Posso te vender uma vírgula?





CAPITULO 14: POSSO TE VENDER UMA VÍRGULA?


- I am finding out that maybe I was wrong. That I've fallen down and I can't do this alone.


 James Potter estava deitado em sua própria cama, nu, ao lado da mulher mais linda que já vira. Não havia dormido daquela vez. Estava com medo de que ela decidisse ir embora, como costumava fazer das outras vezes. Uma ruiva cantava para ele, que acariciava as costas dela, deixando-a levemente arrepiada. Ela estava deitada no peito dele.


 - Stay with me, this is what I need, please? Sing us a song and we'll sing it back to you. We could sing our own but what would it be without you?


 Lily deixou a voz sair de leve. Não cantava muito bem. A verdade era que não nascera para ser artista. E de modo algum pensara em sê-lo. Mas gostava de cantarolar às vezes. Para descontrair. Ela cantava agora porque estava feliz. Cantava agora porque queria cantar. Cantava agora porque por mais desafinada que fosse, James estava ali e queria ouvi-la.


 - I am nothing now and it's been so long. Since I've heard a sound, the sound of my only hope.


 De fato, Lily era uma péssima vocalista. Mas era bom ouvi-la cantar. Não pelo modo como cantava, mas sim o que cantava. Aquela música era... o que? Bem, a letra era... o que? O que James esperava que a música significasse? Era apenas uma música, afinal. Não é como se significasse alguma coisa para Lily. Ele queria que significasse.


 - This time I will be listening. Sing us a song and we'll sing it back to you. We could sing our own but what would it be without you? This heart, it beats, beats for only you. This heart, it beats, beats for only you. This heart, it beats, beats for only you. My heart is yours.


 Lily parou, pensando se James entendera o recado. Mas ele não deu nenhum sinal. Apenas continuou acariciando as costas dela, levantando a outra mão e acariciando seu rosto, chegando perto e beijando de leve seus lábios.


 - Não pare. – pediu ele. – Estava bonito.


 Lily riu.


 - Com certeza estava. – respondeu irônica. – Eu sei qual é timbre da minha voz, James. E eu canto terrivelmente mal.


 - Não é verdade.


 - É sim. E você estava louco para que eu calasse a boca. – comentou Lily, levantando o braço e mexendo nos cabelos dele.


 James sorriu para ela. Era tão bonita. Mas como conseguia ser tão fria e gelada por dentro? Isto é, ele estava completamente louco por ela. Queria dizer que estava apaixonado. Queria contar. Porém Lily não se apaixonava. E James tinha medo do que sentiria ao descobrir que não era correspondido.


 - Sabe como estou me sentindo agora? – perguntou o garoto, distraído.


 - Cansado? – tentou Lily.


 - Não, sua boba. – brincou ele. – Isto é... também. – ela riu. – Na verdade, estou me sentindo como o mocinho dos filmes americanos de romance.


 - Aqueles que dormem com a líder de torcida, quando na verdade são a fim da mocinha? – Lily sugeriu, com uma sobrancelha arqueada.


 James riu pelo nariz.


 - E em que lugar você se encaixaria nessa história? – perguntou divertido.


 - Ah, eu sou a líder de torcida gostosona, claro. – respondeu ela, se levantando do peito dele e sentando do lado oposto da cama. – Elas são sempre as mais espertas e más da história.


 - Nesse caso, acho que vou ter que passar de mocinho para o atleta fortão. – meditou James. – Não é ele que fica com a líder de torcida?


 - Ora, você não pode ser o fortão, James. Você não engana ninguém com esses braços magricelas.


 - Está me deixando sem graça.


 - Então atingi meu objetivo.


 James revirou os olhos. Estava sem óculos e agora que ela estava longe ficava difícil enxerga-la. Mas deu para ver perfeitamente quando Lily se inclinou para fora da cama, vasculhando os bolsos de seu short. Voltou na mesma posição com um maço de cigarros e um isqueiro.


 Lily acendeu um cigarro.


 - Adoro isso sabia? – perguntou James, observando-a.


 Lily levantou o maço de cigarros e mostrou-o, com a sobrancelha erguida.


 - Cigarros?


 - Não... Me refiro ao cheiro deles.


 A ruiva franziu a testa.


 - O cheiro é horrível.


 - Não é, não. – discordou James. – É o seu cheiro.


 Lily fez uma careta desgostosa.


 - Me sinto fedida.


 - Não – fez James. – Você cheira a cigarros. E eu gosto do cheiro. Logo, você cheira bem.


 - E você é uma pessoa estranha. Ninguém gosta de cigarros.


 - Você gosta.


 - Não gosto, não.


 - Então porque fuma?


 - Porque um viciado não controla o próprio vicio.


 James revirou os olhos. Ela sempre tinha resposta para tudo. Sorrindo, ele se aproximou dela.


 - Então, acabei de descobrir que sou um viciado.


 Lily soprou fumaça na cara dele.


 - É mesmo? – perguntou, divertida, enquanto o garoto tossia. – E como chegou à essa conclusão brilhante?


 - Porque estou aqui com você. E simplesmente não consigo me controlar.


 E a beijou. De leve. Sentindo aquele cheiro de cigarro. Sentindo o gosto estranho e reconfortante que havia na boca dela. Sugando os lábios com vontade. Explorando a boca com a língua quente. Sorrindo quando ela suspirou entre seus lábios e o abraçou com força.


 Por Deus. Estava tudo acabado. Estava apaixonada. O final que havia escrito para o livro estava mal-acabado. Seu personagem principal mudara completamente o rumo da história perto do final.


 O que fazer agora? Aceitar que estava lendo a palavra “fim” escrita no fim da página? Ou apagar a palavra e começar um novo capítulo?


 Lily quebrou o beijo. Levou as mãos ao rosto do rapaz e acariciou-o de leve. O que ela havia escolhido? Bem, estava bem claro que era a primeira opção. Mas como dizer? Bem, ela poderia se aposentar. Trabalhar como garçonete daquele dia em diante. Ou quem sabe seguir para uma faculdade. Teria de fazer alguma coisa, já que, pela primeira vez na vida, planejava largar a carreira de escritora.


 - James, posso te vender uma vírgula? – perguntou, em um sussurro.


 O garoto franziu a testa, confuso.


 - Vender uma vírgula?


 - Sim, porque eu não dou nada de graça.


 James riu.


 - O que perguntei foi: o que quis dizer com isso? - ele explicou, com um sorriso no rosto.


 - Apenas responda. Não foi uma pergunta tão difícil assim. Posso te vender uma vírgula? Sim ou não?


 - Porque quer me vender uma vírgula? – ele perguntou, agora sério.


 Lily mordeu o lábio inferior.


 - Porque... – ela começou, em dúvida. – Porque não quero colocar um ponto final nisso. Não quero colocar um ponto final em nós. Não quero que acabe aqui, como se não tivesse mais nada para ser escrito. Estou te oferendo uma vírgula, para continuar a história. Uma vírgula para seguir em frente. Uma vírgula para dividirmos entre eu e você. – soltou de uma vez, em um sopro de ar. – Posso te vender uma vírgula?


 James demorou um segundo para entender. Mas, depois que esse segundo passou, ele abriu o sorriso mais lindo que já dera em toda a sua vida. Porque, afinal de contas, Lily Evans podia, de alguma forma, estar lhe oferendo alguma coisa além daquilo que tinham. Seja lá o que aquilo for.


 Lily estava lhe oferecendo uma vírgula. Podia ou não significar grande coisa, mas deveria significar algo. Uma vírgula. Podia ser um relacionamento. Um amor. Uma história. Um futuro. Alguma coisa que não envolvesse Ashley. Alguma coisa que envolvesse apenas eles dois. Uma vírgula para dividir entre eles.


 Porém, como tudo o que é bom, algo fez questão de interromper, bem na hora em que ele daria a resposta. Algo, não. Alguém. Duas garotas, para ser mais exato. Duas garotas irromperam pela porta do quarto, com brutalidade. Uma delas segurava um desenho.


 Leona encarou a cena, atônita. James debruçado sobre Lily, ambos nus, na cama de solteiro de James. A cena parecia ser tudo, menos erótica. Estava mais para... romântica? Como se eles... realmente se gostassem. Sem aquela coisa estranha de desejo. Ou pelo menos foi o que passou pela cabeça da garota.


 Já Ashley... viu a coisa toda com olhos marejados. Ela esperava que James tivesse feito aquele desenho por qualquer motivo. Talvez tivesse visto uma atriz pornô. Talvez tivesse apenas imaginado a cena. Talvez tivesse apenas sonhado com a mulher. Mas não. A maldita ruiva existia. E ela estava ali, na sua frente. Nua, como no desenho. E a olhava com olhos e boca arregalados.


 - Ashley... – fez James, olhando a namorada, que encarava Lily com raiva e ódio.


 A morena não disse nada. Apenas estendeu o desenho, mostrando-o ao namorado, como se assim ele pudesse entender tudo.


 James ficou chocado. Era o seu desenho. Aquele que havia feito de Lily dormindo, no dia em que ela decidira ficar. Como Ashley conseguira aquilo? Então a resposta lhe veio como uma pancada. Leona. Ela havia ido buscar o casaco de Ashley. Talvez tivesse visto o desenho. E, como a boa amiga que era, decidira contar.


 Leona abaixou a cabeça, culpada. Romance. Era o cheiro que havia naquele quarto. Não traição. Nem desejo. Nem besteiras. Nada repugnante. Romance. Como se aquilo fosse uma coisa boa. Katherine... será que tinha razão? Ela tinha feito uma besteira?


 Lily encarou o desenho, também (e ainda mais) chocada. Era ela. Dormindo. Na cama de James. Aquele traço definitivamente era dele. E o cabelo em chamas era definitivamente o seu.


 - Esqueça a medicina, James. – disse Lily, não conseguindo se conter, mesmo em uma situação daquelas. – Seu talento está na arte.


 James não conseguiu se conter. Ele riu.  


 A menina morena, com o desenho na mão, esperando que aquela fosse uma situação séria, começou a chorar.


 - VOCÊ É UM CRETINO! – berrou. - NÃO PRESTA MAIS DO QUE ELA! NÃO VALE ABSOLUTAMENTE NADA! – e com isso, Ashley amassou o desenho nas mãos e jogou na cara de James.


 - Ashley...


 – VÃO PARA O INFERNO! – e saiu, deixando Leona, James e Lily para trás.


 Lily suspirou, pesadamente, cansada. Apagou o cigarro – que ainda queimava – na cabeceira da cama, pensando. Se já tivesse terminado com tudo, aquilo não estaria acontecendo. E talvez não lhe doesse tanto ver que a coisa certa a fazer era sumir da vida daquele garoto desengonçado.


- O que está esperando?! – perguntou, parecendo irritada. James a olhou, confuso. – Vai atrás dela! - o garoto, em um impulso, agarrou os óculos e vestiu uma roupa qualquer do armário. Olhou para ela, uma última vez, uma pergunta nos olhos. Ele devia mesmo ir? – Cai fora daqui, Potter! Ou vai ser impossível alcança-la. – James não disse nada. Saindo pela porta do quarto, ele desapareceu.


 Uma lágrima solitária desceu pelo rosto da ruiva. Saindo da cama, e ignorando a presença de Leona, ela vestiu as próprias roupas, agarrando o desenho, amaçado no chão, e enfiando no bolso.


 Ela passou por Leona, jogando a bolsa nos ombros. A moreninha segurou o pulso dela.


 - Me desculpe, Lily... Mas eu tinha que contar, eu tinha que... – mas foi interrompida.


 - Obrigada, Leona. – disse Lily, ironicamente. – Você acabou de destruir minha chance de felicidade.

000

 O telefone de Marlene tocou audivelmente. Ela olhou o número antes de atender, se decepcionando ao notar que Sirius esquecera-se dela naquele dia. Ora, custava ele ligar uma única vez, para que não parecesse que era ela quem corria atrás?
 
 - Alo? - atendeu, grossa.
 
 - Lene? - era Katherine.

 - Oi, Kate. 

 - A Lily está ai?

 - Não. Ela foi ver o James e assinar o contrato do livro. Porque? Se quisesse falar com ela, era só ligar no celular dela. 

 - Acontece que aquel ruiva não atende a porra do celular! Para que anda com aquela merda na bolsa se é para deixar desligado?! - revoltou-se Kate, do outro lado da linha. - As vezes eu tenho vontade de socar aquela filha da puta miserável!

 - Hey! - fez Marlene, assutada. - Que violencia é essa?

 - Leona me deu o fora por causa dessa vagabunda!

 Marlene se sentou.

 - Ah, não... - murmurou. - O que ela fez dessa vez? 

 - Nada. Só o de sempre. Acontece que Leona desobriu a merda toda e, à essa hora, já deve ter posto a boca no trombone e cantado tudo nos ouvidos do James e da namorada dele! 

 A morena passou as mãos nos cabelos, sentindo-se cansada. Quando aquela história ia ter um fim?

 - Mas que merda.  


 


 


 


 N/A: só seis páginas... E sabe porque? Porque Thomas é do mal. Porque Thomas só vai postar o resto depois de receber cinco comentários no mínimo.


Enfim, capítulo de merda, eu sei. Mas eu não sei escrever essas coisas tensas e cheias de tristezas. Na próxima postagem, o bicho vai pegar (não que essa seja uma comparação muito boa... ¬¬’).


Espero que gostem do capítulo.


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Comentários (7)

  • Spencer Cavanaugh

    KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Tá do Mal mesmo. Como assim para numa parte dessas ? Nossa, já estava feliz com o James e Lily se acertando, quando o senhor resolve colocar isso, realmente chocante. Nem eu sei se James deveria ou não ir atrás da namorada...Tipo eu necessito de maiiiiiiiiiiiiiiis. Serio kkkkkk, você quer nos matar de curiosidade!bjoos! 

    2012-11-12
  • Sah Espósito

    Pronto... temos ai os 5 comentários!POsta logo a Porra do capitulo! 

    2012-11-12
  • Sah Espósito

    Se o James não voltar pra LIly vou te enforcar!!

    2012-11-12
  • Sah Espósito

    Eu estou esperando a meses capitulo e voce para na melhor parte!

    2012-11-12
  • Sah Espósito

    Seu filho de uma mãeeee

    2012-11-12
  • Sah Espósito

    THomas...

    2012-11-12
  • Maria _Fernandes_99

    Ai eu não acredito! Tu paraste na melhor parte! Eu mato-te! Tu postas quando, hoje à tarde? Posta rápido.Ah, está muito bom. Mas posta rápido. 

    2012-11-11
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