Rose Garden



Capitulo doze – Rose Garden.


 


Ponto de vista – Scorp


 


Eu estava sentando na janela de um dos corredores do sétimo andar. O andar mais abandonado da escola.


Já haviam se passado dois dias desde a tal festa e eu estava gripado. Minha febre ia as alturas, me deixando com frio e me fazendo me sentir ainda mais sozinho, mesmo sem eu saber o porque.


Eu pousei minha cabeça ao vitral e vi no jardim, Damion abraço em Demetria.


Novidades? Sim, eu tenho. Eu terminei com ela e o meu amigo correu atrás rapidamente. Não ligo. Espero que os dois sejam felizes. Odeio ela então isso não mudou minha vida.


Rose andava se divertindo por Hogwarts, bastante. Ficava andando para lá e para cá aos agarros com Potter. Eles não estavam namorando, mas também não se desgrudavam.


Ciúmes? Não. Só vontade de matá-lo.


Mas era claro que eu sabia que não seria fácil reconquistá-la. Ela era feminista ao extremo e nunca diria um simples: “Está desculpado.” Mas então, o que eu iria fazer para tê-la de volta?


Era incrível como aquela época do ano, o jardim se enchia de rosas. E eu sabia o quanto Rose as amava. Talvez pelo seu nome, não sei. Mas desde sempre ela ia para o jardim e ficava cheirando as suas flores preferidas.


Não existe triunfo sem perda, não há vitória sem sofrimento, não há liberdade sem sacrifício. Era o que meu pai sempre me dizia.


E talvez, apesar de tudo, ele estivesse certo. Eu queria tentar de novo, conquistá-la! Queria muito. Não tinha medo de tentar de novo, tinha medo de ter o mesmo resultado.


Agora não tinha mais como negar. Eu estava muito mais que apaixonado. Estava naquele estado louco, que você pensa na pessoa 24 horas por dia!


Todo mundo sabe como é a dor de querer abraçar alguém e não poder. Mas com Rose era muito mais que isso! Eu ardia por dentro só de pensar como seria se eu não a conseguisse de volta.


E papai? O que diria de tudo isso? Eu seria deserdado? Seria castigado até a minha última geração? Mas pensando bem... Foda-se papai!


- Fred, o que você quer tanto conversar comigo?


Eu me encolhi ao perceber que não estava a sós. Fui na ponta dos pés ao outro corredor que dava para o atalho da grande escadaria.


Rose e o Weasley estavam sentados um ao lado do outro, e o ruivo trazia grande quantidade de galeões na mão.


- Te dou tudo isso se me entregar a chave. – ele disse passando o dinheiro para a mão dela.


- Fred? O que é isso? Eu não quero! E nem sei de que chave está falando! Pirou garoto? – ela perguntou com os olhos arregalados devolvendo o dinheiro.


- Eu tenho certeza que está com você! Ou com você ou com Hugo! Então não complique as coisas! Sou seu primo, me ajude! – ele pediu.


- Fred eu te ajudaria se soubesse do que está falando! Juro que te ajudaria! Mas estou boiando aqui. Sinto muito!


Weasley se levantou e saiu cabisbaixo resmungando alguns xingamentos dignos da sonserina. Rose continuou sentada olhando os botões de Rosa no jardim abaixo.


Eu fui até ela, com o coração acelerado.


Ela levantou a cabeça sutilmente e me viu. Logo seu sorriso murchou.


- Por favor, não estrague a minha felicidade, não hoje. – ela disse calmamente me dando as costas.


Eu continuei andando até ela.


- Tente me entender! Eu estou tentando explicar algo que apenas pode ser sentido! – eu disse me sentando ao seu lado. Ela virou o rosto. – Rose... Olha, não me arrependo de nada que eu tenha feito, mas isso não quer dizer que eu me orgulhe.


- Orgulha sim. Tem o maior orgulho de ter feito tudo isso comigo. – ela disse calmamente, como se quisesse que aquilo não virasse outra discussão.


- Rose, você é meu maior sonho! – eu disse ignorando o que ela havia dito antes.


- Dizem que quanto maior o sonho, maior o tombo. – ela falou me olhando nos olhos pela primeira vez desde a nossa maior briga.


- Mas, esqueceram de perguntar se eu tenho medo de cair. – eu não ia deixar nenhuma palavra me quebrar! Iria cortar todos os seus julgamentos pela raiz.


- E tem?


- Não. – eu tentei pegar na sua mão, mas ela tirou-a. – Olha Rose, era tudo brincadeira, até o momento em que eu comecei a gostar de você! Quer dizer, minha vida era normal, até que uma pessoa ruiva apareceu na minha frente com um vestido lindo, olhos verdes maravilhosos e um sorriso de matar. A partir daí minha vida mudou. Totalmente. Eu mudei, e te mudei. Eu sei disso, você nunca iria se divertir assim por vontade própria! Ou beber loucamente, ou ao menos não se importar com uma tatuagem desse jeito! E eu realmente gosto mais de mim com você por perto! Sou um idiota, mas perto de você eu me sinto... Alguém.


Ela ficou em silencio esperando eu terminar.


- Eu gosto de você porque você me faz esquecer do mundo inteiro quando está comigo. Eu acho que isso é tudo. Desculpe-me.


- Não adianta pedir desculpas, se não for mudar suas atitudes!


- Mas, Rose, eu vou mudar! Estou tentando, é serio! – eu disse feliz por pelo menos ela ter dito alguma coisa.


- Sabe qual foi o seu erro? Você foi o único para mim, mas eu fui só mais uma pra para você.


- Obvio que não! Você foi única para mim também! E ainda é!


Ela sentou virada para mim, esquecendo as rosas no jardim.


- Porque você é assim comigo? Sempre agindo como se fosse o príncipe perfeito que vai me amar como ninguém me amou, mas na verdade é um galinha que já pegou todas as meninas da sonserina? Porque age assim? Você é um idiota que quer se fazer de fofo? Ou é um fofo que quer se fazer de idiota?


Eu fiquei sem palavras. E lembrei que não deixaria ela me derrubar de novo.


- Há uma história por trás de cada pessoa. Há uma razão pela qual elas são do jeito que são, e você sabe a minha. Então, por favor, não me julgue, Rose. – eu pedi.


- Eu sei que a sua vida não foi fácil. Eu sei disso, mas isso não é motivo para ser assim! Não culpe seu passado pelo seu futuro, Malfoy! – “Malfoy para cá, Malfoy para lá” isso me atingia como facadas nas costas! 


- Rose para de ser inocente poxa! Para de agir feio uma... rosa! – não sei porque, mas foi a primeira coisa que me veio a mente.


- Inocente feito uma Rosa? Que comparação mais clichê, Malfoy! Só que você se esqueceu que elas tem espinhos e podem machucar também! – ela disse se levantando.


- Onde você vai?


- Embora!


- Já não acha que está na hora de você me perdoar? – perguntei impedindo-a de ir embora.


- Não, não acho! Se é que um dia essa hora irá existir!


- Pára! Você faz eu parecer um assassino! Que cometeu o maior crime de todos! Mas não! Não fiz nada disso! Pare de ser dramática, por Merlim! Eu errei, as pessoas não erram? Eu sou humano, caracas! – gritei. – Para de me fazer sofrer! Você acha que isso é difícil só para você? Eu tô caindo aos pedaços, merda, Rose! Eu não agüento mais essa tortura!


Ela iria chorar, mas segurou o choro.


- Quando for digno do meu perdão, tenha certeza que irei te perdoar.


- E quando eu irei ser? – perguntei com os olhos úmidos.


- Não sei! Me prove que gosta de mim! Um gesto! Sei lá, faz algo diferente para variar! Pare de falar tanto e tome uma atitude!


E ela saiu. Corri para o jardim e comecei a bolar meu plano. Ela queria um gesto? Ela iria receber.


 


Ponto de vista – Rose.


 


Me sentei na hora do jantar, em frente a Lily e ao lado de Hugo que já estava bem melhor graças a um remédio que ele dizia ser terrível.


- Bom, Hugo você não me falou nada sobre como foi o seu encontro.


- Não foi um encontro! Eu estava numa maca! – ele disse atacando a coxa de frango. Ele era a cara do papai, comendo.


- E daí? Fala logo? Rolou alguma coisa? – eu perguntei cortando um pedaço de torta.


- Não era bola para rolar!


- CHATOOOOOO! – eu disse bagunçando o cabelo dele. – Para de enrolar!


- Eu não estou enrolando nada! É a Lily que enrola os cabelos.


Lily riu, e olhou feliz para os cachos que eu havia feito nela.


- Cheio das piadinhas você hoje, né! E piadas ridículas! – ele concordou. – Por favor! Conta!


- Tá, a gente ficou! E daí ela dormiu lá e fim! – ele voltou a mastigar e eu o abracei surpreendendo-o.


- Meu bebe tá crescendo! – eu fingi um choro e depois o soltei enquanto ele virava os olhos como desaforo.


Todos rimos, naquele clima descontraído na mesa da Grifinória.


- Rose, sobe comigo lá no sétimo piso, por favor? Eu acho que deixei minha pulseira cair lá, quando eu estava com Fred. – Lily pediu.


- Hum... Eu não sei se quero voltar lá... – eu disse meio pensativa.


- Por favor! – ela disse fazendo bico.


Terminei de almoçar e a segui para o sétimo piso. Estava habitado apenas por alguns alunos que liam. Não havia nada interessante lá. E por isso, não havia necessidade alguma de subir até aquele andar. Era muita escada para pouca Rose.


Lily ficou andando de um lado para o outro procurando sua pulseira de ouro. Enquanto isso eu me sentei perto do vitral olhando novamente para o jardim. Estava cheio das mais lindas flores. As rosas.


- Porque suspirastes, Rose? – perguntou Lily brincando e se sentando ao meu lado, rindo.


- Então, sócrates, eu suspiro porque estou pensando. – eu disse sem muito bom-humor.


- Pensando nele, correto?


- Não... – ela voltou a me encarar. – Ok! Sim, sim! Não consigo parar! E eu não consigo tratar ele como qualquer um.


- Isso porque ele não é qualquer um! Ele é único! Único para você, Rose.


- Porque diz isso? O odeia! – eu disse para ela.


- Odeio mesmo! Mas você o ama! E sempre estava feliz quando estava com ele. Vocês são tipo... perfeitos juntos! Ele é menos e você é mais. Mais com menos dá mais! Entende?


- Sim, eu entendo, é só que... Ele me confunde muito! Não sei se estou pronta para voltar a enlouquecer!


Ela riu comigo.


- É só que... Eu só eu preciso de alguém que cuide de mim, quando eu perder o controle! E ele sabe fazer isso, muito bem!


- Eu sei disso.


- Como você sabe disso? – perguntei.


Ela me pegou pela mão e me levou para o outro corredor. Juntas fomos até a outra janela e ela me mostrou a coisa mais linda do mundo, na minha opinião. Era outro jardim de rosas, mas esse era diferente. Com mais ou menos umas cinqüenta mil rosas, o loiro havia escrito, Rose. Algo do tipo que só poderia ser visto naquela altura do castelo.


- Vocês dois... combinaram isso? – perguntei com os olhos brilhando.


- Hum... sim.


Eu a abracei, a esmagando um pouco.


- Fala sério, você é demais Lily!


- Não me agradeça! Agradeça a ele.


Eu sem pensar, segui seu conselho. Desci as escadas correndo desesperadamente. Passei pela porta que dava aos jardins e fui tropeçando em varias pessoas e até empurrando-as. Passei ao monumento de pedra e cheguei ao jardim. Meu jardim.


Ele estava parado, admirando o próprio trabalho. Pulei em suas costas.


- Então, o que achou? – ele perguntou se virando para mim. – Minha atitude de mudança, ficou boa?


- Ficou... Perfeito! Demais! Lindo maravilhoso! - eu estiquei o vestido e me sentei ao chão, ao lado das rosas vermelhas. – Cara! Isso é fantástico!


Ele se sentou ao meu lado.


- Me desculpe por ser um idiota?


Eu fechei os olhos e o abracei.


- Desculpo, sim.


Ele sorriu e eu me deitei ao seu lado. Ficamos fitando o céu até escurecer. Sem palavras nem nada, apenas no silencio.


Ele se esticou ficando sobre o meu corpo. Então ameaçou me beijar. Eu virei o rosto e senti uma dor no coração.


- O que foi? – ele perguntou.


- Desculpa é só que... Eu te perdoei, mas ainda não estou preparada para tudo começar de novo. E... James! Eu não posso fazer isso com ele!


- Rose eu achei que...


- Amigos, apenas. – eu o interrompi.


- Mas, e eu? Continuo sofrendo por te amar? Continuo sozinho porque a única pessoa que amo é você?


Eu só não sabia o que falar para ele. Eu não queria mais nada, do tipo, com ele.


- Não! Caia em outra! Tem tantas... melhores que eu! – eu disse.


- Tipo quem?


- Eu não sei! Arrume outra e trate de se apaixonar por ela e me esquecer de uma vez por outra! – eu disse já me levantando para sair.


- Rose, espera! – ele se levantou me pegando pela mão. – Eu não quero brigar com você de novo. Fica! Mesmo que seja só como amiga, eu te quero por perto.


Eu assenti e o abracei mais uma vez.


- Eu não vou embora.


- Promete?


- Prometo.


A chuva caiu e nos ensopou. Mas isso não foi motivo para deixarmos o jardim. Apenas fomos embora quando amanheceu, juntos.


Novamente, como amigos.


 


 


 


 

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