Dor



Capitulo cinco – 


Ponto de vista – Rose.


 


- Não! SCORPIUS! NÃO! – ele me empurrava para a água. – Não! Vai molhar a minha roupa! Não! – eu tentava ficar séria, mas não parava de rir. – Ah!


Tarde demais. Cai na água de roupa e tudo.


- Seu bobo!


Ele entrou em seguida.


- Fala ai, você me ama!


Amo, amo, amo, amo, amo, amo, amo! Pensei.


- Não te amo! Seu mala! – ele me lembrava o Hugo. Apesar de tantas brigas, xingamentos e sacanagens, eu continuava o amando.


- Tira a roupa, Rose! – ele disse atacando água em mim.


Como assim, “tira a roupa, Rose!”?


- Endoidou é? – perguntei fugindo dele. – Você acha que eu, Rose santinha, vai ficar de roupa intima na sua frente?


- A Rose santinha eu sei que não! Mas a Rose safada claro que fica! – ele disse fazendo cara de malicia.


- Scorpius! Onde você vai achar uma Rose safada? Não conheço nenhuma! – disse entrando na sua brincadeira.


Ele mergulhou, e foi até meus pé me puxando, fazendo com que caísse.


Debaixo d’água ele me pegou pela cintura de modo que o corpo dele ficasse entre as minhas pernas. E quando voltamos a superfície, eu estava sobre suas costas.


- Scorpius me coloca no chão, agora! – disse tentando sair do cavalinho. – AGORA!


- Pula!


- Eu não consigo! Me desce daqui! – pedi batendo em suas costas.


- Fica calma, eu vou descer e você pula, ok?


- Tá! – disse apertando seu ombro com força.


Ele mergulhou novamente, e logo senti o chão. Voltamos novamente a superfície, dessa vez eu estava rindo, e muito.


- Da próxima vez apanha! – brinquei.


- Mais do que os tapas que você deu nas minhas costas? – ele perguntou rindo.


- Muito mais.


Nós saímos, e ficamos deitados na areia, esperando que o sol nos secasse.


 


Ponto de vista – Lily.


 


- Lily, abre ai!


- Me deixa em paz, James!


- Pára de ser chata! Quero falar com você! Por favor abre ai! – ele batia na porta sem parar, logo ela iria cair.


- Não vou abrir! Sai daqui! – mandei saindo da janela e me jogando na cama.


Olhei para a lixeira, estava lotada até a boca. Com pergaminhos de esboços de cartas que tinha tentando escrever para o Fred.


Nenhuma tinha dado certo. Na maioria eu terminava xingando ele.


- Lily, por favor! – ele disse diminuindo o volume da voz.


Eu peguei minha varinha, e abri a porta. Me virei para que James não visse que eu estava chorando.


Ouvi ele chegando perto da minha cama.


- Mamãe pediu para eu te trazer a janta, já que você se recusa a descer para comer! – ele colocou o prato na escrivaninha. – Porque você não quer descer desde ontem à noite? Foi porque eu peguei um pedaço do seu bacon? Você notou?


- Claro que não! Eu tenho meus motivos. Se já terminou, vaza daqui! – eu disse ainda virada para a janela. 


- Pára de ser estúpida! Não está vendo que estou tentando te ajudar? O que foi? Está com saudade do Fred?


- Cala á boca! Pára de falar dele! E se você falar para a mamãe, eu acabo com você! – eu disse agora virada para ele, voltando a chorar.


Ele se sentou ao meu lado.


- Desculpa. Não quis fazer você chorar...


- Tudo bem, não é culpa sua eu estar chorando. – disse mais calma.


- Nós somo irmãos, era para confiarmos um no outro, certo? Se você contar o que está acontecendo eu te conto um segredo meu, muito secreto. – ele me abraçou passando a mão nos meus cabelos.


- Fred me traiu. – disse encarando o teto rosa. – Só isso.


- “Só isso”? Eu acabo com aquele canalha! Quem ele acha que ele é para fazer isso com a minha irmã? Nossa, vou estourar aquilo que ele chama de cara! – ele disse cerrando os dentes.


- Calma, tá tudo bem... Bom, não, mas sei que vai ficar. Obrigada James.


- É para isso que servem os irmãos. Bom, um segredo por um segredo certo? – eu confirmei. – Tudo bem, o meu é um pouco mais secreto que o seu, e mais complicado, e você tem que jurar que não vai dizer nada!


- Juro! – disse fazendo nosso toque um pouco complexo.


- Bom, eu estou apaixonado.


Eu me sentei. James apaixonado? Caso histórico. Ele era do tipo que não demonstrava sentimentos, e quando demonstrava era de raiva.


- Por quem?


Ele respirou fundo fechando os olhos.


- Pela Rose.


Merlim! Isso sim é novidade.


- Pela... ROSE? Nossa prima? – perguntei detendo a risada.


- É... Mas ela nem nota isso. Mas você jurou que não vai contar! Mesmo sendo a melhor amiga dela, você tem que manter o bico calado, Lily! Eu confio em você!


- Fica tranqüilo!


Uma coruja pousou na minha janela e James foi abri-la para mim.


- Para você, é do... Fred. – ele deixou a carta na minha cama. – É melhor você ler sozinha. Hm... Vê se come alguma coisa, depois a gente se fala. – eu balancei a cabeça e o vi sozinha. Quando a porta se fechou, abri a carta com desespero.


 


Lily,


Tô indo ai na sua casa. Não fuja! Preciso muito falar com você.


Eu te amo apesar de tudo.


Com amor,


Fred.


 


Eu amassei a carta contra meu peito. Nossa! Eu queria tanto vê-lo! Ao mesmo tempo que não queria.


- Droga, Fred! – disse relendo a carta diversas vezes. – Eu te amo tanto, porque você tinha que estragar tudo?


- Lily! Abre ai! – abri correndo pensando ser James.


Mas era Albus.


- Ah, Albus... Oi. – disse com zero empolgação. – Que foi?


- Chegou uma carta pra você. Acho que é da Rose, foi Pitchinho que trouxe. – ele me entregou, analisando o quarto detalhadamente.


- Cara! Porque seu quarto é o dobro do meu?


- Porque eu sou superior, agora pode ir. – disse apontando a porta.


Ele continuou parado olhando meu quarto.


- Recebeu outra carta, é? – eu tentei colocar a carta debaixo do travesseiro, mas Albus foi mais rápido pegando ela.


- Devolve! – gritei.


Ele saiu correndo com a minha carta na mão, e eu fui atrás dele, escorrendo na madeira com a minha mãe.


- MÃE! Albus pegou minha carta!


- Mãe vem ver a carta da Rose!


Gritávamos e corríamos.


- MÃE! – dissemos em coro quando chegamos na cozinha.


- Mas por Merlim! Não me deixam em paz, nem por um segundo! O que foi dessa vez?


Albus sorriu e entregou a carta para mamãe enquanto eu tentava matá-lo mentalmente.


Minha mãe leu a carta.


- Um segundinho ai. Fred, o meu sobrinho, está vindo para cá. Ok! Mas porque ele pediu para que você não fugisse, e disse eu te amo apesar de tudo? Tudo o que senhorita Lily? O que você tem escondido de mim?


- Ai, nada mãe! Não tenho nem mais privacidade nessa casa?  Não é nada! É tudo uma... piada interna da qual vocês nunca entenderiam! – menti. – Que droga! Ficam pegando minhas coisas mãe! – eu peguei a carta de sua mão e voltou para o quarto me trancando dentro dele.


- LILY E FRED ESTÃO NAMORANDO! – ouvi Albus cantarolar do lado de fora do quarto.


- CALA À BOCA! – gritei chutando a porta.


Me sentei na escrivaninha e abri a carta de Rose.


 


Oi Lilindinha!


Tudo bem?


Bom eu sei que você odeia saber que estou sozinha numa casa com o Scorpius Malfoy, mas também sei que você esta querendo saber o que está acontecendo, certo?


HAHA


Bom está tudo bem, e como sempre te digo, ele é um fofo.


Ele cozinhou para a gente hoje, e mais tarde vamos assistir um filme de terror.


Bom, resumindo, tudo está as mil maravilhas.


Agora me conte suas novidades.


Beijos Rose.


 


Novidades? Não tinha novidades nenhuma!


Mas mesmo assim peguei um pergaminho.


 


Oi RoseRosa


Tudo indo...


É... Não gosto desse Malfoy, muito grosso na minha opinião, mas é a sua que importa.


Legal, mas você não morre de medo desses filmes?


Malfoy cozinha? Novidade!


Não tenho novidades. Minha vida é monótona.


É isso.


Beijos Lily.


 


Estava com tanto ódio que fui incapaz de evitar que minhas lágrimas caíssem na carta.


E nem sabia mais se o que eu sentia era ódio. Estava parecendo mais desespero, como se não pudesse mais respirar. Meu corpo ardia e minha mente girava.


Eu me deitei na cama para ver se aquela tontura acabava, mas apenas piorou. 


Vozes gritavam comigo, e meu coração disparava, fazendo que meus olhos perdessem o foco, me deixando quase cega.


Me levantei rumando ao meu banheiro.


- Respira, respira! – dizia para mim.


Me sentei no chão, olhando o banheiro por baixo. Tudo estava tão grande, como se eu fosse um... nada. Respirando com dificuldades, consegui me ajoelhar e alcançar a tesoura que beirava na pia.


- Desculpa, Fred. Mas já não tenho mais escolhas. – disse com a mão tremendo.


Essa era a última coisa que eu queria fazer, mas também era o único jeito de fazer com que todos esse sentimentos saíssem de mim.


Girei a tesoura na minha mão, e pegando um de seus lados aproximei cuidadosamente em meu pulso, cortando-o.


Ao ver o sangue que pingava no chão, comecei a chorar ainda mais. Fechei os olhos, e quando abri percebi que havia retalhado o nome do Fred no pulso. Não havia nem percebido. E me odiei ainda mais, não queria aquele nome lá. Só iria fazer com que eu não parasse de pensar nele!


Fiquei olhando a ferida e o sangue que se espalhava pelo piso.


A raiva, o ódio, o desespero, a dor, tudo havia passado. Minha mente estava vazia.


Me deitei ao lado da banheira, descansando os olhos. Eu estava como uma pedra.


Forte e sem sentimentos.


 


Ponto de vista. – Rose.


 


O meu coração acelerou e eu senti a pior tontura de toda a minha vida.


- Rose? Rose? Você está bem? – o loiro perguntou. – Rose?


Não consegui responder. Minha boca não se mexia, e meus olhos se fecharam involuntariamente.


Me vi no quarto da Lily, andando lentamente. Até que entrei em seu banheiro, e vi Lily jogada no chão ao lado de uma poça de sangue.


Eu gritava seu nome e pedia ajuda, mas som nenhum saia da minha boca.


Abri os olhos em um ímpeto de desespero.


- LILY! – finalmente consegui dizer. – Scorp, Lily! Ela não está bem! – disse tentando me levantar.


- Rose, se acalma. Respira, por Merlim, o que te aconteceu? Você desmaiou! – ele colocava a mão sobre minha testa, chegando uma febre inexistente.


- Eu vi Lily! E sangue! E...


- Por favor Rose, se acalma!


Eu o empurrei delicadamente para o lado, ficando em pé.


- Rose, olha para mim. – eu continuei andando de um lado para o outro. – ROSE!


Eu me virei para ele.


- Princesa, e se isso foi apenas um sonho? – ele perguntou se aproximando de mim.


- E se não foi?


Minha coruja voltou pousando na janela. Corri até ela, pegando a carta.


Eu e Scorpius a lemos juntos.


- Viu? Ela está bem! Deve ser o calor, você delirou!


- Você tem razão! Claro! Não sou vidente nem nada do tipo, certo? – ele confirmou me abraçando. Eu retribuiu. – Acho que é o calor.


- Então vamos ver um filme, para relaxar? – eu confirmei.


Ele ligou a tv, colocando o filme.


- Sabe, meu pai não me deixa ver tv. Nem temos uma em casa, ele diz que é coisa de trouxa! Então às vezes eu fujo de casa para ver... – ele disse, fazendo uma cara de cachorro abandonado. E como eu amava aquela carinha!


- Papai não gosta, mas deixa...


O filme começou. O exorcista, o original. Nos cobrimos com uma única manta, e arregalamos os olhos ansiosos.


- Se eu ficar com medo, você me protege? – perguntei olhando nos seus olhos azuis.


- Claro, minha princesa. Sempre vou te proteger.


E conforme o filme passava, mais próximos estávamos, até que quando me dei conta, estava deitada em seu peito. Eu fechava os olhos com medo, enquanto ele ria de mim.


- Não precisa ficar com medo! Não te disse que iria te proteger? – ele perguntou alisando meus cabelos.


Apenas sorri, continuando com os olhos fechados.


E quando o filme acabou, ele me levou até o quarto.


- Boa noite, Rose. – disse dando um beijinho na minha testa. – E lembre-se, sonhos são apenas sonhos.


- Tudo bem... Sabe, hoje foi legal. Só não foi perfeito por causa da minha alucinação de garota pirada.


- Rô, não precisa ser perfeito. Só precisa ser do nosso jeito. – eu segurei sua mão.


- Acho que o destino fez eu te conhecer... – eu disse.


- Não chame de destino as conseqüências de suas próprias escolhas. – eu o puxei para mais perto de mim.


- Scorpius! Pára de ser perfeito! – eu beijei a palma da sua mão. – Boa noite.


- Muito boa.


E ele se foi, encostando a porta.


 


 


Ponto de vista – Scorpius.


 


Me deitei na cama de casal e fiquei encarando o teto por horas intermináveis. Não conseguia dormir. Só conseguia pensar em Rose. Rose. Rose. Rose. Rose. Ah! Eu já disse Rose?


Eu não sabia mais se aquilo era realmente amizade.


Claro que é amizade Scorpius!


Aquietei minha mente e fechei os olhos. Estava quase dormindo quando...


- Estou com medo... – ela disse entreabrindo minha porta.


Eu ri de seu sorriso meigo e medroso.


- Vem cá. – disse fazendo sinal para a cama que eu estava.


Ela veio, na ponta dos pés.


- Sabe, é que meu protetor não estava lá no meu quarto... – ela sussurrou em meu ouvido me arrepiando dos pés a cabeça.


Eu a abracei pela cintura ficando bem próximo de seu rosto.


- Agora ele está aqui! E nenhum monstro vai tirar você dos braços dele! – disse beijando sua bochecha.


Ela corou.


- O meu protetor promete que nunca vai me deixar? – ela perguntou entrelaçando seus dedos no meu cabelo.


- Ele promete! Melhor dizendo, eu prometo. – ela me abraçou rindo.


- Eu sei que ele vai sempre estar ao meu lado.


A vontade que tive foi de beijar seus lábio terrivelmente vermelhos. Mas apenas sorri.


- Dorme minha pequena. Porque amanhã vai ser um longo dia...


E em segundos, ela já estava dormindo.


E eu demorei para dormir. Porque afinal, quem vai querer fechar os olhos quando se tem algo tão belo como Rose na sua frente?


 


 

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