Nosso céu



 


Capitulo quatro – O nosso céu.



 


Ponto de vista – Fred.


 


Você já quis desistir de tudo? Largar sua vida em um quarto escuro?


Estava me sentindo assim. Nada mais importava.


Perdi a única coisa que me fazia feliz.


 


Eae garotão? Como tem ido as coisas?


Você vem para casa, certo?


Ajude sua irmã á fazer as malas, porque se não ela resolve trazer até a cama junto, conhece ela, né?


Se quiser pode convidar seus amigos.


Até logo, papai e mamãe.


 


Amassei a carta e joguei para trás.


Tinha dito que não queria ir para casa. Sabia que eles iriam querer ir para casa do tio Harry no fim de semana e eu não queria ver Lily.


Iria ficar na casa do Ted, tentando decifrar, sozinho, aquele cubo maldito.


Claro que eu queria ir para casa! Reencontrar meus pais, e me divertir como sempre. Mas se não fosse aquela mania do papai de visitar os meus tios, isso não seria problema.


Eles aceitaram o fato de eu não ir para casa, mas senti uma ponta de frustração deles.


 


Chegando na estação King Cross, pude vê-los.


- Nossa! Você está cada dia mais parecido com seu tio. – disse papai bagunçando meus cabelos.


- Qual deles?


- Fred.


Nós sorrimos frouxamente. Era raro papai falar dele, e quando falava, ou ficava triste ou ficava bravo.


- Isso significa que estou parecido com você, não é? – perguntei diminuindo o volume de minha voz.


- Não, seu tio sempre foi o mais bonito. – rimos.


Abracei mamãe e a ouvi dar sua palestra de sempre.


- Se cuida, não apronta e vê se não fica o dia inteiro com aquele cubo! Se divirta! Mas com prudência. – ela disse antes de me dar um beijo na testa.


- Pode beber, que eu deixo!


- George! Claro que não pode beber, ele é só uma criança! – disse mamãe com os olhos arregalados. – Tchau, filho.


Eu a abracei demoradamente e depois abracei Roxanne. Coisa muito rápida, tipo de cinco segundos, depois nos encaramos com nojo e rindo.


- Tchau, pai.


- Tchau, filho. – ele me abraçou e depois sussurrou. – Pode beber sim.


Eu sai rindo. Tinha a melhor família do mundo, mas ainda sim não estava completa.


Nunca estaria sem Lily.


 


Ponto de vista – Lily.


 


- Pai, eu vi um dragão de verdade!


- E eu vi meu primo lutando com ele!


- É pai! Você tinha que ver! O Fred matou três deles, ele arrebentou.


- Deu um golpe de esquerda!


- E outro na garganta dele!


- Eu vi o sangue do dragão!


- Mas eu vi os olhos de dor dele!


Eu tampei os ouvidos. James e Albus gritavam contando tudo que aconteceu.


- Tudo bem garotos, um de cada vez! – pediu mamãe. – E sem gritar.


- EU PRIMEIRO! – disseram os dois juntos.


- Que tal você Lily? Nos conte o que seu primo Fred fez com os tais dragões! – disse mamãe se virando para me ouvir.


Meu coração acelerou. Dragões? Nem lembrava o que ele tinha feito com os dragões. Só conseguia pensar nos beijos que ele havia me dado. No baile perfeito e em seu sorriso de garoto sapeca.


- Ele matou eles. – disse com a mente muito longe dali.


- Ah! Mas me conte sobre o baile filha! Você nem ao menos mencionou com quem foi!


Papai arregalou os olhos, parou o carro no acostamento e se virou para me ouvir.


- Pai! Para quê você parou o carro? – perguntei.


- Oras, para prestar atenção no que você vai dizer! – ele disse me atacando com seus enormes olhos azuis.


Eu odiava andar de carro! Mas papai amava, ele dizia que era um jeito dele não esquecer do mundo trouxa. Para mim tudo aquilo era uma grande tolice.


- Bom, eu fui com o Fred... Agora volta a dirigir papai, porque quero chegar logo em casa! – pedi sem olhar para meu pai que cerrava os punhos.


Ele voltou à estrada.


- Que legal filha! Mas me conta, rolou alguma coisa de especial? – mamãe perguntou abrindo um suco de abóbora para James.


Meu pai se virou novamente.


- Mãe depois te conto, senão o papai vai ficar parando o carro a cada cinco segundos!


Ela sorriu me compreendendo.


E os meus irmão voltaram a gritar. Contando todas as aventuras.


Grandes aventuras. Todas sobre o Fred.


Eu estava ficando pior. Me encostei na janela, chorando.


 


Ponto de vista. – Rose.


 


Sai do trem ao lado de Scorp. Ele estava corado a beça. O puxei para o canto, encostando-o na parede e ficando em sua frente.


- Minha mãe já deve estar chegando.


Nós estávamos mais próximo do que normalmente. Ele sorria, me olhando nos olhos.


- O que foi? – ele apenas riu. – Ficai ai, me encarando que nem bobo! – brinquei apertando suas bochechas.  


- Sei lá, você é perfeita.


Quem visse nós dois juntos, iria achar que nós estávamos com alguma doença ou que ficamos loucos ou drogados.


Mas não era nada demais. Apenas amigos.


Nada além de amigos.


E por mais que Hugo tivesse me enchido o saco dizendo que não era amizade e sim amor, eu sabia que não passava de amizade.


- Eu? Perfeita? Onde? – perguntei olhando para os lados como se procurasse alguma coisa.


- Não sei explicar. Você é apenas... perfeita. – então percebi que ele estava se aproximando, tão lentamente que ninguém além de mim poderia notar.


Ele colocou sua mão sobre a minha e eu o ajudei a quebrar ainda mais a distância.


- Filha!


Eu me afastei rapidamente, ficando ao seu lado com cara de inocente. Afinal, eu sou uma garota muito inocente.


- Oi! – eu a abracei. – Tudo bem, mamãe?


- Claro! Então esse é o Scorpius Malfoy? – ela perguntou o analisando dos pés á cabeça. 


- Sim mamãe. – disse sorrindo.


- Prazer, senhora. Muito obrigada por me deixar passa o fim de semana na sua casa. – ele disse ajeitando a roupa e sorrindo.


- Prazer. Tudo bem, mas Rose não lhe contou que vocês não vão ficar em casa?


Droga! Tinha esquecido de falar á ele.


- Não senhora. Onde vamos ficar? – ele perguntou olhando aleatoriamente para mim e para minha mãe.


- Vão ficar na casa da praia dos tios da Rose. Porque o pai dela, bom... Ele não gosta muito de você, então nem vamos falar que você está com ela. Vamos falar que ela está na casa de uma amiga. Eu sei que Rose é responsável então vocês não vão se importar de ficar sozinhos, certo?


- So-sozinhos? – ele disse tossindo, e me olhando assustado.


- Sim! Vocês não se importam certo? – minha mãe perguntou olhando para os lados procurando Hugo.


- Claro que não, mamãe, não é mesmo Scorp?


O garoto estava sem reação.


 


 


Ponto de vista – Scorpius.


 


Não estava mais ouvindo o que as duas estavam falando. Só conseguia pensar:


Eu. Rose. Sozinhos. Casa da praia. Sozinhos! Sozinhos! Sozinhos!


 


- Não é mesmo, Scorp?


Eu pisquei algumas vezes tentando me concentrar.


- É sim! Claro! Sem problemas!


- Tudo bem, então! Rose onde está o seu irmão?


- Está conversando com Margô Felicie, mãe. – ela disse abrindo aquele sorriso maravilhoso que parava o trânsito. Pelo menos o MEU trânsito.


- Margô? Quem é Margô? – a senhora Weasley tinha os traços idênticos ao de Rose. Menos a cor do cabelo, que era diferente. Ambas eram lindas, e tinham um jeito serio e divertido de ser.


- Uma francesa pela qual ele se apaixonou. Ah! Olhe ele ali, já está vindo!


Hugo vinha com a mente longe. Ele era a versão mini e masculina de Rose. Mas tinha um ar mais sapeca. Era o tipo de garoto que quebraria sua vidraça com uma goles.


- Então tá! Todos estão aqui! Já podemos ir!


Fomos para fora da estação e o que eu não queria estava lá.


O meu maior medo. Meu maior pesadelo. O enorme monstro de ferro. O objeto terrível dos trouxas. O carro.


- Ér... A gente vai... nisso ai? – perguntei me arrepiando.


- Sim. Porque? – eu tremi. – Ah! Vai dizer que nunca andou de carro, Scorp? – Rose perguntou.


- Bom... nunca. – disse ainda meio desnorteado.


Os três Weasley’s riram alto.


- Você vai gostar, vem! – ela disse me puxando. – É divertido. Quer dizer, bom... É normal, é nossa rotina! A não ser quando estamos com papai, porque ai é diferente, ele ama usar vassouras, aparatar, usar pó de flu e etc.


- Então, não podemos ir de pó de flu? – eu perguntei.


- Entra logo no carro, seu medroso! – zombou Hugo.


Eu entrei, tentando não me encostar em nenhum canto do carro. Hugo sentou entre eu e Rose nos separando, e na frente a senhora Weasley.


Ela ligou o carro e nós começamos a andar. Por trás de Hugo, Rose me deu a mão, e eu fechei meus olhos.


- Vai dar tudo certo! – ela disso rindo.


E deu.


Foi uma viagem tranqüila e prazerosa. Fomos conversando, a senhora Weasley tentando me conhecer. Hugo ficava me fuzilando com os olhos quando via que eu estava encarando Rose por tempo demais.


- Hugo, vamos te pedir um favor. Quando papai te perguntar onde Rose está, diga que ela está na casa de uma amiga, ok? – pediu a senhora Weasley.


- E ela não estará?


- Não, filho. Ela vai estar na casa da praia do seu tio Gui, mas nem ouse em falar isso para o seu pai! – ela disse dando ênfase ao “ouse”.


- Porque eu faria isso por Rose? – ele perguntou cruzando os braços.


- Porque ela vai te ajudar com a Margô! – Rose a encarou assustada. Eu ri de sua cara.


Fala sério! Rose é linda até assustada!


- MÃE!


- Rose Weasley! Você quer que seu irmão nos ajude ou não?


- Sim!


- Então ponto final! Bom é isso! É aqui que vocês ficam! Saltem! – ela brincou destrancando as portas do monstro.


Eu sai correndo do carro.


- Obrigado senhora Weasley, até mais! – tipo: “até mais sogrinha!”, calma gente! Só estou brincando! Eu e Rose somos apenas amigos.


- Volto daqui uma semana, me mande uma carta, Rose. Tchau, Scorpius.


E saiu levantando areia.


Ela me pegou pelo braço, é nós descemos o morro.


- UAU! – suspirei.


Era tão lindo. Simples, mas lindo!


Era um chalé que parecia ser feito de areia. Ficava em frente a praia.


Em frente? Quis dizer, na praia.


Era tudo perfeito. Rose foi correndo até a casa.


Fui atrás dela quase caindo na areia.


- Eae o que achou, senhor Malfoy? – ela perguntou colocando a mala no chão.


- Magnífico! Nunca fiquei em uma casa da praia. – disse jogando minha mala no canto da sala. – Bom... o que vamos ficar fazendo?  - perguntei tirando o casaco e a camisa. Estava tão quente.


 


Ponto de vista – Rose.


 


Merlim! Que tanquinho era aquele! Senhor, para quê tudo isso? Querendo me matar por acaso?


Ele chacoalhou o cabelo bagunçando-o. Ele estava tentando cometer um homicídio! Pára de ser perfeito Scorpius!


- Então, Rô, o que vamos ficar fazendo?


Acorda Rose! E pára de olhar para a barriga super mega definida dele!


- Ah! É... sei lá, o que você quer fazer? – perguntei mordendo os lábios, tentando o máximo subir meus olhos.


- Eu não sei, só sei que eu vou te pegar!


DEUS DO CÉU! Scorpius vai me pegar? Como assim? Ele vai me encher de beijos? Vai me morder? Ai Merlim! Do que ele tá falando?


- Me pe-pegar? – perguntei andando para trás.


- É! Pega-pega, tá comigo! – e começou a correr.


Idiota! Ele está falando de pega-pega e não de te pegar de jeito! Agora pára de pensar e corre, Rose!


Tirei o casaco e saí correndo, gritando feito louca.


Demos á volta pela casa, diversas vezes, até que ele me pegou. Depois eu fiquei correndo até pegar ele. O peguei rapidamente, Scorpius não era um excelente corredor.


- Tá com você!


Ele foi correndo atrás de mim. Entramos na cozinha, ele me alcançou, me pegando por trás.


Com suas mãos na minha cintura, ele apoiou sua cabeça no meu ombro, enquanto nós respirávamos ofegantemente.


- Tá com você, amor.


Amor! Scorpius me chamou de amor! Calma Rose! Respira! É só um apelido carinhoso de amigos! Só isso!


Eu continuei parada, sentindo sua respiração na minha nuca.


Estava aérea. Não sabia o que fazer, não queria me soltar de seus braços fortes. Até que senti seus lábios nos meus ombros, me beijando lentamente nas costas.


MEEERLIM! Scorpius está com seus lábio em meus ombros! AH!!!


- Essa é a hora que você vem correndo atrás de mim, Rose!


- E essa é a hora que você foge de mim, Scorp!


- A gente faz tudo errado mesmo. Então foda-se, ninguém precisa fugir de ninguém. – ele disse antes de me pegar no colo, e sair correndo rumo ao mar.


 


Ponto de vista – Fred


 


Eu não era do tipo que chorava. Era o ultimo garoto do mundo que você veria chorar, mas desde que perdi Lily, isso era freqüente. Chorava, chorava, chorava, chorava sem parar.


Não conseguia nem me concentrar no cubo.


Pedi licença á Ted e fui para o jardim. Ao chegar lá, me sentei no chão, olhando para o céu. Para a lua, e para as estrelas.


Naquele momento, o céu era tudo que eu tinha. O céu era a única coisa que eu dividia com Lily naquele momento. Porque eu sabia que não importava o lugar do mundo que ela estava, ela também estaria com o mesmo céu que eu.


Era o meu céu. O céu dela. O nosso céu.


Como amar alguém que te odeia? Como continuar a respirar, quando seu ar foi embora? Como continuar sobrevivendo, quando alguém levou seu coração?


Sem Lily, eu era como um céu sem lua.


Como beija-flor sem flor! Eu não sabia onde ela estava e nem ao menos como ela estava, eu queria estar ao seu lado, não importava onde.


E isso iria acontecer! Eu iria atrás dela! Iria fazer mais uma loucura na minha vida! Uma loucura que iria ajudar a definir meu futuro!


- Eu vou atrás de você, Lily! Você querendo ou não! – disse mirando o céu.


O nosso céu.


 


 

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