava em um tom agressivo, indignado.

“Por aí, conversando. Que cara é essa, Ron?”.

“Que cara é essa, Ron?”, repetiu o garoto em falsete, imitando-a.

“Calma, Ron, calma”, falava Hermione, que agora já não conseguia conter um sorriso.

“Vocês pensam que eu não sei? Pensam que eu sou burro?”

“Do que você está falando?”

“A escola inteira já sabe, Ginny! Comentaram a manhã toda enquanto você não estava aqui”.

“Sabem do que?”, perguntou ela, apreensiva, olhando para Harry.

“O que poderiam comentar sobre Ginny, Ron?”, perguntou o garoto.

“Você sabe muito bem, Harry”, falou nervoso. “Por que não me contou, Ginny? Aliás... Por que não me contaram?”

“Não estou entendendo”.

“Está todo mundo comentando”, repetiu. “Todo mundo! Agora eu sei por que você sumiu na noite da cerimônia”

Ginny trocou olhares com Harry. Era impossível que tivessem descoberto algo, mas... Era o que parecia. Mas o que era aquela expressão de satisfação no rosto de Hermione? Estava enganada por achar que a amiga ficaria contra seu romance?

“Ron, eu... Por favor, me deixa explicar. Não quero que fique bravo”, mas a expressão que ele carregava não parecia ser de alguém que estava com raiva. Estava visivelmente nervoso, porém não parecia bravo de verdade.

“Pode nos explicar o que estão comentando?”, Harry insistiu.

“Estão comentando sobre vocês dois...”

“Nós dois?”, perguntaram ao mesmo tempo.

“O que estão dizendo exatamente?”, dessa vez Ginny conseguiu falar antes de Harry.

“Que vocês estão... Juntos”

“Como assim?!”, perguntaram sem conseguir conter a surpresa.

“O que o Ron quer dizer é que nós já sabemos do namoro de vocês”, agora o sorriso no rosto dela se explicava.

“O que?!”, Harry e Ginny exclamaram novamente. Estavam ficando muito bons em levarem sustos juntos.

“É isso mesmo! E não adianta desmentir”.

“Alguns quadros estavam cochichando que vocês estavam de segredinhos”.

“E o Colin tirou essas fotos de vocês”.

Ron mostrou algumas fotos. Em uma, Harry e Ginny conversavam, em outra eles praticamente corriam pelo castelo, de mãos dadas, e na última via-se os dois andando em direção a Floresta Proibida.

“Isso foi hoje de manhã”, falou Ginny.

“Estavam indo para a floresta?”, Hermione perguntou e Ginny afirmou apenas com a cabeça. Não adiantava desmentir.

“Já imaginava que era para lá! Por que não me contou, Harry?”, Ron parecia ainda decidir se estava feliz ou indignado.

“Desculpe, Ron. Não devíamos ter mantido segredo”.

“Então é verdade?!”, perguntou o ruivo sorrindo. O nervosismo deu lugar a algo que parecia ser ‘a expressão da extrema felicidade’.

“Não queríamos que soubesse. Não no começo pelo menos. Não estamos juntos há muito tempo, por isso... Não se sinta enganado”, pediu o garoto.

“Mesmo que vocês estivessem me enganando há cinco anos, eu não me importaria”, ele disse. “Muito”, acrescentou.

Ginny olhou para ele sem entender nada. Harry havia confirmado. Por quê? Tentou encontrar uma resposta imediata, mas não encontrou nenhuma, então decidiu acatar o plano do amigo. Era um feitiço no escuro, uma tentativa de encobrir um segredo que, se fosse revelado, teriam conseqüências muito mais desastrosas. Precisava embarcar também, não iria arriscar precisar inventar outra desculpa.

Para disfarçar a sua cara de espanto convidou Harry para irem comer alguma coisa, pois realmente estava faminta, afinal não havia comido nada no café da manhã. Ron e Hermione seguiram para a sala comunal e o casal voltou para o Salão Principal, que estava praticamente vazio.

Já na mesa, muitos alunos da Griffyndor ainda almoçavam, mas a maioria já havia terminado, de modo que próximo aos dois não tinha ninguém. Ainda assim o tom da conversa era baixo.

“Harry, o que deu em você? Por que alimentou a história de que estamos namorando?”, ela estava muito preocupada.

“Foi o melhor que pude pensar. Eles iam perguntar para onde fomos, o que fizemos e por que sumimos hoje de manhã. Melhor que improvisar uma desculpa foi embarcar na história deles!”

“Eu sei, mas daí...”

“Eles não vão mais perguntar o motivo na nossa fuga, por que sabem que saímos para namorar”, ele a interrompeu, falando o que provavelmente ela iria dizer. “Ou seja: seu segredo está a salvo”.

“Tem razão”.

“Eu te prometi que seria um segredo nosso. Não precisa se preocupar. Nunca contarei nada ao Ron, nem a ninguém, apesar de não concordar em nada do que você está fazendo. Essa é a minha forma de te proteger”, tratou de deixar bem clara a sua posição. Não apoiava aquele romance, mas sabia que não podia impedir.

“Obrigada. Não sei como agradecer”, disse segurando as mãos dele entre as suas, mas logo as afastou porque percebeu que não só os remanescentes da mesa da Griffyndor como também a da mesa mais próxima, a Ravenclaw, os olhavam.

“Não precisa agradecer nada. Basta você não se deixar enganar por ele. Você sabe que por mim você nem daria bom dia para aquele aprendiz de bruxo das trevas, mas o que eu posso fazer? Não sou o seu dono”, ele desviou os olhos da garota para poder olhar na direção da mesa dos professores. Hagrid estava lá e acenou para ele, parecendo estar muito feliz também. O garoto sacudiu a cabeça para espantar todos os pensamentos absurdos que tinham surgido de uma hora para outra lá dentro e voltou a olhar para a amiga.

“...E eu meti você em uma verdadeira encrenca, não foi?”, ela acabara de fazer uma pergunta, em uma frase que Harry só escutara o final.

“Eu estou acostumado com problemas. Eu não seria eu se tivesse um ano normal, não é mesmo? De qualquer forma, Ginny, sua situação é pior do que a minha”, Ginny baixou a cabeça, respirou fundo e quando finalmente falou, sua voz estava bastante tranqüila.

“Se eu pudesse ter escolhido, Harry, com certeza ainda gostaria de estar apaixonada por você”, Harry foi pego de surpresa ao perceber que ele também desejava aquilo.

“Bem, mas como você já disse: nós não mandamos no coração”, ela sorriu sinceramente e a única reação que Harry conseguiu ter foi abaixar a cabeça e continuar comendo.

Durante alguns minutos ficaram assim. Ambos concentravam-se apenas na comida. Nem ao menos se olharam, mas quando Ginny terminou a refeição, quebrou o silêncio, fazendo uma pergunta.

“Mas até quando?”

“Até quando o que?”, perguntou, sem entender, pondo os talheres de lado.

“Até quando vamos conseguir fingir e esconder deles o que realmente está acontecendo?”

“Sinceramente, Ginny, eu não faço a menor idéia”

Seguido a isso vieram alguns segundos de silêncio. Nenhum dos dois sabia o que falar, mas naquele momento constrangedor os dois viram a figura de um garoto entrar no Salão. Era Draco Malfoy. Mais convencido do que nunca, seu nariz estava mais empinado que o de costume, mas dessa vez não era sem motivos.

Depois de seu pai se livrar de um julgamento e ser considerado inocente mais uma vez, no ano anterior, o loiro ficou muito mais convencido de que dinheiro, poder e um nome tradicional valiam muito mais do que a verdade. Outro forte motivo para o aumento de sua arrogância devia-se a nunca ter sido pego praticando algo errado, enquanto praticamente todos de seu ano, na Sonserina, haviam sido expulsos no semestre anterior. Harry tinha certeza de que ele era o maior responsável por todas as mortes ocorridas, mas, infelizmente, não podia provar.

“Ele é um panaca”, ralhou entre os dentes.

“Harry, não começa a...”

“Por favor, Ginny”, interrompeu. “Neste momento você é minha namorada, portanto odeia o Malfoy. Queira ao menos fingir”, implorou.

“Não vai ser tão difícil, pratiquei isso por minha vida toda, mas falo sério quando digo que quando eu olho pra ele dá vontade de ir correndo abraçá-lo e beijá-lo e...”

“Isso soa muito nojento”, Ginny riu. “Tenho pena de você, sinceramente. Você merece coisa melhor. Esse cara é asqueroso”.

“Eu sei! Até eu tenho que admitir isso, mas para uma mulher apaixonada os defeitos viram quase nada perto do sentimento”.

“Você quer dizer que as mulheres apaixonadas ficam burras?”, ela não respondeu. Apenas o fulminou com os olhos e Harry se rendeu.

“Vamos sair daqui, Harry, ou meus olhares vão acabar me condenando”.

“É melhor mesmo, porque não quero que fiquem pensando que você me trocou por ele, seria humilhante”.

Harry pegou a mão de Ginny e saiu do salão, sob os olhares daqueles que ainda comiam e também dos que fingiam comer, só para ficar observando os dois.

“Qual é a sua aula agora?”, o garoto perguntou quando chegaram a ao pé das escadas.

“Poções... E você?”

“Transfiguração”.

“É melhor eu ir andando para as masmorras. Melhor chegar muito cedo que chegar atrasada. Temo que ele tire pontos da Gryffindor até mesmo se chegarmos na hora!”

“Snape é um infeliz mesmo. Melhor você ir, tão faltando quinze minutos”.

Eles soltaram as mãos normalmente e estavam prontos para seguirem um para cada lado quando Ginny voltou a segurar o pulso de Harry com força. Ele a encarou confuso. O que ela queria, afinal?

“Tem muita gente aqui”.

“Sim, e daí?”, Harry não entendeu de imediato o que isso tinha a ver com suas próximas aulas, mas realmente notou que muitos alunos haviam terminado de comer na mesma hora que eles, por grande coincidência.

“Namorar você é um saco”, ela falou distraidamente. “Você é popular demais, Potter, suas fãs vão querer me matar”.

“Não brinca com isso”.

“Mas é sério, eles vão falar se sairmos sem nos despedir direito e vão espalhar um monte de coisas pelo colégio”.

“Mais do que já espalharam?”, perguntou irônico. “O que você quer dizer com se despedir direito?”

“Um beijo”.

“Beijo?!”, ele conteve-se para não gritar a palavra. “Não, Ginny, melhor não”, negou.

“É só um beijo! Nada de mais. Só para não ficarem falando”, insistiu.

Harry pareceu considerar um pouco a hipótese. Se não a beijasse poderia ser que as pessoas comentassem e com certeza tais comentários chegariam aos ouvidos de Ron e Hermione. Não queria que desconfiassem.

“Certo”, mais uma vez Harry se rendeu.

“É só um beijinho de despedida, não vou arrancar pedaços, senhor Potter”, falou em um tom bastante sério, mas logo em seguida sorriu travessamente.

Ele podia sentir que estava ficando vermelho. Nunca havia beijado ninguém em público e, por mais que fosse apenas um beijo, ficou realmente nervoso. Aproximou-se de Ginny de forma desajeitada, parecia que seus pés eram maiores do que na verdade eram. Sentiu-se desengonçado. Pensava no quanto devia estar parecendo idiota e torcia para que Ginny não pensasse isso dele. Só havia se sentido assim na vida por causa de...

Harry parou. Simplesmente não conseguia se mover. Os pensamentos que surgiram em sua mente no último segundo o deixaram no mínimo muito confuso. Seu momento de hesitação e reflexão foi interrompido quando sentiu os lábios de Ginny nos seus. Seu segundo beijo e, pela segunda vez, era a garota que tomava a iniciativa.

Ele continuou imóvel, olhos abertos, ainda pelo susto, miravam parte do rosto daquela garota decidida. Quando finalmente fechou os olhos, sentiu que seus lábios iam se descolar, mas não podia permitir. Não queria. Segurou-a pela cintura com uma das mãos e com a outra o pescoço. Beijou-a de verdade. Não sabia o que tinha acontecido com ele para fazer aquilo. Simplesmente não conseguiu controlar aquela vontade de beijá-la. Não conseguiu controlar seu corpo e isso fez com que ele se sentisse completamente estranho.

Ginny foi se desvencilhando discretamente, para que não pensassem que estava evitando Harry... E ao largá-lo sorriu.

“Por que fez isso?”, perguntou forçando o sorriso.

Nem ele sabia responder. Simplesmente seguiu seu instinto. O garoto se aproximou dela.

“Desculpe”, sussurrou em seu ouvido, seguido por um beijo em sua testa.

Harry seguiu para a sala comunal da Gryffindor, totalmente confuso e sentindo-se mais idiota do que antes. Ginny não sabia o que dizer, ou fazer, apenas deixou que Harry fosse embora, engolido pela multidão vestida de preto.

“Ora, ora, Weasley... Então agora é oficial? Virou namoradinha do Potter? Essa eu até imaginava, mas não pensei que pudesse virar algo sério”, o tom era de deboche.

Ginny ficou muda ao ouvir aquela voz. Ela não queria virar-se para olhar naqueles olhos frios, mas tão lindos... Estava apaixonada, mas tinha muito medo. Não medo da situação, como muitos poderiam imaginar... Tinha medo de Malfoy”.

“O que foi, Weasley? O gato comeu a sua língua? Opa! Não foi um gato... Foi o rato do Potter!”

Ela virou-se e o encarou firmemente, olhando diretamente em seus olhos, e sem falar nada, foi para as masmorras assistir à aula de Poções. Malfoy ficou parado, feliz com sua capacidade de importunar os outros, mas ao mesmo tempo...

“Isso... Não é impossível”, murmurou para si mesmo.

O conceito para ‘dia terrível’ havia mudado para Ginny, depois daquela manhã. Definitivamente sentiu raiva de mais da metade da escola, pois a todos os lugares que ia podia sentir os olhos de curiosos, penas observando. Não se sentia assim desde seu segundo ano na escola, quando também virara a novidade do momento. Apenas suspirava aliviada por serem situações diferentes e por motivos diferentes, visto que, ao contrário de quando tinha doze anos, ela não estava sendo reconhecida nos corredores por ser a garota que foi possuída por Voldemort no ano anterior e sim por ser a namorada do Potter. O que não devia ser algo simples. O que não era nada divertido.

Ao voltar para seu quarto, no início da noite, Ginny viu uma carta em cima de sua cama. Já sabia de quem era, pois praticamente ninguém lhe mandava cartas fora do horário. As cartas de todas as outras pessoas geralmente chegavam no correio matinal. Não havia ninguém no quarto, por isso ela apressou-se em abrir. A pressa foi tanta que quase rasgou o pergaminho, mas ficou grata por conseguir ler a caligrafia desleixada.

Queria te ver essa noite, quer dizer, ficar ao seu lado, pois sei que não verei teu rosto por enquanto, não é mesmo? Por favor, venha ao lugar de sempre, às 20h00”.

Um sorriso involuntário surgiu em seus lábios. Guardou a carta no bolso e apressou-se para o jantar, apenas para dizer que comeu alguma coisa. Voltou voando para o dormitório, quando o relógio marcava sete horas. Trocou de roupa, pôs a capa com o capuz, colocou um vidro com um líquido estranho dentro do bolso e desceu quando faltava menos de meia hora para o encontro. Queria chegar cedo. Precisava chegar antes dele.

Entrou na sala de aula de sempre, que estava completamente escura e vazia. Sentou-se no chão e ali ficou esperando. Não demorou muito e Malfoy chegou. Assim que ele fechou a porta, a garota tomou todo o conteúdo do vidro.

“Boa noite. Pensei em você o dia inteiro”, ele se apressou em falar, mas as palavras que dizia parecia não se estender ao tom de sua voz, fazendo com que elas soassem falsas e vazias.

“É sempre bom ouvir”, respondeu a garota. “Apenas não sei se devo acreditar”.

“Pois deve acreditar. Não estaria dizendo isso se não fosse verdade. Eu realmente estava com saudades”.

Ela não gostava daquele tom de voz. Por que tinha que soar tão falso? Queria não se importar com isso, mas sua consciência em alerta não deixava que se entregasse a um sonho. Pensar. Refletir. Precisava parar de fazer isso só por um instante, para ver até onde podia ir se não ficasse se torturando.

“Por que você marcou mais cedo hoje?”.

“Não quero te meter em problemas! Se algum professor pega você andando pela escola de madrugada...”

“Obrigada por se preocupar comigo”.

“Só tenho uma pergunta. Por que você não me diz quem é?”, Draco perguntou, se aproximando e segurou-a pela cintura.

“Tenho receio que não me aceite. Seria estranho para nós dois e eu ficaria arrasada se tudo terminasse assim. Não quero que me despreze, pois você não iria me querer depois que soubesse”, ela o abraçou.

“Ora, e por que não?”

“Um dia você vai saber”, prometeu. “Você deve me odiar por isso, não é?”.

“Eu não te odeio, ao contrário”, murmurou antes de beijá-la.

E seu beijo era diferente de suas palavras. Não soavam falsos. Ele verdadeiramente parecia desejá-la, o que era algo realmente estranho. A imagem que Ginny tinha de Malfoy, pintada por anos de desentendimento entre as famílias era algo quase caricato quando pensava no que estavam vivendo. As vezes sentia a curiosidade tomar conta de cada célula do seu corpo, desejando saber o que ele faria se pudesse sequer desconfiar de quem eram os lábios que lhe correspondiam.

“Sabe? Você pode gostar de mim agora, mas vai me odiar depois. Tenho praticamente total certeza disso...”, falou interrompendo os carinhos do rapaz, se afastando um pouco.

Ela escutou ele rir e tentou entender o que era engraçado naquela situação, mas Draco não deu muito tempo para pensar, pois a segurou pelo pulso e não deixou que Ginny se afastasse muito. Ele a encarou, olhando para onde ele julgava estar o olhar daquela misteriosa garota, mas estava escuro demais para ver mais do que alguns contornos.

“Sabe? Eu nunca te odiei de verdade, quero dizer, era força do hábito. Mas você é muito idiota por não ter me falado antes, porque ao contrário de você eu não tive escolhas, Weasley. Lumus!”, ele falou, acendendo uma luz na ponta da varinha.

Um par de olhos assustados encarava os seus, a respiração suspensa. Malfoy sentiu todo o corpo dela estremecer, mas logo ficou claro que não era Ginny que o olhava nervosamente.

“Granger?! Mas o que...? Que merda é essa?”

 


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