O inferno dele



Capitulo nove – O inferno dele


 


Ponto de vista – Rose.


 


As coisas estavam... normais. Difíceis, mas normais.


Bom, entre eu e a minha família, tudo continuava bem. Mas dentro de mim tudo estava errado. Tudo tão confuso e me machucando tanto.


- Você vai na frente Rose?


- Sim.


Atravessei a parede, coisa que sempre me deixava desconfortável. Mas logo meus ânimos melhoraram quando eu vi o expresso de Hogwarts. Significava que era hora de voltar.


Meu pais encontraram com os meus tios, e papo vai e papo vem, tudo tão agradável, eu lá, super de boa, conversando com os meus primos quando vi Scorpius entrando no trem com a sua “galera”.


Nossa, que ódio! Foi o pior momento da minha vida.


- Rose, querida você está bem? – eu voltei a rodinha familiar sorrindo torto.


- Sim tia. – eu disse não acreditando no que eu mesma tinha dito.


- Então crianças, acho que já está na hora de vocês irem. – meus tios se despediram de todos nós e foram embora, atrasados para algum compromisso.


Meus primos entraram primeiro no trem e foram reservar alguma cabine para nós.


- Filha, venha cá. – mamãe me puxou para longe de meu pai e do meu irmão.


- Mãe, se for algum sermão, poupe-me dele hoje. Não quero ficar ouvindo e ouvindo coisas sobre...


- Ei garotinha! Acalme-se! Nada de sermão! Chame isso de conselho.


- Ok, então pode começar.


- Não faça parecer que isso é uma tortura, Rose! – eu confirmei. – Olha, eu não sei o que aconteceu entre você e aquele garoto e também não quero saber. Mas quando estiver pronta para contar, serei toda ouvidos. Mas você precisa se resolver com ele, querida.


- Porque? Porque não posso deixar as coisas como estão?


- Rose, quanto tinha a sua idade eu brigava tanto, tanto com seu pai! E olha no que deu! Casamos e tivemos dois lindos filhos. Mas e se eu não tivesse perdoado os erros dele? E se ele não tivesse perdoado os meus? O que teria sido?


- Mas mãe! Scorpius me tratou como idiota! Porque perdoaria alguém como ele? Um puro-sangue metido que não liga para mim.


- É isso que ele quer que você pense. Que ele não liga. Mas acredite, ele te ama. Eu vi isso, quando estavam se olhando um nos olhos do outro, quando vim buscá-los aqui!


Eu corei.


- Mãe, você não entende. Ele não me ama. Não significo nada para ele.


- Filha, não importa! Dar segundas chances as vezes faz bem a você e a outra pessoa!


- E se eu te disser que já dei a segunda?


- Então dê a terceira!


Pensei tanto a respeito do que ela tinha me falado, mas minha mente ainda voava e meu coração ainda doía.


- Já está na hora de ir mamãe.


- Tudo bem, mas pense no que eu lhe disse. – ela me deu um beijo na testa e sorriu. – se divirta com responsabilidade. E seja forte!


- Pode deixar. Até em breve.


- Até.


Fui até papai com a intenção de dar um breve tchau sem discursos, sermões, conselhos e etc.


- Ah... bom... Não preciso dizer nada né? Você já sabe. Faz o que quiser fazer, mas não se atreva a falar com aquilo, quero dizer, aquele garoto. Ok?


- Aham.


- Por Merlim, Rose! Me obedeça hein? Já sabe as conseqüências se falar com ele, correto?


- Sim, papai.


- Não queria estar sendo chato com você querida, mas... Você tem que se ficar ciente que os Malfoy’s não prestam!


- Tudo bem, eu já entendi.


- Ok, então boa viagem. – ele me abraçou e me deu um beijo na bochecha. – Se divirta na escola.


- Vou fazer isso.


Eu e Hugo entramos no trem. Ambos ansiosos.


- Todos as cabines estão cheias, Hugo!


- Nossos primos estão lá no ultimo vagão, vamos lá.


Fui caminhando, e cambaleando ao mesmo tempo. Foi quando, desnecessariamente, olhei para o lado e vi Scorpius na cabine com seus amigos nojentos.


Ele ao menos parecia feliz. Muito mais do que eu. Ele ria e fazia piadas, fazendo os paspalhos rirem. E Parkinson gargalhava falsamente, colocando a mão sobre seu braço, pensando que realmente o conhecia. Ridícula!


- Ei, Rô! Esquece ele! Vamos! – Hugo me puxou.


Continuei andando no estreito corredor, segurando as lagrimas. Não queria mostrar o quão fraca era.


Abri a cabine e entrei junto com meu irmão. Meus três primos riam, tendo alguns segundos de paz. O que era raro entre o três irmãos. Eles sempre brigavam por tudo e qualquer coisa.


- Rose, deixa que eu coloco! – rapidamente James se levantou pegando a mala da minha mão e colocando sobre o bagageiro.


- Ah! Obrigada!


Nos sentamos. A viagem ia ser longa. Parecia que ninguém tinha nada a falar.


- Onde está Fred? – perguntei quebrando o gelo.


- Na cabine dos monitores chefes...


- Ah...


Silêncio novamente....


- Albus, tem novidades? – Hugo perguntou também na tentativa de iniciar alguma conversa.


- Ah! Eu e James terminamos de construir a casa da arvore. Ficou excepcional!


- Máximo! Eae James, deu muito trabalho?


James era tão calado. Nunca abria a boca para nada. Mas apesar disso eu sabia que ele era um garoto muito legal.


- Nem, foi bem suave...


- Quem quer guloseimas? Quem quer guloseimas? – perguntou a senhora que vendia doces pelo trem.


Em cerca de poucos segundos, os três garotos já sem espremiam pela porta para poderem gastar seus galeões com os melhores doces.


- Quer algum doce Lily? – Albus perguntou fofamente para a irmã.


- Não, obrigada.


- E você, Rose? – James perguntou.


James falando... E ainda comigo! Coisa rara viu!


- Não obrigada.


Os garotos voltaram para dentro da cabine com as mãos cheia de guloseimas de vários tipos.


Lily sorria pro nada.


- Tudo bem, Lily? – perguntei.


Victorie, Roxanne, Molly, Clair, e todas minhas outras amigas eram perfeitas! Amava todas, mas ainda assim, Lily era minha preferida. Apesar de ser mais nova, ela sempre me entendia. Sempre me apoiava, (a não ser quando o assunto era Scorpius) e sempre me fazia rir.


- Sim, estou meio avoada...


- É o amor!


- Acho que sim. – ela disse rindo timidamente.


- PELAS BARBAS DE MERLIM! É O MEU PAI!


Como já disse, era muito raro ver James falando. Mas gritando, eu nunca tinha visto!


- Como assim? – perguntamos em coro.


- Olhem! Papai na figurinha do sapo de chocolate!


A figurinha foi passando de mãos e mãos e todos brilhavam os olhos ao ver tio Harry no cartão.


- Nossa eu vou comprar mais sapo de chocolate!


- Eu também!


- Me esperem! Também vou.


Assim, apressadamente, Lily, Hugo e Albus saíram ansiosos para comprar mais chocolate.


- Deve estar orgulhoso. – eu disse para James que olhava para a carta sem parar.


- Estou sim.


- Afinal, deve ser o máximo ser filho de alguém que destruiu o maior bruxo das trevas de todos os tempos!


- Ah... Na verdade, não é não.


- Não? Porque não?


- As pessoas esperam que eu seja igual ele, sabe? Esperam sempre o máximo de mim. Mas eu sempre as desaponto porque não tenho o máximo. Não tenho nada! Não mato dragões, não acabo com dementadores, não sei jogar quadribol e não sei nem ao menos executar um patrono. E as pessoas sempre se frustram com isso. Mas eu apenas sou o James. Um garoto que não tem nenhum talento.


- Pára James! Não diz isso! – eu troquei de banco sentando-me ao seu lado. – Você tem ótimos talentos!


- A é? Diz um útil!


- Poções! Você é ótimo em poções e para mim isso é muito útil! A inútil aqui sou eu! Eu que não tenho nenhum talento!


- A cala a boca, Rose! Você é a garota mais inteligente da sua idade, e você não precisa de mais nada!


Nada... Eu não preciso de mais nada? Scorpius! É apenas isso que preciso!


Calada Rose! Você não precisa de nenhum garoto ridículo!


- Como se isso levasse alguém a algum lugar!


- Claro que leva! Inteligência abre todas as portas! Ainda mais quando se junta com a beleza.


Eu corei terrivelmente.


 


Ponto de vista – James


 


Ai Merlim o que eu estava falando? Além de deixar Rose corada, devia estar deixando ela assustada.


- Ah, obrigada, eu acho.


Eu ri meio abestadamente, só para “variar”.


- É... Rose. Eu, confio em você mais que nos outros.


Merlim! Porque estou dizendo essas tolices?????


- Quer me contar alguma coisa, Jay?


“Jay!!!” Ela me chamando pelo apelido. E eu derretendo.......


- Ah... Acho que sim.


- Tudo bem, pode confiar em mim.


Começou agora fala, James!


- Rose, eu...


- AH ME SOLTA ALBUS! SAI DAQUI, MENINO! – Lily veio fazendo escândalo como sempre.


Caracas! Ô família que ama interromper viu!


- Ai vocês! Que foi dessa vez? – disse separando Lily e Albus.


- Ah! Esses dois são encapetados, vou te falar viu! Só arrumam confusão! – disse Hugo tapando os ouvidos.


- O que foi? – perguntei mais uma vez, barrando Albus, que franzia o cenho de raiva.


- Ela fica se agarrando com o Fred no meio do corredor! Você acha que pode um absurdo desses? Na minha frente! Nunca mais deixo aquele meu primo tarado encostar a mão nela! Que folgado, viu! – Albus gritou a olhando com nojo.


- Onde ele te... encostou, Lily? – eu disse tentando parecer compreensivo.


- E você pára de ser curioso, James! Ele só me pegou no colo só isso! O Albus que é exagerado mesmo! – ela disse tentando bater nele. – Tinha que ter ele para interromper o momento!


- Calminha ai, vocês! Albus pede desculpa pela sua intromissão e inconveniência!


- Eu não! Fred pegou ela pela bunda mesmo! Ficou se esfregando e...


Quero vomitaaaar! Arrgh!


- Não quero saber dos detalhes! Peça desculpas! Você não tem nada a ver com isso! Ele coloca a mão onde bem quiser nela, portanto que ela deixe!


- Isso ai!


- Ah que seja! Desculpa.


Todos respiravam fundo se acalmando. Logo tudo estava bem. E Rose nem devia mais lembrar das besteiras que tinha dito e muito menos da que eu iria dizer. Ufa!


- Você foi bonitinho, acalmando os ânimos! – Rose disse baixinho só par mim.


Porque ela era tão perfeita?


- É... Se não sou eu, esses dois se matam.


Ela riu. E que risada perfeita!


- Mas e então... Você não ia me contar alguma coisa?


- Érrr... Sabe... É que eu ia... Lily e o Fred com seu cubo? – eu disse mudando o assunto completamente.


- Ah! Eu e Fred estamos quase conseguindo. Só precisamos mudar só mais uma linha de cores e acho que conseguimos algum resultado! – ela disse abrindo um sorriso de orgulho.


- Excelente!


- Não mude assunto, mocinho! Você ainda tem contas a prestar para mim! – Rose cochichou.


- Depois, tudo bem?


- Ok.


 


Ponto de vista – Rose.


 


Quando tudo se acalmou e o silêncio voltou a reinar, me voltei a janela, pensando na vida.


Se é que aquilo poderia ser chamado de vida.


Andava tão ruim... Eu só queria que meu cupido não fosse tão desastrado! Ele fez tudo desandar! Estava tão bom! Meus amigos, a escola, minha relação com os professores, tudo era perfeito! Porque Scorpius tinha que se meter no meio de tudo e abalar minha vida? Onde foi que eu errei?


Eu estava tão confusa! Mamãe dizia para eu falar com ele, e papai dizia para não falar com ele! Quem eu iria ouvir?


Hugo talvez.


O intrigante é que Hugo não tinha dado nenhuma opinião sobre o assunto. Nenhuma mesmo! Sim, Hugo xereto, e mala que adora se intrometer na vida dos outros, não tinha me dado nem ao menos um conselho.


Olhei para ele. O garoto viajava assim como eu. Pensando, em quem sabe, na Margô.


Pobrezinho, eu realmente tinha que ajudá-lo com a garota. Era mais que minha obrigação como irmã!


Mas ainda tinha muito ao que resolver!


Me virei para James, deitando-me em seu ombro. Ele era um garoto muito acolhedor.


- Vai me dizer agora? – perguntei quando todos os outros já tinham dormido.


- Rose, eu não tenho nada a dizer. Pelo menos não agora.


Ele disse vermelhinho.


- Quando estiver pronto, serei toda ouvidos. – disse imitando a frase de minha mãe.


- Obrigado.


 E assim eu dormi em seu ombro, na duvida.


 


Ponto de vista – Scorpius.


 


- Acho que logo vamos chegar. Vou colocar minhas vestes.


Me levantei e fui andando até o banheiro. Estava tão mal!


Por dentro: despedaçando. Por fora: sorrindo e rindo.


Enquanto andava até, parei na cabine onde Rose estava. Todos dormiam. E pior ainda, Rose dormia agarrada naquele Potter nojento!


Senti meu sangue queimar. Idiota, quem ele achava que era para ficar abraçando a minha Rose?


Porque eu tive que estragar tudo? Porque tive que cortar tudo que tive com ela? Porque no fundo eu sabia que a amava. Muito! Arghhh!


Scorpius idiota!


- Porque alguém tão lindo está andando pelo trem desacompanhado?


- Qualé Demetria! Me dá um tempo vai!


- Porque se fazer de difícil, porque não diz logo que está afim? – ela perguntou me fechando entre ela e a parede.


- Porque não estou. Sai da minha frente!


- Ah, Scorp! Todos acham que estamos namorando!


- TODOS? – perguntei assustado com a noticia assombrosa. – Pois estão todos enganos, certo?


- Será? Realmente será que você não está afim de mim?


- Claro que não estou, sai daqui!


- Shhhh.... – ela me beijou.


ECA!


Foi o beijo mais babado da minha vida!


- Agora faz a pergunta que não quer se calar! – ela disse com voz sedutora quando nos separamos.


- Quando a sua bába vai sair da minha boca?


Ela virou os olhos revoltada.


- Me pede logo em namoro Scorpius?


Oxi! O que essa menina tinha fumado?


- Para quê vou cometer essa insanidade?


- Para quê? Oras como assim?


Para fazer ciúmes para Rose é claro! disse o diabinho dentro da minha mente.


- Ah claro! É... Tu quer namorar comigo?


- Claro!!!


E foi a partir daí que meu inferno começou...


 


 

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