Don't Move - The End





Capítulo 19: Don't Move


 - Uau. – foi o que Lily disse quando entrou pela sala e olhou ao redor. Quem observasse bem, poderia ter notado o brilho de mágoa no olhar dela quando este caiu sobre James Potter. Mas foi apenas por um segundo, que passou rápido, e logo ela estava completamente bem, como se o garoto de óculos não significasse nada.


 Lily deixou a bolsa cair no chão com displicência e apoiou o ombro no batente da porta, passando a mão distraidamente pelos cabelos ruivos soltos, fazendo com que balançassem lindamente. James retraiu um suspiro apaixonado, pensando que o short jeans rasgado que ela usava lhe caia perfeitamente bem.


 Katherine deixou um suspiro cansado escapar pelos lábios, sabendo perfeitamente o que estava acontecendo ali. Se pudesse escolher, preferiria mil vezes ver Lily louca e desesperada, gritando, se descabelando, quebrando sua casa, do que com aquele jeito casual e despreocupado, que significava muito mais do que deixava transparecer. Kate sabia que Lily estava arrasada por dentro.


 A loira trocou um olhar significativo com Leona, que parecia meio chocada com a reação da amiga de sua namorada.


 - Uau. – Lily repetiu. - O que ‘tá rolando aqui? – perguntou, puxando um maço de cigarros do bolso traseiro dos jeans. – Um ménage?


 Ninguém respondeu. Cada um com seus próprios pensamentos.


 - Fico feliz que não tenha encontrado ninguém pelado. – continuou a ruiva, com um sorriso de lado. – Até que se vestiram rápido. – aprovou, tirando um cigarro do maço.


 Katherine fechou os olhos, procurando um modo de não se aborrecer com a amiga. Francamente, isso era coisa para se dizer em uma situação como aquela?


 - Lily, veja só, nós... – começou, dizendo a si mesma que aquele era o jeito que sua amiga encontrou para lidar com momentos difíceis, mas foi interrompida:


 - Tem isqueiro? – Lily perguntou, apoiando o cigarro nos lábios e guardando o maço de volta no bolso.


 Leona se sentou, prevendo que aquilo demoraria mais do que o seria necessário. Pegou um copo de suco na bandeja e tomou metade de um gole só. Não estariam nessa situação se não fosse por ela.


 James se manteve calado, observando Kate suspirar de novo, parecendo desejar estar em qualquer lugar menos aquele. Ele não podia dizer o mesmo. Estava imensamente feliz em ver Lily, apesar das circunstancias.


 - Não adianta evitar o assunto. – ralhou Kate. – Eu quero esclarecer que James só está aqui porq...


 Foi interrompida mais uma vez.


 - Então não tem isqueiro? – perguntou Lily, parecendo horrivelmente desapontada.


 James franziu a testa, confuso, e se pronunciou:


 - Lily, eu vim aqui para... – e também foi cortado.


 - Oi, Potter. – cumprimentou Lily, surpresa, parecendo notar agora que ele estava na sala. – Tem isqueiro?


 Leona tinha um isqueiro no bolso do jeans, mas não estava confortável para emprestá-lo. Concentrou-se no suco, tentando não chamar atenção, com medo de que Lily resolvesse incriminá-la sobre seus problemas agora.


 - N-não... – James gaguejou. – Eu só queria dizer...


 - E você, Leona? – perguntou Lily, ignorando James. – Tem isqueiro?


 Leona ia responder, e chegou até a gesticular, mas Katherine mandou-lhe um olhar, que dizia claramente para que calasse a boca.


 - Eu sei que quer uma explicação. – disse Katherine.


 - Mas eu só pedi um isqueiro. – discordou Lily. – O sinônimo de “explicação” agora é “isqueiro”? – perguntou, divertida.


 Katherine desistiu. Jogou as mãos para o ar, num gesto frustrado. Lily não queria falar do assunto. Ponto final.


 - Não fizemos um ménage, não tinha ninguém pelado aqui e não temos isqueiro. – desabafou a loira, de um folego só. – Mas se quiser mesmo fumar, tem fósforo na cozinha. – acrescentou.


 Lily sorriu para a amiga e se encaminhou para a cozinha, que sabia perfeitamente onde ficava. Os três na sala ficaram olhando-a sumir pelo corredor, com expressões que iam da confusão ao entendimento.


 - O que foi isso? – perguntou Leona, expressando assim o pensamento de James.


 Katherine olhou para os dois adolescentes e respondeu, simplesmente:


 - Ela está fingindo que nada aconteceu. – esclareceu, dando de ombros e expulsando qualquer ressentimento da amiga. Ela pegou um copo de suco na bandeja e molhou os lábios, pensativa.


 James pensou no assunto.


 - Mas ela... nem quis saber o que eu estava fazendo aqui. Como se não se importasse comigo. – disse ele, meditando.


 Foi Leona quem respondeu:


 - Você a escorraçou e blasfemou na frente de todo mundo. – acusou a moreninha. - Esperava que ela continuasse se humilhando para você até quando, James?


 O garoto fechou a cara, pensando que Lily não poderia ter se esquecido dele tão rapidamente assim. Katherine lançou um olhar duro à Leona, como se a repreendesse mentalmente.


 - O que? – perguntou Leona. – É verdade. – se defendeu.


 Kate revirou os olhos.


 - Eu sei. – afirmou ela. – Mas não precisa jogar isso na cara.


 James suspirou e se levantou, esfregando as mãos no rosto.


 - Tudo bem – disse. – Mereço isso.


 Katherine deu aquele sorriso carinhoso, parecendo bem maternal naquele momento.


 - Até merece. – respondeu. – Mas fique tranquilo. Essa é a maneira que Lily encontrou de seguir em frente.


 Seguir em frente? O que implicava seguir em frente? Esquecer-se dele e encontrar alguém mais interessante? Escrever um novo livro? Sair da vida dele e nunca mais voltar? Como se ele nunca tivesse existido? Como se a história deles não valesse nada?


 E se fosse tudo isso, o que exatamente James estava fazendo ali? Fora até ali para falar com Katherine, mas se recusara a sair quando Lily chegara. Porque? Para que? Talvez esperasse vê-la triste e amuada. Talvez esperasse que ela caísse em lágrimas quando o visse. Que acusasse a amiga de traidora por tê-lo ali dentro de sua casa.


 Mas nada disso acontecera. Pois Lily estava seguindo em frente. E não era mesmo do feitio dela parar a própria vida por causa de um garoto de dezessete anos mimado e egoísta.


 Se é assim, porque James estava ali? Porque não ia embora?


 Porque ele a amava. Porque ficara simplesmente furioso quando descobrira que ela tentava seguir em frente. Estava ali porque não a deixaria seguir em frente.


 James, sem dizer nada, com uma determinação que não sentia a meses, seguiu a passos firmes pelo caminho que Lily tomara. Ele não hesitou ao passar pela porta da cozinha, mas se esqueceu completamente do que dizer ao ver Lily sentada na bancada, os cotovelos apoiados nos joelhos, o cigarro aceso entre os dedos.


 Não estava chorando, nem cantarolando alegremente, mas parecia levemente abatida, como se tivesse acabado de acordar, ou tivesse com dor de cabeça, ou tivesse acabado de levar um susto.


 Lily levantou os olhos quando o ouviu chegando. E deu um sorrisinho de lado ao ver o exemplar de Love Each Day que ele carregava.


 - Veio me bater com o livro de novo? – perguntou, divertida.


 James abaixou a cabeça, envergonhado.


 - Não. – respondeu, sem levantar a cabeça.


 - Que bom, porque o livro é pesado, sabe? Dói um bocado. – Lily comentou amigavelmente.


 - Não vou te bater. – James jurou, colocando o livro na bancada ao lado da ruiva.


 Lily tragou o cigarro e deixou a fumaça escapar por seus lábios distraidamente. Ela não respondeu. Ou fingiu não ouvir.


 - E me desculpe por ter te batido. – disse ele, sincero. Estava mesmo arrependido. – Eu estava com raiva. Não quis bater em você.


 A mulher olhou para o garoto. James levantou os olhos para o rosto dela, esperando uma resposta.


 - Quis sim. – respondeu ela. – Bem lá no fundo, você quis. – acusou.


 - Não quis, não. – James voltou a afirmar.


 - Se não quisesse não teria batido. – Lily retrucou tragando mais do cigarro e soprando a fumaça em James. – Mas acho que eu mereci, não?


 James abanou a fumaça do rosto com um aceno de mãos.


 - Francamente, eu não sei. – respondeu.


 Lily sorriu e apagou o cigarro na bancada. Jogou-o pela janela.


 - Nesse caso, acho que devemos deixar a questão em aberto e seguir nossas vidas. – sugeriu ela.


 - Não acho que seja tão simples.


 - E eu não vejo onde está a complicação.


 James olhou-a nos olhos. Lily os desviou e saltou da bancada, passando por ele e andando até a porta. O garoto sentiu o estomago esquentar com a raiva e disse, sem se virar:


 - Então é isso? Vai seguir sua vida? Seguir em frente? Como se não fosse nada?


 Lily parou de andar, sentindo as palavras dele se chocarem contra suas costas. Virou-se lentamente e perfurou o moreno com o olhar. Porque ele tinha que remexer essas coisas?


 - E o que espera que eu faça?   


 O garoto de óculos se virou, o rosto sério, sem deixar transparecer a raiva que estava sentindo. Como ela ousava tentar seguir em frente sozinha? Como ela ousava seguir em frente sem ele?


 Mas era uma boa pergunta. O que ele esperava que Lily fizesse? Chorasse para sempre? Entrasse em depressão? Lily?! Em depressão?! E percebeu que era exatamente isso o que ele esperava.


 Acabou sem ter o que responder. E abaixou a cabeça de novo, sem coragem para olhá-la.


 Lily não havia desistido.


 - O que espera que eu faça? – repetiu, sentindo que estava prestes a desabar. Porque sempre ficava assim perto dele? - Você já deixou bem claro que me acha podre por dentro, então porque insiste em me perseguir? – desabafou, sentindo sua barreira casual se partindo em pedacinhos.


 James levantou os olhos e sua expressão estava sofrida. Nunca se sentira tão culpado como se sentia agora.


 - Lily, eu não... – começou, mas não soube como terminar. – Eu só queria que... – e não terminou novamente. Não sabia o que dizer.


 - Vá a merda, Potter. – foi o que Lily disse, antes de dar as costas à ele. Sairia daquela casa antes que acabasse se machucando de novo. Não estava na expectativa para outra visita ao psicólogo.


 O moreno sentiu a raiva crescer e acabou indo atrás dela.


 - Droga, Evans! – disse, alto demais. Na sala, Katherine e Leona se entreolharam, preocupadas.


 James e Lily pararam no meio do corredor. A mulher se virou e olhou-o com desgosto. Estava sentindo uma maldita vontade de chorar.


 – Será que dá para me ouvir?! – pediu James.


 - Não! – respondeu Lily. – Toda vez que eu paro para te ouvir, acabo sendo humilhada. Você insulta o que eu faço, insulta o que eu sinto por você. Me condena pelos meus erros. – acusou, apontando um dedo para o peito dele. - Mas mal consegue encarar os seus!


 - Não ‘to aqui para te humilhar, muito menos para te condenar. – se defendeu. – Já fiz isso mais do que o suficiente... – acrescentou, culpado novamente.


 Lily riu histericamente.


 - Poxa, agora você se arrepende?! – zombou, rindo de novo.


 - Não fale assim. – pediu James, a voz automaticamente doce.


 Ele estendeu o braço e tentou tocar o rosto de Lily, mas ela deu um tapa na mão dele, na defensiva.


 - Não perca seu tempo com arrependimentos, Potter. – soltou, raivosa. – A porcaria do livro já está publicada e acho que nunca me arrependi tanto de uma publicação quanto me arrependo agora. Mas já não dá mais tempo de voltar atrás. O meu arrependimento é inútil. E o seu também. – finalizou, amarga.


 Lançando um último olhar para o garoto – seu garoto -, Lily fez menção de se virar e ir embora. Quanto mais rápido saísse dali, mais rápido chegaria ao inferno e, consequentemente, mais rápido sairia dele.


 James agarrou-a pelo cotovelo quando ela fez menção de se virar, girando-a de volta e trazendo-a para perto. Estava furioso por ela lhe ter dado as costas. Furioso por ela simplesmente pensar em deixa-lo.


 - Me arrependo de todos os erros que cometi. E meu arrependimento pode ser inútil para você, mas não é para mim. – começou, a voz baixa e ameaçadora. A respiração dele batia no rosto de Lily e, tão rápida como veio, a raiva passou. – Ele me fez enxergar o quanto você é maravilhosa e talentosa. Me fez ver que, com ou sem livro, o período que passamos juntos foi o mais bonito de toda a minha vida.


 A sinceridade escorria das palavras dele. E Lily viu isso.


 - É uma pena que tenha acabado, não é? – ironizou Lily, sentindo seu estomago dar voltas com as palavras dele. – Mas fique tranquilo. Eu te perdoo. Não é esse o motivo de todo esse arrependimento?


 A respiração de Lily bateu no rosto de James e ele sentiu tanta falta dela que quase sufocou. Deus, não poderia perdê-la!


 - O que quer dizer? – perguntou ele. Suas últimas palavras não podiam valer tão pouco assim, podiam?


 - Quero dizer que pode parar de me perseguir. Já pode deitar a cabeça no travesseiro e dormir feliz. Não guardo ressentimentos de você. Eu te perdoo se você me perdoar. Pode acabar com a culpa e o arrependimento. – explicou. – E eu farei o mesmo. – concluiu, pensando que era impossível.


 Os dois se entreolharam, quietos por um instante. Na sala, Kate e Leona respiraram silenciosamente, com medo de fazerem qualquer som.


 - Quer que eu vá embora? – James perguntou, temendo a resposta.


 - Você já foi. – Lily respondeu.


 A resposta dela cortou o coração de James. Porque era essa a verdade.


 - Não há virgula? – ele tentou. – Porque se houver, eu estou disposto a comprar. Eu me lembro que você já quis me vender uma.


 Lily sentiu os olhos coçarem e a vontade de chorar a pegou desprevenida, mas ela não chorou. Ele se lembrava! Por Deus, ele se lembrava.


 - Não há virgula, James. - respondeu com a voz embargada. – É um ponto final. Acabou a história.


 James agarrou o outro braço dela e apertou com força, sacudindo-a de leve.


 - Lily, eu errei sobre a vida e errei sobre você. – começou, numa ultima tentativa. – Você também errou sobre mim. E eu quero corrigir cada maldito erro que me atrapalhou. Eu falei com meu pai e você tem razão. A mulher dele é incrível. Vou passar o Natal com eles. Minha mãe vai vir me visitar em duas semanas e eu abri mão da mesada. Vou trabalhar. Começar minha vida sozinho. Seguir para a faculdade sem a influencia do meu pai. – disse, sentindo em cada palavra o quanto precisava seguir a vida sem ajuda. – Eu já te perdoei. Perdoei antes mesmo de saber. Mas de uma coisa eu não abro mão. Não posso seguir sem você. Não vou conseguir. Eu sinto sua falta.


 Lily escutou tudo sem dizer uma palavra. O coração estava saltando e ela sentiu que iria vomitar a qualquer momento. Havia sacaneado com a vida de James, havia o feito perder a namorada perfeita, havia jogado sua vida em páginas para o mundo conhecer. E ele tivera total razão em querer mata-la depois disso tudo. Ele havia cometido erros também, mas não era nada comparado com os dela. Mas ainda assim, ele a queria de volta. Queria comprar sua virgula. Queria sua companhia.


 E antes que percebesse, Lily sorriu, marota.


 - Não dá para acreditar que vai me fazer mudar o final do livro.


 Os dois começaram rir. James riu de alivio. Lily riu porque achou mesmo que era um final muito mais atraente.


 E Katherine soube que tudo ia ficar bem.


 


***


3 MESES DEPOIS


  


  Katherine e Leona entraram de mãos dadas pelo prédio onde morava Lily e Marlene. Estavam sorrindo, felizes e bobas, como um casal deveria ser. Era dia de Ação de Graças e elas haviam percorrido todo o centro de Londres, fazendo compras para Marlene. Por incrível que pareça, haviam se divertido muito. E agora subiam pelo elevador com os mantimentos, prontas para encerrar a tarde com chave de ouro. Lene faria um banquete no jantar em homenagem ao feriado. 


 Uma coisa que estragou um pouco o passeio, foram os olhares masculinos. Kate não gostou muito, principalmente quando faziam referencia ao fato de ambas serem namoradas. Mas nada se comparava aos comentários idiotas. E talvez esse tenha sido o único ponto fraco do passeio. 


 Como era de praxe, Kate nem sequer bateu na porta ao chegar ao apartamento. Apenas entrou, como sempre fazia.


 A reação das pessoas presentes no local não foi muito boa.


 - AH! – berrou Marlene, que estava encostada no balcão da cozinha. Ela apertou a mão no coração. – Por Deus, McCanzey! – ralhou, jogando o pano de prato no chão. - Quer me matar do coração?!


 Lily e Sirius gargalharam estrondosamente. James, sentado na poltrona, disfarçou a risada em uma tosse. Leona conteve o riso, apertando a mão livre na boca. Kate, vendo o olhar bravo da amiga (e pensando que ele era muito melhor do que os malditos olhares preconceituosos que encarara hoje), nem se atreveu a rir.


 Leona foi colocar as compras no balcão, enquanto Marlene se recuperava do susto.


 - Vê se não derruba nada, Leona. – alertou ela. – E você! – disse, apontando o dedo para Katherine, que sorria divertida. – Aprenda a bater na porta!


 Kate revirou os olhos e fechou a porta, indo até o balcão para ajudar a amiga na preparação do jantar, já esta parecia muito ocupada brigando com o mundo:


 - James, abaixa o volume dessa TV! Precisa de aparelho auditivo?! – e também: - Sirius, tira os pés da mesa! Pensa que ‘tá na sua casa?! – e ainda: - Lily, não fume dentro de casa! Quer que eu apague esse cigarro na sua cara?!


 - Tudo bem, mãe. – cutucou Lily, rindo e deitando no sofá. Detalhe: ela não tinha se separado do cigarro.


 Marlene ficou vermelha. Era uma provocação pequena e sem graça, mas Marlene era o tipo de anfitriã perfeita, que pira antes de qualquer festa ou evento.


 - Se derrubar cinza de cigarro no meu sofá, eu enfio a mão na sua cara, Evans!  


 Lily se limitou a rir. Seria um feriado e tanto.


 


***


 


 Já passava da meia noite. O jantar já acabara e a louça toda sobrara para Lily que, de acordo com Marlene, não havia ajudado a preparar a comida. Haviam comido tanto, que chegaram a passar mal. Isso sem contar que a quantidade de vinho que tomaram foi bastante para fazer Sirius vomitar todo o peru e a sobremesa.


 Em determinada parte da noite, Lily colocou um CD do Queen em volume máximo e começou a batucar nas panelas que deveria lavar, só para irritar Marlene, que acabou encharcada e suja de detergente. A coisa toda acabou em cinco reclamações dos vizinhos por barulho, sendo que um deles até chamou a polícia.


 Mas, fora isso, o jantar de feriado foi um sucesso. Nunca o apartamento ficara tão cheio e animado.  


 Agora, Katherine e Leona estavam deitadas no sofá da sala, cochilando levemente. Os braços da loira estavam ao redor da moreninha, que se aconchegara com a cabeça em seu ombro. Ambas tinha sorrisinhos tranquilos no rosto, como se estivessem tendo bons sonhos.


 James desenhava as duas em um dos papeis que Marlene usava para desenhar suas roupas. Ele tinha os cabelos caindo pelos olhos, os óculos escorregavam pelo nariz constantemente, a expressão estava séria e concentrada. Lily o observava, sentindo-se tão feliz que seria capaz de explodir.


 No outro sofá, Sirius estava por cima de Lene, conversando divertido com ela e lhe fazendo cócegas ocasionais. Eles sussurravam, com medo de acordar o casal que dormia.


 Lily, observando seus amigos agora, pensava que aquela era a maneira mais próxima de se chegar a ter uma família. Pelo menos no caso dela. Era uma família pequena e incompleta. Mas era boa. Era muito boa. Chegou a conclusão de que ela e o pai poderiam ter sido uma boa família, se ele não tivesse estragado tudo. Perguntou-se se teriam continuado a ser uma família se a mãe não tivesse morrido.


 E deu-se pensando que se aconteceu daquele jeito, era porque não poderia ter acontecido de nenhuma outra maneira. Porque Lily se lamentava tanto pela morte da mãe? Morrer não era nenhuma vergonha.


 A família que tinha agora, podia não ser a família perfeita. Mas era uma família. E se essa um dia se separasse, ela podia montar uma a qualquer momento.


 Lily sorriu, pensando que pensar nessas coisas era besteira. Não deixaria que aquela família se dissipasse.


 Juntou as pernas junto ao corpo e escondeu as mãos ali, esquentando-as. Não era uma noite quente. E, ao levantar os olhos, descobriu que James agora a desenhava.


 Riu.


 - Pensei que já tivesse um desenho meu. – comentou baixinho.


 O garoto levantou os olhos do papel e sorriu, bobo.


 - No desenho que eu tenho, você está nua. – disse. – Preciso de um em que esteja vestida. – brincou.


 Lily riu de leve.


 - Sem contar que... – continuou James, parando para rabiscar o papel. -... não tenho ideia de onde está o outro.


 - Está comigo. – ela revelou.


 James levantou a sobrancelha.


 - Porque não me devolveu?


 - Não imaginei que iria querer de volta.


 A ruiva esticou as pernas e passou as mãos pelos cabelos.


 - Não se mexa! – ralhou James.


 Lily voltou a posição inicial.


 - Agora... – continuou o moreno. – Abaixe os olhos, como se olhasse para as mãos. – esperou que a namorada o obedecesse, antes de voltar a atenção ao desenho.


 - Já esta agindo como um profissional, não? – cutucou Lily, sorrindo, divertida.


 - Na verdade, estou agindo como Leonardo DiCaprio em Titanic. – contou, sorrindo, rabiscando o papel.


 A mulher riu.


 - Titanic é um filme horrível. – comentou, fazendo força para não se mexer.


 James se fez de ofendido.


 - Não me diga uma coisa dessas! Eu até chorei no final.


 Lily não se aguentou. Jogou a cabeça para trás e riu. James riu com ela por alguns instantes, antes de rugir:


 - Não se mexa!


 - Agora sei como Rose se sentia. – disse Lily, voltando à posição.


 - Shh. – fez James.


 - Ela deve ter xingado o Jack mentalmente.


 - Espero, para seu próprio bem, que não esteja me xingando mentalmente. – ameaçou James.


 Lily bufou audivelmente. No sofá, Leona se remexeu, desconfortável com o som.


 - Oh! – fez a ruiva. – O que vai fazer? Rasgar meu desenho? – zombou.


 James levantou o rosto do desenho e sorriu para ela.


 - Quieta, Lil’s. – pediu docemente. – Mais tarde vai ganhar um premio se me deixar trabalhar em paz.


 - Isso é golpe baixo. – ela resmungou, mas respirou fundo e sorriu.


 E até hoje não se sabe o que aconteceu com Ashley e Remus.


 


N/A: oi, gente. Por favor, não me assassinem ainda. Falta o epilogo e se me matarem, não vão saber o que aconteceu.


 Bem, desculpe mesmo a demora. E eu sei que o capitulo ficou uma porcaria. Mas eu prometo recompensar vocês no epilogo, ok?


 Beijos ao pessoal que comentou.


 


 Tchau

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Comentários (4)

  • Maria _Fernandes_99

    GOD!PERFECT! 

    2013-01-25
  • Lana Silva

    kkkkkkkk rindo do seu N/A . O capitulo tá ótimo, foferrimo, eu gostei muito dele *-* Foi leve e  perfeito então não reclama não, que foi bom sim! Nossa, eu tava com medo de saber o que ia acontecer com esses dois kkkkk ainda bem que o capitulo acabou maravilhosamente bem e eu estou esperando o epilogo.Bjoos! 

    2013-01-24
  • Sah Espósito

    ouuwwnt Thomas.... comprar uma virgula é algo que todos queremos pelo menos uma vez...eu amei mesmoooovoce bem que podia ler uma fic minha neah.... nao sou boa como vc mas acho que nao sou taooooo ruimmadoro o modo q vc escreve... e amo essa historia....parabens e até a proximabjss 

    2013-01-24
  • Neuzimar de Faria

    Pois eu acho que esse capítulo que "ficou uma porcaria" foi um dos melhores! Doce e divertido, ao mesmo tempo. P A R A B É N S ! Você  disse que tem recompensa no final ? Mal posso esperar! Bjs.

    2013-01-24
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